sexta-feira, 9 de julho de 2010

Movido à 51...,

Na festa do turismo, Lula rasgou o script

Depois de uma maratona de compromissos oficiais e discursos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou o dia rasgando o script e falando o que desse na telha nesta sexta-feira, na África do Sul. Lula já tinha participado de uma cerimônia oficial em Pretória e falado aos empresários reunidos num fórum de negócios em Johannesburgo. Quando passou para o salão vizinho, no centro de convenções Sandton, para participar do lançamento da nova campanha publicitária de promoção do turismo brasileiro no exterior, foi logo avisando: “Nem era para eu falar, mas tinha que dizer algumas coisas”. Depois de chamar o prefeito do Rio, Eduardo Paes, de governador (corrigiu com uma brincadeira: “Quem sabe um dia, né, Paes?”), começou a discorrer sobre as características étnicas das seleções participantes da Copa para sustentar que nenhum país tem tanta diversidade quanto o Brasil. “Quando você vê o time alemão, só tem alemão, tirando o nosso Cacau, que é brasileiro”, afirmou, esquecendo-se de que aquela seleção tem atletas de origem turca, ganesa, polonesa e tunisiana. “O Japão tem só japonês, tirando o Paulo Tanaka, outro brasileiro” (na verdade, chamado Marcus Túlio Tanaka).
Logo em seguida, emendou uma piada com a Coreia do Norte, time de um jogador que se emocionou durante o hino nacional, na estreia contra o Brasil. “Aquele rapaz chorava tanto que acho que era vontade de não voltar para a Coreia”, disse, provocando gargalhadas. Seguindo no assunto mistura étnica, Lula disse que o encontro dos europeus, índios e negros no país “deu no que deu”: “Essa gente bonita como eu”. “Se não tivesse outro motivo para ir ao Brasil, esse pessoal bonito já seria o bastante. E sabe como é: para cada sapo tem uma sapa. Todo mundo acaba achando alguém pra se arrumar.” Ao falar da agenda de grandes eventos esportivos do Brasil nos próximos anos, Lula também provocou risadas na plateia ao classificar a Copa das Confederações de “aquela que a seleção ganha para enganar a gente e achar que vamos vencer a outra, que é a que vale mesmo”. Com a pasta do discurso preparado pela assessoria em mãos, Lula só se lembrou do assunto em pauta – o turismo no Brasil – momentos antes de deixar o palco. “Bom, deixa eu ler pelo menos a última frase do discurso”, disse. A frase era o slogan da capanha publicitária do governo: “O Brasil está te chamando. Celebre a vida aqui.”
(Por Giancarlo Lepiani, de Johannesburgo)

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