quinta-feira, 5 de março de 2015

Caminhoneiro de 76 anos enfrenta 48 horas de viagem para ato no DF


Guilherme Becke foi o primeiro a chegar para manifestação em Brasília.
Grupo protesta contra alta do diesel, valor dos pedágios e redução do frete.

O caminhoneiro Guilherme Becke, de 76 anos, enfrentou 48 horas de viagem entre o Rio Grande do Sul e o Distrito Federal para reivindicar os direitos da categoria na capital federal. Com 58 anos de estrada, ele foi o primeiro a chegar a Brasília na tarde de segunda-feira (2). Desde a madrugada, um grupo de cerca de 30 caminhoneiros ocupa o estacionamento do estádio Nacional Mané Garrincha.
Viúvo e pai de dois filhos, Becke, que é conhecido entre os motoristas como "Velho Becke" e "Caruncho", afirmou que a categoria jamais foi atendida no Congresso Nacional. "Nós precisamos de quase tudo, jamais fomos atendidos. Nós pedimos uma coisa e eles fazem outra", disse. "Não temos mais condições de manter um caminhão. Não temos mais condições de viajar."
Os caminhoneiros reivindicam a redução do preço do óleo diesel, do valor dos pedágios e benefícios trabalhistas e de infraestrutura. "Sem caminhão o Brasil para. Nós transportamos a riqueza do país de ponta a ponta. Para mim não precisa mais, já estou aposentado. Estou aqui por esses caminhoneiros que estão aqui e não tem mais condições de sustentar a família."
Becke veio a Brasília acompanhado do amigo Objiraja Gehm. Eles saíram de Ijuí, no Rio Grande do Sul. Gehm afirmou que a dupla dormiu seis horas nesta noite. Ele elogiou o apoio da Polícia Militar em Brasília.

"Chegamos e a PM deu um apoio muito bom. Todos querem mudança independentemente do cargo", disse. "Viemos como pessoas simples. Queremos não para nós, mas queremos ver o que vai ser daqueles que vão vir, as gerações que estão vindo. Temos que entregar para as outras gerações um mundo melhor, e não pior."
Caminhoneiros descansam com veículos atrás no centro de Brasília (Foto: Vianey Bentes/TV Globo)Caminhoneiros descansam com veículos parados no Estádio Mané Garrincha (Foto: Vianey Bentes/TV Globo)
Volta em estádio
Seis caminhões que pernoitaram em Brasília saíram em comboio pouco antes das 10h desta terça-feira (3) e deram volta no Estádio Nacional Mané Garrincha. Os caminhoneiros protestam em várias regiões do país contra a alta do diesel, o valor dos pedágios e a redução do preço do frete. A categoria iniciou um protesto há duas semanas e, desde então, montou uma série de bloqueios em diversas rodovias brasileiras.
Os veículos foram escoltados por equipes do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar. O primeiro deles tocava o hino nacional e o restante estampava faixas em verde e amarelo. Eles contornaram o estádio passando pelo Tribunal de Contas. Motoristas buzinavam irritados com o congestionamento formado na região.
O comandante do Batalhão de Trânsito, tenente-coronel Evaldo Soares, afirmou ao G1que não havia previsão de deslocamento dos caminhões em direção à Esplanada durante a manhã. Ele afirmou que a corporação está desde a madrugada acompanhando a movimentação dos motoristas.
Comissão
Uma comissão de cinco caminhoneiros foi montada para se reunir com seis deputados no Congresso Nacional a partir do meio dia desta terca. Segundo o caminhoneiro Gilberto Bandeloff, de 48 anos, o grupo é independente e não está sendo representado por nenhum sindicato. "Em outras situações o sindicato nos traiu. Sindicato não está na nossa realidade, não é caminhoneiro", disse. "Por isso resolvemos vir até aqui para resolver por conta própria."
Segundo Bandeloff, a reunião com deputados sera para discutir principalmente o preço do óleo diesel. "Os deputados falaram que vão levar nossas propostas para a bancada", disse.
O caminhoneiro Alceo Tramujas, de 41 anos, afirmou que não há nenhuma carreata prevista para esta tarde. "Não estamos programando nenhum deslocamento. Se for feito, será bem organizado, com o apoio da PM", disse. "Queremos que o governo nos receba. Estamos com muitos deputados apoiando a causa e principalmente a população. O povo abraçou nossa causa de uma maneira que nunca  tínhamos visto."

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