quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Somos mansos..., domesticados...,


E os Cubanos, quando vão pedir a saída do morto vivo?
E o beiçudo da venezuela? Ficaria melhor num programa de humor.
E os Bolivianos, até quando vão aguentar o Morales?
E os Equatorianos do Correia?
E os Brsileiros com “lula”, “sarney”, “dilma”, “collor”, etc…, viraram todos amigos de infância.
Acho que todos ficariam melhores num programa de humor.
E a oposição(não existe), se existe, até quando vai ficar abanando o rabo virado para o planalto?
Quando que vamos sair às ruas?
Até +, vamos…,
“Fiquem tranquilas as autoridades. No Brasil jamais haverá epidemia de cólera. Nosso povo morre é de passividade” Millôr
Leiam a matéria do Caio Blinder:Somos todos egípcios, somos todos iranianos, somos…


Fogo e Sangue em Teerã - foto Efe
Como de hábito, devemos reagir com solidariedade e ansiedade (paternal, no meu caso) quando multidões de jovens saem às ruas pedindo democracia e o fim de ditaduras odiosas. No relativismo das coisas, Hosni Mubarak era um ditador suave, um opressor de segunda classe na sua categoria de gente. O desfecho até agora (sic) no Egito foi relativamente pacífico (cerca de 300 mortos) e existem promessas de uma transição democrática. Somente para ficar nas vizinhanças, há ditadores não apenas piores, mas que também não vacilariam em massacrar em escala pavorosa. Nem estamos falando o que poderiam fazer os chineses com um desafio frontal. Nunca se esqueçam da Praça da Paz Celestial, em Pequim, em junho de 1989.
Mubarak era moderado e pró-ocidental. Uma das formas de entender este atributo é que suas barbaridades eram circunscritas. O octogenário autocrata era monitorado pelos americanos. Hipocrisia ocidental tem estas vantagens, embora, é verdade, nem sempre tenha funcionado com alguns aliados. Mas funcionou no Egito, onde também houve o fator crucial do cálculo do Exército de não massacrar os manifestantes diante dos olhos do mundo. E o que vem pela frente no resto da região, em países em que a imprensa livre nem pode acompanhar a repressão, como no Irã?
A Tunísia do destronado ditador Ben Ali inspirou o Egito e o Egito reinspirou os jovens do Movimento Verde no Irã. Eles voltaram às ruas de Teerã e outras cidades iranianas esta semana, numa mobilização acima das expectativas, a maior desde que o regime do aiatolá Khamenei e do presidente Mahmoud Ahmadinejad esmagou os protestos contra as eleições fraudulentas de junho de 2009. Desta vez, os protestos não são apenas contra a fraude eleitoral, mas a fraude que é a ditadura deste aiatolá. Sayed Ali Khamenei é alvo direto dos protestos. Bacana escutar o slogan rimado “Ben Ali, Mubarak, agora é sua vez, Sayed Ali”. O Egito de Mubarak tinha um Parlamento-fantoche, o do Irã de Khamenei tem deputados bandoleiros pedindo a execução dos dois principais líderes de oposição.
De volta às ruas. Os manifestantes egípcios ensinaram uma lição: é preciso ocupar o espaço físico, a praça. Não é possível voltar para casa. Protesto para derrubar uma ditadura não tem horário comercial. Mas os opressores iranianos também aprenderam lições: não é possível deixar os manifestantes ocuparem a praça. Os ativistas iranianos tomaram nota e seus manuais de agitação agora recomendam mobilizações ágeis e esparsas antes de tentar chegar numa praça. E aqui repito os sentimentos de solidariedade e ansiedade. A revolta no Irã poderá ser muito sangrenta se persistir. Evidentemente, não vou prever se a ditadura iraniana poderá cair em 18 dias (como no Egito), 18 semanas ou 18 meses (espero que não leve 18 anos).
O objetivo imediato dos manifestantes foi alcançado: após 14 meses de silêncio, a oposição mostrou que está viva e desmascarou a farsa orwelliana do regime Khamenei-Ahmadinejad, que saudou a queda de Mubarak como um “despertar islâmico” e um brado de liberdade. O regime de Teerã obviamente nega a seu povo esta liberdade e os manifestantes no Irã querem apressar o crepúsculo desta ditadura islâmica.
Em contraste a 2009, quando o governo Obama foi reticente para encorajar os protestos contra o regime dos aiatolás, desta vez existe uma postura mais incisiva. Vale lembrar que o apoio ocidental a manifestantes iranianos pode ser contraprodutivo diante da propaganda do regime islâmico de que o “grande Satã” e seus “aliados sionistas” estão fomentando a rebelião. Mas depois dos acontecimentos na Tunísia e Egito, onde caíram regimes pró-ocidentais, seria esquisito americanos e ocidentais não denunciarem com determinação o que está acontecendo no Irã e não deixarem claro a hipocrisia de Khamenei e Ahmadinejad.
Mas, de volta às ansiedades. Você estimula protestos contra uma ditadura odiosa e se os manifestantes são massacrados? Na insurreição anticomunista de Budapeste, em 1956, os ocidentais deixaram na mão os manifestantes, que tinham escutado palavras de encorajamento (eram tempos do rádio e não Internet). Há 20 anos, o governo do primeiro presidente Bush estimulou e depois se distanciou da sublevação contra a ditadura de Saddam Hussein.
Mas a história dá umas voltas curiosas. Saddam Hussein era um ditador que não vacilava em matar os cidadãos do seu país em larga escala para ficar no poder. Justo perguntar se os xiitas e os curdos se livrariam do genocídio sem a intervenção militar americana do segundo presidente Bush? Talvez apenas sofrendo um genocídio. Não dá para comparar o custo humano da ocupação americana com o que Saddam fez com o seu povo na era anterior. Foi muito pior.
Eu adoraria se esta teoria do dominó (de ditaduras caindo lá no Oriente Médio) funcionasse com um ditador como Bashar Assad, na Síria. Está aí um regime ainda mais tenebroso do que o de Mubarak. Nao é cliente americano, mas é secular. Basta ver o que fez o papai Hafez, de quem Bashar herdou o poder. Um dos maiores crimes contra a humanidade praticados no Oriente Médio moderno aconteceu em 1982 quando o regime Assad esmagou uma rebelião na cidade de Hama. Morreram entre 10 mil e 25 mil pessoas, inclusive mulheres e crianças. Os rebeldes não eram jovens bacanas, ao estilo destes do Cairo ou Teerã. A rebelião era obra da filial síria da Irmandade Muçulmana, que há 30 anos não fingia tanta moderação, como agora no Egito.
E aqui temos outra dilema de solidariedade. Revoltas contra tiranias podem acabar com um belo final, em um fracasso sangrento ou em uma outra tirania.

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