quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Editorial do Estadão: A desfaçatez de Dilma

Tivesse lido com atenção o documento do governo, ela veria que Itaipu e a Eletronuclear estão fora do plano de privatização.


A cada manifestação pública da presidente cassada Dilma Rousseff – e elas são cada vez mais frequentes –, a maioria da população que apoiou o seu impeachment, consumado pelo Senado há quase um ano, é tomada por um misto de realização e alívio por não ver mais o destino do País entregue às mãos ineptas de alguém capaz de tanta confusão, tantos erros e tanta dissimulação.
Talvez a sra. Rousseff esteja se esforçando para compensar, agora que está fora do poder, a alegria que não foi capaz de dar aos brasileiros durante os mais de 5 anos em que ocupou a Presidência da República, um período tão desastroso que ainda exigirá da Nação alguns anos de muito esforço de superação.
Após o governo federal anunciar o plano de privatização da Eletrobras na terça-feira, a ex-presidente usou as redes sociais para criticar a medida. “Vender a Eletrobras é abrir mão da segurança energética. Como ocorreu em 2001, no governo FHC, significa deixar o País sujeito à (sic) apagões”, escreveu Dilma Rousseff em sua conta no Twitter.
Como para a ex-presidente a correção das informações é um detalhe desimportante em face da urgência de fazer política rasteira na internet e, sobretudo, de dar à militância um discurso que será prontamente absorvido sem muitos filtros críticos, a sra. Rousseff apressou-se em dizer que “pretendem vender na bacia das almas nossas principais hidrelétricas”. Ora, tivesse lido com atenção o plano apresentado pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, Dilma Rousseff teria observado que a Usina de Itaipu – não só uma das “nossas principais hidrelétricas”, como a segunda maior do mundo (superada apenas pela usina das Três Gargantas, na China) – está fora do plano de privatização, bem como a Eletronuclear, como não haveria de deixar de ser. A Constituição determina que a pesquisa, o enriquecimento, a industrialização e o comércio de energia nuclear constituem um monopólio da União.
Qualquer um pode criticar o plano de privatização da Eletrobras. Soa estranho, porém, quando a crítica é feita por aqueles que pertenceram ao grupo de poder que arrasou o setor energético brasileiro nos últimos 15 anos.
De 2002, quando o PT assumiu o poder, até agora, a União perdeu impressionantes R$ 228 bilhões – valor corresponde a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) – com a ocupação política e a má gestão da Eletrobras, segundo cálculos da 3G Radar, gestora independente de recursos financeiros e uma das acionistas da estatal, publicados recentemente pelo jornal Valor.
No período avaliado, Dilma Rousseff esteve à frente da política energética do País, seja como ministra de Minas e Energia e chefe da Casa Civil do ex-presidente Lula da Silva, seja como presidente da República. A sra. Rousseff sempre foi vendida por seu criador como a estrategista-em-chefe dos rumos do setor elétrico brasileiro, o que, de fato, foi.
Conhecida por sua natureza centralizadora e vaidosa, a ex-presidente sempre se regozijou do panegírico. Trata-se, portanto, de desfaçatez pura e simples, para não dizer má-fé, a crítica desavergonhada que agora Dilma Rousseff se presta a fazer de uma medida do governo cujo objetivo é justamente mitigar o retumbante prejuízo para os cofres públicos que foi a marca indelével de sua propalada “gestão” do setor energético.
Os desatinos econômicos dos governos lulopetistas, principalmente o segundo mandato de Dilma Rousseff, e a nefasta ingerência política do petismo na Eletrobras, outra empresa estatal vítima de uma visão anacrônica segundo a qual empresas estatais não devem se importar com coisas como saúde financeira ou retorno sobre investimentos, impuseram um pesadíssimo ônus à União, por meio do recurso ao Tesouro Nacional para socorrer as empresas distribuidoras de energia, e aos consumidores, vítimas de mentiras veiculadas em rede nacional.
Todas as críticas ao plano de privatização da Eletrobras são bem-vindas. Mas, para serem dignas de consideração, elas precisam partir de fontes marcadas pelo conhecimento, pelo espírito público e, não menos importante, pela honestidade.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A volta da Primavera Burra

Nunca se falou tanto em ser de esquerda ou de direita – mas pensar assim, em 2017, é um anacronismo

GUILHERME FIUZA
11/08/2017 - 17h05 - Atualizado 11/08/2017 17h14
Olha o gigante aí outra vez, gente! Todo mundo sabe que ele passa a maior parte do tempo adormecido, mas de vez em quando acorda. Desta vez foi para a campanha dos 342 – ou seja, o engajamento pelo número de votos necessário para aprovar a denúncia contra Michel Temer na Câmara dos Deputados. Enfim, o gigante deu aquela espreguiçada e balbuciou “Fora, Temer”.
O Brasil vive um de seus momentos de maior politização – ou pelo menos acha que vive. Em décadas recentes, nunca se falou tanto em ser de esquerda e ser de direita. Evidentemente, esse tipo de classificação ideológica diz muito pouco – ou, eventualmente, nada – sobre posicionamentos políticos, ainda quase 30 anos após a queda do Muro de Berlim. Em outras palavras: o sujeito que desperta para a política em 2017 entusiasmado para anunciar-se de esquerda (ou de direita) já é, acima de tudo, um anacrônico convicto.

A imensa maioria dos que se jogaram na campanha “342 agora” traz no fundo d’alma um anseio revolucionário progressista, um sonho de ajudar a esquerda (sic) a derrubar um regime imposto pela elite branca, velha, recatada etc. Melhor que isso, só se a causa estivesse conectada à realidade.
A tal denúncia redentora contra o presidente foi feita pelo procurador-­geral da República, Rodrigo Janot – um personagem do qual você ainda vai ouvir falar muito. Janot é herdeiro do sucesso da Operação Lava Jato, um arrastão virtuoso contra a corrupção montada no coração do Estado brasileiro pelo PT. O detalhe é que esse mesmo procurador-geral protegeu quanto pôde os maiores caciques desse mesmo PT contra essa mesma Lava Jato – conseguindo, por exemplo, a façanha de evitar que a investigação de Dilma Rousseff fosse autorizada no exercício do mandato presidencial, quando uma torrente de evidências do petrolão apontava sua responsabilidade nos movimentos da quadrilha.
Já quanto a Michel Temer, Janot produziu uma denúncia em tempo recorde, a partir de uma delação obscura do tubarão das carnes anabolizado pelo BNDES de Lula – aquele que nomeou o procurador, sendo devidamente refrescado por ele enquanto pôde.
Na tese bombástica de Joesley Batista, abraçada instantaneamente por Janot sem a devida participação da Polícia Federal ou mesmo da força-tarefa da Lava Jato, Temer é o chefão de toda a quadrilha – “a mais perigosa do país”, nas palavras dramáticas do açougueiro encampadas por Janot. Naturalmente o Brasil que ainda tem algum juízo não caiu nessa – porque acreditar que aquele vice obscuro e decorativo de Dilma mandava e desmandava em Lula, Dirceu e companhia era um pouco demais. No entanto, essa literatura malpassada e gordurosa foi homologada, também em tempo recorde, pelo companheiro Edson Fachin – ministro do STF que subia em palanques eleitorais de Dilma Rousseff, a presidente afastada.
Pois bem: nessa denúncia que despertou o gigante para o brado cívico dos 342 votos contra o mordomo do mal, está escrito que Temer patrocinou um “cala a boca” a Eduardo Cunha, o Darth Vader do PMDB. O detalhe é que não há sequer vestígios demonstrando o tal patrocínio, apenas uma interpretação livre e imaginativa do companheiro Janot. Você ainda vai ouvir falar muito dele.
A denúncia fatídica também traz a alegação de que Temer levou grana para mandar o Cade favorecer a JBS, do companheiro Joesley. Com outro pequeno detalhe tríplice: o suborno ao intermediário de Temer resultaria mais caro que a vantagem a ser obtida (!); a “operação controlada” misteriosamente não seguiu o dinheiro até Temer; e o Cade (oh, não!) recusou a vantagem pretendida pela JBS...
Essa é a denúncia histórica que mobilizou o gigante pela nova campanha da moralidade no país. Como pano de fundo, temos o governo intrigante do mordomo, que enxotou todos os ladrões da Petrobras bancando na presidência da empresa um executivo que não transige com falcatrua. Medida estranha para um chefão supremo de quadrilha. Enquanto isso, o ex-presidente da empresa que obedecia ao PT é preso pela Lava Jato.
Vá montando o quebra-cabeça aí, querido gigante. Aliás, seu último grande despertar foi em junho de 2013, na chamada Primavera Burra – que não fez nem cócegas no governo que estava arrancando as suas calças. Quer saber? Durma bem, gigante!

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Reputação mundial

A diplomacia brasileira tem medo de tudo, até da Venezuela. É natural. Seus atuais gerentes são puro PSDB.

O Brasil foi descrito tempos atrás por um funcionário do governo de Israel, para indignação escandalizada das esferas oficiais, como um “anão diplomático”. Doeu. Sempre dói, naturalmente, quando o ofendido ouve a verdade, sobretudo se ela bate de frente com questões de amor próprio – e é verdade, sim, que o Brasil tem muito pouca importância no mundo. Seus diplomatas, então, têm menos importância ainda. Fazer o quê? Talvez seja até melhor ficar na categoria de anão, e ser deixado relativamente em paz por este mundo mau, do que ser promovido ao status de país relevante para a geopolítica mundial e acabar como uma Síria da vida, ou uma Faixa de Gaza, Coreia do Norte e outras estrelas da primeira página do New York Times. Mas para quem fica incomodado com a nossa baixa estatura internacional as perspectivas estão abaixo de ruins, e caindo. Como poderia ser diferente, se a diplomacia brasileira faz tudo o que pode para continuar provando ao mundo que o Brasil é um anão? Os últimos esforços do Itamaraty para nos manter como um paisinho de terceira categoria aparecem, à vista de todos, com sua recusa em tomar uma atitude contra essa Venezuela que afunda cada vez mais numa ditadura grosseira e primitiva.
Uma alma otimista poderia achar que as coisas iriam melhorar com o despejo da ex-presidente Dilma Rousseff e do PT do governo. Afinal, junto com o seu antecessor, ela tinha jogado a diplomacia brasileira numa das piores fossas em que jamais esteve durante a história republicana. Deportaram refugiados cubanos de volta para Cuba, insultaram a Itália dando asilo a um homicida condenado legalmente na justiça, declararam que o Brasil tinha conseguido “a paz no Oriente Médio” e daí para baixo e para pior. Parecia impossível que as coisas não melhorassem com o novo governo, certo? Errado. Continuamos, um ano após a troca de comando, a nos comportar como uma república de bananas, sem princípios, sem ideias e sem envergadura moral. A novidade é que a política externa brasileira acrescentou mais um item à sua falta geral de virtudes – o medo. A maneira frouxa com que trata a ditadura da Venezuela é uma consequência direta do pavor que o PSDB, a quem coube mandar no Itamaraty no pós-PT, tem de ser chamado “de direita” pelos adversários. É uma doença de nascença. Não se conhece cura para isso.
Os dois ministros de relações exteriores que o presente governo já teve são aquilo que os analistas chamam de “quadros históricos” do PSDB. Ambos foram exilados durante o regime militar – ao contrário, curiosamente, dos ocupantes do cargo nos tempos do PT, um dos quais, por sinal, serviu gentilmente o governo do general Ernesto Geisel. Como praticamente todos os barões do partido, são “de esquerda” em sua origem, e vivem em pânico permanente de parecerem conservadores. Fazem questão de dizer que são “civilizados”, e têm certeza que nada pode lhes acontecer de pior do que serem confundidos com o antipetismo que está aí. Têm medo de ofender o ex-presidente Lula, os sindicatos, as ONGs, a OAB, a UNE, as greves, os “movimentos sociais”, os padres, os bispos, as em presas estatais, as cracolândias, os quilombolas, os “sem terra”, os jovens, os velhos e o companheiro Nicolás Maduro. Não dá para falar mal do regime da Venezuela, não é mesmo? Eles são gente “de esquerda”. Não podemos ficar com cara de “anticomunistas”. Não podemos ficar parecidos “com o Bolsonaro”. Etc., etc., etc.
O PSDB, cada vez mais, firma sua reputação como um dos partidos mais medrosos do mundo.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

O Pequeno Príncipe, traduzido por Mario Quintana

Editora lançará ‘O Pequeno Príncipe’ traduzido por Mario Quintana

Por não possuir os direitos sobre o clássico da literatura mundial, Melhoramentos guardou trabalho inédito do poeta gaúcho por cerca de setenta anos.

Repleta de anotações à mão e redigida em uma máquina de escrever, a única cópia da tradução do escritor Mario Quintana (1906-1994) para o clássico O Pequeno Príncipe, do francês Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), levou quase 70 anos para vir a público.
Inédita, a tradução está em processo de edição e será lançada em breve pela editora Melhoramentos. O lançamento coincide com as comemorações de 111 anos do nascimento do poeta nascido em Alegrete (a 440 km de Porto Alegre). Foi nos arquivos da editora que o copião permaneceu guardado, por volta de 1950 até os dias de hoje.
Mas nem sempre a tradução esteve perdida. A atual gerente editorial da Melhoramentos, Leila Bortolazzi, trabalhava há pouco tempo na editora quando, em 1981, encontrou uma pasta envelhecida em meio a outros projetos. “Bati os olhos na pasta e comecei a folhear. Eu li a capa. Estava escrito O Pequeno Príncipe – Tradução de Mario Quintana. Eu disse: ‘Espera, acho que não li direito’. Meu coração disparou”, relembra Bortolazzi.
Quintana traduziu mais de cem obras, incluindo as de autores franceses como Marcel Proust, Honoré de Balzac e Voltaire. Do inglês, Quintana traduziu Virginia Woolf e Graham Greene, para citar alguns. Como O Pequeno Príncipe foi lançado primeiramente nos Estados Unidos, em 1943, Bortolazzi deduz que Quintana deve ter feito a leitura tanto do inglês quanto do francês para fazer sua tradução.
O poeta Mario Quintana, que terá lançada no Brasil a sua tradução do clássico ‘O Pequeno Príncipe’ (Adolfo Gerchmann/VEJA)
Juntamente com Isis Valeria Gomes, que à época comandava a área editorial, Bortolazzi pesquisou a origem do material e concluiu que era realmente inédito. Porém, o livro não poderia ser lançado. No Brasil, os direitos da obra de Saint-Exupéry pertenciam à editora Agir, que publicou a primeira edição em 1952, com a tradução mais conhecida, de dom Marcos Barbosa (1915-1997), padre que integrou a Academia Brasileira de Letras (ABL).
Não se sabe ao certo por que a editora Agir conseguiu os direitos da obra antes da Melhoramentos, já que tudo indica que a tradução de Quintana foi a primeira. “Guardamos a pasta, conservada em outra embalagem, registramos o material. A gente sabia que só dali a trinta e tantos anos poderia ser lançado”, conta Bortolazzi.
O escritor e aviador francês Antoine de Saint-Exupéry, autor do clássico ‘O Pequeno Príncipe’ (//AFP)
Era preciso esperar que a obra entrasse em domínio público, setenta anos após a morte de Saint-Exupéry. O escritor, que também era piloto, morreu após seu avião ser abatido na costa francesa em 1944, durante a Segunda Guerra. A obra entrou em domínio público em 1º de janeiro de 2015 e dezenas de edições diferentes e novas traduções, como a de Frei Betto e Ivone Benedetti, lotaram as livrarias brasileiras: capa almofadada, quadrinhos, capa dura, edição de bolso e até para colorir.
“Apesar de termos uma joia em mãos, o livro não teria a força nesse furor inicial de tantas edições competentes e de outras traduções prestigiadas como a de Ferreira Gullar”, explica a gerente editorial. Por isso, a Melhoramentos decidiu esperar e o lançamento será neste semestre.
Capa de edição francesa do livro ‘O Pequeno Príncipe’, de Saint-Exupéry (Reprodução/Reprodução)

Fluidez e musicalidade

Antes de entrar para a “linha de produção” da editora, entretanto, era preciso ter certeza de que a tradução era, de fato, de Quintana. Isso porque não havia contrato ou até mesmo recibo de pagamento arquivado que ajudasse a confirmar a autoria. Para isso, o poeta e amigo de Quintana Armindo Trevisan, de 83 anos, teve acesso ao documento e confirmou: a tradução era mesmo do seu “mestre”, como ele chama o autor de A Rua dos Cataventos. Trevisan é autor de diversos livros sobre a obra de Quintana.
Trabalhando no seu escritório em Porto Alegre, o intelectual cotejou oito traduções de O Pequeno Príncipe e concluiu: a do conterrâneo é a melhor. “A superioridade estilística de Quintana, em nossa opinião, se impõe. Quintana é o único por sua precisão vocabular, naturalidade de expressão, fluência e musicalidade do fraseado, e a carga de sugestão poética do conjunto”, escreveu para o material de apoio que acompanhará a obra.
Trevisan produziu o prefácio, glossário e notas de rodapé da edição. Ao longo da pesquisa, detectou escolhas tradutórias diferentes das demais traduções brasileiras. Nos famosos capítulos finais de diálogo com a personagem da raposa, por exemplo, Quintana não usa o verbo “cativar”, mas “domesticar”.
Nesse quesito, Trevisan diz que a tradução de Quintana “não é tão correta quanto a de Dom Marcos”, mas que o verbo domesticar “sugere um ato neutro: o de amansamento”. Assim, os leitores acostumados com o trecho “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” irão se deparar com o estilo mais direto e singelo de Quintana: “És responsável, para sempre, pelo que domesticaste”.
Outro trecho que chamou atenção do estudioso foi o da abertura. No início do texto, uma cobra feroz engole um animal. As traduções brasileiras optaram pelo termo “jiboia” enquanto Quintana manteve a expressão “boa constrictor”, de Exupéry. Para Trevisan, a escolha do amigo deve estar ligada às próprias ilustrações que mostram uma serpente em posição ativa de ataque, diferentemente da ideia da jiboia, que originou a expressão “jiboiar” para um dos sinônimos para o estado de preguiça e sonolência.
O documento original mostra as correções e anotações de Quintana. É possível ver o tradutor mudando de ideia quando usa a palavra “presunçoso” para definir um personagem. Quintana modifica, bem ao seu modo despretensioso, para “um homem importante”. “Acho que ele não quis passar essa característica de cara para quem fosse ler. Acredito que tenha sido para deixar que a pessoa deduzisse e chegasse sozinha a essa conclusão”, opina Bortolazzi.