segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Rui Barbosa ressucitando, de raiva ou de vergonha...,


Foram tantas as barbaridades ditas por Emir Sader que algumas acabam escapando. Na conversa com os jornalistas da Folha, ele falou sobre a importância de discutir direitos humanos, anistia, Comissão da Verdade etc. Os repórteres quiseram saber se isso também valia para Cuba. Sabem o que ele respondeu?
“É diferente a polarização cubana. É tão ‘Guerra Fria’ ainda, contra e a favor, que quem sai vai de tal maneira para a direita… Se é que não acaba em Miami”.
Entenderam? Os “direitistas” de Cuba não têm direito aos… direitos humanos!!!
Em 2003, Emir Sader defendeu o fuzilamento sumário de três dissidentes cubanos. Considerou uma prova da soberania do país. Até o arquicomunista José Saramago, então, criticou o tirano: “Até aqui fui com Fidel, mas agora não dá mais…” Depois fez as pazes. É bem verdade que o “até aqui” de Saramago já somava cem mil mortos.
Emir foi mais prático: três mortes a mais, três a menos não fazem diferença.
Analfabetismo continuadoNo Twitter, Emir não perdoou e resolveu fuzilar a língua portuguesa mais uma vez:
Na linha de Goebbels da Velha Midia, repetem que eu teria apoiado fusilamentos em Cuba.Provem. Eles acobertaram os fusilamentos da ditadura.
Ele escreveu “fusilamentos” com “s”, duas vezes! E vai presidir a Fundação Casa de Rui Barbosa. Seu lugar é uma sala de alfabetização do antigo Mobral.
Por Reinaldo Azevedo

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Celso Arnaldo, o caçador de cretinices, abate com um só tiro a ministra irmã do Chico e o retratista da presidenta

A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e o ─ como direi? ─ artista plástico Romero Britto resolveram apresentar-se em dupla à saída de um encontro com Dilma Rousseff. Má ideia: entraram juntos na mira do jornalista Celso Arnaldo Araújo. Em grande forma, o implacável caçador de cretinices precisou de um só vídeo e um só tiro para abater a irmã do Chico e o retratista da Dilma. O texto publicado na seção História em Imagens avisa que o ministério da Cultura está sob o comando de um repertório com menos de 300 palavras (a mais usada é “presidenta”). E prova que cada corte tem o Velásquez que merece. Confira.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Grande texto!


A turma que sonha com o extermínio dos imperialistas ianques não conseguiria viver num mundo sem os Estados Unidos

“Os Estados Unidos precisam usar sua influência para que os golpistas aceitem um acordo”, começou a miar o chanceler Celso Amorim no fim de 2009, depois de descobrir que o governo interino de Honduras não se dispunha a perder tempo com bravatas em mau português. Se o governo americano não tivesse articulado o acordo que restabeleceu a normalidade política no país caribenho, o companheiro Manuel Zelaya ainda estaria hospedado na pensão a que foi reduzida a embaixada brasileira em Tegucigalpa, jogando lenha na fogueira que Hugo Chávez acendeu e Lula alimentou.
A recente conversa entre Antonio Patriota e Hillary Clinton sobre a retirada dos brasileiros em perigo na Líbia atesta que o Planalto gostou tanto da fórmula inaugurada em Honduras que pretende induzir a Casa Branca a engolir uma exótica parceria: o Brasil sempre entra com o problema e os Estados Unidos entram sempre com a solução.
Confrontado com a insurreição popular que surpreendeu Muamar Kadafi, Patriota nem sequer sugeriu a Lula que conseguisse do seu “amigo e irmão”, como recitou o então presidente no encontro da União Africana em 2009, autorização para a entrada de embarcações estrangeiras em águas líbias. Tratou de pedir socorro à secretária de Estado do governo Barack Obama.
Sem a ajuda dos Estados Unidos, mais de 600 brasileiros ainda estariam a ver navios no litoral de Tripoli e Benghazi. Mas Obama não vai ouvir de Lula, quando o mais loquaz dos governantes recuperar a voz, um único e escasso tanquiú gaguejado em surdina. Tampouco deve esperar agradecimentos formais do Itamaraty. Nessa parceria à brasileira, o País do Carnaval não só entra sempre com o problema como, entre um socorro e outro, debita na conta de quem o socorreu todos os males e pecados do mundo.
É o que fez a companheirada nos oito anos do que Ricardo Setti batizou de lulalato. É o que sempre fizeram os esquerdopatas que passam a vida sonhando com o extermínio do Grande Satã, mas não conseguiriam viver sem ele. “Nós precisamos do imperialismo norte-americano, assim como um retirante precisa de sua rapadura”, ironizou o grande Nelson Rodrigues em março de 1968. “Ele é a água da nossa sede, o pão da nossa fome, é o nosso gesto, é a nossa retórica. Quem nos justifica e quem nos absolve? O imperialismo”.
Num dos parágrafos, o cronista previu o que aconteceria “se Deus convocasse as nossas elites, as nossas esquerdas, inclusive a católica; se chamasse os estudantes, se chamasse os escritores e lhes perguntasse: ‘Venham cá. Vocês querem que eu expulse o imperialismo americano?”". Nem pensar, concordariam prontamente os consultados, prontos para a cena descrita por Nelson Rodrigues: ‘”Cairíamos de joelhos, na calçada, soluçando o apelo: ‘Não faça isso, Excelência, não faça isso!’”.
A ÚLTIMA BÚSSOLA
Se as coisas eram assim há 50 anos, pioraram extraordinariamente com o sumiço de todas as demais referências que orientavam os combatentes da Guerra Fria. De lá para cá, desapareceram a União Soviética, o Muro de Berlim, a Cortina de Ferro, o Pacto de Varsóvia, a China maoísta, o Partidão, até a Albânia. Fidel Castro virou garoto-propaganda da Adidas e agoniza numa Cuba em decomposição. A última bússola é o imperialismo ianque.
A hostilidade aos Estados Unidos é o derradeiro traço comum da tribo que junta stalinistas farofeiros, vigaristas bolivarianos, terroristas islâmicos, populistas malandros, socialistas gatunos e ditadores africanos de diferentes túnicas e contas bancárias na Suiça. Neste começo de milênio, caso acordassem num mundo sem os Estados Unidos, todos se sentiriam mais órfãos que um Pedro II sem pai nem mãe, sem trono e sem José Bonifácio.
“O tal ódio aos americanos não chega a ser um sentimento, não chega a ser uma paixão. É uma defesa”, diagnosticou Nelson Rodrigues. “O imperialismo é culpado de tudo e nós, de nada”. A acreditar na lengalenga dos guerrilheiros de festim, é por culpa da nação que garantiu em duas guerras o triunfo da liberdade sobre o totalitarismo que o Brasil ainda não acabou de vez com a fome, o analfabetismo, a seca do Nordeste, o impaludismo, os naufrágios do Enem, a mortalidade infantil, o déficit público, a impunidade dos corruptos e dos assassinos, o desmatamento da Amazônia e a pouca vergonha epidêmica.
É também a Casa Branca que impede a paz planetária, avisa uma vez por semana o assessor presidencial Marco Aurélio Garcia. Enquanto o ministro das Relações Exteriores pedia ajuda a Hillary, o conselheiro para complicações cucarachas agora promovido a chanceler sem Itamaraty tirou do armário a farda e a espingarda de veterano da Guerra Fria, desta vez para fuzilar a ideia, esboçada pelos EUA, de apressar com sanções políticas e econômicas a queda de abjeções como Kadafi.
Inimigo do meu inimigo é meu amigo, acredita Garcia. Se os americanos não gostam dele, então o ditador da Líbia é gente fina. Quem deve ser tratado como tirano psicopata é o presidente da mais vigorosa e admirável democracia da História. Por coerência, o governo brasileiro tem de colocar sob suspeição qualquer figura elogiada por Barack Obama, certo? Errado, ensina o título honorífico que Lula mais aprecia.
Ao ouvir do intérprete servil que o colega americano dissera que era ele “o cara”, o alvo da lisonja deveria ter ficado tão ruborizado quanto uma virgem de antigamente: para merecer um afago da personificação do Mal, algum pecado mortal teria cometido. Que nada. Com um sorriso de candidata a Miss Simpatia, Lula amparou-se na expressão arbitrariamente atribuída a Obama para passar a enxergar no espelho o maior dos pais-da-pátria desde Tomé de Souza.
Há três anos, ele lustra o ego com a mesma gabolice: “Não fui eu quem falou que eu era o cara”. Tem razão. Foi nomeado pelo homem que a tribo acusa de chefiar o imperialismo ianque.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Amigo do peito


Para que os brasileiros deixem a Líbia, basta um pedido de Lula ao amigo e irmão Kadafi

Desde domingo, centenas de brasileiros em perigo na Líbia aguardam o pouso do avião fretado pelo Itamaraty. Desde domingo, o chanceler Antonio Patriota espera sentado a autorização do governo local para o pouso em algum aeroporto. Desde domingo, Lula faz de conta que conhece só de vista o homem que há 42 anos manda e desmanda no país. O que espera Patriota para interromper a amnésia malandra e recordar ao ex-presidente os tempos em que entrava sem bater na tenda beduína onde Muammar Kadafi conversa, descansa e dorme escoltado pela guarda pessoal só de mulheres?
Há pouco mais de um ano e meio, na reunião da União Africana realizada em Sirte, na Líbia, Lula e Kadafi andaram protagonizando cenas que, infiltradas em qualquer dramalhão de cinema, fariam a plateia inteira chorar lágrimas de esguicho.  “Meu amigo, meu irmão e líder”, derramou-se o convidado de honra, olhos nos olhos com o anfitrião, na abertura da discurseira. Kadafi pareceu especialmente comovido, naquele 1º de julho de 2009, ao ouvir o parceiro responsabilizar os países industrializados pelo “caráter perverso da ordem internacional”.
Em seguida, o orador acusou a imprensa em geral e os jornalistas brasileiros em particular de tratar com “preconceito premeditado” as relações amistosas entre os governos latino-americanos e as ditaduras da região. Só gente preconceituosa poderia fingir que não vê “a persistência e a visão de ganhos cumulativos que norteia os líderes africanos”, todos muito conscientes de que  “consolidar a democracia é um processo evolutivo”. Kadafi ficou tão animado com o palavrório que no encontro seguinte, promovido na Venezuela, propôs uma aliança militar, “nos moldes da OTAN”, entre os liberticidas africanos e os companheiros cucarachas.
No momento, o terrorista vocacional não tem tempo para pensar nessas grandezas: está inteiramente absorvido pela guerra de extermínio movida contra o povo líbio. Mas atenderá imediatamente ao telefone se souber que é Lula quem está do outro lado da linha. E, se ouvir o pedido, não se negará a suspender por algumas horas o bombardeio aéreo da população civil para permitir que o avião do Itamaraty recolha os brasileiros. Ninguém recusa o que pede um amigo e irmão. (Se recusar, o Brasil colherá mais uma prova de que a política externa da cafajestagem, parida pelo que Ricardo Setti batizou de “lulalato”, serviu apenas para envergonhar o país governado por um megalomaníaco).
Além de acionar o ex-presidente, Antonio Patriota deve reforçar urgentemente o esquema de segurança da embaixada na Líbia. Assustado com o tamanho da rebelião popular, Kadafi tem consultado o companheiro Hugo Chavez sobre planos de fuga e refúgios seguros. O último a tratar desses assuntos com o imaginoso venezuelano foi o hondurenho Manuel Zelaya. Os dois decidiram que um bom esconderijo seria a embaixada brasileira em Tegucigalpa. Kadafi avisou nesta terça-feira que prefere morrer a deixar o país. Se Patriota não abrir o olho, o bolívar-de-hospício e o ditador acuado tentarão abrir em Tripoli mais uma Pensão do Lula.

É só o camburão aparecer que o petróleo começa a jorrar...,


O grande Millôr avisou faz tempo: o petróleo é nosso, mas a conta bancária é deles

“O petróleo é nosso, mas a conta bancária é deles”, avisou faz tempo Millôr Fernandes. É o que José Serra deveria ter dito a Dilma Rousseff sempre que a candidata recomeçasse, no meio do debate na TV, a discurseira triunfalista sobre a Petrobras. Com uma frase de 10 palavras, o maior pensador brasileiro fez o resumo da ópera. Enquanto os pais-da-pátria distraem o povo com as mãos manchadas de petróleo, a turma que manda na estatal vê a cor do dinheiro.
Neste domingo, O Globo revelou as duas últimas da Petrobras. Primeira: dos 371 mil servidores, 291 mil não são concursados. Alheio às pressões do Ministério Público, o mamute segue engordando com contratações ilegais. Segunda: enquanto o governo festeja escavações no pré-sal que nem começaram, auditorias do Tribunal de Contas da União constataram que já soma R$ 4 bilhões o buraco escavado por irregularidades em licitações, contratos, obras e serviços em execução pela empresa.
Como de praxe, a diretoria que já foi comandada por José Eduardo Dutra e hoje é presidida por José Sérgio Gabrielli prometeu explicações que não virão. Em vez disso, virá o anúncio de que foi descoberta no litoral outra jazida de matar de inveja os gringos da OPEP. É sempre assim quando camburões são avistados das janelas da sede da estatal.
Antes que outro candidato governista volte a amparar-se nas façanhas imaginárias da Petrobras para recitar que privatização é crime, e que a construção do Brasil Potência passa pela estatização até do botequim da esquina, a oposição oficial precisa decorar outra lição do grande Millôr ─ e repeti-la todos os dias: “Nossos corruptos são tão incompetentes que só conseguem roubar do governo. Se fossem ladrões na iniciativa privada, morreriam de fome”.
Augusto Nunes

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O mínimo do mínimo

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Quem são estes valentes protestando contra o reajuste do salário mínimo acima da inflação?


 É de maio de 2000. Da esquerda para a direita, vocês vêem os então deputados Aloizio Mercadante, Antonio Palocci, José Dirceu, Babá (hoje no PSOL) e Ricardo Berzoini. Todos eles protestam contra o reajuste do mínimo proposto pelo governo FHC, que passava de R$ 136 para R$ 151 — 11,11% de reajuste. A inflação de 1999 tinha sido de 8,94%. No ano seguinte, 2001, o mínimo foi para R$ 180 (19% de elevação), contra uma inflação, em 2000, de 5,97%. O salário votado para 2002 foi de R$ 200, com reajuste de 11,11%, contra uma inflação, em 2001, de 7,67%.

Um pouco de história: vejam como isto é instrutivo!

Pois é. Alguns gostariam de renunciar à política, não é? Eu não renuncio. Pode ser uma porcaria às vezes, mas ainda é o melhor caminho para a resolução de conflitos. A alternativa são paus, pedras e seus congêneres modernos: bombas, tanques… Qual é?
Leiam isto. Pode soar estranho no começo, mas não desistam:
Partidos da base aliada (PSDB, PFL, PMDB, PPB e PTB) e o governo fecharam ontem um acordo para fixar o salário mínimo em R$ 200 a partir de abril de 2002. O novo valor vai significar um reajuste de 11,11% em relação ao mínimo atual, que é de R$ 180.
Pelo acordo, os congressistas concordam em abrir mão de R$ 1,55 bilhão das emendas de bancadas estaduais e das comissões técnicas da Câmara e do Senado e o presidente Fernando Henrique Cardoso acata, sem veto, a decisão. O acordo garante os votos necessários para a aprovação do mínimo de R$ 200, superior aos R$ 189 propostos pela equipe econômica, mas abaixo dos R$ 220 defendidos pela oposição.
O governo decidiu aceitar um valor maior diante da pressão dos aliados, que queriam evitar o desgaste político de votar um salário mínimo com reajuste abaixo da inflação num ano eleitoral.
O acordo foi intermediado pelo presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG). “Foi um sinal de maturidade da Câmara”, comemorou Aécio, após reunião com os líderes governistas no gabinete de Inocêncio Oliveira (PFL-PE): “Foi uma negociação mais fácil do que eu poderia imaginar”.
Pela manhã, Aécio havia conversado com FHC por telefone. O presidente da Câmara argumentou que os aliados tinham avançado na defesa de um valor maior para o mínimo e da correção da tabela do Imposto de Renda.
Segundo Aécio, era necessária uma composição com o Planalto para evitar desgaste político. Com o sinal verde de FHC, Aécio procurou o relator do projeto de Orçamento para 2002, deputado federal Sampaio Dória (PSDB-SP). Dessa reunião surgiu a fórmula para os cortes das emendas.
Serão cortados entre 40% e 50% das emendas de comissões técnicas e entre 10% e 14% das emendas de bancada, para somar o total de R$ 1,55 bilhão necessário para conceder o aumento.
À tarde, Aécio se reuniu com os líderes governistas no gabinete de Inocêncio. Participaram da reunião os líderes do PSDB, Jutahy Júnior (BA), do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA), e do PPB, Odelmo Leão (MG). Todos concordaram com a fórmula. Em seguida, Aécio ligou para o presidente do Congresso, Ramez Tebet (PMDB-MS), que apoiou a proposta. Tudo acertado, Aécio telefonou para FHC e o informou sobre o acordo.
FHC e a equipe econômica estavam condicionando um reajuste maior para o mínimo à identificação de fontes permanentes de financiamento dos gastos. Antes, FHC ameaçara vetar um reajuste do mínimo acima de R$ 189.
Ontem pela manhã, o presidente afirmou que um mínimo de R$ 200 “não é muito não”. Questionado se era possível chegar a esse valor, respondeu: “Perguntem aos deputados”. No final da tarde, por meio do porta-voz Georges Lamazière, FHC disse: “O que importa é encontrar os recursos porque, obviamente, ninguém pode ser contra aumento de salário”.
O impacto de um aumento do salário mínimo recai sobre as contas da Previdência Social.
VolteiVocês entenderam. Eram as negociações para o salário mínimo que vigeria em 2002. Este texto foi publicado na Folha no dia 12 de dezembro de 2001. O que há de  formidável ali:
- a equipe econômica queria um mínimo ainda menos do que aquele aprovado pelo governo: apenas R$ 189;
- a base governista achava que era pouco e reivindicava pelo menos R$ 200;
- os economistas apontavam risco para as contas públicas;
- o governo concordou com os 200 - reajuste de 11,11%;
- a oposição (era o PT) queria R$ 220: 22,22%!
Um dos economistas que davam embasamento técnico para as reivindicações do PT era Guido Mantega, o agora ministro da Fazenda preocupadíssimo com as contas públicas. Ok. Estava num papel; agora está noutro. Na minha pesquisa, não encontrei nenhum economista ou jornalistas afirmando que o PT tinha mais era de concordar com o governo porque um reajuste de 22,22% seria “uma irresponsabilidade”.
Dava-se ao PT o direito de fazer política, o que é o correto, diga-se de passagem. Naquele caso, o PT “GANHOU PERDENDO”. Os R$ 200 foram aprovados, e o partido chamou o reajuste de merreca.
Eu estou aqui, entre outras coisas, para lembrar que a história existe. Dois anos depois, o PT estava no poder.

O PT descobre o valor revolucionário dos R$ 545

Estou acompanhando pela TV Câmara a sessão que debate o salário mínimo. É engraçadíssimo ver os petistas tentando provar que o valor verdadeiramente revolucionário para o mínimo são os R$ 545 propostos pelo governo, não os R$ 560 defendidos por centrais e por alguns oposicionistas ou os R$ 600 reivindicados pelo PSDB.

Argumento vigarista

O deputado Henrique Fontana (PT-RS) fez a defesa do mínimo de R$ 545, já no procedimento de votação. E abusa dos argumentos vigaristas, como de hábito, diga-se. Defendeu a proposta do governo atacando… FHC! Perguntou aos tucanos por que o mínimo, no governo  do PSDB, não chegou a US$ 100. Não entendi se ele quer debater o salário ou a questão cambial… Vai ver o valente está entre aqueles que se orgulham do “real forte”, não é mesmo?

Chinaglia: não aos R$ 600 e sim aos R$ 545 em nome dos trabalhadores…

O deputado Arlindo Chinaglia (Pt-SP) intruiu a bancada do PT a votar contra o destaque de R$ 600 - ele quer R$ 545 - em defesa dos trabalhadores do Brasil. Então tá!
Por Reinaldo Azevedo
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Para saber mais:

Salário mínimo tem menos da metade do poder de compra de 1940

O salário mínimo brasileiro foi instituído na Era Vargas. A Constituição de 1934 adotou, no Artigo 121, o princípio do "salário mínimo, capaz de satisfazer, conforme as condições de cada região, às necessidades normais do trabalhador". Porém, a quantia só foi estabelecida em 1º de maio de 1940, e passou a vigorar dois meses depois, com o valor de R$ 1.202,29 (corrigida a preços de janeiro de 2011). Atualmente, o valor de R$ 540 tem menos da metade do poder de compra que tinha na época da criação. O governo tenta aprovar reajuste para R$ 545 nesta quarta-feira - oposição e líderes sindicais pedem aumento maior.
Leia a íntegra AQUI:

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Amigos e amigos...,

CONHECIDOS E AMIGOS: AS GRADAÇÕES 

Amigo do peito.
Amigão. 
Velho amigo.
Meu melhor amigo.
Conheço-o há muito tempo.
Conhecido metido a amigo.
Amigo que cai de turma e vira conhecido.
Sempre foi muito legal comigo.
Conhecido íntimo.
Conhecido afetuoso.
Conhecido que se diz amigo.
Conhecido que finge que não nos vê em certas situações.
Amigo intenso que não se vê há muitos anos.
Amigo passivo.
Amigo de convivência esparsa e rara.
Amigo de todas as horas.
Amigo das horas difíceis.
Amigo só de horas fáceis.
Amigos encrenqueiros.
Amigos adoráveis.
Amigos trabalhosos.
Amigo de Fé.
Conhecido de vista.
Falso íntimo.
Amigo a quem não se conhece pessoalmente. 
Amigo da Internet. 
Conhecido da Internet.
Chato da Internet.
Afinidade especial na Internet.
Amigo dela de quem foi caso secreto no passado.
Amiga dele de quem foi caso secreto no passado.
Ex–amigo que ainda não sabe que já é.
Candidato a ex-amigo.
Amizade que deixamos escapar.
Amizade unilateral.
Admiração sem amizade.
Amizade com inveja. 
A mútua admiração da amizade.
A impossibilidade do amigo morto.

Por Mário Prata

O Simpático Charme dos Corruptos

Theófilo Silva

Confesso que me rendi ao charme dos gangsters brasileiros. Eles imitam bem os gangsters de Hollywood. Seus ternos, carrões (Ferraris, Masseratis e Porsches), lanchas, Rolexs, mansões, festas, viagens, jatinhos, belas mulheres... Esse glamour todo me conquistou. Aceitei o fato de que o crime compensa. Pelo menos, no Brasil tem compensado.

Há corruptos para todos os gostos, no Brasil. Como moro em Brasília, vou falar somente dos corruptos daqui. Todo brasiliense, com um pouco de informação, sabe quem são os sujeitos dos quais estou falando. São muitos, mas tem uns dez que são Top, a nata, são famosos e ultrassofisticados. Parte deles iniciou a carreira como comerciantes e acharam sua vocação na política. Depois de ocuparem mandatos e cargos públicos, tornaram-se milionários. Denunciados pelas autoridades, afastaram-se para torrar os milhões desviados.

O que me espanta nesses caras é o completo desprezo com que eles veem as autoridades brasileiras: delegados, promotores, juízes... Segundo eles, esses funcionários do governo, que ganham um salário menor do que o IPVA (que eles não pagam) de um de seus carros, são uns coitados. Eles não veem diferença entre um juiz e um empregado de cartório. “Por que perder tempo, se o processo irá para o STF e jamais será julgado”!

Esses “top ten” respondem, pelo menos, há uma centena de processos na justiça: por peculato, formação de quadrilha, extorsão, apropriação indébita, assassinato, estupro, tramitando no mínimo há vinte anos. Mesmo condenados, são réus primários, não há sentença definitiva. Por isso eles distribuem sorrisos e gastam dinheiro. Suas fotos nos jornais, apontando-os como criminosos, não os intimidam. Pelo contrário, aumentam a fama deles. Alguns só faltam dar autógrafos. Nossos “top ten” são verdadeiros superstars, com muitos admiradores. Dizem que eles encaram uma condenação por formação de quadrilha como se fosse infração de trânsito.

E como não admirá-los! Quem é que não quer ser rico? Não é por isso que lutamos, por uma existência em que o dinheiro não seja problema? Como desprezar alguém que tem tudo aquilo que eu gostaria de ter? Como julgá-los criminosos, se o STF não confirma que eles são? Quem somos nós para julgá-los! Se delegados, promotores e a imprensa afirmam que “um sujeito simpático” desviou 30 milhões de reais da merenda escolar, mas os tribunais superiores dizem que não, eu posso dizer que esse sujeito é um ladrão? Claro que não! Temos que respeitar a instância máxima do judiciário.

E eles têm imitadores – aqui na cidade, seguindo seus métodos – que ainda não foram desmascarados. Talvez a sociedade esteja errada em condenar esses homens sorridentes, bem vestidos, charmosos, sempre prontos a apertar a nossa mão, olhando dentro de nossos olhos, e dizendo: “eu sou o cara”!

Shakespeare, se os visse, diria: “esse sujeito tem tudo que um homem honesto não deve ter e do que um honesto deve ter, nada tem” ou então: “Esse sujeito, de honesto só tem as roupas que veste”. Shakespeare criou dois gangsters sedutores, Ricardo III e Macbeth, mas matou-os no final das peças!

O sucesso dos gangsters deve ser respeitado. Se desviar dinheiro público não dá cadeia, qual é o problema em fazê-lo? Ora, o mundo é dos espertos, e os tolos que fiquem chupando o dedo. Afinal, quem é a sociedade para duvidar do STF. Se o STF não os julga, por que nós devemos julgá-los?
Proponho um brinde! Vida longa aos Corruptos!

Theófilo Silva é autor do livro “A Paixão Segundo Shakespeare” e colaborador da Rádio do Moreno.