domingo, 27 de maio de 2018

O John Galt brasileiro é caminhoneiro?


Desde ontem conversei com muitas pessoas envolvidas nesse episódio da paralisação dos caminhoneiros. Me parece que a faísca para o processo foi o último aumento dos combustíveis e do dólar, um fenômeno global, que atingiu em cheio o elo mais fraco da corrente, já esticada ao máximo pela mais grave crise da história do país, gestada nos governos petistas, que ao invés de utilizar o seu capital político para fazer as reformas necessárias, utilizaram a situação global positiva na economia para fazer populismo, criando bonança artificial, além de montar o maior esquema de corrupção da história do mundo. A partir de 2013, a conta chegou.
Com mais pessoas desempregadas, a oferta de mão-de-obra para dirigir caminhões aumentou, pressionando as margens. A menor atividade econômica pressiona também as empresas do setor. A politica realista de preços da Petrobrás pressionou mais ainda. O petróleo subiu e a corda estourou tanto para caminhoneiros quanto para as empresas de transporte de cargas.
O apoio da esmagadora maioria da população à greve ocorre porque os caminhoneiros representam as pessoas que efetivamente trabalham nesse país e que viraram escravos do governo, através de impostos cada vez maiores, recebendo cada vez menos serviços em troca. Nem a básica ordem pública é garantida pelo Estado há muito tempo.
A Lava Jato demonstrou sem sombra de dúvida que somos governados pelos piores bandidos, verdadeiros psicopatas que pensam apenas em si e nos seus grupos de comparsas. O trabalho dos canalhas é facilitado pela estrutura socialista do país, que concentra poder exagerado nas mãos do Estado. Esse é o nosso principal problema.
Creio que não há um brasileiro decente hoje que não ficaria realizado em observar a esmagadora maioria de políticos e até mesmo juízes dos tribunais superiores indo direto para a cadeia pelos crimes cometidos nas últimas décadas, abrindo espaço para uma reforma profunda que possa restabelecer os direitos naturais dos cidadãos, a ordem e a capacidade de produzir riqueza por iniciativa própria.
O problema é como realizar tal movimento da forma menos arriscada possível, pois do caos, qualquer coisa pode brotar, tanto uma mudança para melhor quanto uma mudança para muito pior. E não falta no Brasil esquerdopatas querendo aproveitar o caos para aprofundar o desastroso projeto socialista iniciado pela Constituição de 88.
Os caminhoneiros não são socialistas, mas formam um grupo fragmentado, que tem poder de pressão pela dependência econômica do país ao seu trabalho, porém não contam com a capacidade de organizar um movimento político com as características necessárias para conduzir o processo de uma intervenção popular.
Talvez o que eles podem fazer é gerar as condições para que o governo caia de podre, abrindo espaço para que os militares assumam o poder. Mas estariam eles preparados para tal processo?
Muita gente defende que a situação precisa ser levada até as eleições desse ano, onde seria então escolhido um presidente que contaria com alguma legitimidade para refundar o Brasil em algum grau. Mas mesmo nesse caso, com esse STF e TSE que aí estão, qual é a garantia que as eleições sejam limpas? Eles descaradamente desobedeceram a lei ao negar a implementação do voto impresso, o que deixa duzentas pulgas atrás da orelha. Não implementaram o voto impresso para poder fraudar as eleições?
Além disso, como acreditar numa refundação do país se os mesmos ratos de sempre estarão no poder, já que a estrutura política foi ainda mais concentrada com as últimas mudanças que garantem bilhões de reais nas mãos dos velhos caciques para que eles escolham os candidatos que receberão recursos? Nas eleições para Câmara dos Deputados e para o Senado, a renovação será mínima. Nove entre dez políticos em Brasília só falam em como frear a Lava Jato, o que de fato já fazem, em parte contando com o STF.
Algum tempo atrás, perguntei: e se os trabalhadores do Brasil, aqueles que realmente carregam esse país nas costas cruzarem os braços, o que acontecerá? Não os mortadelas de sindicato, mas quem realmente produz riqueza. Como no romance de Ayn Rand, parece que esse dia chegou.
E agora?
Mesmo enfraquecido, o governo conta com muitos instrumentos para debelar a paralisação, como a força bruta, multas e outras punições. Parece que a PF vai até mesmo pedir a prisão de alguns líderes da greve. O exército tem autorização para usar a força. É possível que o movimento seja abafado.
Ou as coisas podem sair do controle rapidamente dado o apoio da população ao processo, que deve diminuir quando o sofrimento por conta da paralisação aumentar, inclusive causando mortes. Se o apoio não esmorecer, algum tipo de intervenção acontecerá, talvez até solicitada pelo próprio governo, que não terá mais condições nenhuma de governar.
Se for o caso, que haja uma liderança mínima para dar os passos necessários na limpeza do país e criação de uma nova estrutura de funcionamento de sociedade, com um Estado mais enxuto, eficiente e descentralizado, acabando com o regime de escravidão que nos encontramos, restabelecendo a ordem e garantindo o livre mercado.
Esse é um possível desdobramento otimista para essa grave crise, apesar de menos provável. O mais provável é que mesmo no caso de uma intervenção, seja mantida a mesma estrutura de poder, onde alguns poucos privilegiados escravizam o resto da sociedade, ao parasitar o Estado. Talvez apenas com alguns ajustes de menor profundidade, para que os escravos não se revoltem de vez. Há ainda uma terceira alternativa, a mais negativa, também menos provável, onde a esquerda dobre a aposta socialista, até mesmo pela via eleitoral. E nesse caso, a Venezuela está aí como exemplo do que pode estar por vir.
Mesmo que a atual crise seja debelada nos próximos dias, as suas causas profundas permanecerão presentes até que o país seja refundado. O modelo atual está completamente falido. Para que essa refundação aconteça, a alternativa de curto prazo é algum tipo de ruptura, com os seus riscos. No longo prazo, apenas com uma mudança de mentalidade profunda do brasileiro, combatendo a revolução esquerdopata em curso que destrói todos os nossos valores mais caros, há alguma chance de sucesso.

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