quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Eike, BNDES, mais Lula, Dilma, Cabral..., como lobistas, muita gente acreditou e apostou..., deu no que deu. Calote! E agora que vai pagar os prejuízos?

Pequenos investidores de Eike perdem até R$ 2 milhões: "Deveria ser preso"

Conheça as histórias de investidores que acreditaram nas promessas do ex-bilionário e perderam suas economias ao comprar ações da OGX, que entrou em recuperação judicial

"Se Eike Batista entrar em uma padaria e pedir pão com leite fiado, o padeiro não vai dar para ele!". É neste tom, e com a voz alterada, que um dos cerca de 50 mil investidores pessoas físicas da OGX, conta a história de seu investimento na petroleira do empresário Eike Batista. Ele perdeu cerca de R$ 2 milhões, "mais do que gostaria, menos do que poderia".                                                           Detentora de uma dívida de R$ 11,2 bilhões , a OGX pediu recuperação judicial na quarta-feira (30). Agora tem 60 dias para apresentar aos credores um plano de recuperação.

Morador da cidade de São Paulo, André (nome fictício do investidor, que prefere o anonimato) resolveu vender suas ações quando a petroleira OGX anunciou que a perfuração dos poços de Tubarão Azul seria suspensa após o campo ser declarado comercialmente inviável, em julho deste ano.
"Três meses antes, a empresa havia divulgado grandes expectativas com relação ao poço". André comprou as ações a R$ 5,30. Vendeu por R$ 0,45.
André investe há sete anos em ações na bolsa de valores, e conta que já perdeu mais. "Faz parte da regra do jogo. Mas desta vez foi diferente. Uma coisa é assumir risco. Outra é divulgar informações mentirosas. Eu considero o caso um estelionato, é caso de polícia. Ele deveria ser preso". O sentimento? O pior possível, conta.
Diante do prejuízo com as ações da OGX, André diz ter "deixado de investir em coisa séria, gerar emprego e adquirir mais segurança. "Desta forma, teria meu patrimônio preservado". E se resigna em reaver o investimento. 
Poupança do pai
Marta Batista (que escolheu o sobrenome para seu nome fictício em homenagem a Eike), de São Paulo, sente raiva quando fala do que aconteceu com as ações da OGX. Seu pai, de 82 anos, decidiu criar uma aplicação para o período de cinco anos que beneficiaria ela e suas irmãs. Marta então recomendou a ele o investimento na petroleira de Eike Batista, ainda na época do lançamento das ações na bolsa, em junho de 2008.
Poupança do pai
Marta Batista (que escolheu o sobrenome para seu nome fictício em homenagem a Eike), de São Paulo, sente raiva quando fala do que aconteceu com as ações da OGX. Seu pai, de 82 anos, decidiu criar uma aplicação para o período de cinco anos que beneficiaria ela e suas irmãs. Marta então recomendou a ele o investimento na petroleira de Eike Batista, ainda na época do lançamento das ações na bolsa, em junho de 2008.
Na ocasião, a oferta inicial de ações (IPO) da OGX foi considerada a maior da história da BM&FBovespa. Marta estima já ter perdido R$ 400 mil. Sente raiva e, o pai, decepção.
Agora, Marta não pensa em receber o dinheiro de volta e decidiu deixá-lo "virando pó". "Não tiramos da bolsa porque temos vergonha de atestar que caímos nesta armadilha, não nos conformamos". E resume: "Foi um crime". 
Quinze anos de bolsa
O investidor Marcelo (também um nome fictício), do Espírito Santo, é prestador de serviço na área de saúde, investia na bolsa há 15 anos na expectativa de fazer uma poupança de longo prazo. A primeira vez que errou a mão foi com a OGX. Agora, com o pedido de recuperação judicial, está apreensivo.
Marcelo esperou o preço da ação chegar a R$ 8. Para o minoritário, grandes investidores haviam levado a ação a um patamar inadequado. E apostou "sem medo", diz, 70% de suas aplicações na empresa. Perdeu, até agora, R$ 80 mil. Diante do futuro incerto da empresa, ainda acredita em uma virada.
Novato 
Angústia e muito estresse foi o que sentiu o artista plástico carioca de 42 anos, aqui chamado de Rodolfo. Em seu primeiro investimento na bolsa de valores, resolveu apostar na OGX.
Rodolfo comprou as ações da companhia, em 2011, a R$ 19,70. E este ano, comprou mais, a R$ 2,60, como recomendação de sua corretora, pouco antes do papel despencar. Estima ter perdido até agora R$ 200 mil. 
O artista plástico lembra que Eike Batista lançava, na época, seu livro, "O X da questão - a Trajetória do Maior Empreendedor do Brasil". "Queria ter a coragem de tirar todo o dinheiro dos papéis da OGX. Para acabar com este sofrimento, esquecer essa etapa da minha vida".
O dinheiro, que acredita ter levado cerca de 15 anos para reunir, fruto do seu trabalho, estava aplicado antes em Certificados de Depósito Bancário (CDBs), seria direcionado para a sua poupança no futuro.
Transferência de investimentos
André, o investidor paulista que perdeu cerca de R$ 2 milhões, acredita que a bolsa levou uma pancada com o caso da OGX. Ele pretende desistir da aplicação em ações. "A partir de agora, irei investir em tijolo. Pelo menos não tomam de mim. Apesar que, no Brasil, sempre há esse risco aumentando impostos", conclui. 
Marta conta que investia na bolsa pensando em uma poupança de longo prazo. Agora, se sente enganada. "Minha confiança na bolsa e em empresas diminuiu. Eike Batista me fez perder a fé no índice Ibovespa". Agora, Marta quer realizar aplicações em previdência, poupança e letras de crédito imobiliário (LCI).
Marcelo, o investidor do Espírito Santo, suspendeu seus investimentos na bolsa, até verificar o que acontecerá com o dinheiro aplicado. 
Muita propaganda
Mas por qual razão esses pequenos investidores apostaram muitas fichas na OGX, a petroleira de Eike Batista? Eles respondem: acreditaram no sonho americano, no empresário de sucesso. E até em uma empresa com grandes expectativas.
"As apresentações da OGX eram maravilhosas. A produção era fantástica. A impressão é que Eike divulgou somente as mais otimistas", relata André. Marta conta que acreditou na visão do "empreendedor do futuro" e na solidez do setor de petróleo. 
Para Marcelo, o fato da OGX não ser uma sociedade anônima e ter um dono de fato, que injetou capital na empresa, passava confiança. "Achei que ela estaria bem situada. Que ele não iria querer perder o dinheiro que apostou nela."
Na opinião de Rodolfo, havia muita 'propaganda' em torno da imagem do empresário. E, quando verificou que grandes bancos e até o próprio Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), disse: por quê não? "Era tudo uma maravilha. Nunca acreditei que pudesse virar pó", conclui.
Leiam mais no site:





Muito se fala em maioria/minoria, ainda mais agora quase em véspera de eleições. Sempre bom ler quem pensa/pensou...,



"O fato de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que não seja completamente absurda; de fato, tendo-se em vista a maioria da humanidade, é mais provável que uma opinião difundida seja tola do que sensata."
*Bertrand Russell

"Que é a maioria? A maioria é tolice. / O bom senso sempre tem sido de poucos. / Convém pesar os votos e não contá-los."
*Friedrich de Schiller

"Nada é mais repugnante do que a maioria, pois ela compõe-se de uns poucos antecessores enérgicos; velhacos que se acomodam; de fracos, que se assimilam, e da massa que vai atrás de rastros, sem nem de longe saber o que quer."
*Johann Goethe

"O fato de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que não seja completamente absurda; de fato, tendo-se em vista a maioria da humanidade, é mais provável que uma opinião difundida seja tola do que sensata."
*Bertrand Russell

"Não devemos de forma alguma preocupar-nos com o que diz a maioria, mas apenas com a opinião dos que têm conhecimento do justo e do injusto, e com a própria verdade."
*Platão

“Eu continuo a ser uma coisa só: um palhaço, o que me coloca num nível mais elevado do que o de qualquer político.”
“No final, tudo é um humor.”
*Charles Chaplin

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

"Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta." *Albert Einstein

‘Suprema felicidade’, por José Casado

Publicado no Globo desta terça-feira
JOSÉ CASADO
O “socialismo bolivariano do século XXI” não fracassou. Talvez seja apenas uma peça de humor político mal compreendida. Na semana passada, por exemplo, enquanto o Banco Central confirmava a falta de papel higiênico em 79% dos estabelecimentos comerciais da Venezuela, o presidente Nicolás Maduro discursava sobre a criação do “Ministério do Poder Popular para a Suprema Felicidade”. O anúncio presidencial aconteceu enquanto emissários de Dilma Rousseff cobravam, em Caracas, o pagamento de cerca de US$ 800 milhões em dívidas pendentes com exportadores brasileiros.
O país derrete em grave crise econômica, porém Maduro garantiu a preservação da “Suprema Felicidade” dos 27 milhões de venezuelanos como um item do plano financeiro anual de governo.
Orçamento público é uma conta que se faz para saber como aplicar o dinheiro que já se gastou, ensinou o Barão de Itararé. A Venezuela foi além. Criou uma peça orçamentária que supera as melhores obras de ficção do ramo.
Por Decreto Supremo, os “Ministérios do Poder Popular” só podem investir dinheiro público em projetos para “Construir a Suprema Felicidade”, “Aprofundar a Democracia Revolucionária”, “Desenvolver uma Nova Ética Socialista” e “Construir uma Nova Geopolítica”.
Essa fórmula de renovação permanente da promessa de paraíso político é de autoria de Hugo Chávez. Ele morreu em março, mas de vez em quando reaparece aos olhos do presidente Nicolás Maduro “na forma de um passarinho, bem pequeno, que me abençoa” ─ segundo a descrição presidencial.
Maduro criou o ministério, depois de desvalorizar a “Suprema Felicidade Social do Povo”. Sob pressão de uma inflação corrosiva (69% para alimentos no ano), um inédito declínio nas reservas cambiais (US$ 25 bilhões) e um déficit fiscal crescente (15% do PIB), maior que o da agonizante Grécia, ele reduziu a previsão do orçamento para a “Felicidade”. Somava 47% do total de despesas governamentais, nos dois últimos anos de Chávez. Caiu para 37% dos gastos previstos entre 2013-2014.
Manteve intactas, porém, as mordomias presidenciais. Maduro tem um dos mais caros gabinetes presidenciais do planeta (US$ 700 milhões ao ano). Conserva o modelo de verbas secretas de Chávez, que gastava US$ 40 mil por mês apenas com roupas, sapatos e produtos de beleza e higiene pessoal ─ tudo importado, claro.
O orçamento deste ano informa que na folha de pagamento do gabinete de Maduro estão inscritas 120 mil pessoas. Na maioria, são servidores encarregados de “processar e articular as solicitações que o povo dirige ao Palácio de Miraflores”. Quase dois mil trabalham no aparato de guarda-costas pessoal e familiar, sob supervisão do serviço secreto cubano. E há, ainda, uma plêiade de especialistas em “técnicas de explosivos”, “segurança alimentar” e “segurança médica” (com “epidemiologistas”), que o acompanham em todas as viagens, como a do mês passado à China, aonde foi pedir US$ 5 bilhões em crédito emergencial para compra de alimentos básicos.
O “socialismo bolivariano do século XXI” não fracassou. Apenas não funciona na vida real. Nem sequer na ficção. E, como peça de humor político, é simplesmente tragicômico.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Dissidências...,

‘Amplia-se o campo da oposição’, um texto de Sergio Fausto

Publicado no Estadão deste domingo
SERGIO FAUSTO
Dissidências são um problema para quem está no poder. Exemplos disso não faltam. O fim do reinado de 70 anos do Partido Revolucionário Institucional (PRI), no México, iniciou-se quando uma dissidência à esquerda lançou candidato próprio nas eleições presidenciais de 1988. Os sucessivos governos da Concertación, no Chile, entre 1990 e 2009, interromperam-se por igual razão. Aqui, no Brasil, o governo de Fernando Henrique Cardoso começou a perder a sucessão quando se rompeu a aliança entre PMDB, PFL e PSDB, em 2001.
Ainda é cedo para prever os reflexos eleitorais da aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva. Mas já é possível dizer que se abriu uma dissidência que ameaça a reeleição de Dilma Rousseff. Não se trata de um evento menor. Campos e Marina são as duas novas lideranças políticas mais expressivas do bloco de forças que se reuniu em torno da candidatura do ex-presidente Lula em 2002 e 2006.
Não será simples combinar a “sustentabilidade” de Marina com o “desenvolvimentismo” de Campos, tampouco o “utopismo” dela com o “pragmatismo” dele. Não estamos diante, porém, de uma dupla de amadores. Quem supunha que Marina se enquadrava nessa categoria mudou de ideia depois da ousadia da aliança com o governador de Pernambuco. Foi um lance de mestre não apenas porque surpreendeu a todos, mas principalmente porque definiu um claro objetivo estratégico: pôr um ponto final na já longa permanência do PT no poder. Depois de sentir na carne a mão pesada do governo, pelas dificuldades criadas para o registro de seu partido, ela concluiu, como há muito já o fez a oposição, que a penetração do PT no Estado brasileiro alcançou um estágio perigoso para a vida democrática do País. “Mais quatro anos, não” – essa já era a mensagem implícita da candidatura de Campos. Coube a Marina, entretanto, pronunciá-la em alto e bom som político.
A ex-senadora empresta à aliança a legitimidade das “jornadas de junho”. Campos oferece a perspectiva de transformar a aliança na base de um governo viável, com apoio e interlocução mais amplos do que Marina poderia obter. Seria relativamente fácil para o governo neutralizar ambos isoladamente. Contra a ex-senadora pesaria o argumento de que o Brasil é um país complexo demais para ser governado por uma força incipiente, sem base parlamentar e quadros experimentados, à margem das correntes principais da política brasileira. Já a candidatura do governador se encontrava no divã político do ser ou não ser de oposição e ante a dificuldade de converter a alta popularidade em Pernambuco em maior intenção de votos no âmbito nacional. Juntos, Marina e Campos representam um desafio muito mais complicado para o governo.
Pela primeira vez desde que o PT ascendeu ao poder existe a possibilidade real de uma frente de oposições capaz de mobilizar as diversas insatisfações contra o governo e organizá-las em torno do objetivo de encerrar o ciclo político aberto em 2002. Partido mais bem estruturado da oposição, o PSDB vem com candidato novo para as eleições de 2014. O estilo agregador de Aécio Neves facilita em muito a formação dessa frente de oposições, seja quem vier a encabeçá-la num provável segundo turno. É sintomática a forma leve e amistosa como o senador reagiu à notícia da surpreendente aliança entre Campos e Marina, mesmo sabendo dos desafios que o fato novo coloca para a sua candidatura. Prova de inteligência política de quem confia em suas boas credenciais como ex-governador de Minas e tem o respaldo de seu partido.
A possibilidade de derrota do governo alargou-se no horizonte. Dilma tem a maioria dos partidos, o que lhe dará mais tempo na televisão, mas é uma maioria com cara velha. E que envelhece a olhos vistos à medida que se intensifica a disputa por cargos e verbas dentro do condomínio governista. Grande parte da energia do governo é consumida em reuniões políticas para fazer e refazer o quebra-cabeças das alianças eleitorais e do loteamento do Estado. Outra parte é destinada a medidas e anúncios que visam a dividendos eleitorais, atividade que se tornou frenética, com ajuda do twitter presidencial. O que sobra é dedicado à tentativa de reconquistar a confiança perdida com os insucessos do “novo paradigma de política econômica” e do “novo modelo de desenvolvimento”. Como a tentativa é atrapalhada e os ventos externos não a favorecem, o governo terá um balanço modesto a apresentar em 2014. E dificuldade para convencer que, sob a mesma administração, dias melhores virão nos quatro anos seguintes.
O eventual encerramento do atual ciclo de poder desobstruirá canais para a renovação da vida democrática brasileira. O PT tornou-se uma força conservadora. A lógica férrea da manutenção do poder freia o debate interno ao partido e limita as possibilidades de consolidação de novas forças no campo da centro-esquerda. A dissidência de Marina e Campos é uma resposta a esse cerceamento ativo. De igual forma, a denegação da gravidade específica do “mensalão” é sintoma de esclerose dentro do partido, embora a disciplinada ausência de crítica pareça sinal de força. A mesma lógica férrea da manutenção do poder estimula deliberadamente o auxílio à criação e proliferação de legendas de aluguel, a deterioração da política e das instituições do Estado e o amesquinhamento do debate público.
O possível retorno do PT à planície refletirá a formação de uma maioria em favor de fronteiras de separação mais nítidas entre Estado e governo, entre governo e partido, entre governo, partido e sociedade civil. No Brasil consolidamos algumas conquistas: democracia eleitoral, estabilidade, prioridade à inclusão social. Falta-nos uma República em que o Estado esteja a serviço da coisa pública e o fortalecimento da cidadania, definida como exercício efetivo de direitos e obrigações iguais para todos, seja a razão de ser da vida política. É um logo processo, sem um ponto fixo de chegada. Nesta etapa, avançar nessa construção requer a quebra da hegemonia do PT na política nacional.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A Vida Torta de Mané Garrincha


GERALDO MAYRINK
Suas pernas formavam um arco. A esquerda, onde a deformação era mais notável, tinha 6 centímetros mais que a outra. Já era um milagre que andasse. Inadmissível que jogasse futebol. É inacreditável que logo no segundo treino, torto e desajeitado nos seus dezenove anos, desse meia dúzia de dribles “num tal de Nílton Santos”: para ele, entre a “enciclopédia do futebol”, pelo seu jogo prodigioso, e Pincel e Suingue, seus companheiros no Esporte Clube Pau Grande, a diferença era nenhuma. Essa é a história no seu começo.
A lenda nasceu junto. Cresceu na Suécia em 1959 e tornou-se infinita no Chile em 1962. Esfriou na Inglaterra em 1966. Desapareceu na poeira de campos anônimos na Colômbia, Uruguai, Argentina e Itália. E reapareceu angustiadamente no Maracanã, duas semanas atrás, para 50.000 pessoas que enfrentaram a chuva e a noite para ver um jogo que normalmente seria ouvido no radinho de pilha. Suas pernas continuavam formando um arco. Outra vez, mas por outros motivos, era um milagre que jogasse futebol. Torto e desajeitado nos seus 31 anos, Mané Garrincha ganhou palmas de um povo ávido em reencontrar sua velha alegria. Essa é a lenda no seu crepúsculo.
Entre a história e a lenda, entre o Garrincha de dezenove anos do Botafogo e o de 38 do Olaria, acentuou-se dramaticamente a linha que separa a realidade da ficção. É a mesma linha que divide quase vinte anos de glórias e humilhações, de baixezas e desprendimento, de heroísmos e ingenuidade. A mesma que fez com que Nílton Santos, um dia, fosse outro jogador que não Pincel, ou Suingue. É a linha que Mané, com seus dribles impossíveis e sua imaginação de criança, jamais respeitou, porque sequer suspeita de sua existência.
A sentença – O povo que correu ao Maracanã sabe, mas não quer saber, que perdeu para sempre sua alegria. Garrincha, ao longo dos anos, perdeu muito mais que o seu gênio para criar essa alegria em campo. Não está apenas mais gordo, mais lento e mais velho, mas também um pouco mais triste. Nenhum jogador brasileiro, salvo Pelé, mereceu mais o paraíso do que ele. Nenhum craque de sua categoria, especialmente Pelé, chegou tão perto do inferno. Há muitos anos – nove, no mínimo – não é mais o mesmo. Em 1962, o ano da Copa sem Pelé, em que Garrincha fez o seu papel e o do gênio ausente, um exame médico aparentemente de rotina, para apurar “umas dores muito fortes no joelho”, chegou a um laudo inquietante.
“Eu levei Mané ao ortopedista Mário Jorge”, conta o jornalista Sandro Moreira, um dos responsáveis pela divulgação da quantidade de histórias engraçadas sobre o jogador. A sentença, no entanto, veio depois de três horas e não era cômica: “Se não parar de jogar durante três meses, estará inutilizado para o futebol.” Parecia exagerado, principalmente para o Botafogo, que precisava de Mané numa excursão, sob pena de perder 50% dos lucros. A operação foi adiada. O fim da carreira, automaticamente, antecipado.
A decadência – Mané, o otimista, concordava com seu time. Ele já era campeão carioca pelo Botafogo duas vezes (em 1957 e 1961), ganhara o Torneio Rio-São Paulo em 1962, além das duas copas. Era a época em que o Botafogo considerava “normal, da personalidade dele”, que Garrincha fosse a Pau Grande jogar pelada com amigos. Quando o joelho começou a doer, depois de 1963, o Botafogo reclamou pelos longos períodos que Garrincha passava em tratamento. Foi operado meniscos naquele ano e, como o médico era de fora, o clube não quis pagar.
No ano seguinte, com os jogadores “come e dorme” (os que moram no clube e treinam sem grandes esperanças de chegar a algum lugar), perdera o posto de titular e era multado em 50% do salário por se recusar a excursionar pelo interior (“Se não sou titular no Maracanã, não sou titular em nenhum outro lugar”, defendia-se ele). Já era chamado de “moleque” no próprio boletim do clube, numa nota assinada pelo diretor de propaganda. Da lenda, então, restava só a lembrança.
Garrincha já saíra das gírias esportivas para as manchetes dos jornais de escândalo, encantados com a notícia de que ele deixara a mulher e oito filhos em Pau Grande para viver com a cantora Elza Soares (com quem casou em 1966, na embaixada da Bolívia), e as notícias sobre suas dívidas cresciam como só os rumores sabem crescer. Não bastava, assim, que Garrincha não tivesse nada. Era necessário que ele, quase derrotado, ainda ficasse devendo.
Em família – A triste sorte de Garrincha, nessa época, não chegou a surpreender ninguém. João Saldanha, técnico do Botafogo em 1957, ano em que Garrincha ganhou seu primeiro campeonato pelo time, lembra o episódio do “tal de Nílton Santos” como sintoma muito claro de sua alienação e do que estava para acontecer. Garrincha, diz ele, não é um poeta: “É um primitivo, um matuto, meio índio, meio selvagem, criado num submundo de miséria e ignorância, um lugar atrasado onde nem o trem parava”.
Esse fim de mundo, Pau Grande, não tem cinema, nem cartório, nem mais nada. Quase tudo – terrenos, empregos, pessoas – pertence à fábrica América Fabril, uma tecelagem que hoje, mal se recuperando de uma concordata, não consegue reempregar todos os seus antigos funcionários.
Mané Garrincha nasceu ali, quarto filho de uma família numerosa e marcada pela tragédia. O pai, guarda, morreu de cirrose. Uma irmã, Teresa, morreu aos catorze anos de barriga d’água. Outra, ao cair de um caminhão num dia de festa, e o filho desta, agora com dezesseis anos, perdeu uma perna quando caiu de um trem.
Garrincha estudou até o segundo ano primário e, como todo mundo no lugar, foi trabalhar na fábrica. Carregava carrinhos de pano enquanto sua namorada, Noir (Noir, na certidão de nascimento, e Nair, na de casamento: o escrivão corrigiu o que lhe pareceu grafia errada), já era qualificada como tecelã. Ela lhe dava cigarros, frutas, amendoim. Ele deu o troco que podia dar e os dois se casaram em 1953 (ele com dezenove, ela com dezesseis anos) já com a primeira filha encomendada. Além de Teresa, hoje com dezoito anos, viriam outras sete – para encher a casa de três quartos, sala, cozinha e banheiro, presente da fábrica quando Garrincha ganhou a primeira Copa.
Teresa já trabalha como fiandeira, mas está de licença desde que perdeu no trabalho o dedo anular direito, há dois anos, e sofreu um trauma nervoso. Garrincha está muito presente na casa de dona Noir, agora com 36 anos, quadris largos, cabelos curtos e esticados, fala fluente de quem já se acostumou a responder perguntas, acendeu velas no dia da volta do ex-marido contra o Flamengo. “Manuel”, diz ela, “era um primor de marido, uma beleza de casa, eu tinha até empregada.”
Depois, porém, “viraram a cabeça dele” e desde então sua vida entrou em compasso de espera. Diz que Garrincha lhe deve 20 mil cruzeiros de pensões, que não teria pago desde que ele foi para a Europa; tem esperança de recebê-los agora, descontados dos salários de Garrincha no Olaria, 1.000 cruzeiros por mês. Sustenta-se e às filhas com o auxílio-doença de Teresa, 250 cruzeiros de pensão do governo da Guanabara (votada no governo Negrão de Lima) e 200 que o Botafogo dá, numa regularidade duvidosa, como homenagem à família do maior jogador que teve em toda a sua história.
Saco sem fundo – Nem sempre a vida foi tão dura para dona Noir e suas filhas. Garrincha, como tantos personagens famosos e folclóricos, literalmente nadava em dinheiro em 1958, quando veio da Suécia campeão do mundo. Bebeu para valer (cachaça e batida de limão) em Pau Grande, jogou pelada com Suingue e Pincel e entrou no armazém de seu Joaquim com uma sacola de dinheiro, pagando em dólar todas as contas em atraso dos moradores de Pau Grande. Mais tarde, ao procurar um banco, levava a mala de lona que ganhara da companhia aérea e de dentro dela tirou pacotes de dinheiro amarrados com barbante e notas remendadas com esparadrapo.
Havia cheques de mais de um ano idade e Garrincha contou que foram encontrados entre os brinquedos de suas filhas. Era um louco, deliciosamente irresponsável. Quando perdeu a forma passou a ser apenas irresponsável. As histórias sobre o que Garrincha deixou que lhe roubassem formam o saco sem fundo de sua infeliz vida financeira. Não parecia preocupar-se com isso, na época. Tinha amigos, contava com eles. Em 1959, por exemplo, o Botafogo não queria pagar-lhe 80.000 cruzeiros velhos por mês porque um dos diretores do time, engenheiro, dizia que nem ele ganhava tanto, embora também não fosse um Garrincha na sua profissão. O Botafogo pagou 78.000 cruzeiros. Os dois restantes saíram dos bolsos do técnico Saldanha e de Renato Estelita, responsável pela política de profissionalismo que manteve no clube jogadores como Garrincha, Nílton Santos, Didi e Amarildo.
Nas vésperas da Copa de 1962, dirigentes do Botafogo apressaram a renovação de seu contrato, antes que ele se valorizasse. Deram a Garrincha 120.000 cruzeiros velhos de ordenados, 3 milhões em luvas e um terreno sem valor em Saquarema. Radiante, ele chegou a agradecer ao clube pelo grande negócio.
“Gente boa” – Em 1972, porém, já não há grandes negócios para Garrincha. Ele parece não entender: “Hoje em dia é assim, o sujeito só pensa em ganhar dinheiro. Até esses meninos que estão começando já têm um pai para orientar, imagine”. Seu nome não perdeu a magia. Mas ele recusa qualquer outro tipo de negócio – restaurante, posto de gasolina, qualquer coisa – porque “não tenho pensamento nem queda para isso”. Parece encurralado entre o campo do Olaria, onde treina de manhã, e o grande apartamento alugado mobiliado (espelhos, candelabros, móveis velhos) em Copacabana, diante da praia, por 5.000 cruzeiros mensais. De lá só sai praticamente para ir ao clube (não gosta de praia) e de tarde e de noite vê tudo na televisão, “menos anúncio”.
O apartamento, que ele detesta, é a herança de seu último desastre financeiro: a perda de 200.000 cruzeiros, metade do preço de uma casa que estava comprando com Elza e que foram perdidos pela falta de pagamento do restante, na época em que viajaram para a Itália.
De resto, nem gosta mais de beber, como antigamente: “Para que? Já bebi tudo que podia, só não bebi veneno”. Reclama que quase não é visitado. Quando aparece alguém, o sorriso e a alegria de Garrincha abrem-se em abraços e tapinhas nas costas: “Oi, gente boa, gente boa…”
“Gente boa”, do melhor ao péssimo, foi tudo o que Garrincha viu na vida, dentro e fora do campo. “Gente boa” já eram os times que no começo da década de 50 nem queriam vê-lo treinar. “Gente boa” também deviam ser as moças do basquete do Vasco da Gama que riam muito da sua pobreza, com aquelas camisas de algodão barato. “Gente boa”, enfim, foram todos que o ajudaram, bajularam e exploraram, e todos os que hoje em dia sumiram da sua casa. “Os meus amigos de futebol têm a sua vida, são livres, sabe como é, né”, diz o craque, sem pronunciar jamais uma frase de condenação a quem quer que seja. Ao Botafogo, por exemplo, de onde saiu depois de treze anos, ele gostaria de voltar, “porque o pessoal daquele tempo já morreu todo”. Quando vivo, em 1966, o “pessoal todo” vendeu Garrincha ao Corinthians sem sequer se dar ao trabalho de avisá-lo.
Foi o começo de uma peregrinação que ainda não terminou. Saiu do Corinthians no mesmo ano, esteve na humilde Portuguesa do Rio, excursionou na Bolívia. Jogou no Bangu, andou pelos campos do interior e em Goiás seu nome era o chamariz, junto com o do craque local Goiano. Treinou no Fluminense e no Vasco. Em 1968, na Colômbia, fez um jogo ruim pelo Deportivo Barraquilla (deveria ganhar 600 dólares por partida), levou uma vaia e voltou sem jogar uma segunda vez. Não teve sorte nos treinos do Nacional, em Montevidéu, nem nos do Boca Juniors, de Buenos Aires. Tentou, sem sucesso, jogar no Flamengo.
Em abril de 1969, finalmente, a andança sem frutos sofreu uma interrupção brutal quando seu carro bateu num caminhão na rodovia Presidente Dutra e sua sogra, Rosália Maria Gomes, morreu. Foi condenado a dois anos de prisão, com direito a “sursis”, por homicídio culposo, e absolvido em 1971. Elza conta que a morte de sua mãe foi a pior fase na vida de Garrincha. O Brasil, na época, parecia definitivamente fechado para ele.
Estrangeiro – Mané Garrincha, o “passarinho” desligado, o homem bom e sem ressentimentos, devia mesmo estar sendo vítima do destino. Ele se lembrou de que fora do Brasil deveria haver muito mais “gente boa”. Em 1963, por exemplo, os dois times mais famosos da Itália, ambos de Milão, a Internazionale e o Milan, disputavam o ponta-direita brasileiro já considerado legendário. Chegaram a oferecer meio bilhão de liras (montante inédito até então na Itália) pelo seu passe, mas o Botafogo queria muito mais e os entendimentos foram suspensos. Em princípios de 1970, lembrado disso e da carreira feliz de brasileiros como Angelo Sormani, campeão italiano, Amarildo e Mazola, entre outros, Garrincha foi viver na Itália. Era um ídolo, mas infelizmente chegara tarde demais: os times estavam proibidos de comprar jogadores estrangeiros desde 1965, a menos que fossem descendentes de italianos.
Manuel Francisco dos Santos conformou-se em ser companheiro de Elza Soares, que ganhava bem como cantora, e a fazer propaganda de café para o IBC, por 1.000 dólares mensais. Alguns o reconheciam como vendedor de café e se entristeciam, outros pensavam que ele era um vendedor qualquer e tratavam-no com grosseria. O Brindis, um time de terceira classe, tentou contratá-lo como consultor técnico, mas de novo a sua origem impediu a transação. Para piorar tudo recebia telefonemas anônimos e ameaçadores, em italiano, acusando-o de ter “traído o Brasil” e que ele, Elza e seus filhos seriam castigados. A polícia nada conseguiu apurar. Mudaram-se para Tor Vajanica, um balneário, e a vida continuou correndo devagar, com as raras alegrias de algum jogo beneficente entre velhos jogadores famosos, como o que fez em Milão no ano passado, ou então entre times improvisados com jogadores que vinham de todos os cantos do mundo.
Sem paralelos – Foi portanto com alguma tristeza, mas sem nenhuma surpresa, que correu pela Itália e depois pelo Brasil a notícia de que o maior ponta-direita do mundo estava jogando, de camiseta vermelha e calção branco, com um time de amadores formado de açougueiros de Tor Vajanica, num campeonato reunindo trabalhadores de bar, mecânicos e operários do lugar. “Eu faço isso”, dizia Garrincha na época, “para me divertir e me manter em forma.” Mas no principal jogo do campeonato o time dos açougueiros perdeu para o dos mecânicos por 5 a 4 (quatro passes de Garrincha) e sua carreira como amador terminou nessa derrota. Ele se defendeu de novo: “Aqui não posso nem correr, que quebro o pé. O campo é cheio de pedras e buracos”.
Parecia realmente o fim da linha. Mas ainda não. Saldanha, referindo-se à inconsciência de Garrincha em relação às pessoas e aos negócios, diz que ela também impede que ele sinta que o verdadeiro craque tem vergonha de fazer certas coisas, como jogar entre açougueiros. Prefere sair e se esconder num sofrimento íntimo do que exibi-lo num campo. Foge da realidade.
Garrincha, que mal vê a realidade, não finge nem tenta esconder coisa alguma. Pensa, em 1972, que é o mesmo de 1962, e por motivos bem simples: hoje, como ontem, sente um prazer de menino brincando com a bola, de mexer com os companheiros de time, de achar graça nos próprios dribles. Paradoxalmente, essa falta de percepção lhe dá força. Sua situação, agora, é mais triste para os outros do que para ele mesmo: no campo, Garrincha não tenta o impossível, corre o que pode correr, dribla o que sabe e tudo acaba dando certo. A ilusão é soberana. Ninguém o ataca seriamente. Ninguém quer machucá-lo e nenhum jogador teria nervos para agüentar a culpa de ter sido o responsável por uma contusão de Mané. Uma jogada de corpo é o quanto basta para que o estádio o aplauda e comece a rir. Em todos esses anos, e em todas as suas derrotas, não apareceu realmente um candidato sério ao seu lugar. Zequinha, Rogério e Cafuringa, por exemplo, fazem hoje um pouco de cada coisa que Mané fazia, mas não sintetizam, como ele, a capacidade múltipla de pique, drible, cruzamento e chute. Jairzinho – que Garrincha considera o maior ponta-direita do Brasil – lembrou na última Copa um pouco desse estilo único, desconcertante e inexplicável. Mas não existe outro Garrincha. Como jamais existiu alguém, que, como ele, no final de um campeonato do mundo (o de 1958), surpreendeu-se com a vitória do Brasil: “Mas não vai haver returno”?
O anti-Pelé – Todos, enfim, querem ajudar Garrincha. Saldanha, “que se esqueceu dele” em 1969, elogiou no seu programa de rádio a volta do craque, principalmente porque “50.000 pessoas significam um carinho que ele merece”. Sandro Moreira, seu amigo, não foi ao jogo e o “tal de Nílton Santos”, o bicampeão de 46 anos e bem sucedido homem de negócios, também não foi, pelo mesmo motivo. Diz Santos: “Quero guardar a imagem do homem que jogou ao meu lado durante dez anos e que foi o maior jogador de futebol do mundo”.
É irônico que o maior jogador de futebol do Brasil, junto com Pelé e às vezes maior que ele, fosse justamente o anti-Pelé, em tudo. Em casa ou no campo, por exemplo, Garrincha escuta histórias e gritos que o bom senso de Pelé jamais levariam em conta. Há a aritmética doméstica de sua mulher e musa Elza Soares: “Com 80 minutos de partida, Mané ainda pode decidir um jogo. Quarenta por cento de Mané é melhor que cem por cento de muita gente”. Há o incentivo de Roberto Pinto, treinador do Olaria, que durante os momentos menos brilhantes de Mané durante o jogo com o Rio Branco, em Vitória, na semana passada (o Olaria perdeu de 2 a 1), gritava: “Não tem importância. Tá ótimo. O jogo é amistoso. Sábado, contra o América, é que é para valer”. Há o coro de seus poucos amigos, repleto de adjetivos e acusações a tudo e todos, no passado, e há quem hoje afirme que Garrincha não tem mais saúde para jogar futebol. Há os torcedores, que o amam e lhe pedem autógrafos na rua, como aconteceu em Vitória na semana passada, pessoas que querem que ele dê “uma ajudazinha” na primeira comunhão da escola, às 6 horas da manhã, ou o velho torcedor que exige de Garrincha que volte a ser o maior porque sempre acreditou que “esse tal de Pelé não vale nada”. E há, sempre, a sua crença cega na “boa gente”. Foi para Vitória na véspera e não sabia bem por quê. “Sei não. Acho que se eu não for antes as pessoas de lá não acreditam. Devo ser um chamarisco”. O estádio Engenheiro Araripe, na noite seguinte, estava lotado (renda de 40.000 cruzeiros, muito acima da média local) para ver o “chamarisco”. Com algum orgulho, fontes do Olaria anunciam que ainda este mês Mané fará outra proeza: dará o pontapé inicial num jogo em Juazeiro, Bahia.
Portas abertas – Levando gente ao Maracanã, parando o trânsito nas ruas de Vitória, ganhando mais palmas em Juazeiro e outras cidades em que o Olaria fizer excursões, Garrincha, a não ser pelo seu futebol e pela idade, continua o mesmo. A Carlinhos, dezenove anos, ponta-direita do Rio Branco, ele dizia na semana passada, com ar de pai preocupado: “Você tem que se cuidar. Treinar, jogar bola, saber com quem anda. Ganhe dinheiro. Se você perde um jogo, ninguém mais vai querer saber de você. Você deve ser pobre, né? Jogador de futebol é sempre pobre”.
Garrincha é sempre assim. Será recebido, em todos os lugares, principalmente em Pau Grande, onde dona Noir continua esperando a sua volta, porque “as portas estão abertas”. Psicologicamente, dizem que Garrincha jamais cresceu além da fronteira de Pau Grande. Talvez jamais volte para ficar, mas ainda este mês estará lá para assinar os papéis de autorização do casamento de Edenir, sua filha de dezessete anos. Noir tem pressa nesse casamento. Ainda este ano, Mané Garrincha, a alegria do povo, vai ser avô.

Marginais...,

Black Bloc é o codinome pernóstico de uma ramificação da família dos fora-da-lei

black
Num parágrafo do artigo que publicou em seu blog neste domingo, ilustrado por vídeos que documentam a ação abjeta dos agressores e a reação exemplarmente sensata do coronel Reynaldo Simões Rossi, da PM de São Paulo, o jornalista Josias de Souza fez o resumo da ópera: “Já passou da hora de definir melhor as coisas. Está nas ruas uma estudantada corpulenta, de cara coberta e violenta. Esse grupelho adquiriu o vício orgânico de tramar contra o sossego alheio. Vândalos? É muito pouco! Black Blocs? O escambau! Traduza-se para o português: bandidos, eis o que são”.
Perfeito: bandidos, é isso o que são os integrantes dessa ramificação da grande e prolífica família dos fora-da-lei. Em sua versão brasileira, Black Bloc é o nome pernóstico de uma quadrilha sem chefe. No País do Futebol, o time vestido de preto é o primo mais idiota da pior das torcidas uniformizadas. No País do Carnaval, é o filhote poltrão do Comando Vermelho, que cobre o rosto com máscaras para fazer em liberdade o que os colegas engaiolados fazem de cara lavada.
O ataque ao coronel Rossi parece ter acordado os responsáveis pela manutenção da ordem pública. “Não vamos tolerar as ações desses marginais”, subiu o tom neste sábado o governador Geraldo Alckmin. “O Estado vai dar uma resposta muito forte a esse bando de criminosos”, prometeu no mesmo dia o major Mauro Lopes, porta-voz da PM paulista. “É necessário restituir o que a cidade perdeu. A cidade é nossa”.
Não existe resposta mais forte do que a imediata aplicação da lei. Basta identificar, capturar, processar, julgar e prender os sequestradores de cidades. “O direito de se manifestar será sempre garantido pela polícia”, lembrou o coronel Rossi no hospital onde se recupera de uma fratura na clavícula. “Mas os manifestantes precisam ter responsabilidade. Devem separar-se dos criminosos e nos ajudar a identificá-los. O silêncio dos bons é muito pior do que o ruído dos ruins”.
Os pastores do vandalismo não querem negociação, pondera Rossi, um dos 70 policiais militares feridos nas manifestações deste ano. “Eles atacam a PM por representar o Estado, é o Big Brother deles”. Atacam sobretudo porque se sentem impunes. Nada que uma boa cadeia não resolva. É hora de mostrar aos rebeldes sem cabeça que chegou ao fim a paciência da cidade flagelada por devotos da violência gratuita.
A ofensiva começa pelo fim da fantasia: não existem Black Blocs. Existem bandidos, que de bandidos devem ser chamados. E como bandidos precisam ser tratados pelas instituições incumbidas da preservação do Estado de Direito.

domingo, 27 de outubro de 2013

Carta aberta contra o socialismo na UFSC

Caros alunos da UFSC

Dirijo-me a vocês, estudantes da nova geração, porque a antiga, a de seus professores, está corroída até a alma pelo verme da desonestidade. A esperança de que a saúde intelectual e moral dessa nação melhore está em vocês. Espero que estas breves palavras tenham algum impacto em vocês, como um balde de água que se joga em alguém que antes dormia. Meu chamado a vocês é que ACORDEM para o grande perigo que nos rodeia.
Vejo um futuro negro a nossa nação. Vejo esse futuro sombrio se materializar velozmente ao meu redor. Continuando o atual processo destrutivo e revolucionário, o Brasil deixará de existir em duas ou três décadas, diluindo-se na “Pátria Grande” latino-americana, que está agora mesmo sendo construída pela esquerda. A Pátria Grande será um mega bloco comunista totalitário governado desde Havana, pelo Foro de São Paulo, no qual as atuais nações latino-americanas serão meras províncias de um grande e centralizado governo. O Brasil entrará, portanto, muito em breve, para a lata de lixo da história. Dele só se terá uma breve lembrança, que lá houve uma ditadura terrível, que tendo matado 300 pessoas, foi pior que a ditadura de Fidel Castro que matou mais de 115 mil pessoas. O Brasil será uma nota de rodapé – muito vergonhosa – na história da construção da gloriosa Pátria Grande. Se continuarmos seguindo a estrada na qual caminhamos, este será, sem dúvida alguma, o ponto de chegada.
No meio disso tudo, há uma criminosa conivência de setores da UFSC pela destruição da cultura e da soberania nacional. Muitos cursos e centros de pesquisa das ciências humanas tornaram-se apenas instrumentos dóceis nesse processo revolucionário, caixas de ressonância de ideologias forjadas em Cuba e na Venezuela. Muito se falou do Centro de Difusão do Comunismo da Universidade Federal de Outro Preto, mas a UFSC também tem o seu. É o IELA (Instituto de Estudos Latino-Americanos), cujos membros são ligados a partidos comunistas e ao Foro de São Paulo. Esse grupo luta abertamente pela construção de um futuro comunista ao Brasil, e a sua destruição em favor da construção da Pátria Grande latino-americana. O símbolo do Foro está estampado em publicações do IELA. Se o Centro de Difusão do Comunismo foi fechado por fazer propaganda política com recursos públicos, o que é ilegal, o mesmo deveria ocorrer com o IELA, que promove eventos na UFSC como a Semana Paulo Freire ou as Jornadas Bolivarianas, eventos nos quais participam agentes do governo cubano e abertamente ligados ao Foro de São Paulo.
O CDS – Centro de Desportos – da UFSC, no qual ocorre a semana Paulo Freire, bem que poderia se chamar Centro de Difusão do Socialismo (ainda hoje desconfio que a sigla CDS seja isso mesmo).
Como comunismo e perseguição cristã sempre andam de mãos dadas, os setores revolucionários da UFSC não poderiam ficar de fora. Os símbolos cristãos são ofendidos em meio à praça do campus, por estudantes do curso de Artes Cênicas. Ao mesmo tempo, nas salas de aula das ciências humanas, há a hegemonia do sentimento anticristão e do materialismo. O centro de psicologia dá andamento à destruição da moral quando praticamente só se interessa em pesquisar sobre sexualidade. Os pedagogos da UFSC promovem concursos de cartazes “anti-homofobia” em escolas infantis de Florianópolis, que significa a destruição dos valores que as crianças aprendem em casa e na igreja, e a preparação das novas gerações à aceitação da legalização da pedofilia (a meta última do movimento gay é esta, e não apenas a legalização do casamento homossexual). As feministas se reúnem anualmente para propagar o ódio ao cristianismo e o fim da família tradicional num evento chamado “Fazendo o Gênero”. O curso de Direito faz apologia aberta ao governo genocida dos irmãos Castro ao organizar o “Cuba em Foco”.
É um verdadeiro crime intelectual ver como vários setores da UFSC deixaram de fazer ciência para apenas propagar a revolução. A depender de muitos criminosos que atuam nessa universidade sob o título de “pesquisador”, a União Soviética renascerá numa versão tropical e latina.       
Atenciosamente,
Antonio Pinho

Biografias...,

Biografias manchadas

Esse movimento Procure Saber é uma palhaçada. Pessoas públicas se colocam na ribalta, no foco, na fogueira das vaidades

Por Gerald Thomas
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Esse movimento Procure Saber é uma palhaçada. Pessoas públicas se colocam na ribalta, no foco, na fogueira das vaidades. E, uma vez colocadas na fogueira das vaidades, é isso, paga-se o preço bom e o ruim, o do inferno e o do céu. Querem o quê? Somente docinhos, pãezinhos adoçados? Tem o preço do inferno também, faz parte. As pessoas querem ser retratadas como se fossem anjinhos? O que estão escondendo? Aqui nos Estados Unidos, onde eu moro, ou em qualquer parte do mundo, existem biografias não autorizadas. Esses livros podem dizer absurdos e que fique para sempre o mistério porque haverá outras biografias que dizem outras coisas. Que fique a dúvida. Isso faz parte do ser-mito. Se o retratado quiser, que escreva sua autobiografia. 

Falo com a experiência de quem teve megaproblema. O escritor Ruy Castro escreveu absurdos sobre a minha família no livro “Ela é Carioca” em 1999. Minha família é judaica, perdemos várias pessoas em campos de concentração e ele colocou que minha avó era amiga de Hitler e de Goebels. Tudo o que minha avó fez foi escapar desses carrascos. Ele podia ter checado comigo, podia ter me ligado, eu estava no Brasil ensaiando uma peça naquela época, mas não o fez. Soube recentemente que ele escreveu outros absurdos, que minha família tinha imóveis no Rio e em São Paulo, quando na verdade morávamos num apartamento de fundos, de sala e dois quartos, em Ipanema, na rua Prudente de Moraes. Ele disse que eu torrei o patrimônio todo em teatro, uma mentira. Cheguei a ser prostituto aos 15 anos, aqui em Nova York. Optei por não tomar nenhuma medida judicial, apenas publiquei um artigo em um jornal e tive uma conversa com Luis Schwartz, dono da Companhia das Letras, que me pediu desculpas. Depois também falei com o Ruy por telefone que acusou o Ziraldo, meu ex-sogro, de ter dado essas informações a ele. E ficou por isso mesmo, não processei. 

O Brasil é um país de analfabetos, pouquíssimas pessoas vão ler uma biografia. Os alfabetizados mal sabem ler jornal. Os que sabem ler estão colocando foto de pizza no Facebook e eles estão fazendo esse auê todo. Se a Paulinha Lavigne quer comparar o Brasil e os Estados Unidos, como fez na tevê, por que não aprende qual é o valor real de um país que cria todos os movimentos civis? Todo movimento de liberação, de contracultura, começou aqui. Se é para se mirar nos Estados Unidos, então voltem para os pais fundadores, tranquem-se num quarto na Pensilvânia, comecem a discutir os reais valores de uma sociedade e façam emendas à Constituição como as que existem aqui. A liberdade de expressão está garantida na primeira emenda à Constituição americana. Toda a minha questão de vida, toda a minha obra é em relação à liberdade de expressão. Se meu teatro e minha obra inteira forem reduzidos a alguma coisa é à defesa da liberdade de expressão. Esse é o valor máximo que uma sociedade deve ter. Pague-se o preço que for. Mas acho que um país que não passou por uma guerra verdadeira de independência, não viu sangue ser derramado, não sabe o valor real de lutar contra o colonizador, tem outros valores. 
Aqui nos Estados Unidos as pessoas publicam o que querem e depois os advogados vão em cima. Se quiserem, podem fazer a mesma coisa no Brasil e passar o resto da vida perdendo tempo com advogados. Eu, simplesmente, ignoraria. Não entendo por que pessoas do porte de Chico Buarque e Caetano Veloso perdem tanto tempo preservando uma imagem. Qual imagem? A obra deles não fala mais alto? O que eles têm a perder? Eles são gênios, não deviam prestar atenção no que beltrano aqui ou fulano ali falam. Não tem a menor importância se um livrinho sai. No máximo, escreve um artigo rebatendo. Ler os artigos do Caetano tem sido constrangedor, ele está se enrolando cada vez mais.

Considero tudo um absurdo. Ganhar dinheiro em cima das biografias é um absurdo. São celebridades milionárias e o Brasil é um país de miseráveis. Será que o problema deles é falta de talento? Será que eles não estão conseguindo mais compor? Será que eles gostam da ditadura porque no regime militar eles compunham bem? Eu passei seis anos na Anistia Internacional em Londres defendendo presos políticos brasileiros, exilados e desaparecidos. Comparada com a ditadura de Pinochet, no Chile, ou de Videla, na Argentina, a brasileira não era nada, embora tenha sido duríssima. E, claro, produziu uma arte brasileira em que se falou por entrelinhas, em letras de músicas como “Cálice” (Pai/afasta de mim esse cálice) e “Sabiá” (Vou voltar/sei que ainda vou voltar), em alusão ao voto. Quando acabou a ditadura, cadê aquela genialidade toda? Abriram as gavetas e não tinha nada? É incrível como se compõe bem quando existe um grande inimigo comum. A arte escondida é uma arte genial. 

É muito triste porque gosto imensamente deles, como pessoas e como artistas. Caetano Veloso é um dos maiores poetas do Brasil. Quando eu sentava com Samuel Beckett, em Paris, na década de 80, eu traduzia os poemas de Caetano para ele. Queria que ele entendesse quem era Caetano Veloso tal era o meu amor pela obra de Caetano. Dirigi show da Gal, “O Sorriso do Gato de Alice”, em 1994, no qual lidava com a obra de Caetano e de Gil o tempo todo. Degustava cada música 80 vezes por dia ensaiando a Gal e via mais brilhantismo ainda. “Nine out of ten”, “Vaca profana”, são lindíssimas. O tropicalismo é um grande movimento brasileiro, é uma das coisas mais importantes que aconteceram no País. Abasteceu o Brasil com brasileirismos maravilhosos. E agora vejo esse pessoal atrás de valores lavignianos? É nojento e triste. Essas pessoas, que eu achava que não tinham mais nada a perder, se defendem de uma forma puritana, boba, estúpida e imbecil não sei do que e mancham a própria biografia. 
Gerald Thomas é dramaturgo

sábado, 26 de outubro de 2013

"O Palácio e os ‘movimentos sociais”

Publicado no Globo desta quinta-feira

DEMÉTRIO MAGNOLI
“É um absurdo vender isso. A sociedade não participou do debate sobre o tema. Nossa tentativa é sensibilizar o governo para negociar e discutir.” As sentenças, de Francisco José de Oliveira, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), referiam-se ao leilão de Libra, na faixa do pré-sal. Mas a lógica subjacente a elas, expressa na segunda frase, nada tem de singular. Nas duas últimas décadas, os “movimentos sociais” repetem aborrecidamente a ladainha sobre “a sociedade” excluída do “debate”, enquanto invadem órgãos públicos em nome da “participação”. Vivemos nos tempos do supercorporativismo, um ácido corrosivo derramado sobre o material de nossa democracia.
O Brasil moderno nasceu, pelo fórceps de Getúlio Vargas, sob o signo do corporativismo. A “democracia social” do Estado Novo cerceava os direitos do indivíduos, subordinando-os a direitos coletivos. Na definição do historiador Francisco Martinho, “o cidadão nesse novo modelo de organização do Estado era identificado através de seu trabalho e da posse de direitos sociais e não mais por sua condição de indivíduo e posse de direitos civis ou políticos” (O corporativismo em português, Civilização Brasileira, 2007, p. 56). Inspirado no salazarismo português e no fascismo italiano, o corporativismo varguista organizou a sociedade como uma família tripartida: governo, sindicatos patronais e sindicatos de trabalhadores. O supercorporativismo, uma obra do lulopetismo, infla o balão do corporativismo original até limites extremos.
Um traço forte, comum a ambos, é o desprezo pelos direitos civis e políticos, que são direitos individuais associados à ordem da democracia representativa. A principal diferença encontra-se no atributo nuclear da cidadania: o cidadão varguista definia-se pelo trabalho; o cidadão lulopetista define-se pela militância organizada. No Estado Novo, a carteira de trabalho funcionava como atestado de inserção na ordem política nacional. Sob o lulopetismo, o documento relevante é a prova de filiação a um “movimento social”. Na invasão do Ministério das Minas e Energia, junto com a FUP, estavam líderes do Movimento dos Sem Terra (MST) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) — que, em tese, não têm interesse no tema da exploração do pré-sal. A sociedade, segundo o supercorporativismo, é a soma das entidades sindicais e dos “movimentos sociais”. É por isso que, sem o consenso dessas corporações da nova ordem, nenhum assunto jamais estará suficientemente “debatido”.
Lula nasceu no berço do sindicalismo. O PT estabeleceu, na origem, íntimas relações com os “movimentos sociais”. Nas democracias, a sociedade civil organiza-se para exercer pressão legítima sobre os poderes de Estado. O lulopetismo, porém, borrou a fronteira entre sociedade civil e Estado assim que chegou ao governo: sua reforma da CLT estendeu a partilha do imposto sindical varguista às centrais sindicais, enquanto os “movimentos sociais” passaram a receber financiamento público direto ou indireto. O cordão umbilical que liga o poder de Estado aos “movimentos sociais” é a Secretaria Geral da Presidência, um ministério estratégico chefiado por Luiz Dulci, no governo Lula, e por Gilberto Carvalho, no governo Dilma Rousseff. Os dois engenheiros do edifício do supercorporativismo pertencem ao círculo de fiéis incondicionais de Lula.
O PT sempre enxergou os “movimentos sociais” como tentáculos partidários. Os líderes mais destacados desses movimentos são militantes petistas. O financiamento público elevou a conexão a um novo patamar: na última década, eles se converteram em satélites do Palácio. Os dirigentes do MST, do MAB e de inúmeros movimentos similares ajustam suas agendas políticas às do Partido e cerram fileiras com o lulopetismo nos embates eleitorais. Durante a odisseia do mensalão, eles desceram às trincheiras enlameadas para proteger José Dirceu et caterva. Contudo, na dialética do supercorporativismo, os “movimentos sociais” também precisam promover mobilizações contra o governo, sob pena de se condenarem à irrelevância.
O corporativismo varguista almejava a harmonia social. No mecanismo de regulação do lulopetismo, a desordem é um componente da ordem. Os “movimentos sociais” palacianos produzem fricções cíclicas, que são reabsorvidas pelo recurso a negociações simbólicas e compensações materiais. A extensão inevitável do “direito à desordem” a movimentos controlados por facções dissidentes (PSOL, PSTU) provoca perturbações suplementares, mas, paradoxalmente, robustece os alicerces lógicos do supercorporativismo. Os invasores do Ministério de Minas e Energia são obrigados a confirmar periodicamente seu estatuto de interlocutores privilegiados do poder por meio de ações de contestação limitada da ordem.
A democracia representativa ancora-se no princípio da soberania popular, que é exercida por meio da delegação de poder, em eleições gerais. O sistema político-partidário brasileiro desmoraliza a representação para assegurar privilégios especiais a uma elite política de natureza patrimonialista. O lulopetismo, um sócio majoritário desse sistema, aproveita-se de seus desvios para erguer o edifício do supercorporativismo como esfera paralela de negociação política. Na dinâmica extraparlamentar do supercorporativismo, o Partido pode ignorar as demandas dos cidadãos comuns, dialogando exclusivamente com a casta mais ou menos amestrada de dirigentes dos “movimentos sociais”. Sabe com quem está falando? Você só é alguém se possuir a carteirinha de um “movimento social” ─ eis a mensagem veiculada pelo Palácio.
Nas “jornadas de junho”, manifestações multitudinárias falaram em “saúde” e “educação”, reivindicando direitos universais estranhos à lógica do supercorporativismo. Por isso, nervoso e assustado, o Partido as rotulou como uma “reação da direita”. Ah, bom…

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A Grande Farsa do Aquecimento Global - Filme completo legendado em português

“Ouço dizer freqüentemente que há um consenso de milhares de cientistas sobre o problema do aquecimento global e que o homem está em vias de provocar uma mudança catastrófica no sistema climático. Eu, eu sou um cientista e penso como muitos outros que isso absolutamente não é verdadeiro”.*Prof. John Christy, Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de Alabama 

“Quem diz que o CO2 é o responsável da maior parte do aquecimento do século XX, não viu as cifras as mais elementares”.*Prof. Patrick Michaels, Departamento de Ciências Ambientais da Universidade de Virginia

 “Não há evidencia cientifica conclusiva para relacionar o aquecimento global com o que está acontecendo nos glaciares do Himalaia”. O ministro acrescentou que alguns glaciares estão diminuindo num nível “historicamente não alarmante” e contradisse o relatório do IPCC de 2007 segundo o qual eles “poderiam desaparecer completamente pelo ano 2035 se não antes”. “The Guardian”, 9.11.09.*Jairam Ramesh, ministro do Meio Ambiente da Índia

 William Gray, meteorologista pioneiro em furacões:

William Gray, meteorologista pioneiro em furacões:
“Eu já lhe disse cem vezes: o aquecimento global é uma farsa! Esse pânico vai fazer seu percurso. Dentro de 15-20 anos, nós vamos olhar para trás e ver que era uma farsa.” (Ken Kayes Storm Center, 02/04/09)


"Nós não estamos vendo efeitos negativos sobre a população de ursos polares provocados pela chamada “mudança climática” ou pela contração do gelo. Os ursos polares são muito espertos... se adaptaram às mudanças climáticas durante muitos milhares de anos. Quando ouvimos falar que os ursos polares estão em vias de extinção, nós sorrimos para nós mesmos.”*Harry Flaherty, chefe do Nunavut Wildlife Management Board, Canadá

 “A conferência do clima de Copenhague continuará a suprimir a verdade científica, e tentando travar o desenvolvimento econômico africano?” “Verdes pegos com a mão na botija”, escrito de Lord Monckton of Brenchley. Veja o texto integral em PDF(http://scienceandpublicpolicy.org/images/stories/papers/originals/Monckton-Caught%20Green-Handed%20Climategate%20Scandal.pdf."*Lord Monckton: “Climategate: ‘Verdes’ pegos com a mão na botija”

 “A este ritmo, Copenhague vai se transformar numa convenção de comédia com o mundo real rindo desses mentirosos. Agora é a hora de montar a resistência maciça ao tiranetes e atingi-los onde dói: no bolso. Aprofundando o caso, pode haver em muitos países processos criminais das pessoas que falsificaram dados para obter financiamentos e impor restrições fiscais potencialmente desastrosas para o mundo, em decorrência de uma fraude maciça. Há um mundo novo lá fora, Al [Gore], e, como você deve ter notado, o clima é muito frio mesmo.” The Telegraph, 26.11.2009 - *Colunista Gerald Warner, azedamento do “Climagate” e perigos em Copenhague

 “Há um problema com o aquecimento global: parou em 1998! “Desde o início dos ’90, jornais e revistas do mundo trazem rios de cartas e artigos alarmistas sobre uma hipotética mudança climática causada pelo homem. Esses artigos estão trufados de termos como “se”, “poderia”, “pode”, “provavelmente”, “tal vez”, “previsto”, “projetado”, “modelado”— e outros que pressupõem uma fantasia profunda, ou uma ignorância de fatos e princípios científicos vizinha do absurdo." “O problema não é a mudança climática, mas o sofisticado “lavado de cérebro” que está sendo feito sobre o público, burocratas e políticos”.*Prof. Robert M. Carter, geólogo da Universidade James Cook, Queensland, Austrália

 "Eu não acredito no aquecimento global... ele transformou-se numa nova religião".*Prof Ivar Giaever, Premio Nobel de Fisica 1973

 “A esquerda ficou fortemente desorientada pelo fracasso manifesto do socialismo e, mais ainda, do comunismo como ele foi implantado. Em conseqüência eles tiveram que encontrar outra via para canalizar seu anti-capitalismo”.*Lord Lawson of Blaby, ex- Ministro de Economia e ex-secretário de energia da Grã-Bretanha

 "A outra razão pela qual o extremismo ambiental surgiu foi o fracasso do comunismo mundial. O muro caiu, e um monte de pacifistas e ativistas políticos migraram para o movimento ambientalista trazendo seu neo-marxismo consigo. Aprenderam a usar a "lingua verde" de um jeito muito inteligente para disfarçar programas que na verdade tinham mais a ver com anticapitalismo e antiglobalização que com ecologia ou ciência".*Patrick Moore, Co-fundador da Greenpeace.

 “Os alarmistas do aquecimento global confundiram causa e efeito. Na medida que a radiação solar aquece a Terra, CO2 é liberado na atmosfera pelos oceanos do mundo.”*Dr. Habibullo Abdussamatov, chefe de pesquisas espaciais do Observatório Pulkovo de São Petersburgo “Não vai haver qualquer catástrofe , e se estivermos, de facto, a viver uma alteração climática à escala planetária (...) saberemos encontrar soluções para enfrentar essa situação. Falar em catástrofe não é científico, não é humano, é uma forma primitiva de apresentar as questões”.*Dr. João Corte-Real, catedrático em meteorologia da Universidade de Évora

 “Os temores espalhados sobre o aquecimento global constituem o pior escândalo científico da história... Quando o público perceber a verdade, vai se sentir decepcionado com a ciência e com os cientistas”.*Dr. Kiminori Itoh, físico-químico ambientalista, membro do IPCC Prof. Paul Reiter, Instituto Pasteur, Paris: 

"Nós achamos que vivemos numa era de razão, e o alarme pelo aquecimento global parece ciência; mas não é ciência, é propaganda."*Prof. Paul Reiter, Instituto Pasteur, Paris

 “O ambientalismo não entendeu o conceito de desenvolvimento sustentável . (...) outra tendência perigosa é tratar o assunto de maneira apocalíptica. Só se prevêem coisas ruins com as mudanças climáticas. É preciso trazer outros pontos de vista. Por exemplo, o desaparecimento da calota polar vai gerar uma economia de combustível inacreditável, porque vai encurtar caminhos na navegação. É preciso lançar um pouco de racionalidade à questão, sobretudo quando se trata de hipótese inverificável. É curioso como os cientistas, senhores da razão e ateus, adotam nessa hora uma linguagem totalmente religiosa. Eles falam de toda a teologia do fim dos tempos, das catástrofes, do homem vitimado e castigado com o dilúvio, como Noé”.*Dr Evaristo Eduardo de Miranda, chefe-geral da unidade de monitoramento por satélite da EMBRAPA

Fonte:http://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.com.br/