quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

PETROBRAS: Tapando o sol com a peneira

Ações da Petrobras caem 10% após anúncio de balanço

Na VEJA.com:
As ações da Petrobras operavam em forte queda nesta manhã de quarta-feira, depois de a estatal divulgar seu balanço financeiro do terceiro trimestre sem as baixas contábeis da corrupção, como era esperado, e sem o aval da auditoria externa PricewaterhouseCooper (PwC). Os papéis preferenciais (PN) da companhia, sem direito a voto no Conselho, chegaram a cair 10,17% no início do pregão, para 8,66 reais. Por volta de 10h45, as perdas eram um pouco menores, de 8,36% (9,32 reais). Já as ações ordinárias (ON), com direito a voto, registraram queda de 10,17%, para 8,66 reais, na mínima do dia. Por volta de 10h45 recuavam 7,57%, para 8,91 reais
Como consequência, o fraco desempenho das ações da Petrobras pressionava a BM&FBovespa. O principal índice da bolsa, o Ibovespa, caia 1,20%, para 48.009 pontos, por volta de 10h45.
Balanço – A Petrobras publicou na madrugada desta quarta-feira o balanço financeiro do terceiro trimestre de 2014 sem considerar as baixas contábeis causadas por corrupção. O documento, divulgado após dois adiamentos e com mais de dois meses de atraso, não tem a aprovação da auditoria independente PricewaterhouseCoopers (PwC). Depois de 11 horas de reunião na terça, o Conselho de Administração da estatal não chegou a um consenso sobre como separar no balanço as perdas provocadas pelos desvios apontados na Operação Lava Jato dos prejuízos com outros fatores, como projetos ineficientes e atrasos causados por chuvas.

Perda com roubalheira pode chegar a 50% do valor de mercado da Petrobras. Empresa divulga, na calada da noite, balanço sem auditoria, no qual ninguém acredita, e omite corrupção


E a Petrobras divulgou, na calada da noite, o seu balanço trimestral. Sem incorporar as perdas decorrentes da corrupção. Sem pôr na conta a roubalheira, a estatal registrou lucro de R$ 3,087 bilhões no terceiro trimestre do ano passado, uma queda de 28% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entre janeiro e setembro, o ganho acumulado foi de R$ 13,4 bilhões, recuo de 22% ante o ano anterior.
E as safadezas? O documento, assinado por Graça Foster, explica: “Concluímos ser impraticável a exata quantificação destes valores indevidamente reconhecidos, dado que os pagamentos foram efetuados por fornecedores externos e não podem ser rastreados nos registros contábeis da companhia”.
E por que divulgar um balanço no qual ninguém acredita? A empresa explica: “A divulgação das demonstrações contábeis não revisadas pelos auditores independentes do terceiro trimestre de 2014 tem o objetivo de atender obrigações da companhia em contratos de dívida e facultar o acesso às informações aos seus públicos de interesse, cumprindo com o dever de informar ao mercado e agindo com transparência com relação aos eventos recentes que vieram a público no âmbito da Operação Lava-Jato”.
O que se estima é que a empresa teria de incorporar uma perda de US$ 20 bilhões — ou R$ 52 bilhões. Sabem o que isso significa? Praticamente a metade do que ela vale hoje na Bolsa de Valores — R$ 107 bilhões no começo deste mês.
Dilma comandou nesta terça, como se sabe, a maior reunião ministerial do planeta. No discurso, ela disse não haver contradição entre o que diz e faz. Num grupo de 192 palavras, repetiu “Petrobras” oito vezes, segundo ela, a “mais estratégica empresa do Brasil”. Defendeu que se investiguem as irregularidades, mas sem enfraquecer a estatal. E seguiu com outras platitudes.
Enquanto a governanta, em suma, anunciava amanhãs sorridentes, a Petrobras, depois de 12 anos sob os cuidados da companheirada, é obrigada a publicar um balanço na calada da noite, sem auditoria, no qual ninguém acredita. É a suprema desmoralização.
Que ironia! Houve um tempo em que o PT fazia terrorismo eleitoral, acusando os adversários de querer vender a Petrobras, o que sempre foi mentira. Se a estrovenga fosse posta à venda hoje, haveria o risco de ninguém querer comprar…
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/acoes-da-petrobras-caem-10-apos-anuncio-de-balanco/

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