As três moças de Encruzilhada
Mário Quintana
Era uma vez três moças que moravam na florescente cidade de Encruzilhada. E, como eram três
moças muito sérias, faltava-lhes o senso de humor
e tomavam ao pé da letra o nome de sua cidade
natal. E nunca sabiam onde ir, o que fazer, o que
responder...
Para acabar com essa dúvida atroz, depois de
infindáveis hesitações, resolveram o seguinte: a
primeira sempre diria “sim”, a segunda que não e a
terceira responderia com ar sonhador:
— Talvez...
Ora, um dia a Morte apareceu à primeira, e a
moça disse que sim.
A Morte a levou.
No outro dia a Morte apareceu à segunda e esta
disse que não.
— Como ousas contrariar-me? — a Morte retrucou. — Eu sou a única Potestade do Céu e da Terra
a quem ninguém pode dizer “não”.
E levou a moça.
Enfim, no terceiro dia, a Morte apresentou-se à
última das três — e a moça ficou olhando, olhando
a cara da Morte e finalmente suspirou:
— Talvez...
E a Morte retirou-se, danada da vida.
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