terça-feira, 29 de dezembro de 2009

DEPOIMENTOS DE FINAL DE ANO

*Vejam o que Danilo Gentili, do CQC, escreveu a respeito da piada de Robin
Williams sobre o RJ e sua escolha como cidade-sede das Olimpíadas de 2016,
no programa do David Letterman.*
* *
*"HÁ, HE, HI, ROBIN WILLIAMS **
*
*Uns anos atrás os Simpsons vieram pro Brasil. Homer foi sequestrado. Bart
ficou excitado com a loira de shorts enfiado na bunda que apresentava um
programa infantil na TV. O menino pobre que a Lisa ajudou não tinha o que
comer mas estava muito feliz desfilando no Carnaval. *
*Esses dias Robin Willians falou o seguinte: "Claro que o Rio ganhou de
Chicago a sede das Olimpíadas. Chicago levou Michele e Oprah e o Rio levou
50 strippers e 500g de cocaína". **
Eu ri!

Advogados, autoridades e populares se revoltaram nos dois casos. Eles não se
revoltam, não se mobilizam, não processam, não abrem inquéritos, não fazem
passeatas quanto ao sequestro, pouco importa a loira vagabunda apresentadora
de programa infantil, a idiotice do carnaval, o tráfico de drogas e a
prostituição que acontecem na vida real bem debaixo dos nossos narizes.


Eles se revoltam só quando usam isso pra fazer piada.
A piada realmente boa sempre ofende alguns e mata de rir outros por um
motivo simples: A boa piada sempre fala de uma verdade.


Num País onde aprendemos a mentir, enganar, roubar, tirar vantagem desde
cedo a verdade não diverte. Assusta. O cara engraçado pro brasileiro é
sempre aquele que fala bordões manjados, dá cambolhatas no chão em altas
trapalhadas, conta piadas velhas, imita o Silvio Santos e outras
personalidades ou faz um trocadilho bobo mostrando ser um ignorante acerca
dos assuntos. Esses bobos passivos nos deliciam porque nào incomodam
ninguém! Um cara que faz um gracejo com uma verdade inconveniente pro
brasileiro é como o alho pro vampiro. Merece ser execrado.
*
*O brasileiro é uma gorda de 300 quilos que odeia ouvir que é gorda. Ela faz
um regime pra parar de ouvir isso? Não! Regime e exercicio dão muito
trabalho. É mais fácil ir ao shopping, comprar roupa de gente magra, vestir
e depois acomodar a bunda na cadeira do McDonalds. O problema é que nem todo
mundo é obrigado a engolir que aquela fabrica de manteiga é Barbie, só
porque está com a roupa da Gisele Bundchen. Então é inevitável que mais hora
menos hora alguém da multidão grite: "Volta pro circo!" ou "Minha nossa! É o
StayPuff com o maiô da Dayane dos Santos?". Então a gorda chora. Se revolta.
Faz manha. Ameaça. Processa. Porque, embora ela tenha tentado se vestir como
uma magra, no fundo a piada a fez lembrar que ela é mais gorda que a conta
bancária do Bill Gates. A auto-estima dela tem a profundidade de um pires
cheio de água.**
*
*Ao invés de dizer que "Robin Williams tem dor de corno", prefeito do Rio,
vá cuidar primeiro da sua dor de mulher de malandro. Sabe? Mulher de
malandro, sim, aquela que apanha, apanha, apanha mas engole os dentes e o
choro porque acha que engana a vizinha dizendo: “Eu tenho o melhor marido do
mundo”. **

Advogados. Vocês já são alvos de piadas por outros motivos. Já que se
incomodam com piadas evitem ser alvos de mais algumas delas não processando
Robin Williams. Em vez de processo, envie pra ele uma carta de gratidão.
Pense que ele estava num dos melhores programas de TV do mundo e só falou de
puta e cocaína. Ele poderia ter falado por exemplo, que o turista que vier
pra Olimpíadas se não for roubado pelo taxista, o será no calçadão.


Poderia também ter dito que o governo e a polícia brasileira lucram com
aquela cocaína do morro carioca que ele usou na piada. E se ele resolvesse
falar algo como: “As crianças do Brasil não assistirão as Olimpíadas porque
estarão ocupadas demais se prostituindo” ?


Ah... E se ele resolvesse lançar mais uma piada do tipo: “Brasileiro é tão
estúpido que se preocupa com o que um comediante diz, mas não se preocupa
com o que o político em quem ele vota faz...”.
*
*Enfim... são muitas piadas que poderiam ter sido feitas. Quem é imbecil e
se incomoda com piada, não seja injusto e agradeça ao Robin Williams porque
ele só fez aquela. E depois brasileiro insiste em fazer piada dizendo que o
Português é que é burro." **



Não esmoreça e nem desista. Trabalhe duro! Afinal, milhões de pessoas que vivem do Bolsa-Família, sem trabalhar, dependem de você!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Gafe ministerial!

"O meio ambiente é sem dúvida nenhuma uma ameaça ao desenvolvimento sustentável. Isso significa que é uma ameaça para o futuro de nosso planeta e dos nossos países" Dilma Roussef.

Pra vocês verem que não é só o presidente Lula quem fala merda! Na verdade deve ser essa a condição básica pra fazer parte deste governo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Tivemos na República Velha uma sucessão de governos ineptos, depois duas revoluções ditatoriais (uma civil e outra militar) consideradas "modernizadoras", o suicídio de Vargas e a ascensão democrática de Juscelino, o presidente que fez da construção de Brasília ("a mãe de todos os escândalos") instrumento programático da corrupção oficial.

Vendo no jornal da TV Globo ("uma emissora a serviço do governo") Lula dizer que as imagens do governador Zé Arruda arrastando a grana do propinoduto brasiliense "não falam por si", nem provam coisa alguma, me veio à cabeça uma pergunta tardia, mas obrigatória: quando foi que o Brasil começou a se ferrar?

Logo me lembrei que o historiador inglês Paul Johnson, em seu livro "Tempos Modernos" (Instituto Liberal/Rio/1990), afirma que o fatídico século XX, dominado pela desgraça totalitária, começou no Brasil, quando um eclipse solar foi fotografado na cidade de Sobral, no Ceará, revelando o imprevisto desvio de movimento do planeta Mercúrio em exatos 43 segundos no transcorrer de todo século XIX.

O singular fenômeno do desvio do corpo celeste, detectado por possantes telescópios, abalava fundo a cosmologia de Newton (baseada nas linhas retas da geometria euclidiana e nas noções do tempo absoluto de Galileu), que tinha servido como pano de fundo para o Iluminismo europeu, a Revolução Industrial e a vasta expansão do conhecimento humano. Segundo Johnson, o desvio de meros 43 segundos flagrado a partir da foto do eclipse solar em Sobral, deu margem a criação de uma nova - e fragmentada - teoria do universo: a Teoria da Relatividade Restrita (e depois "Geral"), criada e consagrada por Albert Einstein.

Fiquei matutando durante tempo considerável se o tal desvio não estaria na raiz do nosso sinistro presente, mas logo me dei conta de que as observações teóricas do físico alemão em torno da relatividade do tempo e do espaço, tidas como superadas, me levariam à funesta equação de que "toda massa pode ser transformada em energia", vale dizer, na Bomba Atômica - e então, adotando a postura de Mercúrio, desviei de rota.

Em seguida, pensei: talvez a resposta sobre como e quando o Brasil começou a entrar pelo cano demande esforço em outra direção. Então, em vez de queimar a mufa com a ciência relativista, por que não procurar resposta no Google, ou consultar o Nivaldo Cordeiro, que tem resposta para tudo, ou, quem sabe, examinar os velhos alfarrábios? Como a madrugada avançava célere, eliminei as duas hipóteses iniciais e parti para a terceira. Fui à biblioteca, e da estante de obras raras retirei o grosso volume de "Notícia do Brasil", escrito em 1587 por Gabriel Soares de Sousa, um colono que durante 17 anos percorreu todo o país para revelar em prosa honesta o que éramos nos nossos primórdios.

No vasto levantamento que fez do Brasil, Gabriel Soares nos leva a acreditar que, de fato, seriamos o "país do futuro". Sua visão do que tínhamos e éramos pode ser considerada mais do que positiva. Por exemplo: escrevendo ao primeiro editor do livro, o nobre Cristóvão de Moura, residente em Madrid, o autor não contém o entusiasmo com as "grandezas e estranhezas" que tomam conta do lugar, ressaltando que, nele, a "terra é quase toda muito fértil, mui sadia, fresca e levada de bons ares, e regada de frescas e frias águas".

No que se refere às nossas riquezas naturais, ele diz que "A província é abastada de mantimentos de muita substância e menos trabalhosos que os de Espanha". E especifica: "Dão-se nelas muitas carnes, assim naturais, como das de Portugal, e maravilhosos pescados; onde se dão também melhores algodões que em outra parte sabida, e muitos açucares tão bom como na ilha da Madeira".

E prossegue Gabriel Soares no seu encantamento: "Tem muito pau de que se fazem as tintas. Em algumas partes dela se dá trigo, cevada, e vinho muito bom, e em todas todos os frutos e sementes de Espanha. E há que se descobrir os metais que nesta terra há; porque lhe não faltam ferro, aço, cobre, ouro. esmeraldas, cristal e muito salitre, e em cuja costa sai do mar todos os anos muito e bom âmbar; e de todas estas e outras podiam vir todos os anos a estes reinos em tanta abastança";

No capítulo em se reporta ao gentio, o autor de "Notícia do Brasil" não se mostra menos efusivo, embora com crua ressalva: "São grandes lavradores dos seus mantimentos, de que estão sempre mui providos, e são caçadores bons e tais flecheiros que não erram nunca flechadas que atirem. São grandes pescadores de linha, assim no mar como nos rios de água doce. Cantam, bailam, comem e bebem pela ordem dos tupinambás, onde se declara miudamente sua vida e costumes, que é quase o geral de todo o gentio da costa do Brasil". No entanto, ressalva: "Eles não costumam perdoarem a nenhum dos contrários que cativam, porque os matam e comem logo".

Ele próprio colono, proprietário de engenho na Bahia, Gabriel Soares via os pares, vindos de Portugal ou Espanha, como "gente de constância e valor, de muita fé em Deus e no trabalho", todos "prudentes e de boa paz", mas "experimentados" quando enfrentam "os franceses, invasores e ladrões".

A crer no que diz o primeiro cronista do Brasil, a coisa aqui era bastante promissora. Havia riqueza, o gentio era destro e o colono, de valor, acreditava nos preceitos divinos. Bem, cabe então indagar: se os nossos primórdios eram tão auspiciosos, e os habitantes dotados de tantas e notáveis distinções, por qual razão o País mergulhou no mar de degradação ética, política e social que a todos afoga neste início de milênio?

No histórico, deixando a Colonização e o Império de lado, a proclamação da República foi um episódio esquisito: o marechal Deodoro, amigo de confiança do Imperador, de súbito viu-se envolvido por mexericos contra D. Pedro II e terminou por proclamá-la (a despeito da vontade popular). A "consolidação", por sua vez, foi problemática: tivemos na República Velha uma sucessão de governos ineptos, depois duas revoluções ditatoriais (uma civil e outra militar) consideradas "modernizadoras", o suicídio de Vargas e a ascensão democrática de Juscelino, o presidente que fez da construção de Brasília ("a mãe de todos os escândalos") instrumento programático da corrupção oficial.

No parecer de bons observadores o país começou a degringolar com a permissiva figura de Juscelino Kubstchek, enquanto presidente, entre 1956/1960. De fato, para impor o seu populismo estróina, o antigo presidente arrombou os cofres da nação, imprimiu dinheiro sem fundo, pediu empréstimos aos borbotões, deu calotes, abriu espaço para os comunistas da Sudene e sumidouros idênticos, enriqueceu banqueiros (com a instalação do processo inflacionário premeditado), empreiteiros (com o superfaturamento de obras) e políticos (com a instituição de nomeações, vantagens e propinas como armas de cooptação política). De fato, depois da era JK, em que se ampliou vertiginosamente o processo de decomposição da ética na política, a idéia de um Estado comprometido com a decência virou fenômeno de fata morgana, ou seja: uma miragem.

Por sua vez, posteriormente aos militares, não se pode negar as extraordinárias contribuições de figuras como o "Honorável" Sarney, Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso no curso da desintegração (e apodrecimento) das instituições legais do país. Sem dúvida que todos eles, cada um a seu modo, em maior ou menor proporção, drenaram fundo o mar de lama que hoje sufoca a vida da nação.

De minha parte, para responder a pergunta que na certa todo brasileiro consciente já se fez, ou se faz, eu respondo, sem mais delongas: o Brasil entrou pelo cano irreversível quando Lula da Silva tomou assento no Palácio do Planalto, em 1º de Janeiro de 2003.

Coisa que trataremos de comprovar, com detalhes, no nosso próximo escrito.

domingo, 13 de dezembro de 2009

BAJULA , O FILHO DO BRASIL !

Enquanto crítico de cinema isento , não costumo assistir os filme que vou criticar para não deixar que a obra interfira na minha análise rigorosa e independente . Por isso , graças à contribuição do meu amigo Barretão, junto com outras empresas que preferiram manter o anonimato, consegui engordar a minha outrora minguada e caída conta bancária. Ainda bem! Eu estava mais duro que o pau-de-arara que trouxe o Lula do Nordeste, e esse trabalho de crítica imparcial chegou em boa hora.

Infelizmente, o presidente não pode comparecer à première da sua autobiografia filmográfica no Teatro Nacional em Brasília porque a segurança vetou. A quantidade de puxa-sacos e bajuladores que queriam se pendurar nos Primeiro e Segundo Testículos da Nação era enorme, e essa parte da anatomia presidencial ainda não é blindada .

Poucos filmes me deixaram tão emocionado quanto o filme Lula, o Molusco do Brasil . Eu , um crítico espada, frio e calculista, só tinha chorado assim, aos prantos, quando assisto aos filmes pornô do Alexandre Frota. Apesar de ser um melocudrama épico, o filme é cheio de surpresas. Eu não sabia que o Lula era filho da Gloria Pires e também não tinha idéia de como era a cara da Dona Marisa antes de se transformar na Marta Suplicy.

Pobre e semi-analfabeto, Lula chegou do Nordeste e teve que ficar no ABC. Infelizmente , o futuro presidente do Brasil não se interessou em aprender as outras letras e arrumou um emprego de entorneiro mecânico no time do Corinthians. Numa cena dramática, vemos o exato momento em que Lula, num acidente de botequim, perde o mindinho ao pedir dois dedos de pinga. Líder sindical perseguido pela ditadura, Lula foi preso pelos militares, mas, na época, ele achou uma boa: só assim se livrou de sua namorada, Miriam Cordeiro, que, mais tarde, foi a estrela da campanha política do Collor. Tempos depois, os milicos soltaram o Lula, mas a sua língua continuou presa.

Os invejosos de plantão acusam o filme de ser oportunista e eleitoreiro. Mas, agora que o cheque já compensou, posso afirmar sem erro: o filme Lula, o Filho do Barril não é uma deslavada propaganda política visando às eleições de 2010. Até porque os produtores deixaram de fora as principais realizações do governo Lula : o mensalão , o apagão e a invenção da Dilma Roussef.

PENSAMENTO DO DIA, QUER DIZER, DO GLOBO
” O Cinema é a maior bajulação . “

FIGURAÇA DA SEMANA

Ahmadinejad

Ahmadinejad

Depois da Madonna, quem está chegando esta semana ao Brasil pra pedir dinheiro ao Eike Batista é o presidente do Irã. Mahmoud Ahmadinejad é o terrorista preferido do Lula, depois do César Battisti, é claro . O Brasil, além de ser o destino preferido dos gays, tradicionalmente sempre foi o refúgio de criminosos, bandidos, facínoras e genocidas internacionais. O Brasil, além de ” gay friendly”, também é um país “criminal friendly ” . Um país que abriu suas pernas, quer dizer, seus braços, para acolher o nazista Mengele e o ditador Stroessner não pode negar guarida ao Ahmadinejad. O presidente do Irã, ao lado de Kim Jong Il, Chávez e Kadhafi, é sócio fundador do Eixo do Mal, mas veio ao Brasil com um único objetivo em mente: assistir ao filme do Lula, fazer umas cópias-pirata para vender nas ruas de Teerã. O belicoso iraniano acredita que o filme vai bombar, e olha que disso ele entende. Anti-semita assumido, Ahmadinejad nega o Holocausto, não reconhece o estado de Israel e as colônias de Guarujalém e Teresópolis. Mahmoud Ahmadinejad é um sujeito revoltado. Antes de ser presidente do Irã, Ahmadinejad ganhava a vida imitando a Madonna nos clubes de travesti de Teerã e ficou uma fera quando a popstar se converteu ao judaísmo e fez circuncisão .

Agamenon Mendes Pedreira é o filho da p*!!****!!##!** do Brasil .


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Carta do Zé Agricultor para Luis da Cidade




Luis, quanto tempo!

Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava.

Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo... hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormi já era mais de meia-noite. De madrugada pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra né Luis?

Pois é. Estou pensando em mudar para viver ai na cidade que nem vocês Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos ai da cidade.

To vendo todo mundo falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente.

Veja só. O sítio de pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança.

Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, né Luis?

Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né ...) contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana ai não param de fazer leite. Ô, bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário?

Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encumpridar uma cama, só comprando outra né Luis? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca.

Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom Luis, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levaram ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo.

Depois que o Juca saiu eu e Marina (lembra dela, né? casei) tiramos o leite às 5 e meia, ai eu levo o leite de carroça até a beira da estrada onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora.

Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não ai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade. Ô Luis, ai quando vocês sujam o rio também pagam multa grande né?

Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios ai da cidade. A pocilga já acabou as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado.

Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luis? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora!. Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa.

Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foi os porcos, e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso.

Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender, e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia.. Vou para a cidade, ai tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos.

Eu vou morar ai com vocês, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Ai é bom que vocês e só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abri a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nós, os criminosos aqui da roça.

Até mais Luis.

Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta em papel reciclado pois não existe por aqui, mas aguarde até eu vender o sítio.



*(Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.) *
"Na prática, a teoria é outra."

*Deputado Luciano Pizzato
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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

ARRUDA PODERIA REQUERER FILIAÇÃO AO PT

Os que lêem este blog podem notar que até agora não comentei o escândalo de corrupção patrocinado pelo governador do DEM, José Roberto Arruda. Isto porque em episódios passados de operações realizadas pela Polícia Federal, como no caso de Daniel Dantas, sob o comando do delegado Protógenes Queiroz, passou a ser um ato temerário comentar e opinar sobre investigações.

Desta feita, parece que não resta outra opção ao governador do Distrito Federal que não seja a renúncia imediata ao cargo. Isto é o que acontece nas verdadeiras democracias. Sempre cito o recente escândalo de utilização de verbas parlamentares na Inglaterra em proveito particular, fato que levou o Presidente da Câmara dos Comuns a apresentar a renúncia ao cargo. Fazia pelo menos uns 300 anos que não acontecia fato semelhante no Reino de Sua Majestade.

Entretanto, no Brasil a ética e moral na esfera da política estão assentadas sobre o terreno pantanoso das falcatruas. Tanto é que o recente episódio envolvendo José Sarney, recebeu as bênçãos protetoras de Lula.

O rumoroso caso do mensalão, dos cartões corporativos, do dossiê fajuto e escândalos análogos, ainda que sobejamente provados, foram completamente esquecidos. Na eleição subseqüente a maioria dos brasileiros sufragou o segundo mandato de Lula, enquanto os envolvidos nesses nesfastos trambiques estão participando ativamente das ações políticas do PT, livres e soltos.

Neste caso, José Roberto Arruda e seus sequazes reúnem todos os requisitos para postular filiação ao PT.

domingo, 29 de novembro de 2009

Alguém cometeu um crime. O país quer saber quem é o criminoso

27 de novembro de 2009

A biografia do sociólogo César Benjamin proíbe que se tente enquadrá-lo em qualquer dos figurinos impostos a quem não se submete ao presidente Lula. Não é louro, nem tem olhos azuis. Não é paulista, e portanto jamais será um granfino quatrocentão. E a trajetória desenhada desde a adolescência passou a distâncias cósmicas das paragens onde conspiram, segundo o serviço de desinteligência do PT, reacionários de alta periculosidade a serviço da elite golpista.

César Benjamin filiou-se a um grupo clandestino de extrema-esquerda aos 15 anos, atravessou os dois seguintes metido na luta armada, foi preso aos 17, torturado durante meses e expulso do país aos 22. Voltou do exílio aos 24, ajudou a fundar o PT aos 26 e foi um dos coordenadores das duas primeiras campanhas presidenciais de Lula. Rompeu com o partido em 1995, transferiu-se mais tarde para o PSOL e figurou como candidato a vice-presidente na chapa de Heloísa Helena.

Aos 55 anos, as semelhanças entre o editor da Contraponto e um direitista ortodoxo são tantas quanto as existentes entre a Amazônia e o sertão do Piauí. Mas também há a separá-lo da esquerda governista o fosso que começou a ser escavado em 1994 e aprofundou-se dramaticamente em 2005, quando César revelou, num programa da TV Bandeirantes, que deixara o PT por ter testemunhado a origem (e ter fracassado na tentativa de neutralizá-la) do escândalo do mensalão.

Em 1993, contou, Lula dispensou-se de consultas e conversas para indicar o representante da CUT no Conselho do Fundo de Assistência ao Trabalhador, o FAT. Cabe aos conselheiros decidirem onde, quando e como serão investidos os muitos milhões movimentados mensalmente pela entidade. O chefe resolveu deslocar do semianonimato para o empregão um companheiro goiano que dava aulas de aritmética a crianças do curso primário e lições de greve a marmanjos inexperientes. Chamava-se Delúbio Soares.

Ainda no início da campanha de 1994, César descobriu que Delúbio, com truques e artifícios ilegais, vinha transferindo do FAT para o PT quantias com dígitos suficientes para deixar excitado um banqueiro americano. Confiante na discurseira sobre valores éticos, relatou o que sabia aos mandarins do partido. Terminada a narrativa, espantou-se com a serenidade dos ouvintes. Ficou mais espantado ao ouvir de Lula e José Dirceu que, “em nome do partido”, deveria esquecer o assunto.

Ignorou a recomendação até render-se às evidências de que denunciara um delinquente aos mandantes do crime. Em 1995, despediu-se de Lula com um aperto de mãos e uma advertência: ”Isso aí é o ovo da serpente”. Era mesmo, soube-se dez anos mais tarde. A trama exposta por César nunca foi desmentida ou retocada pelos acusados. Todos submergiram no silêncio que consente, endossa ou autoriza.

Nesta sexta-feira, num longo artigo publicado na Folha, César Benjamin surpreendeu o país com dois parágrafos extraordinariamente mais explosivos que a grave revelação sobre as primeiras anotações no prontuário de Delúbio. O cenário é uma sala na sede do PT em São Paulo:

Na mesa, estávamos eu, o americano ao meu lado, Lula e o publicitário Paulo de Tarso em frente e, nas cabeceiras, Espinoza (segurança de Lula) e outro publicitário brasileiro que trabalhava conosco, cujo nome também esqueci. Lula puxou conversa: “Você esteve preso, não é Cesinha?” “Estive.” “Quanto tempo?” “Alguns anos…”, desconversei (raramente falo nesse assunto). Lula continuou: “Eu não aguentaria. Não vivo sem boceta”.

Para comprovar essa afirmação, passou a narrar com fluência como havia tentado subjugar outro preso nos 30 dias em que ficara detido. Chamava-o “menino do MEP”, em referência a uma organização de esquerda que já deixou de existir. Ficara surpreso com a resistência do “menino”, que frustrara a investida com cotoveladas e socos.

O artigo merece ser lido na íntegra, mas os dois parágrafos resumem a ópera assombrosa. “Coisa de psicopata”, revidou Gilberto Carvalho, secretário da Presidência. Quem o conhece não tem motivos para duvidar da sanidade mental do articulista. Mentira!, berraram incontáveis devotos de Lula. O publicitário Paulo de Tarso, numa carta pouco afirmativa, confirmou o encontro, mas avisa, numa linguagem torturada, que não se recorda de ter visto César entre os presentes.

Em 2004, o correspondente do jornal The New York Times, Larry Rohter, quase foi expulso do Brasil por ter registrado que o presidente gosta de beber. Confrontados com as linhas publicadas pela Folha, 99 em 100 leitores previram que César, pela altíssima voltagem do relato, não se livraria de retaliações muito mais severas que as planejadas contra o repórter americano.

Erraram: até agora, Lula não emitiu qualquer sinal de quem pretende ao menos acionar judicialmente o acusador. Para Gilberto Carvalho, fazer isso seria “sujar-se”. É certo que, com ou sem processo, o autor do artigo está obrigado a provar o que afirmou. Mas ninguém se suja lavando a honra. E não há como varrer para baixo do tapete uma interrogação de tais dimensões. O Brasil ─ e com mais ênfase o Brasil que presta ─ vai exercer o direito de conhecer a verdade.

Sabe-se que houve um crime. Falta saber quem é o criminoso. Se o acusador mentiu, é César. Se não mentiu, é Lula. Seja quem for o culpado, não pode escapar do castigo.

sábado, 14 de novembro de 2009

Quanta inteligência! É de dar medo.

“Se o mundo fosse quadrado ou retangular e a gente soubesse que o nosso território está 14 mil quilômetros de distância dos centros mais poluidores, torce pra ficar só lá. Mas o mundo gira e a gente também passa lá embaixo onde está mais poluído”.

Lula, pronto para incluir no PAC a escavação, com as sondas do pré-sal, de um túnel na vertical que ligue o Brasil ao Japão lá embaixo, e levantando uma hipótese que permitiria a instalação de grades redondas nas celas das cadeias, o que livraria a companheirada do medo de ver o sol nascer quadrado.

“Tem uma coisa que nós humanos temos um problema imenso: não controlamos chuva, vento e raio. Talvez um dia, né?”.

Dilma Rousseff, avisando que está em fase de montagem o PAC do Tempo, que já incluiu a garoa da caatinga, a neve do semiárido, a transposição para a Venezuela da um afluente transposto do São Francisco e a proibição de raios, relâmpagos e trovões na região de Itaipu.

Tempestade na cabeça (2)




“A gente não sabe o tamanho do vento, o tamanho da chuva. Sabe que, quando vem, tudo que a gente bolou, escafedeu-se”.

Lula, que não sabe o tamanho da tempestade que continua a castigar-lhe a cabeça e, por isso mesmo, não sabe que é hora de escafeder-se por alguns dias.



Tempestade na cabeça




“Eu já disse várias vezes: Freud dizia que tem algumas coisas que a humanidade não controlaria. Uma delas eram as intempéries. Dá um terremoto, o Japão faz casa de borracha, faz casa de papel, aqui no Brasil faz piscinão, piscininha”.

Lula, depois do almoço desta quinta-feira, mostrando que a tempestade que provocou o apagão deslocou-se para Brasília e, no momento, afeta fortemente a cabeça do chefe de governo.

Augusto Nunes

domingo, 8 de novembro de 2009

Dilma e o analfabetismo “conecto”

Reinaldo Azevedo

Houve revolta entre os artistas que ainda restam no PT — quantos com patrocínio oficial, não sei — porque Caetano Veloso chamou Lula de “analfabeto”, “cafona” e “grosseiro” em entrevista ao Estadão. “Preconceito!”, gritaram alguns.

No encontro do PC do B ontem, Lula, uma vez mais, comparando-se a FHC, orgulhou-se de não ter diploma, mas de ser mais inteligente. Sei…

Dilma também discursou. Chamou a oposição de “patética e esdrúxula”, provando que, em matéria de grosseria, caso o projeto do PT prospere, ninguém sentirá falta do passado. E saiu-se com um outro adjetivo. Afirmou que a oposição é “desconecta”.

“Desconecta” é a versão analfabeto-chique de “desconectada”.

Lula já ensinou Tarso Genro a conjugar o verbo “intervir”. Agora precisa ajudar Dilma com os adjetivos formados com o particípio passado dos verbos.

PS — Acreditem: se Dilma for eleita, ainda que ela conseguisse melhorar tudo, uma coisa pioraria fatalmente: o português falado no Palácio do Planalto. Lula, perto de Dilma, é um verdadeiro Padre Vieira! Enquanto os jornalistas estivessem soltos, seria uma verdadeira farra!


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Elemento malacara ou camaleão, sei lá que bicho é esse...,


Buenas indiada,
Pra quem não sabe, no linguajar Gaúcho, MALACARA é o sujeito que tem duas caras.
E pensar que esse instrumento recebeu mais de 50 milhões de votos.
Acorda Brasil!!!


domingo, 1 de novembro de 2009

Vendo as charges, faço um breve comentário,
Andar de braço-dado com o Collor e o Sarney e afins, vá lá!
Lamber as botas do morto-vivo Fidel, vá lá!
Mas juntar a merda do palhaço-bananão Chavez é humilhante demais.
Humilhante para o Brasil ter um boneco-de-ventríluquo na presidência.
ACORDA BRASIL!!!



Primores de ternura - 1Olavo de Carvalho

Leio no site da Previdência Social: "O auxílio-reclusão é um benefício devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão, durante o período em que estiver preso sob regime fechado ou semi-aberto." Ou seja: no Brasil você pode matar, roubar, sequestrar ou estuprar, seguro de que, se for preso, sua família não passará necessidade. O governo garante. Se, porém, como membro efetivo da maioria otária, você não faz mal a ninguém e em vez disso prefere acabar levando dois tiros na cuca, quatro no estômago ou três no peito, ou então uma facada no fígado, esticando as canelas in loco ou no hospital, aí o governo não garante mais nada: sua viúva e seus filhos podem chorar à vontade na porta do Palácio do Planalto, que o coração fraterno da República solidária não lhes concederá nem uma gota da ternura estatal que derrama generosamente sobre os bandidos.

É, as coisas são assim. Se elas o escandalizam, é porque você está muito desatualizado. Afagar delinqüentes, estimular o banditismo, é uma das mais antigas e veneráveis tradições do movimento revolucionário, que o nosso partido governante personifica orgulhosamente.

Veja o que pensavam alguns dos mentores revolucionários mais célebres:
Mikhail Bakunin, líder anarquista: "Para a nossa revolução, será preciso atiçar no povo as paixões mais vis."

Serge Netchaiev, terrorista que Lênin adotou como um de seus gurus: "A causa pela qual lutamos é a completa, universal destruição. Temos de nos unir ao mundo selvagem, criminoso."

Willi Münzenberg, o gênio organizador da propaganda comunista na Europa Ocidental e nos EUA: "Vamos corromper o Ocidente em tal medida, que ele acabará fedendo."

Louis Aragon, poeta oficial do Partido Comunista Francês: "Despertaremos por toda parte os germes da confusão e do malestar. Que os traficantes de drogas se atirem sobre as nossas nações aterrorizadas!"

V. I. Lênin: "O melhor revolucionário é um jovem desprovido de toda moral."

De tal modo a paixão pelo crime se impregnou na mente revolucionária, que acabou até produzindo fenômenos paranormais. Em 8 de março de 1855, o poeta Victor Hugo, um ídolo dos revolucionários, recebeu numa sessão espírita, para satisfação aliás de suas próprias expectativas, esta mensagem do além: "A verdadeira religião proclama o novo evangelho: é uma imensa ternura pelos ferozes, pelos infames, pelos bandidos."

Os exemplos poderiam multiplicar-se indefinidamente. E nada disso ficou no papel, é claro. Nem se limitaram aquelas almas cândidas a cantar em prosa, verso e filme as virtudes excelsas da criminalidade (v. meu artigo "Bandidos e Letrados", de 26 de dezembro de 1994, em www.olavodecarvalho.org/livros/bandlet.htm). Já em 1789 os revolucionários franceses abriram as portas das prisões, libertando indiscriminadamente milhares de assassinos, ladrões e estupradores que em poucos dias espalharam o caos nas ruas de Paris (mesmo na célebre Bastilha não havia um só prisioneiro político: só delinqüentes). Logo após a tomada do poder pelos comunistas na Rússia, a política oficial era fomentar o sexo livre, criando assim uma geração de jovens sem família para incentivar a criminalidade juvenil e liquidar pela confusão o que restasse da "ordem burguesa". A idéia foi de Karl Radek (o chefe de Willi Münzenberg), que, ironia cruel, ao cair em desgraça perante Stalin acabou sendo assassinado a murros e pontapés por jovens delinqüentes numa prisão.

O voto de Louis Aragon foi cumprido à risca a partir dos anos 50, quando a URSS começou a treinar agentes para que se infiltrassem nas então incipientes redes de tráfico de drogas - especialmente na América Latina - e as dominassem por dentro, criando uma futura fonte local de subsídios para o movimento revolucionário, que estava saindo caro demais para o bolso soviético. Essa foi a origem remota das Farc, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, que hoje dominam o narcotráfico no continente. A história é contada em detalhes pelo general tcheco Jan Sejna, que participou pessoalmente da operação (v. Joseph D. Douglass, Red Cocaine. The Drugging of America and the West, London, Harle, 1999).



A mentira como rotina tenta camuflar a grande fraude

1 de novembro de 2009
Augusto Nunes

O perfil não autorizado de Dilma Rousseff, que será publicado no começo da semana, prova que entre a candidata à Presidência e as encarnações anteriores - a guerrilheira, a secretária municipal, a secretária estadual, a ministra de Minas e Energia e a chefe da Casa Civil - há uma única diferença relevante: as outras Dilmas não falavam. Depois que desandou na discurseira, o monumento à eficiência começou a escancarar perturbadoras rachaduras. E o Brasil que pensa vai descobrindo que a cria de Lula é um Pacheco de terninho que passou a vida conversando com o Conselheiro Acácio e mente compulsivamente para ocultar a grande fraude: a maior gerente-de-país desde o Descobrimento não existe. Nunca existiu.

Estava na primeira linha do perfil quando chegou este comentário do excelente jornalista Celso Arnaldo. Tudo a ver. Confiram. Volto no fim do texto.

Diante de uma fala gravada de Dilma, qualquer jornalista, mesmo completamente despreparado, se sente compelido a reescrevê-la, para não martirizar seu leitor com a tortura iletrada do pensamento da ministra.

Engano meu, pois há uma exceção: a tropa de choque do pessoal que cuida do site da Casa Civil… Já na primeira página, além do áudio da entrevista dela ao programa Bom dia Ministro, há a transcrição na íntegra da gravação. Eles não mudaram uma vírgula, uma respiração, erros de concordância e raciocínio que, enfileirados, iriam daqui a Brasília. Obrigado, Casa Civil! Vocês não sabem o que fazem.

Vejam o que ela responde a uma crítica sobre o Minha Casa, Minha Vida:
“Olha, não é isso que nós estamos vendo. Não é isso que a gente tá vendo e eu vou te falar a partir do que. Hoje, já tem mais de 400 projetos apresentados para a Caixa, “dominantemente” naquela distribuição em que zero a três é o pessoal que faz a moradia para renda de zero a três salários mínimos é a grande maioria. Lá dentro da Caixa já tem aprovado mais de 100 mil contratações. A gente não esperava que tivesse nenhuma casa pronta a não ser que essa casa tivesse começado a ser construída antes da gente lançar o programa, o que seria impossível porque, em média, você reduzindo o máximo que você puder toda burocracia que envolve a construção de casa, o nosso objetivo é chegar 11 meses, ou seja, dada a escolha do terreno até a hora que a chave foi entregue na mão da pessoa que vai morar, o mínimo é 11 meses. No Brasil nós estamos tentando reduzir isso porque era 22, nós estamos tentando chegar nessa meta de 11″.

Sobre um tal “anel de Belo Horizonte”:
“A boa notícia é o seguinte. O anel nós estamos agora com ele em fase final de aprovação. O Ministério dos Transportes já avaliou, nós consideramos que o projeto está bom, então ele entra no PAC, a gente considerando aquilo que ele vai ser licitado imediatamente, não vai ficar parado nem nada. Então, acho que essa é uma boa notícia”.

De novo sobre o Minha Casa:
“Porque nós não vamos ter de dar conta de resolver o problema de seis milhões de habitações. São seis milhões de lares, de moradias, de casas que falta no Brasil. Daqui para frente o que nós estamos fazendo é o seguinte: nós vamos provar para esse um milhão que é possível fazer. E vamos, eu acho, a partir do final desse programa, nós teremos de estar em perfeitas condições para iniciar já fazendo os outros seis milhões sem o que o déficit habitacional brasileiro não vai ser resolvido”.

Dispensa comentários, mas me permito um já pensou se, na hora de defender a tese que nunca defendeu para o doutorado que nunca fez, a Dilma falasse desse jeito para a banca examinadora?

Não seria pau direto até na Uniban?

Dilma é isso aí. Sempre foi. Prisioneiro da formação intelectual indigente, Lula não sabe se alguém está pronto para lecionar em Harvard ou naufragar no Enem. É compreensível que tenha resolvido transformar em sucessora a companheira de cabeça confusa. Deve achar bonito o que Dilma diz. Deve achar que só uma sumidade consegue pilotar um projetor enquanto fala do PAC. Mas muitos espertalhões da base alugada montam frases com começo, meio e fim, e distinguem um cérebro em bom estado de outro severamente avariado. Essa gente anda suspeitando de que estão a bordo do barco errado. Nenhuma outra espécie de rato desembarca com tanta ligeireza.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

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UÍSQUE COM CAMARÃO

Reinaldo Azevedo

A ministra-candidata Dilma Rousseff, em um dos comícios às margens do São Francisco, evocou Antônio Conselheiro e mandou ver: “O sertão vai virar mar”. O mar pode ainda não ter chegado lá, mas o camarão já chegou, servido na festa que se fez num dos alojamentos, junto com uísque.

Uísque com camarão, pesquisem na Internet, é uma mistura histórica no Brasil. Foi o que os legistas encontraram quando abriram a pança de PC Farias. Não quero parecer desagradável, mas acredito que os bichinhos estavam quase vivos.

Explico. Trata-se, não sei explicar as razões químico-enzimáticas, de uma das misturas mais infelizes da terra. Não entrarei em detalhes, mas ela já me atropelou um dia. E posso lhes garantir: não é coisa boa. O camarão volta à vida e começa a passear no seu estômago. Se você é do tipo que tem aquela facilidade que assistia os romanos nos banquetes — chamar o “Hugo” —, é um felizardo. Se, a exemplo deste escriba, resiste a passar por tal experiência, a noite pode ser assombrosa.

Ah, sim: Lula atacou os críticos das obras dizendo que bebiam água mineral gelada.

Lula é contra água mineral, como se sabe, mesmo no sertão. Vai que o passarinho beba…


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O cordel da Dilma é um sucesso

Augusto Nunes

Leitores da coluna sugeriram a publicação, na íntegra, do cordel Um PAC com a Dilma, criado por Miguelzim de Princesa, um craque do Cariri. Ótima ideia. Confiram os versos:

I
Quando vi Dilma Rousseff sair na televisão,
com o rosto renovado após uma operação,
senti que o poder transforma: avestruz vira pavão.

II
De repente ela virou
namorada do Brasil:
os políticos, quando a veem,
começam a soltar psiu
pensando em 2010
e em bilhões que ela pariu.

III
A mulher que era emburrada
anda agora sorridente,
acenando para o povo,
alegre, mostrando o dente.
E os baba-ovos gritando:
“É Dilma pra presidente!”

IV
Mas eu sei que o olho grande
está mesmo é nos bilhões
que Lula botou no PAC,
pensando nas eleições,
e mandou Dilma gastar
sobretudo nos grotões.

V
Senadores garanhões
sedutores de donzelas
e deputados gulosos
caçadores de gazelas
enjoaram das modelos:
só querem casar com ela.

VI
Também quero uma lasquinha,
um pedaço de poder,
quero olhar nos olhos dela
e, ternamente, dizer
que mais bonita que ela
mulher nenhuma há de ser.

VII
Eu já vi um deputado
dizendo no Cariri
que Dilma é linda e charmosa,
igual não existe aqui,
e é capaz de ser mais bela
que a Angelina Jolie.

VIII-
Diz que pisa devagar,
que tem jeito angelical
nunca gritou com ninguém
nem fez assédio moral,
nem correu atrás de gente
com um pedaço de pau…

IX
Dilma superpoderosa:
8 bilhões pra gastar
do jeito que ela quiser,
da forma que ela mandar!
(Sem contar com o milhão
do cofre do Adhemar).

X
Estou com ela e não abro:
viro abridor de cancela,
topo matar jararaca,
apago fogo em goela
para no ano vindouro…
fazer…um PAC com ela.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Porque não me Ufano de meu País

Maria Lúcia Victor Barbosa
Graduada em Sociologia e Política e Administração Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em Ciência Política pela UnB. É professora da Universidade Estadual de Londrina/PR. Articulista de vários jornais e sites brasileiros. É membro da Academia de Ciências, Artes e Letras de Londrina e premiada na área acadêmica com trabalhos como "Breve Ensaio sobre o Poder" e "A Favor de Nicolau Maquiavel Florentino". Criadora do Departamento de Desenvolvimento Social em sua passagem pela Companhia de Habitação de Londrina. É autora de obras como "O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto: A Ética da Malandragem" e "América Latina: Em Busca do Paraíso Perdido".


Porque não me Ufano de meu País

O povo adora falsas zebras

O presidente da República, tomado de transbordante euforia por conta da escolha do Brasil para sediar a Olimpíada de 2026, disse no encerramento do Seminário Empresarial Brasil/União Européia que: “depois de décadas de auto-estima jogada para baixo, os brasileiros aprenderam gostar de ser brasileiros”.

Apesar de seu alto cargo o senhor Lula da Silva não pode falar por mim, não está autorizado a tanto. Exatamente por conta dele e de seu mandarinato formado pelos companheiros de governo, hoje em dia não gosto de ser brasileira.

É inegável que progredimos em vários aspectos. Muito mais pela iniciativa particular do que pelo avassalador, incompetente e corrupto Estado. Mas não evoluímos tanto quanto poderíamos. Isto está provado pelo crescimento pífio mesmo nos tempos de bonança da economia mundial. Continuamos em vergonhoso 75º lugar no índice de Desenvolvimento Humano e ocupamos a 81ª colocação no índice de expectativa de vida.

Temos tudo para ser o país do futuro, mas nossa mentalidade nos deixa muito aquém do lema de nossa bandeira: “Ordem e Progresso”. Aliás, a desordem vem se acentuando se levarmos em conta a violência urbana. Se houvesse modalidade olímpica de mortes em acidentes de trânsito ganharíamos fácil medalha de ouro, pois já somos recordistas mundiais nesse “esporte” onde a maioria que faz do seu carro uma arma parece estar sempre bêbada. Quanto ao terrorismo do MST faz lembrar o “estado de natureza” onde “não há meu nem seu, mas o que eu puder tomar, pelo tempo que puder conservar”. O último espetáculo do “pacífico movimento social” na Fazenda Santo Henrique, da empresa Cutrale, no interior de São Paulo, ocorrida em 28 de setembro, redundou na destruição de milhares de pés de laranja, de 28 tratores, da sede da fazenda, além de furto de equipamentos, defensivos e pertences de famílias de colonos que foram expulsas da propriedade pelos “coitadinhos” dos chamados sem-terra. Devido à má repercussão o presidente da República chegou a falar em vandalismo dos companheiros do MST. Quanto cinismo! O governo financia os baderneiros com milhões de reais e o paternal Lula já envergou o boné do movimento que age com requintes de bandidos.

Para piorar, pode-se dizer que a mais alta instância do Poder Judiciário, o STF, acabou quando Lula da Silva emplacou seu oitavo ministro com a complacência do subserviente Senado. E o jovem Toffoli, ao que tudo indica uma nulidade jurídica, cujo currículo tem como ponto alto a amizade do poderosíssimo José Dirceu, afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo (04/10/2009) algo que no mínimo dá o que pensar. Interpretando as palavras de Jesus sobre o sábado ser feito para o homem e não o homem para o sábado, concluiu que “a lei é o parâmetro, mas ela leva em conta ao ser aplicada, o homem, o ser, a vida”. Para regozijo do terrorista Cesare Battisti, seria o companheiro ministro adepto do Direito Alternativo? O tempo dirá.

Nem Copa do Mundo, nem Olimpíada, vão fazer de mim uma ufanista enquanto a Educação, que leva em conta a quantidade e não a qualidade, fabricar analfabetos funcionais, despreparados para o mercado de trabalho, iludidos do faz-de-conta educacional das escolas que emburrecem em vez de ensinar. A continuar assim estaremos longe de ser a “quinta ou sexta economia do mundo”, como profetizou num lance de propaganda, o presidente da República. Tampouco vou me orgulhar do Brasil enquanto a Saúde não sair do caos em que se encontra para a grande massa de eleitores do pai Lula, justamente os que não podem pagar um plano para se tratar adequadamente.

Morro também de vergonha de ser brasileira ao observar nossa política externa, omissa quando se trata de países que desrespeitam direitos humanos, bajuladora de ditadores da pior espécie, que aceitou a interferência militar de Evo Morales nas instalações da Petrobrás e a expropriação da empresa em terras bolivianas, que se sujeitou ao bispo Lugo ao aceitar pagar mais pelo excedente de energia produzido pela Hidrelétrica de Itaipu, que exalta os déspotas Fidel Castro e Hugo Chávez como democratas, mas que intervém vergonhosa e covardemente em Honduras para respaldar mais um agente de Chávez, transformando nossa embaixada em comitê do falastrão Manuel Zelaya.

Li que tendo morrido em Gaza um casal de zebras, o dono do zoológico, para se ressarcir do prejuízo, resolveu pintar dois burros de branco com listas negras. Foi um sucesso de público. Pois bem, Lula dá ao povo as falsas zebras da Copa e da Olimpíada, enquanto os sérios problemas da Saúde, da Educação, da infra-estrutura, da violência, da impunidade nos mantém no ilusionismo cínico da propaganda governamental. É certo que como ocorre com Berlusconi, nada abalará o prestígio de Lula da Silva. O povo adora falsas zebras. Mas, por essas e por outras, estou bem longe de me ufanar pelo meu país.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Degeneração democrática

Eis como Aristóteles descrevia a degeneração democrática:

Há uma forma de república (...) na qual o poder supremo não emana da Lei, mas da multidão, cujas reivindicações passam por cima da Lei. Pois nas repúblicas constitucionais, os melhores cidadãos ocupam os primeiros lugares, e não há espaço para demagogos mas onde a Lei não é suprema, os demagogos prosperam. Esse tipo de regime é uma degeneração da república, assim como a tirania é uma degeneração da monarquia. O espírito de ambas as degenerações é o mesmo. Os decretos da multidão se assemelham aos éditos do tirano e o demagogo que corteja o povo corresponde ao cortesão que bajula o ditador. (...) Os demagogos, submetendo as decisões políticas às assembléias populares, fazem que as vontades da multidão fiquem acima da Lei. E como o povo é conduzido pelos demagogos, estes se engrandecem. Se alguém não se conforma e recorre à Justiça, os demagogos dizem: "que o povo decida." E o povo aceita com prazer a incumbência. Desse modo as autoridades constituídas se desmoralizam. Essas democracias, na verdade, não têm Constituição pois onde a Lei não tem autoridade, não há Constituição.

domingo, 27 de setembro de 2009


Que coisa linda!
Olha só o trio, "chavez, garcia e lula", o bobo alegre ao fundo não sei quem é.
Dá uma vergonha, né?
Tão rindo do que? Deve ser de quem votou neles.


Apesar de gente desse tipo, o Brasil continua andando...,
Leiam a matéria;

Soja chinesa virou brasileira e Cerrado se tornou celeiro do País

Epopeia científica dos pesquisadores da Embrapa permitiu a introdução da planta, originária da China, no bioma

Herton Escobar, enviado especial-Estadão





Plantio experimental da Embrapa para a soja resistente a altas temperaturas. Foto: Celso Junior/AE

As árvores de casca grossa, caules retorcidos, e o chão de terra poeirenta não deixam dúvidas: o cerrado não é lugar para qualquer plantinha. Durante seis meses do ano, entre maio e setembro, não cai uma gota de chuva nesse interiorzão brasileiro. E mesmo quando chove, o solo nativo é imprestável para a agricultura: ácido, cheio de alumínio tóxico e pobre em quase todos os nutrientes essenciais.

especialEspecial: Devastação avança sobre a savana brasileira

Só mesmo um louco - ou um bando de cientistas destemidos - para achar que esse ambiente de biodiversidade riquíssima, porém aparentemente inóspito e improdutivo, poderia se tornar um dos canteiros mais férteis da agricultura mundial. Mas aconteceu. Foi obra da Embrapa. Trinta anos atrás, a recém-criada Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária lançou sua maior "insanidade" científica: pegou uma planta de origem chinesa, típica de climas temperados, e fez dela a rainha da agricultura tropical.

A soja, que até os anos 70 só podia ser plantada do Paraná para baixo, onde o clima era mais parecido com o da China, virou-se para o norte e tomou conta do cerrado. Invadiu Mato Grosso do Sul, avançou pelas bordas do Sudeste, conquistou Goiás, criou raízes em Mato Grosso, subiu pelo Tocantins, embrenhou-se no Maranhão e foi bater na porta da Amazônia. "Hoje temos tecnologia para cultivar soja em qualquer lugar do País, em qualquer época do ano", diz o pesquisador Plínio Souza, da Embrapa Cerrados, um dos principais responsáveis pela invenção da soja tropical. "É uma tecnologia 100% brasileira."

Em pouco mais de três décadas, turbinada pela nova genética verde-e-amarela, a oleaginosa chinesa transformou-se no maior produto do agronegócio brasileiro. Em 2007, a indústria da soja movimentou R$ 41,3 bilhões em grãos, máquinas, sementes, fertilizantes, pesticidas, logistica, mão-de-obra, refino de óleo, produção de ração animal e outros componentes da cadeia produtiva. Isso equivale a 6,4% do PIB agrícola e 1,6% do PIB total do País. Os cálculos foram feitos pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a pedido do Estado. Só as exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo) renderam R$ 26,2 bilhões no ano passado, e a expectativa é que passem dos R$ 32 bilhões em 2008.

Apesar não ser vista tradicionalmente como um "alimento" - a exemplo do arroz, do feijão e do milho, que são consumidos diretamente no prato -, a soja está embutida, direta ou indiretamente, em boa parte da dieta brasileira. É ingrediente básico de muitos alimentos industrializados no supermercado, na forma de lecitina ou óleo, e principal fonte de proteína na ração de suínos e aves, na forma de farelo. Só fica fora do menu do boi, que come principalmente pastagem. "Quando você come frango e porco, está comendo proteína de soja", diz o secretário-geral da Abiove, Fabio Trigueirinho. Segundo ele, seria impossível o Brasil abrir mão dessa cultura. "Se deixássemos de produzir soja, teríamos de importar."

No rastro da soja no cerrado vieram o milho, o feijão, o arroz, as máquinas, os fertilizantes, as estradas, a construção civil e os vilarejos transformados em metrópoles da noite para o dia com a riqueza do agronegócio. "Falar de soja é falar de muita coisa. Os benefícios sociais e econômicos, diretos e indiretos, são enormes", diz o ex-presidente da Embrapa, Silvio Crestana.

De mera periferia agrícola, o cerrado virou o celeiro de quase metade dos alimentos brasileiros. Hoje, 40% dos 200 milhões de hectares do bioma estão ocupados com 61 milhões de hectares de pastagens e 17,5 milhões de hectares de plantações. Segundo cálculos da Embrapa e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é desse território que saem 47% dos grãos (soja, milho, arroz, feijão, sorgo e algodão caroço), 40% da carne bovina e 36% do leite produzidos no País. "A incorporação do cerrado à agricultura foi a maior conquista do Brasil", afirma José Garcia Gasques, coordenador-geral de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

No caso da soja, a contribuição do cerrado cresceu dez vezes entre as décadas de 70 e 80, passando de 2% para 20% da produção nacional do grão. No ano passado, chegou a 68,5%. De fato, a soja foi tão bem adaptada ao cerrado que hoje ela é muito mais produtiva no Centro-Oeste do que no Sul, onde foi originalmente introduzida. Em Mato Grosso, os melhores produtores chegam a ensacar 4,6 toneladas de soja por hectare (a maior produtividade do mundo), enquanto no Rio Grande do Sul a produtividade média é de 2 toneladas por hectare (a menor do Brasil).

UMA QUESTÃO DE LUZ

A soja que brota hoje no cerrado é muito diferente da que foi levada da China para os Estados Unidos, 200 anos atrás, e de lá trazida para o Brasil, no fim do século 19 - sempre restrita a regiões de clima temperado, próximo ou acima dos 30 graus de latitude. O pacote completo de conversão tecnológica inclui sementes, solo, microrganismos fixadores de nitrogênio e práticas adequadas de manejo - todos fatores essenciais para a produtividade da lavoura. Mas a diferença crucial está mesmo no DNA da planta, que os cientistas brasileiros retemperaram para adaptá-la ao cardápio climático tropical.

Curiosamente, a principal adaptação que os pesquisadores tiveram de fazer não foi para altas temperaturas nem para escassez de água (que é abundante nos meses de primavera e verão), mas para o chamado fotoperíodo - o tempo de luz ao qual a planta precisa ficar exposta para se desenvolver.

A soja é uma leguminosa que gosta de dias longos, com mais de 12 horas de radiação solar. Nas regiões temperadas de alta latitude, onde ela se originou, isso é fácil: no verão, por causa da inclinação da Terra, os dias passam facilmente das14 horas de luz. Já nas regiões tropicais, próximas ao Equador, como é o caso do cerrado, os dias e as noites são menores e mais constantes. Na altura do paralelo 16, onde fica Brasília, o fotoperíodo máximo no verão é de 13 horas e meia. E para uma planta, meia hora a mais ou a menos de luz por dia faz muita diferença.

Em condições de menor período de luz, a soja floresce precocemente e pára de crescer. Sem o melhoramento genético feito pela Embrapa, a soja plantada no cerrado floresceria mais cedo e não cresceria mais do que 30 centímetros, o que seria impraticável do ponto de vista econômico. A pesquisa permitiu retardar o florescimento e, com isso, aumentar a chamada fase vegetativa (ou pré-reprodutiva) da planta de 30 dias para 45 dias, anulando o efeito do fotoperíodo sobre o florescimento. "É como se a gente retardasse o início da puberdade na espécie humana para termos indivíduos maiores", compara Souza.

Hoje, a altura média da soja no cerrado é de 80 cm e os produtores podem optar por variedades de ciclo reprodutivo curto, médio ou longo, dependendo das condições de cada região.

SELEÇÃO ARTIFICIAL

O melhoramento genético na agricultura obedece aos mesmos princípios da evolução por seleção natural, segundo os quais os indivíduos mais adaptados ao ambiente são naturalmente selecionados para sobreviver e passar seus genes para as próximas gerações. A diferença é que a seleção nesse caso não é feita pelo homem, em vez da natureza.

Assim como cada pessoa é um pouco diferente da outra, cada pé de soja é um pouco diferente do outro. Uns crescem mais rápido, outros produzem mais grãos, outros resistem melhor a uma determinada doença ou precisam de menos água para sobreviver. O que os cientistas "melhoristas" fazem é selecionar anualmente as melhores plantas de cada lavoura de pesquisa, que são então usadas como matrizes para a produção de novas variedades.

É um processo lento, trabalhoso, que tipicamente passa por milhares de cruzamentos. A cada safra, pesquisadores da Embrapa selecionam 50 mil linhagens de soja e estabelecem 300 experimentos de campo, com 30 linhagens cada um. Cada nova variedade leva de oito a dez anos de pesquisa para ficar pronta.

Plinio Souza leva a reportagem do Estado até um galpão da Embrapa Cerrados onde estão armazenados milhares de saquinhos com amostras de soja selecionadas de várias regiões. Do lado de fora, técnicos debruçados sobre uma mesa passam as mãos por uma pilha de grãos, catando e eliminado aqueles que têm algum defeito, da mesma forma como uma dona de casa "cata feijão" antes do jantar. Só os melhores grãos permanecem no páreo para virar uma nova variedade. "É daqui que vai sair a soja que estará no campo em dez anos", profetiza o pesquisador.

Souza sabe do que está falando. Foi ele quem selecionou, no início da década de 80, a primeira variedade lucrativa de soja para o cerrado, chamada Doko. Extremamente rústica e ao mesmo tempo produtiva, ela podia ser plantada em áreas recém-abertas (desmatadas), com bons retornos logo na primeira safra. Outras variedades precisavam de pelos menos três anos de cultivo de alguma outra cultura para dar o mesmo resultado, o que tornava o investimento inicial de abertura e correção do solo muito arriscado. "A Doko abriu de vez o cerrado para a soja", afirma Souza. O resto da agricultura veio no embalo.

Enquanto Souza selecionava as linhagens mais promissoras no campo, os cruzamentos genéticos eram feitos nos laboratório da Embrapa Soja, em Londrina, pelo melhorista Romeu Kiihl. A Doko, segundo ele, nasceu de uma mistura de variedades americanas e indonésias. "Pegamos o que tinha de bom em cada uma delas e juntamos", conta. Ele calcula que 50% dos ganho de produtividade da soja nas últimas três décadas deve-se ao melhoramento genético. A média nacional, que era de 1.700 kg/hectare na década de 80 saltou para 2.800 kg/hec, em 2006.

SOLOS E NITROGÊNIO

Juntos, Souza e Kiihl plantaram as sementes tecnológicas de boa parte do PIB agrícola brasileiro. Nem mesmo a melhor soja, com a melhor das genéticas, porém, teria tido qualquer chance de sucesso no cerrado se não fosse por duas outras frentes de pesquisa: o melhoramento de solos e a fixação biológica de nitrogênio.

O solo nativo do cerrado é extremamente ácido (pH 4) e carente de nutrientes básicos, como cálcio, fósforo e potássio. "Não dá para produzir nada", resume o agrônomo José Roberto Peres, hoje chefe de gabinete da presidência da Embrapa. Foram necessários muitos anos de pesquisa para chegar a uma receita eficiente de corretivos minerais e fertilizantes capazes de compensar essa deficiência. Especialistas calculam que, sem essa "correção", a produtividade da soja no solo nativo do bioma não passaria de 0,3 tonelada/hectare. Ou seja: seria impraticável.

O ingrediente mais importante dessa receita, porém, não é um fertilizante químico, mas uma bactéria. Seu nome é Bradirhizobium japonicum, ou simplesmente rizóbio. Ela vive uma relação de simbiose com a soja, retirando nitrogênio do ar e transferindo-o para a planta em troca de carboidratos metabólicos. Sem essa parceria, os produtores teriam de adicionar 360 quilos de adubo nitrogenado (uréia) por hectare de solo para que a soja rendesse alguma coisa no cerrado. "Seria economicamente impossível", afirma Peres. "Em vez disso, a bactéria tira todo o nitrogênio do ar. Não precisamos adicionar nada."

Toda a soja cultivada no Brasil utiliza o nitrogênio do rizóbio inoculado na semente. A medida que a planta se desenvolve, a bactéria se multiplica e forma nódulos nas raízes, que funcionam como usinas biológicas de nitrogênio. A tecnologia foi desenvolvida pela lendária bióloga Johanna Döbereiner, da Embrapa, morta em 2000. Peres foi um de seus alunos.

FERRUGEM

O melhoramento genético não termina nunca, pois sempre há novas dificuldades a serem superadas. A principal ameaça à produção de soja no País hoje é a ferrugem, uma doença também de origem asiática que chegou ao Brasil em 2001. O fungo entrou pelo Paraná e rapidamente se espalhou por todo o País, causando prejuízos de US$ 125 milhões logo no primeiro ano e de US$ 2,4 bilhões, na safra 2007/08, segundo cálculos do Consórcio Antiferrugem, criado em 2004 para combater a epidemia.

Há várias fungicidas disponíveis no mercado, mas o controle é difícil. E caro: cada aplicação custa o equivalente a três sacas de soja por hectare. Desde 2007, o Ministério da Agricultura estabeleceu um regime nacional de "vazio sanitário", um período de 90 dias na entressafra durante o qual é proibido ter soja verde no campo, como forma de cortar a propagação do fungo.

Empresas do setor público e privado prometem plantas resistentes para o mercado em 2009. "Não vamos eliminar a necessidade de fungicidas, mas acho que vai ajudar bastante", avalia Romeu Kiihl, que há cinco anos trocou a Embrapa (onde estava há 25) pelo setor privado. Hoje é diretor científico da TMG Tropical Melhoramento e Genética, uma empresa nos arredores de Londrina que também desenvolve variedades de soja resistentes à ferrugem.

Tanto a Embrapa Cerrados quanto a TMG lançaram suas primeiras variedades resistente à ferrugem em maio deste ano, no Congresso Brasileiro de Soja.