quarta-feira, 21 de abril de 2010

“A gente tem ainda um minuto e 40 segundos. O que a gente faz agora? Quer cantar?”


Reinaldo Azevedo

É…

Estava eu aqui, como a Inês de Castro, de Camões, “posto em sossego!, quando uma amiga avisa pelo MSN: “Dilma está no Datena”. Essa profissão não é bolinho, não! Lá vou eu. Já tinha perdido a primeira parte em que ela se disse devota de Nossa Senhora de Fátima. Como sintetizar a entrevista? Acho que esta fala de Datena diz tudo: “Temos ainda um minuto e quarenta segundos. O que a gente faz? Quer cantar?” Como a petista não tinha mais nada a dizer — e, de fato, tinha passado o tempo todo tentando dizer alguma coisa —, ensaiou: “El día que me quieras”… E soltou mais uns dois versos em “embromacíon“, a versão em espanhol do “embromation“.

Não foi o único momento constrangedor, não, daqueles que causam vergonha alheia. Faltando uns três minutos para o fim do programa, o apresentador mandou ver: “A senhora até agora não me deu a manchete. Diga alguma coisa pra ser manchete”. E ela, com aquela sua descontração natural: “Achei a entrevista com você o máximo!”.

Mas nem uma coisa nem outra foram o auge do constrangimento. Alguma coisa combinada nos bastidores não deu certo, e Dilma sofreu um apagão mental no meio da entrevista — espero que a Band mantenha a entrevista em seu site. Datena: “A senhora me falou que ia dizer uma coisa aqui pela primeira vez”. Dilma arregalou os olhos, passou a olhar desesperadamente o vazio em busca de algum auxílio, engrolou palavras sem muito nexo até que achou a idéia luminosa: “Eu quero dizer que eu amo o meu país e que já é muita coisa ter chegado até aqui”. E o apresentador um tanto surpreso com o comportamento basbaque dela: “Mas isso não quer dize que já esteja bom”. E Dilma: “Não! Lembro sempre a mãe do presidente, que falava: ‘Teime, Lula, teime!’” Lula, Lula, Lula…


Temer

O entrevistador quis saber se Michel Temer (PMDB), presidente da Câmara, é um bom candidato a vice. Com “zero” de entusiasmo, ela disse que era um bom nome. Mas se negou a tratá-lo como o candidato do partido ao cargo. Ocorre que ele É O CANDIDATO do PMDB!

Foi difícil levar a coisa até o fim, como se nota. A fala de Dilma ia se fragmentando e se perdendo em anacolutos, com parênteses dentro de parênteses, onde ela intercalava frases, metendo apostos em apostos… O raciocínio não era um novelo que se desenrolava, mas uma grande embromação. Depois de algum tempo, ninguém entendia nada. E quem conferia alguma inteireza àquele caos de idéias quase claras? Acreditem: Datena!

Dilma tentou explicar o programa “Minha Casa, Minha Vida”. Não conseguiu. O apresentador ajudou: “É para dar moradia digna”. Isso! É para dar moradia digna!!!

Datena indagou o que ela pensava dos ataques (quais?) que FHC lhe teria desferido. Num sinal, talvez, de que a luta do suposto “bem” contra o suposto “mal” esgotou as suas virtudes eleitoreiras, Dilma fugiu da briga e disse apenas que a crítica é natural porque FHC é de um partido de oposição… Foi o seu melhor momento.

Faltam ainda seis meses. Vamos ver o que eles vão fazer agora.

Um comentário:

  1. Pois este é o perigo. De teimar, teimar, teimar de que o comunismo ainda pode ser possível por suas mãos. O mundo não mudou, e parece que nem ela. Basta ver o 3 PNDH urdido na calada da noite entre os "companheiros" de 68.

    Em 68 tanques soviéticos arrasavam praga e a sua tentativa de libertação. E Wanda aqui lutando para alinhar o país a URSS para fazer a justiça pela qual se diz tanto fiel.

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