sexta-feira, 31 de março de 2017

Lula desafia Deus em seu discurso inflamado. Já desrespeitou o STF, Moro e Dallagnol

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar o juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol nesta sexta-feira (24). Durante a abertura do seminário que o PT promoveu em São Paulo, com o nome “O que a Lava-Jato fez pelo Brasil”.


Para Lula, os principais elementos da força-tarefa que investiga a corrupção no país não tem a honestidade que ele tem. “Nem o Moro, nem o Dallagnol, nem o delegado da Polícia Federal têm a lisura, a ética e a honestidade que eu tenho nestes 70 anos de vida”, bradou o político, que na prática já está fazendo campanha para as eleições presidenciais do ano que vem.

No encerramento do evento, ele defendeu também a aprovação da lei de abuso de autoridade no Congresso.

Para Lula, os integrantes magistrado e os policiais federais fizeram “a coisa mais sem vergonha da história deste país”. Ele se referia à condução coercitiva de que foi alvo em março do ano passado.

“A Polícia Federal, que é uma instituição que eu aprendi a respeitar e a fortaleci, mas na hora que ela invade a casa de uma pessoa. Na minha casa, entraram com máquina fotográfica no peito, máquina de filmar, e deram para a Veja fazer um filme com as filmagens que eles fizeram na minha casa”, reclamou.

Numa tentativa de inverter os argumentos, mesmo não conseguindo se desvencilhar das centenas de vezes que seu nome aparece nas delações, asseverou:  “A Lava-Jato não precisa do crime. Primeiro, ela acha o criminoso e depois coloca o crime em cima do criminoso”.

Partindo para a forma mais baixa de argumentação, Lula atacou o procurador Dallagnol, chamando-o de “moleque” e debochando da fé evangélica professada por ele. “Aquele Dallagnol (vem) sugerir que o PT foi criado para ser uma organização criminosa… O que aquele moleque conhece de política? Ele nem sabe como se monta um governo. Não tem a menor noção. Ele acha que sentar em cima da Bíblia dele dá solução para tudo”.

Essa não é a primeira vez que o pré-candidato do PT mostra desprezo pelos valores cristãos do magistrado. Um ano atrás, a Polícia Federal divulgou uma conversa do ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e de Lula onde o ex-presidente já ridicularizava o fato de alguns dos membros da força-tarefa serem evangélicos.

“Esses meninos da Polícia Federal e esses meninos do Ministério Público se sentem enviados de Deus”, disse Lula. “Os caras do ministério público são crentes. É uma coisa absurda”, respondeu Paes.
Créditos juntospelobrasil.com
http://lavajatosergiomoros2.blogspot.com.br/2017/03/lula-desafia-deus-em-seu-discurso.html

segunda-feira, 27 de março de 2017

Einstein – O homem que mudou o Mundo

Albert Eisntein foi o humilde demolidor da Física clássica e o fundador da ciência contemporânea. Depois dele, idéias como espaço, tempo, massa e energia já não são mais as mesmas



*José Tadeu Arantes
Até a idade de três anos, ele não falou uma única palavra. Aos nove, tinha ainda tantas dificuldades de se expressar que seus pais temeram que pudesse ser retardado mental. Na escola, um professor profetizou que ele não seria nada na vida. Com apenas 26 anos, porém, publicaria sua Teoria Especial da Relatividade – uma das mais extraordinárias revoluções da história das idéias.
Einstein alcançou uma dimensão só comparável à do filósofo grego Aristóteles (século IV a. C.) e à do físico inglês Isaac Newton (1643-1727). Sua Teoria da Relatividade seria o marco fundador da Física contemporânea, com profundas repercussões em outros ramos da ciência. Ela daria a chave para a explicação da origem do Universo e para a desintegração do átomo. Mas a bomba atômica é a filha indesejada das elocubrações desse pacifista radical – um homem de bem com o mundo e a vida.
O físico brasileiro Mário Schenberg, que teve a sorte de conhecer Einstein pessoalmente, quando esteve na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, nos anos 40, lembra-se dele “com seu jeito muito simples, um grande casacão que costumava abotoar até a altura do pescoço, sandálias que nunca abandonava e imensa cabeleira. Essa imagem, algo como a de um velho hippie, seria registrada em incontáveis fotografias. Ele mesmo ironizou certa vez o assédio dos fotógrafos ao preencher numa ficha de hotel: “profissão: modelo”.
Dono de convicções profundamente democráticas, que o faziam tratar qualquer pessoa com igual distinção, Einstein era também portador de modéstia verdadeiramente encantadora. O físico Banesh Hoffman, que em 1972 escreveu uma importante biografia dele, lembra-se que, ao encontrá-lo pela primeira vez, estava muito nervoso por falar com um homem que era uma celebridade. Einstein pediu-lhe que expusesse suas idéias e acrescentou: “Mas, por favor, fale devagar, pois tenho dificuldade em entender as coisas rapidamente”. A frase teve um efeito mágico, deixando Hoffman inteiramente à vontade.
Albert Einstein nasceu em 14 de março de 1879, numa família judia residente na pequena e velha cidade alemã de Ulm, às margens do Danúbio. Já no ano seguinte, os Einstein se mudaram para Munique, onde o pai, Hermann, e o tio Jakob, instalaram uma pequena oficina eletrotécnica. Do confronto com a massacrante disciplina do ensino alemão do século passado resultou a aversão de Einstein por qualquer forma de rigidez mental. Anos mais tarde. ele se referiria a seus professores como ” sargentos disciplinadores”.
Durante muito tempo, por um erro de avaliação dos boletins escolares, acreditou-se que Einstein tivesse sido um aluno medíocre. Seria melhor defini-lo como desajustado. Pois estudos biográficos mais recentes o mostram como um prodígio, dominando a Física de nível universitário antes dos 11 anos de idade.
Da mãe, Pauline, Einstein puxou sua natureza sonhadora, imaginativa. Foi ela também quem o pôs em contato com o violino, quando ele tinha 6 anos. Einstein ironizaria mais tarde sua capacidade musical: “Só eu apreciava o que tocava”. Os biógrafos, porém, garantem que, embora pudesse não ter o virtuosismo de um profissional, era um violinista brilhante. Seja como for, os dons que herdou da mãe — a música e o devaneio seriam seus maiores refúgios nos momentos difíceis da vida.
Outra influencia familiar – dos tios Jakob e Cäsar Koch – o empurrou para a Física e a Matemática. Aos 12 anos, travou contato com um livro sobre a Geometria de Euclides. Sua paixão infantil por instrumentos como a bússola tomava agora rumos mais ambiciosos, e ele decidia dedicar a vida a desvendar os mistérios do “grande mundo”.
Três anos mais tarde, a família se mudava para Milão, Itália. Einstein adorou os campos verdes e ensolarados da Toscana – e a oportunidade de escapar da escola por um ano. Sem dinheiro. viajava de carona – e devaneava. Aos 16 anos, por exemplo, se pôs a pensar em como uma pessoa veria um raio de luz se pudesse viajar ao lado dele, em velocidade aproximadamente igual. Essa divagação que anotou num ensaio, seria o ponto de partida para sua Teoria Especial da Relatividade.
Na primeira tentativa de entrar para a renomada Escola Politécnica de Zurique, foi reprovado no vestibular. Ele tinha ainda 16 anos – dois a menos do que a idade-padrão para ingresso no ensino superior. Um ano mais tarde, melhor preparado, conseguiu passar nas provas de admissão. Continuava a ser, porém, um aluno rebelde, faltando às aulas, lendo o que não constava do currículo e irritando os professores com perguntas consideradas impertinentes. Formou-se em 1900, graças ao amigo Marcel Grossmann, aluno irrepreensível, que lhe emprestava anotações de aula. Mas estudar para os exames finais teve um efeito tão inibidor sobre ele que, durante um ano, considerou “desagradável qualquer problema científico”.
Depois da formatura, adotou a cidadania suíça. Rejeitado na tentativa de se tornar professor universitário, conseguiu emprego como técnico de terceira classe no Serviço Suíço de Patentes, em Berna. O cargo era medíocre, mas tinha a vantagem de lhe dar bastante tempo livre para as próprias divagações e cálculos científicos, que Einstein escondia na gaveta assim que ouvia passos se aproximando.
É o máximo da ironia pensar que as anotações que iriam revolucionar o mundo precisavam ser ocultadas para que os colegas e os superiores não descobrissem que ele estava se dedicando a outras atividades no local de trabalho.
Em 1903, casou-se com sua ex-colega de escola, Mileva Maric, com quem passou a viver num modesto apartamento perto do emprego. Dois anos depois, publicaria na prestigiosa revista científica alemã Annalen der Physik um conjunto de quatro artigos que iria revolucionar seu destino – e o conhecimento humano.
O primeiro tratava do chamado movimento browniano – o ziguezague feito pelas partículas em suspensão num líquido. Einstein mostrou como esse movimento permitia compreender a natureza das moléculas. O segundo investigava a causa do efeito fotoelétrico – -o fato de certos corpos emitirem elétrons quando atingidos pela luz. Ele explicou que isso se devia ao fato de que a luz, até então tratada pela Física como uma onda continua, era composta de diminutas partículas de energia.
No terceiro artigo, apresentava ao mundo sua Teoria Especial da Relatividade, em que subvertia as idéias fundamentais da Física clássica, ao mostrar que o espaço e o tempo não eram grandezas absolutas, independentes dos fenômenos, como pensara Newton, mas grandezas relativas, que dependiam do observador (veja o quadro da página 58 ). No quarto artigo, finalmente, a partir de um desenvolvimento matemático da Teoria Especial da Relatividade, constatava a equivalência entre massa e energia, expressa na famosa equação E = mc2.
As quatro comunicações de 1905 feitas por um funcionário público de apenas 26 anos, trabalhando nas horas vagas, foram uma façanha realmente espantosa. Não é por acaso que muitos historiadores da ciência chamam 1905 de “o ano milagroso”. Ele só tem paralelo com o ano de 1666, quando Newton, aos 24 anos, isolado no campo devido a uma epidemia de peste bubônica, produziu uma explicação para a natureza da luz, criou os cálculos diferencial e integral e ainda vislumbrou sua futura Teoria da Gravitação Universal.
Mas a fama não veio imediatamente para Einstein. O Prêmio Nobel de Física, por exemplo, só lhe seria dado em 1921. Ao contrário do que muita gente pensa, ele foi contemplado não pela Teoria Especial da Relatividade nem pela Teoria Geral da Relatividade, de 1916, suas duas maiores contribuições à ciência, mas pelo estudo sobre o efeito fotoelétrico.
De qualquer forma, os artigos de 1905 tornaram-no respeitado pelos mais eminentes físicos da Europa. Suficientemente respeitado para que pudesse logo trocar o modesto emprego de inspetor de patentes pela carreira de professor universitário. Assim como o tempo relativo de sua teoria flui em diferentes velocidades, dependendo do observador, também seu tempo existencial começava a correr mais rápido.
Em I9l4, está de volta à Alemanha, atraído por um convite da Academia Prussiana de Ciências. A Primeira Guerra Mundial o apanhou na capital alemã, enquanto a mulher e os dois filhos passavam férias na Suíça. A separação forçada acabaria apressando o fim de seu casamento, que já não era muito sólido. Não foi por motivos pessoais, porém, que Einstein se colocou ativamente contra a guerra.
Eram razões de consciência muito profundas que faziam dele uma das poucas grandes vozes a se levantar contra a conflagração que eliminava milhares de vidas.
Um “sentimento cósmico religioso` o impelia à Física teórica, em busca dos fundamentos mais gerais do Universo. Relutantemente, ele admitia também um “apaixonado senso de justiça e responsabilidade social”. Foi essa dimensão ética, que tem tanto a ver com a tradição profética judaico, embora Einstein não seguisse nenhum rito religioso, que o levou ao pacifismo e, mais tarde, ao socialismo democrático.
Os quatro anos da Primeira Guerra Mundial assistiram à síntese perfeita desses dois lados de sua personalidade. Enquanto se aprofundava cada vez mais na propaganda antibelicista, mergulhava também num dos mais extraordinários processos de elaboração mental já ocorridos na história da ciência. Seu assunto era agora a gravitação, essa característica da natureza que faz com que uma pedra atirada ao ar caia de volta na Terra e mantém os planetas em órbita ao redor do Sol. Mais uma vez, Einstein confrontava uma das interpretações centrais da Física newtoniana.
Newton pensara a gravitação como uma força que agia à distancia entre os corpos. Einstein concebeu a gravitação como uma curvatura provocada no espaço-tempo pela presença de massa. Essa ousada idéia, tornada pública em 1916, com a publicação da Teoria Geral da Relatividade, completava a demolição do edifício da Física clássica, iniciada em 1905.
Em 1919, as predições feitas pela Relatividade Geral eram confirmadas pela observação. O impacto foi espetacular: logo Einstein era considerado, talvez até com certo exagero, o maior gênio de todos os tempos. As solicitações da fama o arrastariam a inúmeros países, inclusive o Brasil. Algo contrariado, ele temia que isso prejudicasse suas atividades científicas.
Já em 1919, o excesso de trabalho quase o levara à morte por esgotamento físico. Os amigos que o visitavam contam que ele não tinha hora para parar de trabalhar e que, muitas vezes, só deixava a escrivaninha quando alguém insistia para que fosse deitar. Durante o período de recuperação, uma das pessoas que tratou dele foi sua prima Elsa Lowenthal. Naquele mesmo ano, Einstein se casaria com ela.
Durante a década de 20, a ascensão do nazismo na Alemanha o chamou de volta à atividade política. Abdicando de sua inclinação natural pela quietude e a contemplação, ele se empenhou com toda coragem contra o novo regime que se desenhava no horizonte. Ao mesmo tempo, as crescentes ameaças aos judeus na Europa o levaram a aderir à causa sionista, com sua reivindicação de um território nacional judáico. Os nazistas responderam ao seu engajamento com uma violenta campanha de calúnias.
Quando Hitler chegou ao poder, em 1933, Einstein percebeu que sua permanência no pais se tornara insustentável. Decidiu aceitar o convite da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, para que integrasse seu Instituto de Estudos Avançados. Após deixar a Alemanha, soube que os nazistas haviam posto sua cabeça a prêmio por 20 mil marcos – uma pequena fortuna, à época. “não sabia que valia tanto”, comentou, irônico.
A avaliação que tinha sobre seu “valor monetário” era realmente modesta. Quando os americanos lhe perguntaram que salário considerava justo para si, sugeriu a ninharia de 3 mil dólares anuais. Diante do espanto dos interlocutores, achou que tinha exagerado – e propôs uma quantia ainda menor. Acabou con-tratado por 16 mil dólares por ano.
O excepcional prestígio de que desfrutava fez com que naturalmente se transformasse num pólo de atração para os muitos cientistas europeus imigrados nos Estados Unidos.Sob a pressão desses cientistas apavorados, com a possibilidade de a Alemanha nazista fabricar, a partir da própria Teoria da Relatividade. a bomba atômica e conquistar o mun-do, Einstein concordou em subscrever a famosa carta ao presidente Norte-americano Franklin Roosevelt, recomendando que os Estados Uni-dos acelerassem suas pesquisas rumo à arma atômica. Quando soube mais tarde que os nazistas estavam muito longe de fabricar a bomba, Einstein lamentou profundamente a decisão que havia tomado.
Seus últimos 20 anos de vida, passados nos Estados Unidos, foram relativamente pacatos. Instalado no campus da Universidade de Prince-ton, seu tempo era dividido entre as três atividades prediletas: tocar violi-no, velejar e devanear. Só que seus devaneios tomavam a forma de uma Teoria Unificada do Campo, capaz de sintetizar os dois grandes ramos em que estava dividida a Física na época: a gravitacão e o eletromagne-tismo. Ou seja, ele procurava nada menos que a lei geral do Universo.
Einstein morreu no dia 18 de abril de 1955, sem: realizar esse seu último sonho. Não admira: os físicos continuam a sonhá-lo até hoje.
Para saber mais:
A última cartada de Einstein
(SUPER número 12, ano 9)
As idéias que demoliram a velha ciência
Em 1887, descobriu-se que um sinal luminoso viaja sempre à mesma velocidade no espaço vazio. A partir dessa descoberta, Einstein iria demolir o edifício da Física clássica. Ele percebeu que a constância da velocidade da luz punha em xeque o conceito tradicional de simultaneidade.
Assim: imagine-se um carro numa estrada plana e dentro dele uma lâmpada a igual distancia do vidro dianteiro e do vidro traseiro. Quando a lâmpada é acesa, a luz atinge os dois vidros ao mesmo tempo. Isso para um passageiro no carro; para uma pessoa na estrada, a luz chega antes ao vidro de trás, pois – devido ao movimento do carro – este se aproxima do ponto em que a luz foi emitida, enquanto o vidro da frente se afasta. Qual dos dois observadores tem razão? Os dois.
O paradoxo forçou uma completa revisão dos conceitos clássicos de espaço e tempo e deu origem à Teoria Especial da Relatividade. Espaço e tempo não são grandezas absolutas que independem do observador, mas relativas. As medidas de espaço, tempo e massa realizadas a partir do carro em movimento e as realizadas a partir da estrada relacionam-se por um conjunto de expressões matemáticas propostas, no começo do século, pelo físico holandês Hendrik Lorentz. Pelas transformações de Lorentz, uma régua viajando no carro terá seu comprimento encurtado quando medida da estrada. Já o tempo e massa se dilatarão.
Conseqüência direta da Teoria Especial da Relatividade é a idéia de que a massa pode ser convertida em energia e vice-versa. A fórmula de equivalência entre elas é a famosa E = mc2, onde E é energia, m, massa e c, a velocidade da luz no vácuo. Pequena quantidade de massa pode transformar-se em grande quantidade de energia -como seria confirmado pela bomba atômica. E grande quantidade de energia pode se converter em pequeno acréscimo de massa – como ocorre nos aceleradores de partículas.
Todas essas concepcões, porém, fornecem ainda uma descrição restrita da realidade, já que o seu ponto de partida, como no exemplo do carro, é o de observadores imóveis ou que se desloquem em movimento retilíneo e uniforme os chamados sistemas de referencia inerciais. Onde encontrá-los, porém, neste Universo em que tudo se move de maneira tão complicada? A extensão desses conceitos para qualquer sistema de referência levou Einstein à Teoria Geral da Relatividade de 1916. Seu objeto de estudo foi o fenômeno da gravitação.
Nos marcos da relatividade geral, espaço e tempo deviam ser pensados como um sistema quadridimensional curvo – algo completamente inacessível à nossa imaginação, mas não ao raciocínio matemático. Essa curvatura do espaço tempo é determinada pela presença de massa, o que permitia a Einstein descartar a idéia clássica de que a atração é causada por uma força agindo à distância. Os planetas são mantido em suas órbita não devido à força gravitacional, entendida como mera atração entre os corpos, mas a um encurvamento do espaço-tempo produzido pela enorme massa do Sol.
As predições da Teoria da Relatividade foram confirmadas pela experiência. Einstein afirmara que uma quantidade de massa, como a de uma estrela, seria capaz de curvar de forma sensível um raio de luz que passasse por suas imediações. Isso seria confirmado numa célebre observação realizada em 1919. Era a consagração da Teoria da Relatividade e de seu autor.


10 frases geniais de Albert Einstein sobre inteligência e sucesso

Einstein completaria em 14 de março de 2017 seu 138º aniversário. Viveu só 76 anos— mas foi tempo suficiente para ensinar muito à humanidade.

São Paulo — “Decidi o seguinte sobre meu futuro: vou procurar um emprego imediatamente, mesmo que seja muito modesto. Meus objetivos científicos e minha vaidade pessoal não vão me impedir de aceitar uma posição como subordinado.”
A declaração acima foi escrita por ninguém menos que Albert Einstein em carta a sua futura esposa, Mileva Marić, em julho de 1901. Na época, o jovem físico tinha acabado de se formar pela Escola Politécnica Federal da Suíça e passava por dificuldades para conseguir seu primeiro emprego.
É difícil acreditar que esse tipo de preocupação possa ter rondado o futuro ganhador do Nobel de Física de 1921, que entraria para o rol dos maiores gênios de todos os tempos graças à teoria da relatividade e outras contribuições preciosas para a ciência. Por dentro do assunto: Einstein - O homem que mudou o Mundo 
Se estivesse vivo em 2017, Einstein (1879-1955) sopraria velinhas no dia 14 de março para comemorar o seu 138º aniversário.
Sua vida durou pouco mais do que a metade disso: vítima de um aneurisma, faleceu nos Estados Unidos aos 76 anos. Foi tempo suficiente para ensinar (muito) à humanidade sobre o funcionamento do universo — mas também sobre temas como educação, inteligência e sucesso.
A seguir, você verá 10 frases do gênio que podem inspirar a sua carreira e desafiar a forma como enxerga seus próprios talentos, ambições e conquistas.
Confira:

"Bens materiais, sucesso aparente, fama, luxo — para mim, essas coisas sempre foram desprezíveis. Eu acredito que uma vida simples e despretensiosa é a melhor para o corpo e para a mente."

"Certamente minha carreira não foi determinada pela minha própria vontade, mas por inúmeros fatores sobre os quais não tenho nenhum controle."

"Quando aceitamos nossos limites, conseguimos ir além deles."

"A lógica vai levar você de A a B. A imaginação vai levar você para qualquer lugar."

"Não conseguimos resolver um problema com base no mesmo raciocínio usado para criá-lo."

"Uma pessoa que nunca cometeu um erro nunca experimentou nada novo."

"A imaginação é mais importante do que o conhecimento. O conhecimento é limitado. A imaginação circunda o mundo."

"Não tenho nenhum talento especial. Apenas sou apaixonadamente curioso."

"Grandes mentes sempre sofreram a violenta oposição dos medíocres. Esses últimos não conseguem entender quando uma pessoa não se submete inconscientemente a preconceitos hereditários."

"Não tente ser uma pessoa de sucesso. Tente ser uma pessoa de valor."

9 – Albert Einstein (morto em 1955)
9 – Albert Einstein (morto em 1955) (./AFP)

sexta-feira, 17 de março de 2017

Carne Fraca

Operação Carne Fraca é a maior da história da PF
Operação Carne Fraca é a maior da história da PF (PF/Divulgação)
Carne Fraca: Justiça bloqueia R$ 1 bilhão de investigados.

Maior operação da história da PF investiga esquema de venda de carne adulterada e vencida corrupção de fiscais federais; 46 investigados sofreram bloqueio.

A Justiça Federal do Paraná determinou o bloqueio de 1 bilhão de reais em contas e bens de investigados na Operação Carne Fraca, deflagrada na manhã desta sexta-feira, para combater corrupção de agentes públicos federais e crimes contra a saúde pública. Segundo a Polícia Federal, a operação detectou em quase dois anos de investigação que as Superintendências Regionais do Ministério da Agricultura no Paraná, Minas Gerais e Goiás “atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público”.

O juiz Marcos Josegrei da Silva, que determinou o bloqueio, disse que as medidas “têm por finalidade primordial assegurar o ressarcimento do dano causado” e evitar “que o autor do delito aufira qualquer tipo de lucro com a sua empreitada criminosa”.

Ao todo são mais de oitenta investigados na fase deflagrada na manhã desta sexta, porém o bloqueio de bens vale para 46 deles. A Carne Fraca é a maior operação da história da PF.

Procurada pelo site de VEJA, a BRF declarou que “está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas”. Já a JBS informou por meio de nota que “adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos.” A companhia destacou, ainda, que possui diversas certificações emitidas por reconhecidas entidades em todo o mundo que comprovam as boas práticas adotadas na fabricação de seus produtos”.

Confira a nota da JBS na íntegra:

“Em relação a operação realizada pela Polícia Federal na manhã de hoje, a JBS esclarece que não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos. A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação.

A ação deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades produtivas da companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás. Na unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial expedida contra um médico veterinário, funcionário da companhia, cedido ao Ministério da Agricultura.

A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas.

A JBS no Brasil e no mundo adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos. A companhia destaca ainda que possui diversas certificações emitidas por reconhecidas entidades em todo o mundo que comprovam as boas práticas adotadas na fabricação de seus produtos.

A companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos – seja na produção e/ou comercialização – e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos.




domingo, 5 de março de 2017

Como Chico Xavier fez do Brasil o maior país espírita do mundo

LIVRO | Chico Xavier© image/jpeg LIVRO | Chico Xavier

Em 75 anos de trabalho, Chico Xavier conseguiu fazer do Brasil a maior nação espírita do mundo. Mais de 3,8 milhões de brasileiros se dizem seguidores da religião. Contando os simpatizantes, o número pula para 30 milhões. Esse talvez seja o principal legado do médium no Brasil: tornar a religião acessível, conhecida e respeitada.

Os brasileiros logo reconheceram a dimensão do médium. Em 2006, a revista Época decidiu escolher o maior brasileiro da história. A publicação formou uma comissão com 33 personalidades notáveis, que ia do ex-presidente Fernando Henrique ao ator Paulo Autran, para escolherem o agraciado. Deu empate entre o escritor Machado de Assis e o político e diplomata Ruy Barbosa. A redação se viu obrigada a votar também, e o escolhido foi Barbosa. Em paralelo, Época criou uma enquete online para dar voz aos leitores na questão. A revista colocou no site uma lista de 50 nomes pré-selecionados.

O médium não estava entre as sugestões oferecidas pela redação. Mas a votação previa um espaço em branco para que o leitor elegesse outras pessoas. Com essa brecha, o azarão Chico Xavier assumiu a ponta da eleição e terminou em primeiro lugar, com 36% dos votos, o dobro do segundo colocado, Ayrton Senna.

LEIA: 3 cartas inacreditáveis que Chico Xavier psicografou

Chico também venceu o concurso O Maior Brasileiro de Todos os Tempos, promovido pelo SBT ao longo de 12 programas em 2012. Para chegar ao posto, o mineiro deixou para trás Irmã Dulce, Princesa Isabel, Oscar Niemeyer e Juscelino Kubitschek. Chico, no programa final, foi representado pelo amigo Saulo Gomes, o jornalista que lhe convenceu a dar a entrevista para o Pinga-Fogo.
Desde 2002, o mineiro calou-se, mas deixou um amplo e fértil terreno para outros espíritas trilharem seu caminho. Chico não deixou herdeiros diretos. Na Casa da Prece, em Uberaba, ele era o único médium. Mas a semente estava plantada. A cidade tinha cerca de cem centros espíritas no ano da sua morte. No vácuo de Chico, nomes como Divaldo Pereira Franco puderam consolidar suas carreiras.
Divaldo é o maior missionário do espiritismo. Aos 89 anos, quase 70 deles dedicados à doutrina, percorreu os cinco continentes e milhares de cidades brasileiras para divulgar a religião por meio de palestras e entrevistas, sendo o principal responsável pela abertura de novos centros e pelo crescimento do movimento fora do Brasil. Achou conforto nos espíritos ainda criança, quando dois irmãos morreram. Em 1947, aos 20 anos de idade, fundou um centro espírita em Salvador.
Começou a psicografar mensagens ainda na adolescência. O primeiro livro, Messe de Amor, só seria publicado em 1964, quando Divaldo já tinha quase 40 anos. Mas depois disso deslanchou: foram mais de 250 títulos, alegadamente guiados por mais de 200 espíritos. Vendeu 8 milhões de exemplares, com tradução para quase 20 idiomas. Parte do sucesso se explica pela versatilidade. Nos seus textos, Divaldo explorou vários estilos, tendo publicado contos, romances, poemas e crônicas. Os temas também foram plurais: há livros psicológicos, doutrinários, históricos e até mesmo infantis.
Divaldo diz que recebe mensagens de uma mentora chamada Joanna de Ângelis, espírito que teria um talento especial para reencarnar em pessoas que testemunharam fatos históricos. Em suas vidas passadas, Joanna teria sido uma das mulheres que acompanhavam Jesus no momento da crucificação, a fundadora de uma ordem católica no século 13, uma poetisa mexicana no século 17 e mártir da independência da Bahia em 1822.

Com a ajuda de Joanna, Divaldo diz ter escrito os livros Autodescobrimento, de 1995, e Triunfo Pessoal, de 2002, sucessos recentes de uma série psicológica em que o médium explora uma abordagem mais próxima da autoajuda. Embora respeitosas à doutrina kardecista, as psicografias do médium baiano estão mais alinhadas a uma nova faceta do espiritualismo, em que os adeptos buscam apoio do plano dos mortos para prosperar e superar os problemas do cotidiano.
Embora seja conhecido pela psicografia, Divaldo diz possuir talento para clarividência, vidência e psicofonia – a habilidade de falar em nome de espíritos. Além da importância dentro do movimento espírita, Divaldo também é responsável por projetos sociais na cidade de Salvador, onde fundou a Mansão do Caminho, em 1952.

LEIA:11 perguntas e respostas sobre Chico Xavier
O mercado editorial espírita deve muito a Chico Xavier. Ele escreveu mais de 400 livros em vida e deixou um catálogo de 491 títulos, incluindo as obras póstumas com coletâneas de textos inéditos. Divaldo e outros autores alinhados à doutrina vendem milhões de exemplares, uma babilônia perto das tiragens médias de 3 mil exemplares dos livros do mercado “laico”. A grande massa de leitores espíritas cultivada por Chico Xavier permitiu, por exemplo, o sucesso de Zibia Gasparetto, uma médium de 90 anos autora de livros supostamente psicografados desde 1958. Ela coleciona mais de 40 títulos, alguns deles traduzidos para o inglês, espanhol e japonês, e acumula mais de 16 milhões de exemplares vendidos. É figura constante nas listas dos best-sellers brasileiros.
Mas a autora se distanciou da doutrina. Ela já foi kardecista engajada, deixou o movimento e hoje se diz identificada com o termo “espiritualista”, mais genérico que “espírita”, uma palavra que pode ser entendida como sinônimo de “kardecista”. No final dos anos 1960, Zibia fechou o centro espírita que mantinha com a venda de livros e passou a publicar por uma editora própria. Manteve poder sobre seus direitos autorais, uma decisão radicalmente oposta aos ensinamentos de Chico Xavier e que rende críticas até hoje – para os espíritas, o médium não pode ganhar em cima do que teria recebido de graça. Zibia é empresária e comanda uma lucrativa operação familiar que inclui programas de televisão, rádio e palestras – além dos livros. Ela não enxerga conflito ao monetizar o suposto dom mediúnico. Embora enfrente certa oposição, Zibia encontrou sucesso dentro e fora do movimento espírita, e parte da explicação está no teor das obras, que transitam no popular segmento de autoajuda.

Outro pilar espírita de hoje está em Goiás. Mais precisamente para a cidade de Abadiânia, onde João de Deus promove seus tratamentos sobrenaturais. Estima-se que ele já tenha tratado mais de 9 milhões de pessoas na Casa Dom Ignácio de Loyola, seu quartel-general em Abadiânia. Lá, ele promove sessões de reza e meditação, mas também corta alguns doentes com bisturis, dispensando qualquer anestesia, ou enfia facas ou tesouras nas narinas dos pacientes. Tudo parece ocorrer sob algum tipo de transe, e os voluntários dizem que não sentem dor. João de Deus já teria arrancado até tumores do cérebro de doentes com suas técnicas nada ortodoxas. Quando incorpora o papel de médico, o médium fica com o olhar perdido e fala pouco. Parece fora de si.

As filas que contornavam os quarteirões de Uberaba agora são vistas em Abadiânia. Ônibus de todo o Brasil estacionam na cidade de 17 mil habitantes que vive em função de atender as caravanas de doentes. São apenas 117 km de Brasília, uma posição privilegiada que ajuda a ampliar a clientela de João de Deus. O médium é um fenômeno no Brasil, mas cerca de 80% dos doentes vem do exterior, onde ele é conhecido como John of God. Em 2012, foi a vez da apresentadora Oprah Winfrey desembarcar em Abadiânia para encontrar o curandeiro e gravar segmento para o seu programa, um dos campeões de audiência nos Estados Unidos. Parte da fama internacional veio após o depoimento da atriz Shirley MacLaine, que diz ter sido curada de um câncer no abdômen com a ajuda do curandeiro.

Divaldo, Zibia e João de Deus podem ter ocupado o espaço que foi todo de Chico Xavier, mas os seguidores ainda aguardam notícias do mineiro. Antes de morrer, Chico afirmou que não se manifestaria logo do mundo espiritual. Mas deixou uma senha, ou seja, um código secreto, para confirmar a autenticidade de mensagens suas quando enfim resolvesse se comunicar direto do plano dos mortos. Ele queria evitar que charlatões anunciassem a chegada de uma mensagem exclusiva sua – o que lançaria qualquer médium ao estrelato. A chave para o contato com Chico no além foi entregue oito anos antes da sua morte ao filho adotivo, Eurípedes Higino dos Reis, ao médico e amigo Eurípedes Tahan Vieira e para a vizinha Kátia Maria. Cada um recebeu uma palavra diferente, um segredo individual, que não deve ser compartilhado nem entre os integrantes do trio. A verdadeira carta enviada por Chico teria necessariamente essas três palavras mágicas. Os fiéis seguem aguardando.

[Este texto é um trecho do livro Chico Xavier. A vida. A obra. As polêmicas., publicado pela SUPER]


sábado, 4 de março de 2017

Intelectuais do PT informam: o povo ‘perderam’

O manifesto concebido para livrar Lula da cadeia tortura a verdade e trucida a língua portuguesa.

imagem2
“Por que Lula?”, pergunta a primeira linha do manifesto em que 424 autodenominados intelectuais a serviço do PT imploram ao chefe da seita que oficialize a candidatura à eleição de 2018. Até os bebês de colo e os doidos de hospício sabem a resposta: porque a esperteza talvez ajude a fantasiar de “perseguido político” um prontuário ambulante enriquecido por sítios, apartamentos, palestras secretas, jatinhos, negociatas africanas, filhos que multiplicam dinheiro de origem misteriosa e outros espantos. Só finge não saber disso a fila de signatários do documento, puxada pelo inevitável Leonardo Boff e previsivelmente engrossada por Chico Buarque (assinatura n° 9) e João Pedro Stédile (n° 10).

Por que submeter a verdade a tão selvagens sessões de tortura?, perguntam os brasileiros normais ao fim da leitura do manifesto. Não há uma única e escassa menção ao assalto à Petrobras, ao maior esquema corrupto de todos os tempos, a descobertas da Lava Jato, à herança maldita legada por Lula e Dilma, a quadrilheiros engaiolados, à devastação provocada por 13 anos de roubalheira e incompetência. Aos olhos dos fiéis, a alma viva mais pura do mundo não tem nada a ver com isso. Lula tem tudo a ver apenas com a consolidação da democracia, o extermínio da pobreza, o sistema de saúde próximo da perfeição, o sistema educacional de dar inveja a professor finlandês e a transformação do Brasil numa potência petrolífera respeitada no mundo inteiro, fora o resto.

E por que assassinar o pobre português já no primeiro parágrafo?, perguntam os que tratam com mais brandura a língua oficial do Brasil. Em que medida o massacre do idioma ajudaria a livrar da cadeia um ex-presidente que saiu da História para entrar na bandalheira? Teriam os redatores do palavrório resolvido homenagear o Exterminador do Plural? Ou seria uma demonstração de solidariedade aos inventores da linguística lulopetista, para os quais falar errado está certo? Se não tem nada de mais insultar o português pronunciando frases como “Nós pega os peixe”, os discípulos de Lula estão à vontade para redigir o trecho abaixo reproduzido, com observações em negrito do colunista.

“É o compromisso com o Estado Democrático de Direito, com a defesa da soberania brasileira e de todos os direitos já conquistados pelo povo desse (Errado, o certo é ‘deste’) País, que (Alguém infiltrou uma vírgula bêbada entre ‘País’ e ‘que’) nos faz, através desse (É errado o uso de ‘através desse’: o certo é ‘por meio deste’) documento, solicitar ao ex-Presidente Luiz Inácio LULA da Silva que considere a possibilidade de, desde já, lançar a sua candidatura à Presidência da República no próximo ano (A candidatura deve ser lançada desde já ou no próximo ano?), como forma de garantir ao povo brasileiro a dignidade, o orgulho e a autonomia que perderam”.

Como é que é, companheiros inteleques? Quem “perderam”? O povo? Nesse caso, foram simultaneamente trucidados os fatos e a concordância verbal. O povo brasileiro nunca “perderam”; sempre perdeu, no singular. Mas desta vez não perdeu a dignidade, o orgulho e a autonomia, como fantasia o manifesto. O que perdeu foi a montanha de dólares acumulada pelo PT e seus comparsas. Também perdeu o respeito pelos farsantes no poder havia 13 anos, perdeu a paciência com os poderosos patifes e perdeu o medo de ditar os rumos da nação.

Nenhum país tem mais intelectuais por metro quadrado que o Brasil, constatou Nelson Rodrigues. O problema é que a maioria é incapaz de pensar. Enquanto mantêm guardado na cabeça um romance incomparável, escritores escrevem manifestos de envergonhar o mais bisonho reprovado no Enem. Nessa categoria figura o que sonha com a volta de Lula. A coleta de assinaturas recomeçará na segunda-feira, informou o site do PT. Sobra tempo para que os 424 pensadores façam as correções indispensáveis. Se quiserem copiar as feitas acima, estejam à vontade. De nada.
Também clama por um revisor com mais de cinco neurônios o texto que festeja no site do PT a desembestada ofensiva retórica. Confira:

“Numa iniciativa que responde à escolha que milhões de brasileiros manifestam com clareza sempre que lhe perguntam quem deve governar o país, o lançamento da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República começa a tomar forma e conteúdo. A partir de segunda-feira (6), todo cidadão brasileiro será convidado a colocar seu nome, através de uma plataforma aberta na internet, a um abaixo assinado que solicita a Lula considerar “a possibilidade de, desde já, lançar sua candidatura a Presidência da República como forma de garantir ao povo brasileiro a dignidade, o orgulho e a autonomia que perderam.”

Esse monumento à ignorância vai ficar sem retoques. Primeiro, porque a cena do crime deve permanecer intocada, como alertam as séries policiais da TV americana. Depois, porque o parágrafo acima, da mesma forma que o manifesto, é uma prova contundente de que ─ ele, de novo ─ Nelson Rodrigues tinha razão: os idiotas estão por toda parte. Por que estariam ausentes de reuniões que terminam com o parto de outro manifesto?

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/intelectuais-do-pt-informam-o-povo-perderam/

sexta-feira, 3 de março de 2017

Uma grande safra indo para o ralo, diz ministro da Agricultura

Pelo menos 11 navios que estavam no porto de Belém esperando para carregar soja foram desviados para portos do Sul do País

Armazenamento de soja em Luís Eduardo Magalhães - BA
Armazenamento de soja em Luís Eduardo Magalhães - BA (Cristiano Mariz/VEJA)
Bastou chover um pouco mais que o esperado e parte da supersafra brasileira de soja corre o risco de “micar” no país sem conseguir chegar aos portos. Ela está encalhada nos 100 km não asfaltados da BR-163, a rodovia que é hoje a principal ligação entre uma grande zona produtora do grão, no Mato Grosso, e os portos do Norte do país. “Dinheiro que estava na mesa, de uma grande colheita, está indo para o ralo, nos buracos das estradas” lamentou o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. “Dá pena de ver.”
Ele informou que 11 navios que estavam no porto de Belém esperando carga de soja já foram desviados para portos do Sul do país. Os produtores tiveram prejuízo de 6 milhões de dólares só com a “demourage”, a taxa paga pela permanência das embarcações. A carga desviada, por sua vez, poderá sobrecarregar portos como Santos (SP) e Paranaguá (PR).
No total, o setor estima que o prejuízo nessa safra será de 350 milhões de reais, segundo informou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli. “Estamos queimando notas de cem dólares, uma atrás da outra”, afirmou o executivo.
Segundo Maggi, o produtor que vende a soja precisa entregá-la no prazo, no local definido pelo comprador. Diante do atraso no escoamento da produção local, a alternativa é, muitas vezes, adquirir soja de outros países produtores, como Estados Unidos e Argentina, para honrar o contrato. “E aquela soja brasileira que iria para esse comprador fica ‘micada’ aqui”, explicou o ministro, um dos maiores produtores de soja do país.
Maggi e o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, se reuniram nesta quinta-feira, com representantes dos produtores para discutir a situação na BR-163. Eles acertaram um esquema pelo qual será reduzido o envio de caminhões para a rodovia, de forma que será possível manter as condições de tráfego.
A estrada será aberta para a passagem de caminhões por períodos. Depois, o trânsito será interrompido para que as máquinas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) possam aplainar novamente a pista. E assim sucessivamente, num esquema “anda e para”.

Fila

Nesta quinta, 1,2 mil caminhões, numa fila de 40 km, aguardavam autorização para seguir viagem pela rodovia no sentido norte. A pista já havia sido aberta para automóveis de passeio e caminhões com carga perecível. A expectativa era permitir o trânsito de caminhões pesados nesta quinta mesmo. Com isso, a fila poderá acabar em cerca de dois dias, se o clima colaborar.
A pista no sentido sul já está aberta e não há mais filas. Mas, para chegar a essa situação, foi necessário buscar ajuda do Exército para desfazer a aglomeração de veículos na via e permitir a passagem das máquinas do Dnit. Até o Carnaval, a via estava bloqueada e a fila chegava a 700 km.
Para socorrer os caminhoneiros e famílias que estão há dias parados nas estradas, e também as comunidades isoladas, o Exército vai distribuir 3 mil cestas básicas e água. O primeiro carregamento chegou nesta quinta ao local.
“A prioridade do governo é garantir o escoamento pelo Arco Norte”, disse Quintella, referindo-se aos portos no Norte do país. Ele lamentou o “gargalo” na BR-163 e informou que o asfaltamento dos 100 km que estão faltando já está totalmente contratado. A expectativa é que sejam asfaltados 60 km este ano e outros 40 km no ano que vem.
(Com Estadão Conteúdo)