terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Governo cara de pau...,

Depois do pobre que vira classe média sem sair da pobreza, o Brasil Maravilha inventou o ex-miserável que continua paupérrimo. Vai acabar inventando o mendigo magnata

Para o governo, os mendigos de São Paulo estão acima da classe média
Às vésperas da celebração dos 10 anos da Descoberta dos Cofres Federais, a presidente da República animou a quermesse do PT com outra notícia assombrosa: falta muito pouco para a completa erradicação da miséria em território nacional. “Mais 2,5 milhões de brasileiras e brasileiros estão deixando a extrema pobreza”, informou Dilma Rousseff em 17 de fevereiro.
Eram os últimos indigentes cadastrados pelo governo federal. Graças aos trocados distribuídos pelo programa Brasil Carinhoso, todos passaram a ganhar R$ 71 por mês. E só é miserável quem ganha menos de R$ 70. Passou disso, é pobre. Nesta segunda-feira, depois de cumprimentar-se pela façanha, Dilma reiterou que o miserável-brasileiro só não é uma espécie extinta porque cerca de 500 mil famílias em situação de pobreza extrema estão fora do cadastro do  Bolsa-Família.
Como nem sabe quem são, quantos são e onde moram esses miseráveis recalcitrantes, o governo não pôde transferi-los para a divisão superior. “O Estado não deve esperar que essas pessoas em situação de pobreza extrema batam à nossa porta para que nós os encontremos”, repetiu no Café com a Presidenta. Até dezembro de 2014, prometeu, o governo encontrará um por um.
Queiram ou não, estejam onde estiverem ─ num cafundó da Amazônia ou no mais remoto grotão do Centro-Oeste ─, todos serão obrigados a subir na vida. Enquanto isso, perguntam os que não perderam o juízo, que tal resolver a situação dos incontáveis pedintes visíveis a olho nu, o dia inteiro, nas esquinas mais movimentadas de todo o país?
O que espera a supergerente de araque para estender os braços do governo às mãos de crianças que vendem balas, jovens com malabares, adultos que limpam parabrisas sem pedir licença, mulheres que sobraçam bebês, velhos hemiplégicos e outros passageiros do último vagão? Porque não são miseráveis, informam os especialistas em ilusionismo estatístico a serviço dos farsantes no poder.
Desde maio de 2012, por decisão do Planalto, vigora a pirâmide social redesenhada pelo ministro Wellington Moreira Franco, chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Segundo esse monumento ao cinismo, a faixa dos miseráveis abrange quem ganha individualmente entre zero e R$ 70 reais. A pobreza vai de R$ 71 a R$ 250. A classe média começa em R$ 251 e a acaba em R$ 850.
Os que embolsam mais de R$ 851 são ricos, e é nessa categoria que se enquadram milhares de seres andrajosos que plantam de manhã à noite nos principais cruzamentos de São Paulo. Esmolando oito horas por dia, cada um ganha de R$ 35 a R$ 40. Quase todos rondam os R$ 1.200 por mês. São, portanto, pedintes de classe média. Caso melhorem a produtividade, logo serão mendigos milionários.
Os analfabetos são quase 13 milhões, há mais de 30 milhões de analfabetos funcionais, a rede de ensino público está em frangalhos. Metade da população não tem acesso a serviços básicos de saneamento, o sistema de saúde pública é indecente. As três refeições diárias prometidas por Lula em fevereiro de 2003 nunca desceram do palanque, um oceano de desvalidos tenta sobreviver com dois reais e alguns centavos por dia.
De costas para o mundo real, os vigaristas no comando seguem fazendo de conta que o Primeiríssimo Mundo é aqui. O pior é que uma imensidão de vítimas do embuste parece acreditar na existência do Brasil Maravilha registrado em cartório. E vota nos gigolôs da miséria com a expressão satisfeita de quem vive numa Noruega com muito sol e Carnaval.
Essa parceria entre a esperteza e a ignorância faz milagres. Depois de inventar o pobre que sobe para a classe média sem sair da pobreza, inventou agora o ex-miserável que não tem onde cair morto. Vai acabar inventando o mendigo magnata.
*Augusto Nunes

ROAD MOVIES

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Trogloditas...,


UM VÍDEO IMPRESSIONANTE – O fortão, preparado para a briga, com um dos punhos protegido, avisa? “Delúbio! Sou mensaleiro!” Gilberto Carvalho bem que avisou!

Vejam isto. Volto em seguida.
Voltei
Não se viam tipos assim na ação política há muitos anos. Este rapaz estava lá, exibindo seus músculos e batendo no peito para exibir sua valentia, para impedir a fala de uma única mulher. O que ela estava pregando? Golpe de estado? A morte de Fidel? A prisão de Raúl Castro? Não! Só um pouquinho de democracia na ilha.
E tome bumbo, apito, gritaria! Estavam cumprindo a determinação da embaixada cubana e o que fora combinado na presença de um assessor de Gilberto Carvalho.
É para onde caminhamos: quem concorda com eles pode falar; quem não concorda será espancado.
Não são originais.
Mussolini fez isso antes deles.
Hitler fez isso antes deles.
Stálin fez isso antes deles.
Mao Tse-Tung fez isso antes deles.
Por Reinaldo Azevedo

Cuba real...,

Yoani Sánchez: ‘Tentam me calar porque divulgo a Cuba real’
BRANCA NUNES E DUDA TEIXEIRA
“Solidariedade, pluralidade e, principalmente, o desejo de voltar”. Apesar das manifestações hostis de um grupo de simpatizantes da ditadura dos irmãos Castro que enfrentou na passagem pelo Brasil, a frase resume a lembrança que Yoani Sánchez levará do país. Orecado aos baderneiros ligados a partidos de esquerda é igualmente conciso: ela sugere que morem em Cuba para conhecer a “realidade de um mercado racionado, dualidade monetária, falta de liberdade e impossibilidade de se manifestar na rua”.
Com os intermináveis cabelos castanhos presos num rabo de cavalo, saboreando uma pastilha para aliviar a rouquidão e com a expressão serena de quem efetivamente acredita no que diz, a jornalista cubana relatou nesta sexta-feira à reportagem de VEJA um pouco do cotidiano dos moradores da ilha no Caribe. Leia trechos da entrevista.
Como a senhora viu as manifestações hostis dos últimos dias? Por um lado me sinto feliz por estar num país onde existe liberdade democrática e pluralidade. O problema é quando essas manifestações impedem e boicotam algo tão pacífico quanto a apresentação de um documentário ou uma sessão de autógrafos. Acho contraditório usar um espaço democrático para impedir que alguém se expresse livremente.
A senhora ficou amedrontada? Não, porque conheço esses métodos do meu país: a coação e a difamação. Infelizmente, nos últimos anos vivi situações semelhantes em Havana e outras cidades.
Eles conhecem a realidade cubana? Lamentavelmente, a maioria não conhece meu país, minha história ou meus textos. Eles acreditam numa Cuba estereotipada, uma ilha de esperança, com liberdade para todos. Cuba não vive um comunismo, mas um capitalismo de estado. Recomendaria que cada um deles morasse um tempo em Cuba para viver na pele a realidade de um mercado racionado, dualidade monetária, falta de liberdade, impossibilidade de se manifestar na rua. Depois desse tempo, duvido que continuem a defender o governo cubano. Tentam me calar porque divulgo uma Cuba menos parecida com o discurso político e mais parecida com a rua. Uma Cuba real.
Que Cuba é essa? Uma Cuba linda, mas difícil. É importante diferenciar Cuba de um partido, de uma ideologia, de um homem. Ela é muito mais do que isso. É um país onde as pessoas precisam esconder suas opiniões com medo de represálias, onde muitos jovens querem emigrar por falta de expectativa, onde o estado tenta controlar todos os detalhes da vida. Onde colocar um prato de comida em cima da mesa significa submergir-se diariamente à ilegalidade para conseguir dinheiro.
Muitas pessoas de vários países costumam elogiar o sistema de saúde e o sistema educacional de Cuba. Esses elogios são pertinentes? Nos anos 70 e 80, Cuba viveu o florescimento de toda a estrutura de saúde e educação. Foram construídas escolas e postos de saúde em toda parte graças aos subsídios soviéticos. Quando a União Soviética caiu, Cuba teve que voltar à realidade econômica. Os professores imigraram por causa dos baixos salários, a qualidade diminuiu e a doutrina aumentou. Exatamente como na área da saúde. Hoje, quando um cubano vai a um hospital, leva um presente para o médico. É um acordo informal para que o atendam bem e rápido. Levam também desinfetante, agulha, algodão, linha para as suturas. O governo usa a existência de um sistema gratuito de saúde e educação para emudecer os críticos, silenciar a população. Não passo todos os dias doente ou aprendendo, quero ler outros jornais, viajar livremente, eleger meu presidente, poder me manifestar, protestar.
Como funciona o sistema de aposentadoria em Cuba? Esse é um dos setores mais pobres. Um aposentado ganha cerca de 15 dólares conversíveis por mês. Como a maioria dos cubanos não vive do salário, mas do que pode roubar do estado dentro do local de trabalho, quando se aposenta ele perde essa fonte de renda. Em Havana é possível ver muitos velhos vendendo cigarros nas ruas.
Que tipo de racionamento existe em Cuba e como ele funciona? Cada cubano tem direito a uma cota mensal de alimento com preços subvencionados pelo estado. Estudos dizem é possível se alimentar razoavelmente bem por duas semanas com essa cota. Nela existe arroz, açúcar – que por sinal é brasileiro –, um pouco de café, azeite e, às vezes, frango. Para sobreviver a outra metade do mês os cubanos precisam ter os pesos conversíveis. O salário médio na ilha é de 20 dólares. Um litro de leite custa 1,80 dólares. Por isso, as pessoas apelam para a ilegalidade: roubam do estado e vendem no mercado negro, prostituem-se, exercem atividades ilegais, como dirigir taxis ou vender produtos para os turistas. Graças a isso e às remessas enviadas pelos cubanos exilados é possível sobreviver. Uma revolução que rechaçou esses exilados agora depende deles.
A senhora disse que os gritos de ordem dos manifestantes brasileiros já não se escutam mais em Cuba. Qual lhe surpreendeu mais? “Cuba sim, ianques não”, por exemplo. É uma expressão fora de moda. Em Cuba não usamos mais a palavra ianque para os americanos. Ela é usada apenas nos slogans políticos. Falamos yuma, que não pejorativo. Ao contrário, mostra um certo encanto em relação a eles. A propaganda oficial, de ataques aos Estados Unidos e ao imperialismo, criou um sentimento contrário ao esperado. A maioria dos jovens hoje é fascinada pelos americanos. Até acho ruim esse enaltecimento por outro país, mas é uma realidade.
O que os cubanos nascidos depois da revolução acham de figuras como Fidel Castro e Fulgêncio Batista? Nasci em 1975, quando tudo já estava burocraticamente organizado. Na escola, apresentavam Fidel como o pai da pátria. Era ele quem decidia quantas casas seriam construídas, o que iríamos vestir. Na juventude, Fidel passou a ser uma figura distante. Diferente dos nossos pais, que viveram uma fascinação pela figura de Fidel, minha geração é mais crítica. O Fulgêncio Batista era o ditador anterior. A revolução tirou um ditador do poder e se converteu em uma ditadura.
As gerações mais antigas continuam fiéis à revolução? Existem os que creem realmente na revolução, sem máscaras nem oportunismo, um pequeno grupo. Os que já não creem, mas não querem aceitar que se equivocaram, porque entregaram a ela seus melhores anos, e aqueles que deixaram de acreditar no sistema e se transformaram em pessoas críticas.
Em 2007, o governo brasileiro deportou os boxeadores cubanos Guilhermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que tentavam o exílio na Alemanha. Qual sua opinião sobre isso? O governo brasileiro teve um triste papel neste caso, de cumplicidade. Quando os atletas retornaram, o governo cubano fez um linchamento público na imprensa oficial, com vários insultos. Fidel Castro falou na televisão que um deles foi visto com uma prostituta na praia. Os filhos e a mulher desse homem foram expostos a isso. Foi um episódio bastante lamentável.
Por que a ditadura cubana ainda tolera suas críticas? Penso que a visibilidade que alcancei me protege. Sou vigiada constantemente, meu telefone é grampeado e existe uma série de mecanismos e estratégias para matar a minha imagem. Se não podem matar a pessoa, matam sua imagem.
A senhora é frequentemente acusada de receber dinheiro de governos contrários a Cuba para manter seu blog. Qual a origem desses rumores? Faz parte da estratégia de difamação: não discutir as ideias, mas a pessoa. Para ter um blog é preciso muito pouco dinheiro. O meu está num software livre, o wordpress, e fica hospedado num servidor da Alemanha que custa 36 euros por ano. Em 2006, um amigo alemão pagou vários anos a esse servidor. Quanto à conexão, aprendi alguns truques. Por exemplo, vou a um hotel e compro um cartão de conexão que custa 6 dólares a hora. Como preparo quatro ou cinco textos em casa, programo para que sejam publicados em dias diferentes. Com esse método, consigo me conectar mais de cinco vezes com um único cartão. No twitter, publico via mensagem de texto.
Que lembranças levará do Brasil? Muita solidariedade, pluralidade e, principalmente, o desejo de voltar. O pão de queijo também me encantou. Vou levar uma mala cheia deles para Cuba.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Espécimes...,


22/02/2013
 às 22:13 \ Direto ao Ponto

Extinta nos países civilizados, a subespécie comunista não vai sumir tão cedo do Brasil

A última ararinha-azul deixou de voar nos céus do sul da Bahia em 2002. É uma espécie extinta. O mico-leão dourado é visto cada vez mais raramente na região montanhosa do Rio de Janeiro. É uma espécie em extinção. Talvez para escapar das constrangedoras cobranças de entidades que lutam pela preservação de relíquias da fauna, o governo federal vem estimulando há 10 anos a expansão de uma espécie ─ o comunista ─ em acelerado processo de desaparecimento nos países civilizados.
Pelo que se viu nesta semana, não vai sumir tão cedo a subespécie que, batizada cientificamente de stalinista-que-quer-ser-guevara-quando-crescer, acaba de ganhar um codinome que homenageia o país de origem e a ilha que venera: comunista-de-cubrasil. Excitado com a visita da jornalista Yoani Sánchez, esse espanto tropical, cujo principal habitat é a selva partilhada pelo PT e pelo PCdoB, exibiu-se com tamanha frequência que, em menos de uma semana, o país inteiro aprendeu a reconhecê-lo.
Os integrantes da subespécie andam sempre em bandos. Alimentam-se de sanduíches de mortadela. Bebem tubaína, cachaça e, nas apresentações patrocinadas pela embaixada de Cuba, também cerveja quente. Ornamentam o peito com o pôster de Che Guevara e/ou estrelinhas vermelhas. Creem em Fidel Castro e Hugo Chávez. Repetem aos berros meia dúzia de frases que invariavelmente incluem expressões como “imperialismo ianque”, “CIA”, “direita” e “revolução”. Não permitem que quem se exprime em linguagens distintas emita qualquer som enquanto estiverem por perto. E não se reproduzem em cativeiro.
Baseados no vídeo abaixo, especialistas em degenerações da espécie humana acham que o comunista-de-cubrasil é um caso clínico. Gente normal acha que é um caso de polícia.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Bolsa Família


‘A bolsa é para a escola’, por Carlos Alberto Sardenberg

PUBLICADO NO GLOBO DESTA QUINTA-FEIRA
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Os programas tipo Bolsa Família nasceram no âmbito do Banco Mundial ─ e aqui no Brasil com o trabalho de Cristovam Buarque ─ com base numa teoria precisa.
O primeiro ponto foi a análise, em diversos países, dos programas que entregavam bens e serviços diretamente às famílias pobres (alimentos, roupas, remédios, material escolar, instrumentos de trabalho etc). O governo comprava e distribuía.
Já viu. Havia problemas de eficiência e de corrupção. Estudos mostraram que, do dinheiro aplicado na América Latina, a metade se perdia na burocracia e na roubalheira.
Melhor mandar o dinheiro direto para as famílias. Mas isso bastaria? A resposta foi não, com base na seguinte avaliação: as famílias não conseguem escapar da pobreza porque suas crianças não frequentam a escolas. E não frequentam porque precisam trabalhar (na lavoura ou nas cidades, caso dos meninos) e cuidar dos outros irmãos, caso das meninas. Apostando que crianças com educação básica têm mais oportunidade de conseguir empregos bons, a ideia é clara: é preciso pagar para as famílias manterem as crianças na escola. Daí o nome oficial do programa no Banco Mundial: Transferência de Renda com Condicionalidade. O cartão de saque do dinheiro contra o boletim escolar.
Parece óbvio, mas houve forte debate. Muita gente dizia que pais e mães gastariam o dinheiro em cachaça, cigarros, jogos e coisas para eles mesmos, usando os filhos apenas como fonte de renda. O bom-senso sugeria o contrário. As pessoas não são idiotas nem perversas, sabem do que precisam.
Havia também uma crítica política, curiosamente partindo da esquerda. Dizia que distribuir dinheiro era puro assistencialismo, esmola e, pior, prática eleitoreira dos coronéis para manter o povo pobre e ignorante. Mas essa é outra das teses que a esquerda no poder jogou no lixo.
O fato é que se começou com programas experimentais na América Central, com patrocínio do Banco Mundial, e funcionou muito bem. Nos anos 90, a ideia se espalhava pela América Latina. No Brasil, com o nome de Bolsa Escola (designação introduzida por Cristovam Buarque) apareceu em 1994, em Campinas, e logo depois em Brasília (com Buarque governador). Foi ampliado para nível nacional no governo FHC, em projeto liderado por Ruth Cardoso. Surgiram ainda por aqui programas paralelos, como vale-transporte e bolsa gás. Lula juntou tudo no Bolsa Família, que passou a ampliar.
Não se trata, pois, de dar dinheiro aos pobres. Se fosse apenas isso, seria mesmo caridade pública sem efeitos no combate duradouro à pobreza. Trata-se de colocar e manter as crianças na escola, ou seja, abrir a oportunidade para esses meninos e meninas escaparem da pobreza.
No México, aliás, o programa chama-se Oportunidades e o dinheiro entregue à família aumenta na medida em que a criança progride na escola. Vai até a universidade. Há também uma poupança depositada na conta de crianças, que podem sacar o dinheiro quando se formam no ensino médio.
Em muitos lugares, há limitação no número de bolsas por família, com dois objetivos: estimular o controle da natalidade (ou reduzir o número de filhos) e desestimular a acomodação dos pais. Também se introduziram outras condicionalidades, como a frequência das mães nos postos de saúde, especialmente para o acompanhamento pré-natal e parto, e das crianças, para as vacinas. Ao boletim escolar acrescenta-se a carteirinha do ambulatório.
Resumindo, o programa funciona no curto prazo ─ ao dar um alívio imediato às famílias mais pobres ─ e no médio e longo prazos, com a escola.
Mas há uma tentação perversa. Como o programa funciona imediatamente, assim que a família recebe o primeiro cartão eletrônico, há um estimulo para que os políticos se empenhem em distribuir cada vez mais bolsas. É voto na veia. Ao mesmo tempo, esse viés populista desestimula a cobrança da condicionalidade. Pela regra, se as crianças desaparecem da escola ou não progridem, a bolsa deve ser cancelada. Mas isso pode tirar votos, logo, é melhor afrouxar os controles.
Resumindo: há o risco, sim, de um belo programa social se transformar numa prática populista. Quando os governantes começam a se orgulhar do crescente número de bolsas distribuídas e nem se lembram de mostrar os resultados escolares e índices de saúde, a proposta já virou eleitoral.
E quer saber? Ter todos os pobres recebendo dinheiro do governo não significa que acabou a pobreza. É o contrário, é sinal de que a economia não consegue gerar educação, emprego e renda para essa gente. O fim da pobreza depende de dois outros indicadores: crianças e jovens nas escolas e qualidade do ensino.


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Se o PT não teme debater corrupção, que tal Lula falar do caso Rose?


“Nós não temos medo da comparação, inclusive no debate da corrupção”, diz Lula na festa do PT. O que espera para quebrar o silêncio de 90 dias sobre o caso Rose?

Diante de plateias amestradas, que ovacionam até ponto, vírgulas e reticências, ninguém é mais falante do que Lula. Cercado por devotos genuflexos, todos exibindo a cara deslumbrada de presidiário transferido sem escalas da cela para o set de um filme pornô, ninguém fabrica mais bravatas por minuto do que o ex-presidente. Reverenciado por bajuladores vocacionais, que começam a gargalhar antes do início da piada, ninguém é mais valente do que o inventor do Brasil Maravilha. Só havia gente assim na festa organizada pelo PT para celebrar os 10 anos da chegada ao poder. E o palanque ambulante sentiu-se como pinto no lixo.
“Todas as coisas que eles pensaram em fazer nós fizemos melhor”, caprichou na abertura do cortejo de bazófias. “Eles”, como sabem os ouvintes castigados pela discurseira interminável, são Fernando Henrique Cardoso, a elite golpista, a mídia reacionária, os granfinos paulistas, os loiros de olhos azuis e todos os demais viventes que se negam a engrossar a seita lulopetista. “As coisas” são boas ideias do governo FHC prostituídas pelo Bolsa Família, o maior programa oficial de compra de votos do mundo.
Em seguida, como faz desde 1976, o animador de comício desdenhou da oposição: “Eles estão inquietos, sem valores e sem propostas”. (De valores e propostas Lula entende, sobretudo quando envolvem contratos com a base alugada). Depois, atacou o senador Aécio Neves, gabou-se de eleger qualquer poste e, claro, criticou FHC ─ sem se atrever a soletrar em voz alta a sigla que está para o SuperLula como a kriptonita verde para o Super-Homem. “Vou dizer apenas que a resposta que o PT deve dar a eles ─ e eles podem se preparar, podem juntar quem quiserem ─ é a reeleição da presidente Dilma em 2014”.
As salvas de palmas animaram  campeão da gabolice a cruzar a fronteira da prudência. “Nós não temos medo da comparação, inclusive no debate da corrupção”, escorregou na areia movediça o recordista mundial de escândalos por mandato. Risonhos na plateia, os mensaleiros José Dirceu, José Genoíno e João Paulo Cunha aplaudiram com especial intensidade a ousadia do chefe. Mas os três sabem com quem estão lidando. É possível que Lula faça duas ou três visitas dominicais à cadeia que hospedará os companheiros condenados pelo Supremo Tribunal Federal. Mas antes disso terá esquecido o que disse na festa do PT.
Ele foge de comparações com FHC como o vampiro foge da claridade. Se não temesse o duelo penosamente desigual entre um homem que pensa e sabe e uma figura que pensa que sabe, teria topado em fevereiro de 2010 o debate imediatamente aceito por Fernando Henrique. À época, o ministro da Propaganda, Franklin Martins, informou que um presidente não poderia debater com um ex-presidente. Fora do gabinete há mais de dois anos, Lula segue refugando o convite ─ que será reapresentado pela coluna já nesta quinta-feira.
É improvável que crie agora a coragem que faltou quando o Brasil ignorava a existência de Rosemary Noronha. Depois do escândalo protagonizado pela primeiríssima amiga, o medo certamente aumentou. A Polícia Federal revelou há 90 dias que o escritório da Presidência da República em São Paulo fora doado por Lula a uma quadrilheira juramentada. Faz 90 dias que o protetor de Rose e seus comparsas não abre a boca sobre o assunto. Nesta quarta-feira, ao propor que a comparação entre os governos do PT e do PSDB inclua a taxa de roubalheira, tornou obrigatória a incorporação à pauta de perguntas para as quais não tem resposta.
Não lhe será difícil fugir outra vez do debate com FHC. Mas não conseguirá escapar da hora da verdade enquanto existirem jornalistas que não temem rosnados, prezam a independência e jamais renunciarão ao compromisso com a verdade.
*Augusto Nunes

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Revolucionários de galinheiro...,

Os democratas de São Paulo precisam mostrar a Yoani que, apesar do PT e do PCdoB, o Brasil não é Cuba. Nem será. 

O vídeo ilustra a reportagem publicada pelo jornal italiano La Stampa que resume o primeiro dia de Yoani Sánchez no Brasil. São 4min10 exemplarmente pedagógicos. A selvageria dos patrulheiros alugados colide frontalmente com a serenidade da blogueira cubana. As cenas de primitivismo explícito protagonizadas por revolucionários de galinheiro contrasta penosamente com a silenciosa aula de dignidade ministrada pela visitante. Ouçam as palavras de ordem berradas pela turma das cavernas. Confrontem a gritaria desconexa com as observações sensatas da mulher sem medo. E reconheçam: o país que pensa tem o dever de envergonhar-se desse grotão cafajeste que Yoani foi obrigada a contemplar minutos depois do desembarque. O que há com os democratas brasileiros que se deixam dobrar por um punhado de baderneiros sem causa nem cérebro?, estaria perguntando Nelson Rodrigues. O que esperam os políticos eleitos pela oposição para formarem escoltas que garantam a Yoani, fisicamente, o direito à palavra? Baianos e pernambucanos perderam uma boa chance de deixar claro que o Brasil não é Cuba. Nem será, precisa saber a visitante antes de seguir viagem. Nesta quarta-feira, ela conhecerá a maior metrópole do país. Cumpre aos brasileiros de São Paulo mostrar-lhe que, apesar do PT, do PCdoB e de outras velharias ideológicas, a democracia continua em vigor. E não será revogada. *Augusto Nunes

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Manifestantes de aluguél...,

Celso Arnaldo: ‘A imagem de Yoani desembarcando no Recife vale mais que mil palavras que nunca foram ditas em Cuba’

Os manifestantes alugados para hostilizar a blogueira Yoani Sánchez trouxeram de volta à coluna o jornalista Celso Arnaldo Araújo. Único brasileiro especializado em dilmês, nosso grande caçador de cretinices deixou momentaneamente de lado a presidente que não diz coisa com coisa para cuidar das nulidades escaladas para berrar idiotices em aeroportos. Confira. (AN)

CELSO ARNALDO ARAÚJO
Faltou destacar a pretensão imbecil desses esbirros de fanfarra cooptados pelo esquema petista-cutista-castrista para a desmoralização de Yoani Sánchez no Brasil. Imagine: eles tentaram intimidar uma moça que há mais de 15 anos não faz outra coisa além de arrostar, de cara lavada, e só munida de seu computador quase desconectado do mundo, uma das mais longas, impenetráveis, impermeáveis e sanguinárias ditaduras da história moderna.
Todo esse tempo, ela enfrentou burocratas suados e gorilas de verde oliva treinados para reprimir, calar, prender, torturar, arrancar e, em nome dos ideais do socialismo, castrar vozes e espíritos dissidentes – esta, a verdadeira especialidade dos Castros. Nunca cedeu, nunca esmoreceu. E, ironia da história: o governo de Cuba, ao finalmente autorizar a saída pacífica de Yoani, depois de dezenas de tentativas frustradas, pelo menos aparentemente demonstrou ser hoje mais tolerante à dissidência que esses cubanos falsificados que quase agrediram a moça na chegada ao Brasil.
Por isso, a imagem de Yoani Sánchez desembarcando no Recife vale mais que mil palavras que nunca foram ditas em Cuba. Para quem conhece a história de Yoani, não causou surpresa a indiferença altiva e serena com que ela reagiu às manifestações da turba mal ensaiada — que talvez tenha até contido sua agressividade natural, já que capaz de coisas muito piores, diante da revelação, na véspera, do complô contra ela. Escalados há tempos para a missão, não quiseram perder a viagem. Mal sabiam esses tipinhos à toa — ofensivos à nossa inteligência, mas inofensivos à ordem geral das coisas — que, aos ouvidos de Yoani, vozes discordantes, mesmo quando pífias e desafinadas, chegam a soar como uma cantata de Bach. Nesses 50 anos, quando ouvidas em Cuba, custaram aos donos das laringes emitentes uma longa temporada numa masmorra imunda e silenciosa.
A recepção vulgar e tacanha a uma jovem dissidente que luta pela liberdade de denunciar a falta de liberdade em Cuba não perturbou Yoani. Pelo contrário: com uma elegância democrática que chega a ser sensual, disse ter gostado até dos insultos que recebeu. E, assim que pisou aqui, mostrou-se deslumbrada com a rapidez da nossa banda larga. De seu celular, obteve conexão imediata. Tweet transmitido ontem de madrugada a seus 410 mil seguidores:
“Créanme que la experiencia de internet me tiene asombrada. Cómo es posible que mi país siga condenado a la desconexión?”.
Em seguida:
“Ahora ya entiendo mejor por qué tantos remilgos, demoras y censuras para abrir el acceso a internet para los cubanos”
Ok, algumas frases mais ressonantes impressionaram Yoani ao chegar ao Brasil — mas definitivamente não foram os xingamentos dos idiotas que tentaram esfregar notas falsas de dólar em sua cara e chegaram a puxar sua linda cabeleira. Tuitou Yoani, ao respirar e a escutar liberdade depois de tantos anos:
“Me asombró ver a varios empleados aeropuertarios de Brasil hablar en voz alta y francamente de política. Em Cuba hablan en un murmullo”.
O murmullo de Yoani finalmente ganhou corpo – a despeito dos sussurros trocados entre os prepostos dos Castros e dos Carvalhos, que tramaram contra ela, contra a liberdade, na Embaixada de Cuba em Brasília.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Tem gente que acredita em governo bonzinho e almoço de graça...,

Carlos Brickmann: sobre como nós, consumidores, vamos pagar a conta de luz do bilionário Eike Batista

Não fica bem, numa época de eventos importantes, faltar luz no Brasil (Foto: Getty)
Não fica bem, numa época de eventos importantes, faltar luz no Brasil (Foto: Getty)
Por Carlos Brickmann
TIRA, PÕE, DEIXA ENGANAR
A conta de luz baixou? Baixou, mas vai subir: para evitar apagões no ano da Copa (e das eleições presidenciais), o Operador Nacional do Sistema, que comanda a produção e distribuição de eletricidade em todo o país, anunciou oficialmente que o governo decidiu não mais desligar as usinas térmicas, que queimam gás, carvão e óleo.
O objetivo é economizar água e manter cheios os lagos das hidrelétricas: não fica bem, numa época de eventos importantes, faltar luz no Brasil. Só que a energia térmica é poluente e mais cara.
A conta de luz vai subir.
E a conta mais baixa? Ok, antes de subir, a conta vai dar uma descidinha. Mas o abatimento vai cair na conta do Tesouro – ou seja, vai sair dos impostos que pagamos.
Funciona mais ou menos assim: imaginemos que o empresário Eike Batista, por exemplo, tenha uma conta de luz bem alta.
Sua residência é grande, com ar condicionado central, salas com iluminação especial (onde, lembremos, expõe aquela joia mecânica que é o Mercedes McLaren, um dos poucos que existem no Brasil), adega climatizada, piscina com temperatura controlada, essas coisas.
Ele vai economizar na conta de luz, no curto período de baixa.
E quem paga por ele? Você, caro leitor; ou a moça da favela que lava roupa para fora e que paga impostos ao comprar pão, margarina e sabão. Os impostos de quem compra remédios, ou um par de sandálias de dedo, vão para o Tesouro, e de lá saem para ajudar os milionários a economizar em suas contas de luz.
Ah, não esqueçamos: o gás que move usinas térmicas é importado.
Coisa fina!

100 mil golfinhos...,

VÍDEO: EM ESPETÁCULO MUITO RARO, 100 MIL GOLFINHOS nadando juntos numa área de quase 10 km quadrados ao largo da costa da Califórnia

Maravilhoso e raro: 100 mil golfinhos apresentam espetáculo deslumbrante
Maravilhoso e raro: 100 mil golfinhos apresentam espetáculo deslumbrante (Foto: Antonio Ramirez)
Um fenômeno raríssimo foi filmado nesta quinta-feira passada, dia 14, por um barco a 7 quilômetros da costa de San Diego,  na Califórnia, EUA.
A tripulação deu, por acaso, com um imenso e ruidoso grupo estimado em 100 mil golfinhos que formaram uma massa de cerca de sete quilômetros de comprimento e cinco quilômetros de largura e viajaram ao lado do barco turístico por quase uma hora.
Golfinhos são reconhecidamente animais sociáveis, mas geralmente viajam em grupos que chegam de 15 a 200 animais. Até agora não há explicação para a enorme quantidade de golfinhos juntos de uma só vez.
No ano passado, no final de fevereiro, um grupo indeterminado de golfinhos, mas muito semelhante em quantidade, foi flagrado nadando cerca de 65 quilômetros ao norte da mesma San Diego, o que pode indicar um padrão migratório ainda não reconhecido e estudado.


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Depois de estraçalhar a economia brasileira, o PT decidiu comemorar os dez anos em que está no poder

 

Falta espelho – Jamais alguém conseguiu destruir a economia de um país em tão pouco tempo como fez o PT nos últimos dez anos. Considerado como fugitivo da imprensa porque não tem como explicar os escândalos de corrupção em que se envolveu, Lula continua dando ordens nos bastidores do governo de Dilma Rousseff e na administração de Fernando Haddad. Gazeteiro profissional e embusteiro incorrigível, Lula conseguiu jogar pelo ralo não apenas uma década, mas várias outras em que os brasileiros não mediram esforços para colocar o Brasil no prumo.
Lula vendeu ao mundo uma bolha de virtuosismo que começa a estourar e provocar estragos em todos os segmentos. Ressuscitou o mais temido fantasma da economia, a inflação. Arruinou a indústria nacional. Patrocinou seguidos escândalos de corrupção. Abusou da pirotecnia para inaugurar obras que estão paralisadas. Empurrou os desavisados ao endividamento recorde. Jogou os afoitos na vala da inadimplência. Velhaco, reinventou a classe média para escapar da peçonha dos enganados. Em tempo recorde aniquilou a crença dos cidadãos no amanhã.
Elegeu Dilma Rousseff e decidiu que Guido Mantega continuaria no Ministério da Fazenda. Tirou outro incompetente, Paulo Bernardo, do Planejamento e colocou no Ministério das Comunicações. Esperou a queda de Nelson Jobim para emplacar o funesto Celso Amorim no Ministério da Defesa, que no Itamaraty foi a “fulanização” do fracasso. Esse enxadrismo de cargos e indicações tem razões bisonhas nos bastidores. A Lula não importa a situação econômica do Brasil, pois o projeto petista é socializar a miséria. Quem nunca foi afeito ao trabalho desconhece o significado de crescimento econômico planejado e sustentável. Foi com essas mentiras que Lula conseguiu entupir a estante do seu apartamento com títulos de doutor honoris causa, cujas concessões destruíram a reputação de universidades seculares.
Lula conseguiu, com a ajuda de Fernando Haddad, corroer o nível da educação no País. Mesmo assim, fincou Haddad na prefeitura paulistana. O escandaloso despreparo de Lula como administrador público serviu de base para a tese de doutorado em economia de Aloizio Mercadante, que protagonizou a maior proeza do planeta em todos os tempos. Fraudou a si mesmo. Fez de um livro pífio, cujo conteúdo é mero “puxa-saquismo”, em tese que foi aceita ao arrepio das normas da Unicamp.
Os setores da imprensa que dependem da publicidade oficial têm o Palácio do Planalto como pauteiro. Jornalistas que noticiam a verdade são perseguidos, monitorados, grampeados, intimidados pela tropa de choque do partido.
Como chefe de governo, Dilma Rousseff é um fracasso colossal. Como garantia de continuidade, Dilma materializa a única verdade que Lula contou na vida. Afinal, a presidente conseguiu dar continuidade ao caos. O cenário já teria levado o mais amador dos economistas ao suicídio, mas o Partido dos Trabalhadores realizará, no próximo dia 20, uma festa para comemorar dez anos de governo democrático e popular.
A festa, que será uma ode à utopia, acontecerá no Parque de Exposições do Anhembi, na Zona Norte da capital paulista. Lugar menor não serviria, porque as mentiras de Lula e a soberba dos companheiros precisam de muito espaço. A escolha do local tem ao menos uma questão lógica, que é a localização. Fica ao lado do sambódromo paulistano, lugar adequado para fantasias.
http://ucho.info/depois-de-estracalhar-a-economia-brasileira-o-pt-decidiu-comemorar-os-dez-anos-em-que-esta-no-poder

A herança maldita de Lula da Silva

(*) Maria Lucia Victor Barbosa 

 
Lula da Silva é louvado e exaltado não só no Brasil como no exterior. Sua fama de “pobre trabalhador” que chegou à presidência da República e acabou com a miséria no país fabricando uma “nova classe média”, impressiona. O que a maioria não percebe é que tal falácia indica uma parcela de pessoas com renda familiar per capita entre R$ 291,00 e R$ 1.019,00.
A estapafúrdia classificação de renda é da SAE (Secretaria de Assuntos estratégicos da Presidência da República) e, segundo o órgão, a nova classe média representa 54% da população brasileira. Aparentemente tais indivíduos são tão prósperos que podem comprar o que quiserem: carros zero, roupas de grife, eletrodomésticos de todos os tipos, além, é claro, de usufruir de quantas viagens internacionais desejem. Como se vê, Lula faz mais milagre do que o Padim Padre Cícero ao multiplicar o pouco dinheiro de seus súditos.
A propaganda enganosa está tendo continuidade. Coube à sucessora Rousseff acabar com a pobreza extrema e ela disse que o fará até março. O caridoso programa que objetiva o novo milagre foi apelidado de “Brasil Carinhoso”. Consiste em adicionar R$2,00 à renda per capita de pessoas que vivem com menos de R$ 70,00 por mês. Somando-se os R$ 2,00 a alguns trocados de uma bolsa esmola e a pobreza extrema será extinta no próximo mês. Portanto, senhores leitores, ajudem a presidente a acabar com a desigualdade no Brasil, se encontrarem um remanescente da pobreza sejam generosos, salve-o com R$ 2,00.
O paraíso Brasil, porém, está se desfazendo. E chega de dizer que o fiasco do governo Rousseff se deve apenas a crise externa. Se isto conta, contam mais a herança maldita de Lula da Silva, a inaptidão da presidente, os erros cometidos pelo ministro da Fazenda e pelo obediente presidente do Banco Central. Esta é a realidade do Brasil dos “pibinhos”, lanterninha dos BRICS, campeão de violência urbana e da incompetência nas áreas da Saúde, Educação e infraestrutura.
Hoje não dá para saber se mais pessoas morrem por falta de atendimento hospitalar ou pelas armas dos bandidos. Acrescente-se que Lula inaugurou universidades que não existem, privilegiou a quantidade em detrimento da qualidade em educação, inventou cotas para acirrar o preconceito racial. Recorde-se ainda que seu ex-ministro da Educação, eleito por sua vontade prefeito de São Paulo foi um fracasso em termos do Enem e de orientação pedagógica através de livros que ensinavam que 10 – 7 = 4 ou forçavam a opção sexual de crianças de tenra idade.
Pesquisas mostram, contudo, que a popularidade da presidente sobe cada vez mais. Ela é a faxineira, tão ética que seguindo a orientação do seu mentor recebeu recentemente o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi e o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, ambos por ela defenestrados por conta de esquemas nada edificantes, quer dizer, pura corrupção. Lula disse que os coitadinhos estavam chateados e mereciam um gesto de carinho de Rousseff, ou seja, esquecer a faxina de faz de conta e tratar de trazer o PR e o PDT ao aprisco petista tendo em vista apoios para a eleição presidencial de 2014. Prontamente a presidente obedeceu ao mestre.
A faxineira, sob o comando de Lula, também ajudou eleger Renan Calheiros presidente do Senado e Henrique Alves presidente da Câmara, ambos crivados de processos e notórios protagonistas de escândalos. Vale tudo para o PT se manter no poder, incluindo o espetáculo degradante de Genoino tomando posse como deputado. Nada de cassação para ele e para os outros condenados como João Paulo Cunha (PT), Valdemar da Costa Neto (PR) e Pedro Henry (PP).
Henrique Alves afirmou que não obedeceria ao STF quanto a cassação dos indigitados e logo voltou atrás. Espertamente, porém, enviará o caso para a Comissão de Ética que certamente demorará eticamente o tempo suficiente para que os criminosos terminem seus mandatos. Tudo bem. Afinal, Henrique Alves disse que seus pares foram abençoados pelo voto popular.
Entrementes, são claros os sintomas da herança maldita de Lula da Silva e de sua sucessora. Vejamos alguns:
A produção industrial caiu 2,7%, o pior resultado desde a crise internacional de 2009. O emprego industrial naufraga no ABC e serviços já tem mais de 50% das vagas. O ano de 2012 ficou marcado pela alta da inadimplência que continuará a crescer. A Petrobras, arrebentada pelo PT, tem a primeira queda de produção em oito anos. O Rio São Francisco, maior obra do PAC, está empacado e dando grandes prejuízos. Aliás, as obras do PAC não deslancham conforme persuade a propaganda. E o pior de tudo, a inflação disparou e o governo não está conseguindo deter o processo.
Ainda assim, Lula ou Rousseff estão certos de que poderão ser abençoados pelo voto popular.
(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

A propósito de Cuba...,

O que foi que aconteceu?
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A primeira nação da América espanhola, incluindo a Espanha e Portugal, que utilizou máquinas e barcos a vapor foi Cuba foi em 1829.
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A primeira nação da América Latina e a terceira no mundo (atrás da Inglaterra e dos EUA), a ter uma ferrovia foi Cuba, em 1837.
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Foi um cubano que primeiro aplicou anestesia com éter na América Latina em 1847.
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A primeira demonstração, a nível mundial, de uma indústria movida a eletricidade foi em Havana, em 1877.
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Em 1881, foi um médico cubano, Carlos J. Finlay, que descobriu o agente transmissor da febre amarela e definiu sua prevenção e tratamento.
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O primeiro sistema elétrico de iluminação em toda a América Latina (incluindo Espanha) foi instalado em Cuba, em 1889.
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Entre 1825 e 1897, entre 60% e 75% de toda a renda bruta que a Espanha recebeu do exterior vieram de Cuba.
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Antes do final do Século XVIII Cuba aboliu as touradas por considerá-las “impopulares, sanguinárias e abusivas com os animais”.
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O primeiro bonde que circulou na América Latina foi em Havana em 1900.
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Também em 1900, antes de qualquer outro país na América Latina foi em Havana que chegou o primeiro automóvel.
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A primeira cidade do mundo a ter telefonia com ligação direta (sem necessidade de telefonista) foi em Havana, em 1906.
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Em 1907, estreou em Havana o primeiro aparelho de Raios-X em toda a América Latina.
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Em 19 maio de 1913 quem primeiro realizou um vôo em toda a América Latina foram os cubanos Agustin Parla e Rosillo Domingo, entre Cuba e Key West, que durou uma hora e quarenta minutos.
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O primeiro país da América Latina a conceder o divórcio a casais em conflito foi Cuba, em 1918.
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O primeiro latino-americano a ganhar um campeonato mundial de xadrez foi o cubano José Raúl Capablanca, que, por sua vez, foi o primeiro campeão mundial de xadrez nascido em um país subdesenvolvido. Ele venceu todos os campeonatos mundiais de 1921-1927.
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Em 1922, Cuba foi o segundo país no mundo a abrir uma estação de rádio e o primeiro país do mundo a transmitir um concerto de música e apresentar uma notícia pelo rádio.
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A primeira locutora de rádio do mundo foi uma cubana: Esther Perea de la Torre. Em 1928, Cuba tinha e 61 estações de rádio, 43 deles em Havana, ocupando o quarto lugar no mundo, perdendo apenas para os EUA, Canadá e União Soviética. Cuba foi o primeiro no mundo em número de estações por população e área territorial.
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Em 1937, Cuba decretou pela primeira vez na América Latina, a jornada de trabalho de 8 horas, o salário mínimo e a autonomia universitária.
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Em 1940, Cuba foi o primeiro país da América Latina a ter um presidente da raça negra, eleita por sufrágio universal, por maioria absoluta, quando a maioria da população era branca. Ela se adiantou em 68 anos aos Estados Unidos.
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Em 1940, Cuba adotou a mais avançada Constituição de todas as Constituições do mundo. Na América Latina foi o primeiro país a conceder o direito de voto às mulheres, igualdade de direitos entre os sexos e raças, bem como o direito das mulheres trabalharem.
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O movimento feminista na América Latina apareceu pela primeira vez no final dos anos trinta em Cuba. Ela se antecipou à Espanha em 36 anos, que só vai conceder às mulheres espanholas o direito de voto, o posse de seus filhos, bem como poder tirar passaporte ou ter o direito de abrir uma conta bancária sem autorização do marido, o que só ocorreu em 1976.
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Em 1942, um cubano se torna o primeiro diretor musical latino-americana de uma produção cinematográfica mundial e também o primeiro a receber indicação para o Oscar norte-americano. Seu nome: Ernesto Lecuona.
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O segundo país do mundo a emitir uma transmissão pela TV foi Cuba em 1950. As maiores estrelas de toda a América, que não tinham chance em seus países, foram para Havana para atuarem nos seus canais de televisão.
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O primeiro hotel a ter ar condicionado em todo o mundo foi construído em Havana: o Hotel Riviera em 1951.
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O primeiro prédio construído em concreto armado em todo o mundo ficava em Havana: O Focsa, em 1952.
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Em 1954, Cuba tem uma cabeça de gado por pessoa. O país ocupava a terceira posição na América Latina (depois de Argentina e Uruguai) no consumo de carneper capita.
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Em 1955, Cuba é o segundo país na América Latina com a menor taxa de mortalidade infantil (33,4 por mil nascimentos).
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Em 1956, a ONU reconheceu Cuba como o segundo país na América Latina com as menores taxas de analfabetismo (apenas 23,6%). A taxa do Haiti era de 90%; e Espanha, El Salvador, Bolívia, Venezuela, Brasil, Peru, Guatemala e República Dominicana 50%.
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Em 1957, a ONU reconheceu Cuba como o melhor país da América Latina em número de médicos per capita (1 por 957 habitantes), com o maior percentual de casas com energia elétrica, depois Uruguai; e com o maior número de calorias (2870) ingeridas per capita.
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Em 1958, Cuba é o segundo país do mundo a emitir uma transmissão de televisão em cores.
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Em 1958, Cuba é o país da América Latina com maior número de automóveis (160.000, um para cada 38 habitantes). Era quem mais possuía eletrodomésticos. O país com o maior número de quilômetros de ferrovias por km2 e o segundo no número total de aparelhos de rádio.
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Ao longo dos anos cinqüenta, Cuba detinha o segundo e terceiro lugar em internações per capita na América Latina, à frente da Itália e mais que o dobro da Espanha.
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Em 1958, apesar da sua pequena extensão e possuindo apenas 6,5 milhões de habitantes, Cuba era 29ª economia do mundo.
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Em 1959, Havana era a cidade do mundo com o maior número de salas de cinema: (358) batendo Nova York e Paris, que ficaram em segundo lugar e terceiro, respectivamente.
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E depois o que aconteceu?
Veio a Revolução Comunista…

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E hoje resta o desespero de uma população faminta, sem liberdade nem mesmo de abandonar o país, sem dignidade, onde a atividade que mais emprega é a prostituição».



*Encontrei o texto na internet, não sei o autor.
Se alguém souber, por favor informe.

A estupidez insiste sempre...,

Yoani chega ao Brasil com protesto pró-ditadura cubana

Blogueira desembarcou no Recife e foi chamada de agente da CIA por militantes

Yoani Sanchéz, ao lado do cineasta Dado Galvão, chega ao Brasil: militantes pró-ditadura no encalço
Yoani Sanchéz, ao lado do cineasta Dado Galvão, chega ao Brasil: militantes pró-ditadura no encalço (Edmar Melo/EFE)
Após cinco anos e 20 negativas do regime cubano de viajar para o exterior, a dissidente, jornalista e blogueira Yoani Sánchez chegou na madrugada desta segunda-feira ao Brasil, primeira parada de uma viagem de 80 dias que a levará a uma dezena de países da América e da Europa. 
Depois de pegar um voo na Cidade do Panamá, Yaoni, de 37 anos, desembarcou no Aeroporto Internacional Guararapes, no Recife, onde foi recebida por amigos e pelo diretor Dado Galvão, que convidou a cubana para vir ao Brasil participar da exibição do documentário Conexão Cuba-Honduras na noite desta segunda, em Feira de Santana (BA). Yoani é uma das entrevistadas do filme, que trata da falta de liberdade de expressão nos dois países.  
Leia também: PT vai distribuir dossiê contra a blogueira Yoani Sánchez
Acostumada a enfrentar a perseguição do regime comunista em seu país natal, onde já foi presa e torturada por escrever sobre as dificuldades do povo cubano provocadas pela ditadura dos irmãos Fidel e Raúl Castro, Yoani Sanchéz foi surpreendida no aeroporto por um protesto de um pequeno grupo de militantes em defesa da ditadura castrista e contra sua presença no Brasil.
No saguão, a militância do chamado "Fórum de Entidades de Solidariedade a Cuba" recebeu a blogueira com gritos de "Fora Yoani" e a acusou de ser agente da CIA, o serviço de inteligência dos Estados Unidos. Em um ato grosseiro, um integrante do grupo tentou esfregar notas falsas de dólar no rosto da cubana, que reagiu de modo a valorizar a liberdade de expressão inexistente em Cuba: "Isso é a democracia. Queria que em meu país pudéssemos expressar opiniões e propostas diferentes com esta liberdade".
Nos sete dias em que ficará no Brasil, no entanto, Yoani Sanchéz não está livre das perseguições do regime cubano, como revela reportagem de VEJA desta semana. O governo de Havana escalou um grupo de agentes para vigiá-la e recrutou outro com a missão de desqualificar a ativista por meio de um dossiê com características patéticas – o documento a acusa de ir à praia em Cuba, tomar cerveja e aceitar premiações internacionais concedidas a defensores dos direitos humanos. O plano para espionar e constranger Yoani Sánchez foi elaborado pelo governo cubano, mas será executado com o conhecimento e o apoio do PT, de militantes do partido e de pelo menos um funcionário da Presidência da República.
Turnê – Do Recife, Yaoni seguirá inicialmente em avião para Salvador e, de lá, irá de carro até Feira de Santana, cidade de 557.000 habitantes, a 116 quilômetros da capital baiana. A viagem da blogueira, uma das vozes mais críticas da ilha, foi possível devido à reforma migratória vigente desde o dia 14 de janeiro em Cuba.
No ano passado Yaoni tentou visitar o Brasil para participar da apresentação do documentário e, apesar de receber o visto de entrada brasileiro, as autoridades cubanas voltaram a negar-lhe a permissão de saída. A blogueira terá no Brasil uma intensa agenda que inclui sua participação em conferências e debates sobre liberdade de expressão e direitos humanos, e também vai divulgar o livro De Cuba, com Carinho, uma coletânea de seus textos sobre o triste cotidiano do povo cubano.
Na quarta-feira ela fará turismo em Salvador e depois virá a São Paulo, onde tem atividades até sábado. A viagem de Yaoni Sanchéz pelo mundo também inclui México, Peru, Estados Unidos, República Tcheca, Alemanha, Suécia, Suíça, Itália e Espanha, onde entre outros eventos participará na cidade de Burgos de um congresso sobre internet entre 6 e 8 de março. 
Leia mais no blog de Reinaldo Azevedo:
Yoani Sánchez e a sujeira do governo cubano e dos petistas

(Com agência EFE)

domingo, 17 de fevereiro de 2013

O Velho e o Mar

Trechos do livro O Velho e o Mar
Ernest Hemingway
Ele era um velho que pescava sozinho em seu barco, na Gulf Stream. Havia oitenta e quatro dias que não apanhava nenhum peixe. Nos primeiros quarenta, levara em sua companhia um garoto para auxiliá-lo. Depois disso, os pais do garoto, convencidos de que o velho se tornara salao, isto é, um azarento da pior espécie, puseram o filho para trabalhar noutro barco, que trouxera três bons peixes em apenas uma semana. O garoto ficava triste ao ver o velho regressar todos os dias com a embarcação vazia e ia sempre ajudá-lo a carregar os rolos de linha, ou o gancho e o arpão, ou ainda a vela que estava enrolada à volta do mastro. A vela fora remendada em vários pontos com velhos sacos de farinha e, assim enrolada, parecia a bandeira de uma derrota permanente.

O velho pescador era magro e seco, e tinha a parte posterior do pescoço vincada de profundas rugas. As manchas escuras que os raios do sol produzem sempre, nos mares tropicais, enchiam-lhe o rosto, estendendo-se ao longo dos braços, e suas mãos estavam cobertas de cicatrizes fundas, causadas pela fricção das linhas ásperas enganchadas em pesados e enormes peixes. Mas nenhuma destas cicatrizes era recente.

Tudo o que nele existia era velho, com exceção dos olhos que eram da cor do mar, alegres e indomáveis.

- Santiago - disse-lhe o garoto quando desciam do banco de areia para onde o barco fora puxado -, eu gostaria de tornar a sair com você. Tenho ganho algum dinheiro.

O velho ensinara o garoto a pescar e por isso ele o adorava.

- Não - respondeu-lhe o velho. - Você está num barco de sorte. Fique com eles.

- Mas lembre-se daquela vez em que passamos mais de oitenta dias sem apanhar coisa alguma e depois pescamos dos grandes, todos os dias, durante três semanas.

- Lembro-me muito bem - tornou o velho. - E sei que no período de má sorte você não me abandonou nem duvidou de mim.

- Foi papai quem me fez mudar de barco. Ainda sou um garoto e tenho de obedecer a ele.

- Eu sei - concordou o velho. - É natural.

- Papai não tem muita fé.

- Não - tornou a concordar o velho. - Mas nós temos, não é verdade?

- Sim - afirmou o garoto. - Deixe-me oferecer a você uma cerveja na Esplanada, depois levamos estas coisas para casa. Aceita?

- Por que não? - respondeu o velho. - Entre pescadores...

Sentaram-se na Esplanada e alguns pescadores começaram a fazer troça do velho, mas ele não se zangou. Outros, os de mais idade, olharam para ele e sentiram-se tristes. Mas não o demonstraram e continuaram conversando, sem lhe dar importância, sobre as correntes e as profundidades a que tinham descido as suas linhas, sobre o bom tempo e as coisas que tinham visto ou feito durante o dia. Os pescadores que nesse dia haviam sido bem-sucedidos tinham chegado e limpado os espadartes, levando-os estendidos ao comprido sobre duas tábuas - dois homens sustentavam a ponta de cada tábua - para o armazém de peixes, onde ficavam à espera de que o transporte frigorífico os levasse para o mercado em Havana.

Aqueles que tinham apanhado tubarões carregavam-nos para a fábrica do outro lado da baía, onde eram içados e limpos, os fígados extraídos, as barbatanas cortadas, as peles raspadas e a carne cortada em tiras para salgar.

Quando o vento soprava do nascente, a baía era invadida pelo cheiro que vinha da fábrica; hoje, porém, mal se notava o cheiro, pois o vento soprara para o norte e depois amainara rapidamente. Por esse motivo, a Esplanada estava muito agradável e batida de sol.

- Santiago - começou o garoto.

- Que é? - perguntou o velho. Tinha o copo na mão e pensava nas suas aventuras de muitos anos atrás.

- Posso sair com o barco para apanhar sardinhas para você amanhã?

- Não, vá jogar beisebol. Eu ainda sei remar e o Rogério pode atirar as redes.

- Mas eu gostaria de ir. Já que não posso ir pescar com você, queria ajudar de algum jeito.

- Você me pagou uma cerveja - replicou o velho. - Agora já é um homem.

- Que idade eu tinha quando você me levou no barco pela primeira vez?

- Cinco anos e você por pouco não morreu porque icei o peixe antes da hora e ele ia dando cabo do barco. Lembra-se?

- Lembro-me da cauda do peixe que batia e sacudia o barco todo, da travessa que rangia quase estalando e do ruído das pancadas que você dava nele com o martelo. Lembro também que você me atirou para a proa, onde estavam os rolos molhados de linha, e não posso me esquecer do barco estremecendo e das suas marteladas... até parecia que você estava pondo uma árvore abaixo... e de todo aquele sangue doce me salpicando.

- Lembra mesmo tudo isso ou fui eu que lhe contei depois?

- Lembro tudo desde que saímos juntos pela primeira vez.

O velho examinou-o com os seus olhos queimados pelo sol, muito carinhosos e confiantes.

- Se você fosse meu filho, eu o levaria comigo e desafiaria a má sorte - disse ele. - Mas você tem seu pai e sua mãe e está num barco de sorte.

- Posso ir apanhar as sardinhas? Sei de um lugar onde é fácil encontrar isca.

- Ainda me restam algumas de hoje. Ponho-as numa caixa com sal e servem para amanhã.

- Deixe eu ir arranjar isca fresca.

- Uma só - disse o velho. As suas esperanças e confiança nunca o tinham abandonado, mas agora estavam arrefecendo como a brisa quando se levanta no ar.

- Duas - devolveu o garoto.

- Duas - concordou o velho. - Não vai roubá-las, não é?

- Roubaria se fosse preciso - respondeu o garoto. - Mas não é.

- Obrigado - disse o velho pescador. Era demasiado simples para compreender quando alcançara a humildade. Mas sabia que a alcançara e sabia que não era nenhuma vergonha nem representava nenhuma perda do verdadeiro orgulho.

- Com esta corrente, amanhã vai ser um bom dia - profetizou o velho.

- Para que lado vai? - perguntou o garoto.

- Para o largo, e voltarei para junto da costa quando o vento mudar. Quero sair antes do amanhecer.

- Vou ver se consigo que o patrão do meu barco vá também para o largo - disse o garoto. - Assim, se você apanhar qualquer coisa grande de verdade, podemos ajudá-lo.

- Seu patrão não gosta de ir para muito longe.

- Não - concordou o garoto. - Mas irá, se eu vir qualquer coisa que ele não possa ver, como uma ave pairando sobre as águas, e disser que é um cardume de dourados.

- Então ele tem a vista tão ruim assim?

- Está quase cego.

- É estranho - disse o velho. - Ele nunca foi à cata das tartarugas. É isso que dá cabo dos olhos.

- Mas você foi à procura das tartarugas durante anos, lá para a Costa do Mosquito, e os seus olhos estão bons.

- É que sou um velho muito estranho.

- Mas se sente suficientemente forte para agüentar um peixe dos grandes?

- Acho que sim. E conheço as manhas de todos eles.

- Temos de levar as coisas para casa - lembrou o garoto. - Para eu ter tempo de ir deitar a rede e apanhar as sardinhas.

Foram buscar a tralha do barco. O velho pôs o mastro às costas e o garoto pegou a caixa de madeira que continha os rolos da dura linha entrelaçada, o gancho e o arpão. A caixa de isca estava escondida na popa da embarcação, juntamente com o martelo que servia para abater os peixes maiores quando eram puxados para junto do barco. Ninguém iria roubar o velho, mas era melhor levar a vela e as linhas mais pesadas para casa, porque a umidade lhes era prejudicial e, ainda que nenhum habitante da localidade fosse roubá-lo, o velho pescador pensava que um arpão e um gancho eram tentações desnecessárias para se deixar num barco.

Seguiram juntos pela rua em direção à cabana do velho e entraram pela porta que estava sempre aberta. O velho encostou à parede o mastro com as velas enroladas em volta e o garoto pôs a caixa e as outras coisas no chão. O mastro era quase da altura do único quarto da cabana, que era construída de guano, a resistente madeira das palmeiras-reais.

Dentro só havia uma cama, uma mesa, uma cadeira e um canto no chão sujo, onde se podia cozinhar a carvão. Nas paredes castanhas do duro guano viam-se uma imagem colorida do Sagrado Coração de Jesus e uma outra da Virgem de Cobre. Ambas eram relíquias de sua mulher. Em tempos, houvera na parede uma fotografia da esposa, mas ele a tinha tirado porque se sentia muito só ao olhá-la todos os dias; agora estava escondida numa prateleira, debaixo de sua camisa lavada.

- O que você tem para comer? - perguntou o garoto.

- Uma panela de arroz com peixe. Quer provar?

- Não. Vou comer em casa. Quer que acenda o fogo?

- Não, não é preciso.

- Posso levar a rede?

- Naturalmente.

Não existia nenhuma rede e o garoto se lembrava muito bem de quando a tinham vendido. Mas esta era uma cena que repetiam todos os dias. Também não havia nenhuma panela de arroz com peixe e o garoto também sabia disso.

- Oitenta e cinco é um número de sorte - disse o velho. - Gostaria de me ver trazer um peixe que pesasse mais de quatrocentos quilos?

- Se gostaria! Vou agora preparar a rede para ir apanhar sardinhas. Por que não se senta à porta para apanhar sol?

- Sim, tenho aqui o jornal de ontem e vou ler as notícias do beisebol.

O garoto não sabia bem se o jornal de ontem também era uma fantasia, mas o velho o tirou de debaixo do colchão.

- Foi o Pedrito quem deu para mim no botequim - explicou ele.

- Agora tenho de ir procurar sardinhas. Guardarei todas juntas, no gelo, as suas e as minhas, e amanhã cedo poderemos separá-las. Depois, quando eu voltar, você me contará o que eles dizem no jornal a respeito do beisebol, certo?

- Os Yankees não podem perder.

- Mas eu tenho um pouco de medo dos Indians de Cleveland.

- Tenha confiança nos Yankees, meu filho. Pense no grande DiMaggio.

- Tenho medo dos Tigers de Detroit e dos Indians de Cleveland.

- Tome cuidado ou você ainda acabará tendo medo dos Reds de Cincinnati ou dos White Sox de Chicago.

- Estude os resultados e os palpites, meu velho, e depois me diga o que acha, quando eu voltar.

- Será que devíamos comprar um bilhete de loteria com a terminação oitenta e cinco? Amanhã é o octogésimo quinto dia.

- Claro, podemos comprá-lo - assentiu o garoto. - Mas não seria melhor oitenta e sete, o número do seu grande recorde?

- Uma coisa nunca acontece duas vezes. Acha que poderá encontrar um bilhete com a terminação oitenta e cinco?

- Posso procurar.

- Um bilhete inteiro. Custa dois dólares e meio. Quem é que poderia emprestar o dinheiro?

- Isso é fácil. Qualquer pessoa me empresta dois dólares e meio.

- A mim também me emprestavam. Mas não quero pedir emprestado a ninguém. Primeiro pede-se emprestado. Depois pede-se esmola.

- Não desanime, meu velho - acalmou-o o garoto. - Lembre-se de que estamos em setembro.

- O mês dos peixes grandes - replicou o velho. - Em maio, todos podem ser pescadores.

- Agora vou apanhar as sardinhas - disse o garoto.

Quando ele voltou, mais tarde, o velho Santiago estava dormindo e o sol já começava a baixar no horizonte. O garoto foi buscar a velha manta da cama e colocou-a sobre os ombros do velho. Eram ombros estranhos, ainda poderosos embora muito velhos, e o pescoço também era ainda muito forte. Não se viam tanto as rugas quando estava dormindo assim, com a cabeça descaída para a frente. A camisa havia sido remendada tantas vezes que mais se assemelhava a uma vela, e os remendos, sob a ação do sol, tinham-se esbatido em diversos tons. A cabeça do velho era muito velha e, com os olhos fechados, não havia vida no seu rosto. Tinha o jornal estendido nos joelhos e o peso do braço impedia que a brisa da tarde o levasse. Estava descalço.

O garoto deixou-o ficar como estava e afastou-se, mas, quando voltou, o velho continuava dormindo.

- Acorde, meu velho - disse o garoto, pondo a mão sobre um dos seus joelhos.

O velho Santiago abriu os olhos e, durante um momento, deu a impressão de voltar de algum lugar distante, muito distante. Depois, sorriu.

- O que é que você traz aí? - perguntou.

- O jantar - respondeu o garoto. - Vamos comer.

- Não tenho fome.

- Mas você precisa comer. Não pode ir à pesca sem comer.

- Já comi - murmurou o velho, levantando-se e dobrando o jornal. Depois começou a dobrar também a manta.

- Ponha a manta nas costas - disse o garoto. - E fique sabendo que, enquanto eu for vivo, você não irá à pesca sem comer.

- Então viva muito tempo e trate da sua saúde - redargüiu o velho. - E o que é que temos para comer?

- Feijão preto com arroz, bananas fritas e um pouco de guisado.

O garoto trouxera a comida da Esplanada numa marmita dupla de alumínio. Trazia também, no bolso, facas, garfos e colheres, com um guardanapo de papel enrolado em volta de cada talher.

- Quem é que lhe deu isto?

- Martin, o dono.

- Tenho de lhe agradecer.

- Eu já lhe agradeci - replicou o garoto. - Você não tem nada que agradecer.

- Hei de dar-lhe a carne da barriga de um peixe grande - disse o velho. - Já nos fez este favor mais de uma vez, não é verdade?

- Acho que sim.

- Então, tenho de lhe dar mais do que a carne da barriga. Tem sido muito bom para nós.

- Também mandou duas cervejas.

- Eu gosto mais da cerveja de barril.

- Eu sei. Mas as que ele mandou são de garrafa, cerveja Hatuey, mas preciso levar de volta os cascos vazios.

- Você é muito amável - disse o velho. - Não será melhor começarmos a comer?

- Já tinha dito isso mesmo... - respondeu o garoto suavemente. - Não queria abrir a marmita antes de você estar pronto.

- Pois agora já estou pronto. Só queria era ter tempo para me lavar.

"Onde você poderia lavar-se?", pensou o garoto. O depósito de água da aldeia ficava lá para baixo, duas ruas além, indo pela estrada. "Preciso trazer-lhe água para a cabana, sabão e uma toalha nova", continuou a pensar o garoto. "Por que será que nunca penso nessas coisas? Tenho de arranjar outra camisa para ele, um casaco para o inverno e uns sapatos, além de outro cobertor."

- O guisado está ótimo - disse o velho.

- Fale do beisebol - pediu-lhe o garoto.

- Na Liga Americana, os melhores são os Yankees, como eu já disse - respondeu o velho, muito satisfeito.

- Mas eles perderam hoje - informou o garoto.

- Isso não quer dizer nada. O grande DiMaggio está outra vez em forma.

- Mas há outros jogadores na equipe.

- Naturalmente, mas ele é que conta. Na outra Liga, entre o Brooklyn e o Philadelphia, escolho o Brooklyn. Claro, quando digo isto, estou pensando no Dick Sisler e naqueles lançamentos espetaculares no velho campo.

- Nunca houve nada igual. Nunca vi ninguém lançar a bola tão longe quanto ele.

- Lembra-se de quando ele costumava vir à Esplanada? Teria gostado de levá-lo para pescar, mas tinha vergonha de convidá-lo. Depois eu lhe pedi que o convidasse, mas você também era muito tímido.

- Lembro perfeitamente. Foi um grande erro. Dick Sisler era bem capaz de ter querido vir conosco e então íamos ter essa lembrança boa pelo resto da vida.

- Eu gostaria era de levar o grande DiMaggio para pescar - falou o velho Santiago. - Dizem que o pai dele era pescador. Talvez tivesse sido tão pobre como nós e pudesse compreender nossa vida.

- O pai do grande Sisler nunca foi pobre e já jogava na Liga quando tinha a minha idade.

- Quando eu tinha a sua idade, meu garoto, andava na proa de um navio que fazia carreira para a África e foi lá que vi leões nas praias, à noitinha.

- Eu sei. Você já me contou.

- Quer que fale da África ou de beisebol?

- Prefiro beisebol - optou o garoto. - Fale do grande John J. McGraw.

- Ele também costumava vir à Esplanada nos velhos tempos, mas era muito malcriado e difícil de agüentar. E falava coisas horríveis quando bebia. Só pensava em cavalos e em beisebol. Ou, pelo menos, estava sempre com listas de cavalos nos bolsos e muitas vezes dizia os seus nomes pelo telefone.

- Era um grande treinador - disse o garoto. - Papai acha que ele era o melhor de todos.

- Isso porque era o que vinha aqui mais vezes - observou o velho. - Se o Durocher tivesse continuado a vir aqui todos os anos, seu pai pensaria que ele é que era o melhor de todos.

- Mas, afinal, qual é o melhor treinador, o Luque ou o Mike Gonzales?

- Na minha opinião os dois são da mesma categoria.

- E o melhor pescador é você.

- Não. Conheço outros melhores.

- Qué va! - exclamou o garoto.

- Existem muitos pescadores bons e alguns mesmo ótimos. Mas como você não há nenhum.

- Obrigado. Gosto de ouvir você dizer isso e espero que não me apareça pela frente nenhum peixe grande demais para desmenti-lo.

- Não existe nenhum peixe grande o bastante para isso, se você ainda é tão forte como diz. - Pode ser que eu não esteja tão forte como penso - admitiu o velho -, mas conheço todos os truques e não me falta decisão.

- Agora devia ir deitar para estar descansado amanhã de manhã. Vou levar estas coisas para a Esplanada.

- Então, boa-noite. Irei acordá-lo de manhã.

- Você é o meu despertador - disse o garoto.

- E o meu é a idade - replicou o velho. - Por que será que os velhos acordam sempre tão cedo? Será para terem um dia mais comprido?

- Não sei - redargüiu o garoto. - O que sei é que os moços acordam sempre tarde e mal dispostos.

- Lembro-me muito bem disso - concordou o velho. - Descanse à vontade, que acordo você a tempo.

- Não gosto que seja ele quem me acorde. É como se eu fosse um seu inferior.

- Eu sei.

- Durma bem, meu velho.