quinta-feira, 17 de setembro de 2015

São 200 bilhões pra lá, 2 milésimos pra cá

Olhaí, estou falando. O governo estima que a CPMF, cuja tentativa de ressurreição foi anunciada ontem, resultaria, se aprovada, em R$ 32 bilhões nos cofres públicos no ano que vem. Resultado daqueles 2 ( dois )  milésimos do ingresso de cinema, conforme o brilhante exemplo do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Sabe o que o procurador que chefia a força-tarefa da Lava Jato disse hoje? Que a corrupção tira dos cofres públicos R$ 200 bilhões por ano.
Exato: estão cobrando mais impostos porque os ladrões tiram do governo 6,5 vezes mais do que o déficit de R$30,5 bilhões,  previsto no orçamento do ano que vem.
Com a parte dos ladrões, a União também teria fácil fácil o dinheiro para pagar um pedaço dos juros da já enorme dívida pública, e seguir de cabeça erguida. Mantendo a economia do Brasil minimamente sustentável.
Esse pedaço para pagar os juros é o famoso superávit primário.
Além dos R$ 30,5 bilhões do buraco, o governo está atrás de outros R$ 34,4 bilhões, que formariam o superávit primário = juros da dívida de 0,7% do PIB. A propósito, pagar juros da dívida não é economia nem poupança coisa alguma. É obrigação. Na soma dos dois, buraco mais juros, chegamos a R$ 64,9 bilhões.
Se os ladrões contribuíssem apenas com esse valor, sabe quanto ainda sobraria para eles continuarem a roubar do seu, do meu, do nosso? R$ 135,1 bilhões.
Ou seja? Tem que aumentar imposto, não, moço!
Chama o ladrão e fala pra ele parar com isso.
Eu me sinto como aquela pessoa abordada por outra que até tem reputação de ser honesta. Todo ano ela pede mais dinheiro. Diz que está quebrada. Que é urgente. Imprescindível. Só que eu sei que ela vai deixar a grana continuar a sair por uma verdadeira peneira. Eu empresto e depois empresto de novo, mas a minha “devedora” nem se dá ao trabalho de vedar a peneira, porque conta com mais dinheiro “emprestado” no ano que vem. Eu sei que não vou receber. Porque ela não vai nem ligar se o larápio chegar de mansinho e levar a minha parte. Vai “lastimar”. Sim, a pessoa me aparece “lastimando” o roubo do meu suado dinheiro. Ora bolas, vai lá e fecha a porta, tranca o cofre, demite a peneira. Mas faz alguma coisa, pôxa. E por favor, trata de usar dinheiro em gêneros de primeira necessidade. Exemplos: investe na conservação de estradas, na construção e manutenção de hospitais, e na segurança da população, que continua sendo dizimada pela violência, urbana ou rural.
Como disse o procurador: R$ 200 bilhões dariam para triplicar investimentos em saúde, segurança e educação.
Entendi.
http://lillianwittefibe.com.br/sao-200-bilhoes-pra-la-2-milesimos-pra-ca/


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