domingo, 30 de janeiro de 2011

Furnas pra que te quero

Por Guilherme Fiúza
O Brasil agora é governado, como se sabe, por uma presidenta especialista em gerência. Isso faz toda a diferença.
Só uma especialista em gerência poderia manter uma estatal estratégica como Furnas, peça vital da infra-estrutura brasileira, nas mãos do PMDB.
O PMDB, como se sabe, é especialista em gerência – gerência que passarinho não bebe. No caso específico de Furnas, como se veio a saber agora, o partido vem praticando uma espécie de gerência de vida fácil – aquela em que vale tudo, menos beijo na boca.
Engenheiros da estatal apontaram manobras criativas na gestão financeira da empresa: operações calculadas para dar prejuízo à companhia e lucro aos amigos dos chefes políticos que mandam lá.
É natural que o governo Dilma tenha mantido Furnas nas mãos desse pessoal. Especialistas em gerência valorizam muito a criatividade.
Esse grupo de engenheiros registrou em relatório o que meio mundo já dizia por aí: que a facção do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) lidera na estatal essa gerência criativa que passarinho não bebe.
É mais do que natural que esse mesmo deputado seja cada vez mais influente no bloco governista no Congresso. A presidenta aprecia gerentes arrojados.
Enquanto Dilma Rousseff trabalha duro, em silêncio, para manter esse padrão de gestão na máquina pública, continua a festa dos cargos e favores, que ninguém é de ferro. O FMI e o Banco Central alertaram para a deterioração das contas fiscais, o que significa, em português, que a gastança dos companheiros governantes passou dos limites.
Mas o ministro Guido Mantega, que fez quase oito anos de figuração brincando de fazer oposição ao Banco Central, já reagiu. Explicou que o alerta do FMI são “bobagens” de “algum daqueles velhos ortodoxos”.
É confortante ver o novo governo mandando ao mundo essa mensagem de elegância e austeridade.
Esqueçam o FMI, e mirem-se no exemplo de Furnas. Gerência é isso aí.

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