domingo, 28 de fevereiro de 2016

No desespero, petistas começam a jogar aliados ao mar. Bumlai desmente versão de seu amigão…

Em petição entregue ao Supremo para paralisar as investigações sobre sítio e tríplex, Lula atribui a Bumlai a inciativa de reformas a propriedade rural; o empresário, que está preso, nega.

Xiii… Eles começaram a bater cabeça. Daqui a pouco, reproduzem aquela cena de “Cães de Aluguel”, de Tarantino. Todo mundo atira e todo mundo morre. O que será uma glória para o Brasil.
A defesa de Lula veio a público com uma narrativa que é do balacobaco. Só se esqueceu de combinar com os russos. E aí a coisa pode começar a feder de verdade do lado de lá da moralidade.
Em petição entregue ao Supremo, a versão de Lula, arranjada depois de muitos meses de exercício criativo, é a seguinte: a iniciativa de comprar o sítio Santa Bárbara, em 2010, teria sido de Jacó Bittar, amigo do ex-presidente desde os tempos do sindicalismo. Era para os dois curtirem a aposentadoria… Também ficou combinado que a propriedade abrigaria os “presentes” que Lula ganhou “do povo brasileiro”. Entendo. Quase choro de emoção.
Jacó adoeceu e teria passado recursos de sua poupança pessoal para o filho, Fernando, fazer a compra (já começou a ficar estranha a coisa…). Como este não podia arcar com tudo sozinho, então chamou Jonas Suassuna. Entenderam?
E a reforma? Ah, segundo Lula, isso foi uma oferta de seu amigão (ou ex-amigão) José Carlos Bumlai. Sabem como é… Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves.
A ânsia de Lula de se livrar das enrascadas e passar o peso para os ombros alheios o fez esquecer de combinar a versão com os russos. Ouvido pela Folha, Arnaldo Malheiros, advogado do pecuarista nega a versão peremptoriamente e ainda ironiza: “Só se a Odebrecht for propriedade de Bumlai, o que não me consta”.
Tanto o engenheiro da Odebrecht que supervisionou as obras, Frederico Barbosa, como a própria empresa passaram a admitir vínculos com a reforma do sítio, que contou também com a dedicação da OAS. A Oi entrou com a antena 3G.
Que coisa!
A prova de que Lula e Dilma estão no desespero é que os petistas já começaram a jogar aliados ao mar. Flagrado recebendo dinheiro da Odebrecht, João Santana e mulher não tiveram dúvida: seria pagamento por campanhas eleitorais feitas em alguns países. Atentem para a gravidade da acusação.
Agora, Lula põe nas costas de Bumlai — aquele que tinha acesso livre ao Palácio do Planalto quando o Apedeuta era presidente — a iniciativa de reformar o sítio.
O pecuarista não topou a brincadeira e desmentiu seu amigo de fé, irmão, camarada…
E agora?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

"PHILANTROPIA"

OAS ganha prêmio de filantropia da ONU por reformar apartamentos de terceiros gratuitamente.Uma belíssima iniciativa...

Publicado por Marcos Lourenço Vanz Wanz em Quinta, 25 de fevereiro de 2016

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

MORO DESCASCA LULA PARA PRENDÊ-LO

Não conheço a formação acadêmica do juiz Sergio Moro, muito menos a sua predileção por livros clássicos. Nunca me ative aos seus dotes intelectuais. Passei a admirá-lo mais pela sua eficiência jurídica, coragem, valentia e, sobretudo, pelo seu empenho em passar o Brasil a limpo, o que para mim já é o bastante. Mas analisando com mais profundidade o seu trabalho à frente da Lava Jato arrisco a dizer que se trata de um leitor voraz de Nicolau Maquiavel.

Só uma pessoa com o conhecimento do escritor renascentista italiano, que escreveu sobre política de estado, teria essa sagacidade e a esperteza para destroçar o Partido dos Trabalhadores. Para isso, ele age com sobriedade e adota um estratagema de forma a não permitir que as suas decisões sejam contestadas pelos tribunais superiores, a exemplo do STF e do STJ. Moro descasca lentamente a personalidade política de Lula e desnuda com precisão a fanfarronice do ex-presidente, mostrando-o à sociedade como um farsante, cúmplice do maior escândalo da história do Brasil.

Sergio Moro aprendeu tudo com Maquiavel, certamente devorando o Príncipe, seu livro mais conhecido. Aprendeu, inclusive, a atacar seu alvo no momento certo com precisão cirúrgica para manter a sua caça na toca. Veja: ele descama a popularidade do Lula desde que começaram as investigações da Lava Jato, encurralando-o no canto do ringue sem deixar soar o gongo salvador. Hoje, não se sabe de quem é a maior rejeição se do seu partido, o PT, ou a dele,  o que abre caminho para o bote final de Sergio Moro ao chegar mais próximo da intimidade de Lula com os empresários e lobistas que roubaram a Petrobrás.

Moro foi envolvendo Lula na Lava Jato a conta-gotas com a colaboração dos delatores que o deixaram na vitrine da corrupção. Não se precipitou, como bom estrategista, em chamá-lo para depor antes de ter em seu poder confissões de investigados que o colocava na cena do crime como um personagem influente da trama da corrupção.  Trabalhou com paciência, como um exímio enxadrista, para acuar o ex-presidente até o xeque-mate que se aproxima com  a movimentação cuidadosa das peças no tabuleiro.

Lula detém hoje uma rejeição de mais de 55%, segundo o Ibope, índice que o coloca praticamente fora do páreo presidencial em 2018.  O seu partido, o PT, carrega a pesada cruz da corrupção e certamente nas eleições municipais deste ano vai experimentar o porrete do eleitor. O ex-presidente se mantém na mídia diariamente como o sujeito que “não sabe nada”, que vive às custas dos “amigos” e que tem as suas despesas pagas por um colegiado de empresários corruptos e condenados, muitos na cadeia como Leo Pinheiro, da OAS, e Marcelo Odebrecht.

Com a imagem abalada, lambida pela Lava Jato, Lula ainda conta com o suporte do “Exercito Vermelho” do Stédile e de alguns pelegos da centrais sindicais que no momento oportuno deverão ser contidos pela própria sociedade. Da Câmara e do Senado vem a resposta a sua maldição com a redução da bancada de deputados e senadores, que fogem do PT como o diabo da cruz. E, agora, para seu desespero, vai ter que torcer para que João Santana não bote a boca no trombone como fez Duda Mendonça ao depor na CPI do mensalão.

É assim que o juiz Sergio Moro está montando o quebra-cabeça do maior escândalo da história do país, organizando  o jogo de xadrez com inteligência e a paciência de um monge. A prisão de Lula, se vier a ocorrer, será apenas o coroamento dessa operação incansável dos nossos Eliot Ness. Com a imagem deteriorada, Moro não acredita que o povo proteste nas ruas contra a prisão de Lula no desfecho da operação.

Ao STF e a STJ não resta outra alternativa que não seja a de aplaudir Sergio Moro, o magistrado que veste à Justiça com uma nova toga, a da dignidade.       
*Jorge Oliveira

MAKHA BUCHA


MAKHA BUCHA: O DIA DO BUDISMO NO WAT PHANTAO, EM CHIANG MAI


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Alguns chamam de coincidência, outros de sincronismo. Independente do nome, o “fator surpresa”, quando positivo, torna a experiência inesquecível. Em uma tarde normal de sexta-feira, decidi sair um pouco e rever os templos perto do hotel. Passei pelo Wat Chedi Luang e logo depois decidi entrar no Wat Phantao, um dos mais antigos da cidade, construído no final do século XIV e que me chamou a atenção pela sua estrutura de madeira.
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Foto: chiangmai.com
Percebi muito movimento na lateral do templo e decidi acompanhar, até chegar na parte de trás, onde encontrei um cenário diferente: muitos turistas, fotógrafos e locais sentados, espalhados por todos os lados observado um grupo de monges preparando algum evento. Eles se movimentavam distribuindo velas pelo ambiente, limpando as imagens de Buda. Perguntei para um casal ao meu lado se eles sabiam o que iria acontecer ali, e com o que ela disse, caiu a ficha: era dia 14 de Fevereiro, feriado público budista a nível nacional, dia de Macka Bucha. Além disso, ela me comentou que o local estava lotado de fotógrafos porque a celebração nesse templo era muito fotogênica.
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O dia de Makha Bucha é celebrado pelos budistas no Laos, na Tailândia e no Camboja, no terceiro mês lunar para os budistas, que geralmente é em Fevereiro. É um dia completo dedicado à veneração de Buda e seus ensinamentos, onde os budistas têm como objetivos não cometer nenhum tipo de pecado e frequentar os tempos para orar e ouvir os sermões.
O relógio marcava seis da tarde, e o casal me disse que começaria em meia hora. Com o passar do tempo, aquele espaço foi sendo ocupado por vários curiosos e locais.
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Anoiteceu e todos esperávamos ansiosos pelo começo da celebração, cada um lutando pelo seu espaço.
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E os monges começaram a surgir, acendendo as centenas de velas espalhadas pelo local e dando início à cerimônia. Foi um dos momentos mais lindos, eu simplesmente não podia acreditar que por sorte cheguei no lugar e na hora certa.
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Depois de algum tempo acendendo todas as velas, tudo estava pronto para a segunda fase da celebração: todos os monges entraram no templo, onde um dos monges liderou a cerimônia por mais ou menos 40 minutos.
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O mais legal de tudo isso, é que o monge que liderava a cerimônia respeitava a presença dos turistas e em um certo momento, falou em inglês: “Agora vamos orar e sabemos que vocês não entenderão, mas espero que vocês ao menos se sintam mais calmos escutando.” Dito e feito. A cerimônia continuou na parte de fora, com todos os monges sentados em frente ao lago, enquanto o monge-líder continuava orando. Aquele idioma indecifrável, em ritmo musical, com o céu estrelado, as velas… foi como entrar em transe.
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A cerimônia terminou com um discurso do monge em inglês, comentando a importância da meditação constante, para que todos fóssemos pessoas mais felizes e convidou todos os presentes a fazer um dos retiros de meditação disponíveis em Chiang Mai. Coincidência ou sincronismo, eu saí de lá com uma certeza: voltar para Chiang Mai para passar mais tempo com os monges e tentar absorver ao menos um pouco a cultura e filosofia budista.http://www.voucontigo.com.br/index.php/2014/02/makha-bucha-o-dia-budismo-wat-phantao-em-chiang-mai/

Rui Barbosa

"A pátria é a família ampliada." "Creio que a ordem não pode eflorescer, senão no seio da estabilidade e da justiça....

Publicado por Marcos Lourenço Vanz Wanz em Terça, 23 de fevereiro de 2016
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” “Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado!” “O advogado pouco vale nos tempos calmos; o seu grande papel é quando precisa arrostar o poder dos déspotas, apresentando perante os tribunais o caráter supremo dos povos livres.” “Justiça tardia nada mais é do que injustiça institucionalizada.”

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Arrogante e Soberbo

Arrogância, Soberba..,*Propaganda partidária: Lula vai a TV nesta terça-feira (23) para dizer que errou mas acertou...

Publicado por Marcos Lourenço Vanz Wanz em Terça, 23 de fevereiro de 2016

Operação Mani Pulite - Operação Mãos Limpas

Escrito em 2004, artigo de Moro sobre operação na Itália espelha Lava Jato

Jean Galvão
Charge retrata o juiz Sergio Moro, que em 2004 escreveu artigo que evoca situações da Lava Jato
Charge retrata o juiz Sergio Moro, que em 2004 escreveu artigo que evoca situações da Lava Jato
Há 11 anos, o juiz Sergio Moro, então um desconhecido, escreveu o artigo "Considerações sobre a Operação Mani Pulite" [Operação Mãos Limpas], a megainvestigação nos anos 1990 que desvendou um esquema de corrupção na Itália.
Hoje, ele usa os princípios defendidos em 2004 como uma espécie de manual para a Lava Jato.
Veja a comparação entre o que Moro escreveu e o que ocorre na Lava Jato.
*

Corrupção em petrolíferas

Em 2004
"A Operação Mani Pulite também revelou que a ENI [Ente Nazionale Idrocarburi, a empresa petrolífera estatal italiana] funcionaria como uma fonte de financiamento ilegal para os partidos"
Hoje
A Lava Jato começou investigando uma rede de doleiros em vários Estados e descobriu um vasto esquema de corrupção na Petrobras, envolvendo políticos e as maiores empreiteiras do país
*

Juízes contra a corrupção

Em 2004
Uma nova geração dos assim chamados 'giudici ragazzini' (juízes jovenzinhos), sem qualquer senso de deferência em relação ao poder político (e, ao invés, consciente do nível de aliança entre os políticos e o crime organizado), iniciou uma série de investigações sobre a má-conduta administrativa e política"
Rafael Andrade - 20.ago.2007/Folhapress
O juiz federal Jorge Costa, que cuidou do inquérito do mensalão na fase inicial
O juiz federal Jorge Costa, que cuidou do inquérito do mensalão na fase inicial
Hoje
Com a criação das varas especializadas em lavagem de dinheiro e crimes financeiros, um grupo de jovens juízes federais dedicou-se ao processamento e julgamento desses crimes, entre os quais Sergio Moro, Fausto De Sanctis, Jorge Costa (mensalão do PT), Abel Gomes, Gerson Godinho Costa, Cassio Granzinolim e Danilo Fontenelle
*

Colaboração de réus presos

Em 2004
"A estratégia de investigação adotada desde o início do inquérito submetia os suspeitos à pressão de tomar decisão quanto a confessar, espalhando a suspeita de que outros já teriam confessado e levantando a perspectiva de permanência na prisão pelo menos pelo período da custódia preventiva no caso da manutenção do silêncio ou, vice-versa, de soltura imediata no caso de uma confissão"
Hoje
Os acordos de colaboração foram adotados pela primeira vez no Brasil em 2003, por iniciativa do Ministério Público Federal. Posteriormente, o Ministério da Justiça e o Congresso aderiram ao modelo de "réu colaborador", disciplinado pela nova Lei do Crime Organizado, de 2013. Na Lava Jato já são mais de 30 delatores. Muitos aderiram após prisão preventiva ou temporária
*

Delação premiada e confissões na prisão

Em 2004
"Há quem possa ver com maus olhos tal estratégia de ação e a própria delação premiada [...] Não se prende com o objetivo de alcançar confissões. Prende-se quando estão presentes os pressupostos de decretação de uma prisão antes do julgamento. Caso isso ocorra, não há qualquer óbice moral em tentar-se obter do investigado ou do acusado uma confissão ou delação premiada, evidentemente sem a utilização de qualquer método interrogatório repudiado pelo Direito"
Hoje
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o "Kakay", afirmou que os investigadores da Lava Jato forçam a prisão de executivos e políticos por tempo indeterminado para garantir a delação premiada, o que caracteriza antecipação da pena. Outros defensores de réus têm críticas parecidas
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Morosidade da Justiça

Em 2004
"A prisão pré-julgamento é uma forma de se destacar a seriedade do crime e evidenciar a eficácia da ação judicial, especialmente em sistemas judiciais morosos"
Hoje
Dez anos depois da criação das varas especializadas em lavagem, muitos processos com condenações em primeira instância ainda ficavam parados nos tribunais; na Lava Jato, até agora mais de 100 suspeitos foram presos antes de julgamento
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Prêmios a colaboradores

Em 2004
"Não há motivo para o investigado confessar e tentar obter algum prêmio em decorrência disso se há poucas perspectivas de que será submetido no presente ou no futuro próximo, caso não confesse, a uma ação judicial eficaz"
Alan Marques - 15.set.2015/Folhapress
O dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, durante depoimento à CPI da Petrobras
O dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, durante depoimento à CPI da Petrobras
Hoje
Colaboradores/delatores da Lava Jato são beneficiados rapidamente. Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, deixou a prisão, está no regime semiaberto. Pedro Barusco, ex-diretor da Sete Brasil e ex-gerente da Petrobras, nunca chegou a ser preso. Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, usa tornozeleira e está em prisão domiciliar
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Uso da imprensa

Em 2004
"Os responsáveis pela Operação Mani Pulite ainda fizeram largo uso da imprensa. Com efeito: para o desgosto dos líderes do PSI (Partido Socialista Italiano), que, por certo, nunca pararam de manipular a imprensa, a investigação da 'mani pulite' vazava como uma peneira"
Hoje
Na Operação Lava Jato, como em qualquer caso dessa natureza e com essa repercussão, isso não é diferente. Vários réus e advogados já reclamaram do que chamam de vazamentos seletivos
*

Opinião pública

Em 2004
"Apesar de não existir nenhuma sugestão de que algum dos procuradores mais envolvidos com a investigação teria deliberadamente alimentado a imprensa com informações, os vazamentos serviram a um propósito útil. O constante fluxo de revelações manteve o interesse do público elevado e os líderes partidários na defensiva"
Joel Rodrigues - 21.mai.2014/Folhapress
O ministro Teori Zavascki, relator dos casos relacionados à Lava Jato no STF
O ministro Teori Zavascki, relator dos casos relacionados à Lava Jato no STF
Hoje
A força-tarefa da Lava Jato dá notável importância à forma como as informações sobre o caso são veiculadas. Os resultados são perceptíveis. Neste ano, conforme o Datafolha, o tema corrupção passou a ser visto pelos brasileiros, pela primeira vez, como o principal problema do país. Mas também há riscos nessa relação. O relator da Lava Jato no STF, o ministro Teori Zavascki, já afirmou que há "um perigoso canal de vazamento" de informações sigilosas para beneficiar pessoas poderosas
*

Obstruções aos juízes

Em 2004
"A publicidade conferida às investigações teve o efeito salutar de alertar os investigados em potencial sobre o aumento da massa de informações nas mãos dos magistrados, favorecendo novas confissões e colaborações. Mais importante: garantiu o apoio da opinião pública às ações judiciais, impedindo que as figuras públicas investigadas obstruíssem o trabalho dos magistrados, o que, como visto, foi de fato tentado"
Bruno Poletti/Folhapress
O ex presidente do STF Joaquim Barbosa
O ex presidente do STF Joaquim Barbosa
Hoje
Sergio Moro foi alvo de tentativas de afastá-lo da Lava Jato, sob a alegação de "parcialidade" e "pré-julgamento". Os mesmos argumentos foram usados, sem sucesso, contra o ministro Joaquim Barbosa na ação penal do mensalão do PT
"Considerações sobre a Operação Mani Pulite" [Operação Mãos Limpas], Revista CEJ - Justiça Federal, publicada pelo Centro de Estudos Judiciários, do Conselho da Justiça Federal - Brasília, n. 26, p. 56-62, jul./set.2004 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Lava Jato deflagra nova operação e decreta prisão de João Santana

Batizada de Acarajé, 23ª fase da operação mira relação do ex-marqueteiro do PT com a Odebrecht; mandado contra o publicitário não foi cumprido porque ele está no exterior

João Santana, marqueteiro da candidata à Presidência da República pelo PT, Dilma Rousseff, chega para o debate promovido pelo SBT, nesta quinta-feira (16), em São Paulo
João Santana, ex-marqueteiro da campanha da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula(Felipe Cotrim/VEJA.com)
A Polícia Federal deu início nesta segunda-feira a mais uma fase da Operação Lava Jato - a 23ª - e mira a relação do marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, como esquema de corrupção instalado na Petrobras. A PF expediu um mandado de prisão contra o publicitário, mas ele não foi detido porque está no exterior, onde trabalha na campanha à reeleição do presidente da República Dominicana, Danilo Medina. Também são alvos da 23ª fase da Lava Jato a empreiteira Odebrecht e o lobista e engenheiro representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels, de Singapura, Zwi Skornicki, que também já havia sido alvo das investigações do petrolão por suspeitas de atuar como operador de propinas.
A 23ª fase da Lava Jato, batizada de Acarajé, cumpre 51 mandados judiciais na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo e atinge em cheio as campanhas presidenciais de Lula e Dilma. Santana trabalhou como marqueteiro nas corridas presidenciais petistas e sua prisão, quando consolidada, deve ampliar ainda mais as discussões sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ao todo, foram expedidos 38 mandados de busca e apreensão, dois de prisão preventiva e cinco de condução coercitiva. A Polícia Federal identificou pelo menos 7 milhões de dólares enviados ao exterior e com relação direta com João Santana. Segundo nota da PF, o termo Acarajé se refere ao nome que alguns investigados usavam para designar dinheiro em espécie.
LEIA MAIS:
Conforme revelou VEJA, durante a nona fase da Lava Jato, investigadores detectaram indícios de que subsidiárias da empreiteira Odebrecht repassaram dinheiro a contas no exterior controladas por João Santana, marqueteiro responsável pelas campanhas que levaram Lula e Dilma a vitórias nas últimas três eleições presidenciais. Os indícios são de que o publicitário recebeu secretamente dinheiro por meio de contas que o Grupo Odebrecht mantinha no exterior para quitar despesas de campanhas do PT.
VEJA também mostrou que, ao analisarem o material apreendido ainda na nona fase da Lava Jato, os investigadores encontraram uma carta enviada em 2013 pela esposa de João Santana, Mônica Moura, ao engenheiro Zwi Skornicki com as coordenadas de duas contas no exterior. Sócia do marido, Mônica indicava uma conta nos Estados Unidos e a outra na Inglaterra.
O envolvimento direto de um marqueteiro em suspeitas de corrupção não é novidade nos mais de 13 anos de governo petista. No auge do escândalo do mensalão, o publicitário Duda Mendonça, que dominava as campanhas petistas na época, admitiu à CPI dos Correios que recebera no exterior o pagamento pelos serviços prestados durante a eleição de Lula.
Propinas - Em acordo de delação premiada, o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco havia apontado Skornicki como responsável por fornecer quase 40 milhões de dólares para abastecer contas de diretores da Petrobras e o caixa do PT entre 2003 e 2013. Segundo o depoimento de Barusco, ao deixar a diretoria de Serviços da Petrobras, em 2013, Renato Duque fez um "acerto" com Skornicki para o recebimento de propinas atrasadas. O montante pago a Duque alcançou 12 milhões de dólares apenas naquele ano, que teriam sido transferidos de uma conta do operador no banco suíço Delta. Skornicki também teria dado 2 milhões de dólares a Barusco.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

“Lula não usa celular”, um artigo de Carlos Alberto Sardenberg

Publicado no Globo

Até dá para entender. Com tanto grampo e com tanta quebra de sigilo, é realmente prudente que uma pessoa muito visada evite ter um celular normal, com nome e número conhecidos por todo mundo. Sem contar o risco de ter vazada uma conversa particular, tem o problema do assédio. Mas, especulemos: se um dos donos do Sítio Santa Bárbara, de Atibaia, quiser saber se está tudo bem quando Lula estiver lá num fim de semana, como faz?
Ou ainda, se um dos advogados precisar checar uma informação urgente relativa às diversas investigações em andamento? Poderiam ligar, já que a Oi instalou uma antena de celular bem ali na entrada do sítio.
Mas não vai dar. O Instituto Lula informa que o ex-presidente não usa celular. E como essa informação foi dada quando jornais perguntaram se o ex-presidente tinha algo a dizer sobre a tal antena da Oi, deve-se entender que a negativa tem sentido amplo. Algo assim: ninguém ligado ao ex-presidente usa celular, nem ele, nem sua família, nem seus assessores, nem ninguém que esteja trabalhando para ele. Isso quer dizer que não usam também essas coisas de internet vinculadas ao celular, como WhatsApp e mesmo e-mails.
Quer se comunicar? Tem que ir pessoalmente. Vai daí, imaginem a situação da Oi ou de alguém por lá. Pois alguém da empresa deu ordens para que a operadora instalasse uma antena ao lado do sítio. Reparem: só a Oi colocou antena ali. Gastou dinheiro com isso: aluguel do terreno, compra de equipamentos, colocação da torre, salários de funcionários e vigias.
— E tudo isso pra quê, idiota(s)? Não sabia(m) que Lula não usa celular?
Poderia ter ocorrido em algum escritório da Oi, não poderia? O(s) cara(s) tentaria(m) se defender:
— Como a gente ia adivinhar?
— Você(s) não era(m) amigos dele? — insistiriam.
Tudo considerado, se a Oi quis fazer um favorzinho ao ex-presidente, gastou dinheiro por nada, tal é a história. Parece absurda?
Pois tem mais. Uma dúvida aqui: o Instituto Lula quis dizer que o ex-presidente, no sentido amplo, não usa celular só quando vai a Atibaia ou em nenhum lugar, nem no apartamento em São Bernardo, nem no escritório do instituto? Que não usa celular da Oi ou de nenhuma operadora?
Seria realmente uma situação inédita: um ex-presidente, da importância de Lula, incomunicável, de Atibaia ao mundo.
Parece ridículo, não é mesmo?
E é mesmo?
Então, por que estamos falando disso? Porque revela um padrão de comportamento político que é uma combinação de falta de respeito e incompetência.
Reparem: o sítio está lá; foi reformado para a família Lula; as melhorias incluem a antena da Oi; a operadora tem sociedade com um dos filhos de Lula; tem no seu controle acionário a OAS, cujos funcionários andaram lá pelo sítio; a OAS está na Lava Jato; a antena praticamente só dá sinal para o sítio; o ex-presidente foi lá mais de cem vezes, com familiares e seguranças.
E daí?
Vem o Instituto Lula e diz que o ex-presidente não usa celular.
Como podem ter pensado e, pior, divulgado uma coisa tão falsa e tão ridícula?
Capaz de ser coisa de advogado à antiga, daquele tempo que se derrubava qualquer coisa nos tribunais com qualquer filigrana, por mais ridícula que fosse. Tipo assim: Lula não usa celular, não tem aparelhos registrados em seu nome, logo não pode ser considerado beneficiário do favor da antena.
Os seguranças usam celular? Os familiares?
Não interessa, não é do ex-presidente.
Só falta dizer que Lula nem sabia que o pessoal usava celular.
Encontra-se esse tipo de coisa em todas as investigações da Lava Jato ou ligadas a ela. Manobras para atrasar os processos, tentativas de desclassificar as acusações (lembram-se do mensalão? “Caixa dois não é crime”) e tentativas de excluir o acusado “que não sabia de nada, nem assinou nada”.
Em boa hora, em momento crucial, Joaquim Barbosa trouxe a teoria do domínio do fato. Aplica-se aqui de novo: Lula podia não usar o celular, mas sabia quem usava e para quê.

Oliver: A lição do socialismo

VLADY OLIVER

Os Estados Unidos estão ignorando solenemente o pobre Brasil na próxima – e última – viagem que o presidente Barack Obama fará ao cone sul do continente americano. O presidente norte-americano visitará a Argentina de Macri… e Cuba!!!
Isto demonstra visivelmente que o “comunismo que presta” – nenhum comunismo presta, mas alguns foram mais densos e influentes, como na China, Rússia e Cuba – quer salvar as últimas aparências mandando às favas a ideologia se alinhando logo com o Tio Sam antes que morram, que ninguém é besta de querer perder o bonde da evolução humana para ficar cacarejando essa cartilha manca. A reaproximação das múmias cubanas com a civilização é mostra mais que evidente que a coisa toda não passava de um projeto de eternização no poder vagabundo e truculento, que cobra seu preço agora num país literalmente ilhado e falido.
Meu irmão mais velho – e mais perto da sepultura que eu pela lógica inexorável da vida – tem algumas observações interessantes a fazer sobre esse momento crítico da existência marreta. Para ele, numa certa idade, você só quer saber do design do caixão que irá acomodá-lo. Cientes disso, as duas múmias cubanas sabem que, se apontarem a nau comunista de volta para a pujante economia americana – nem tão pujante assim, mas serve –, poderão ainda desfrutar de alguma sobrevida histórica dos seus embustes, ao levar a massa falida de seu país pela abertura do Mar Vermelho, agora proporcionada pelos norte-americanos.
Já no Brasil, alguns presidentes parecem ter feito o caminho inverso. Numa economia pujante e incipiente, conseguiram matar qualquer chance que resta de empreender no país, com esse cacarejo indecente e essa justiça achada no lixo. Engalfinham-se agora pela divisão do butim, enquanto hordas de demitidos pelo “milagre econômico do PT” se preparam para rapinar supermercados, num claro indício de que estamos alinhados na burrice tão somente com a Venezuela. É espantoso que esquerdistas arraigados, como os que vicejam em redações e bares da orla carioca, não consigam alcançar o golpe de vista de dois velhos caquéticos como as múmias cubanas, abrindo as perninhas bambas para os Estados Unidos enquanto ainda há tempo.
O comunismo faliu. Salve-se quem puder. Roubem o que houver nas gavetas da repartição, que a turba faminta e feita de otária se aproxima. Acho que o país que presta não precisava passar por essa penúria de mais de uma ano de uma presidente pedaleira, superfaturada, fraudada e ancorada na ideologia, embora “proba”, “honesta” e que não rouba um clipe da mesa de trabalho, segundo seus coleguinhas de ideologia porca e cacarejos indecentes. Em contrapartida, o país que não presta simplesmente não presta. E ainda sofreu pouco, se considerarmos que somos já 10 milhões de desempregados para sustentar 100 mil cargos de confiança petralhas aboletados nesse governo. Inclusão social é isto. Inclua só o meu na parada. Parei.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

PIB do Brasil terá 2º pior desempenho do mundo em 2016

Nascer do Sol

"Se tomardes a vida com excessiva severidade, que atração tem? Se a manhã não vos convidar a novas alegrias e se à noite...

Publicado por Marcos Lourenço Vanz Wanz em Quarta, 17 de fevereiro de 2016

Oscar Wilde

"Para ser popular é indispensável ser medíocre."“Por detrás da Alegria e do Riso, pode haver uma natureza vulgar, dura...

Publicado por Marcos Lourenço Vanz Wanz em Quinta, 22 de janeiro de 2015

Millôr Fernandes

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Economia do Brasil despenca 4,08% em 2015, pior resultado em 25 anos, mostra BC

Forte recessão do último ano foi agravada por confiança muito fraca tanto de empresários quanto de consumidores e por juros e inflação elevados

fábrica da Vulcabrás, no Ceará
A produção industrial brasileira teve seu pior desempenho histórico em 2015, com recuo de 8,3%, enquanto o volume do setor de serviços registrou o primeiro resultado anual negativo após três anos de altas(Drawlio Joca/Exame/VEJA)
A atividade econômica do Brasil registrou no ano passado a maior recessão em 25 anos após aprofundar a contração no quarto trimestre em meio a incertezas políticas e fiscais que se arrastam para 2016, apontaram nesta quinta-feira dados do Banco Central.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado na manhã desta quinta, recuou 4,08% no ano passado, após a queda de 0,09% em 2014. Se confirmado pelo IBGE, será o pior resultado para o PIB brasileiro desde 1990, quando houve retração de 4,35%.
Só no quarto trimestre do último ano, o indicador teve queda de 1,87% sobre os três meses anteriores, segundo dados dessazonalizados, contra recuo de 1,64% no terceiro trimestre. Em dezembro, o tombo foi de 0,52% sobre novembro, marcando o 10º mês seguido de atividade no vermelho mas melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,63%.
O IBGE divulgará os dados sobre o PIB do quarto trimestre de 2015 e do ano passado como um todo no dia 3 de março. A expectativa dos economistas e especialistas consultados pela pesquisa Focus, do Banco Central, é de contração em 2015 de 3,8%.
A forte recessão do ano passado foi agravada por confiança muito fraca tanto de empresários quanto de consumidores e por juros e inflação elevados.
A produção industrial brasileira teve seu pior desempenho histórico em 2015, com recuo de 8,3%, enquanto o volume do setor de serviços registrou o primeiro resultado anual negativo após três anos de altas.
Já o setor varejista foi se deteriorando mês a mês diante da inflação em dois dígitos, restrição de crédito e desemprego elevado.
Analistas não veem recuperação em breve, e a perspectiva no Focus para este ano é de contração de 3,33%, com as projeções para 2017 piorando a cada semana, sendo agora de uma expansão de apenas 0,59%.
O IBC-Br incorpora projeções para a produção no setor de serviços, indústria e agropecuária, bem como o impacto dos impostos sobre os produtos.
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(Com agência Reuters)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Fuga de depoimento carboniza imagem de Lula

"Cagão..,!"
"Quem tem.., tem medo!"
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Fuga de depoimento carboniza imagem de Lula

A pretexto de socorrer Lula, o deputado federal petista Paulo Teixeira (SP) obteve a suspensão do depoimento que o ex-presidente e sua mulher Marisa Letícia prestariam nesta quarta-feira ao Ministério Público de São Paulo sobre o célebre tríplex do Guarujá. Juridicamente, foi um feito. Politicamente, um desastre.

Lula sempre foi visto pelos devotos que o seguem como um mito. Ao fugir dos questionamentos do promotor Cassio Conserino, a quem acusa de perseguição, portou-se como alguém que descobriu que também está sujeito à condição humana. Potencializou, de resto, a impressão de que não dispõe de uma defesa consistente.

Na fase em que ainda tocava trombone sob o telhado de vidro, Lula se comportava como um homem que lambe o dedo depois de enfiá-lo num favo de mel. Visitou o tríplex ciceroneado por Léo Pinheiro, o dono da OAS. E foge das abelhas desde que o imóvel foi pendurado nas manchetes com elevador privativo, cozinha de luxo e aparência de escândalo.

Lula costumava cavalgar sua autoconfiança com desenvoltura desconcertante. Abalroado por investigações em série, seu desembaraço deu lugar a um silêncio que diz muito sobre sua dificuldade de colocar em pé defesas consistentes. O velho chavão —“eu não sabia”— perdeu a serventia. E o silêncio não é o melhor substituto. Quanto mais Lula demora a se explicar, mais carbonizada fica sua imagem.
*Josias de Souza

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Confrontadas com Ruth Cardoso, as duas criaturas de Lula são a seleção do Brasil no dia daquele jogo contra a Alemanha

Confrontadas com Ruth Cardoso, as duas criaturas de Lula são a seleção do Brasil no dia daquele jogo contra a Alemanha

O trecho do Roda Viva protagonizado em 1999 por Ruth Cardoso figura entre as incontáveis evidências de que milagres civilizatórios podem ocorrer em qualquer grotão do planeta. A admirável paulista de Araraquara, que se casou muito jovem com o carioca Fernando Henrique Cardoso, seria a única primeira-dama a desembarcar em Brasília com profissão definida, luz própria e opiniões a emitir ─ sempre com autonomia intelectual e, se necessário, elegante contundência.
Durante oito anos, o brilho da mulher que sabia o que dizia somou-se à luminosidade da antropóloga respeitada por colegas do mundo inteiro para clarear o coração do poder. A maioria dos jornalistas baseados em Brasília precisou de algum tempo para descobrir com quem estava lidando. No fim de 1994, por exemplo, os entrevistadores enxergaram uma blague na justificativa apresentada pelo presidente eleito para a viagem à Rússia: “Vou como acompanhante da Ruth”. Ela participaria como palestrante de um congresso de antropologia promovido em Moscou.
Nenhum repórter se animou a acompanhar a palestra. Perderam todos a chance de descobrir que Ruth era muito mais que a mulher do n° 1. Seria a melhor e mais brilhante das primeiras-damas se não tivesse abdicado do título já no dia da posse do marido. “Isso é uma caricatura do original americano, esse cargo não existe”, resumiu. Sem pompas nem fitas, longe de fanfarras e rojões, dedicou-se à montagem do impressionante conjunto de ações enfeixadas no programa Comunidade Solidária.
Em dezembro de 2002, os projetos em execução mobilizavam 135 mil alfabetizadores, 17 mil universitários e professores, 2.500 associações comunitárias, 300 universidades e 45 centros de voluntariado. Ruth Cardoso acabou simbolicamente promovida a primeira-dama da República no dia da morte que pareceria prematura ainda que tivesse vivido mais de 100 anos. A cerimônia do adeus comprovou que o Brasil se despedia, comovido, de alguém que o fizera parecer menos primitivo, mais respirável, menos boçal.
Ela merecia ter morrido sem conhecer a fábrica de dossiês cafajestes da Casa Civil chefiada por Dilma Rousseff. Instruída para livrar o governo da enrascada em que se metera com a gastança dos cartões corporarativos, Dilma produziu um papelório abjeto que tentava reduzir Fernando Henrique e Ruth Cardoso a perdulários incuráveis, decididos a desperdiçar o dinheiro da nação em vinhos caros e futilidades gastronômicas. Dilma foi a primeira e única personagem brasileira a agredir uma mulher gentil, que sempre soube conciliar a firmeza e a suavidade ─ e também por isso foi tratada com respeito até por ferozes inimigos do marido.
Dilma propôs mais de uma vez que o país comparasse FHC a seu padrinho. “O Lula ganha de 400 a 0″, previu a vidente de quermesse. Se o prognóstico do neurônio solitário fizesse sentido, o fabricante do poste instalado no Planalto não estaria fugindo há 13 anos de um debate público com o antecessor. O campeão mundial de bravata e bazófia sabe que seria nocauteado já nos primeiros minutos desse confronto entre a seriedade e o deboche, entre a análise e o falatório bocó, entre o conhecimento e a ignorância, entre o moderno e o antigo, entre o real e o imaginário.
Como Lula foge de duelos com FHC como o diabo da cruz, que tal comparar Ruth Cardoso a Dilma Rousseff, que não diz coisa com coisa? Ou a Marisa Letícia, que nada tem a dizer ─ e, como prova o vídeo abaixo, é incapaz de decorar o nome completo de um navio? Confrontadas com uma brasileira que melhorou o país, as duas criaturas de Lula lembram a seleção brasileira de futebol naquele 7 a 1 contra a Alemanha.
A mulher de Fernando Henrique vive na memória nacional como um exemplo comovente de dignidade, inteligência e sabedoria. Dilma e Marisa Letícia talvez sejam lembradas por historiadores detalhistas como dois ícones da Era da Mediocridade. A dupla cabe num único asterisco.