quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Nosso almoço de domingo está em cima de um caminhão', diz senador

Blairo Maggi participa da reunião promovida pelo governo para tentar pôr fim à paralisação. E alerta: se faltar comida, pode haver desestabilização social

Gabriel Castro, de Brasília
O senador Blairo Maggi (PR-MT)
O senador Blairo Maggi (PR-MT) (Antonio Cruz/ABr/Divulgação)
O governo realiza na tarde desta quarta-feira uma reunião com caminhoneiros e empresários na tentativa de encontrar uma solução para a paralisação de caminhões que atinge boa parte do Brasil. Os ministros dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, da Agricultura, Kátia Abreu, e de Relações Institucionais, Miguel Rossetto, participam do encontro.
O senador Blairo Maggi (PR-MT), que é um dos maiores produtores de soja do mundo e também participa da reunião, fez um alerta ao chegar ao Ministério dos Transportes, onde acontece a reunião: "Nosso almoço de domingo está em cima de um caminhão. Se não chegar a gente não almoça", disse ele, sobre os riscos de desabastecimento.
O senador também reafirmou o que havia dito na tribuna do Senado, nesta terça-feira: a manutenção da paralisação é perigosa para o governo por causa da chance de faltar comida nas prateleiras. "O movimento pode criar uma desestabilização social muito rápida. No Chile, quando o Allende perdeu o cargo, começou com uma greve de caminhoneiros", afirmou. Apesar disso, Maggi disse acreditar em uma solução rápida para o problema. 
O governo estaria disposto a ceder em dois pontos. Um deles é a garantia de que não vetará a Lei dos Caminhoneiros, que estabelece, dentre outras regras, uma quantidade mínima de horas de repouso para a categoria. A outra é a prorrogação do Finame, um programa de financiamento de longo prazo para a aquisição de caminhões. 
Mas Ivar Schmidt, um dos caminhoneiros que participam do encontro, disse que só uma medida pode motivar a interrupção imediata do protesto: uma redução, mesmo que temporária, de 50 centavos no preço do diesel. O abatimento valeria pelo menos enquanto o governo elaborasse uma proposta de valor mínimo para o frete, o que hoje não existe. "Nessas condições, se nós trabalharmos o lucro é zero e se nós ficarmos parados, o lucro também é zero", explicou ele nesta quarta-feira. 
A sugestão apresentada por Schmidt, que é líder de uma das muitas associações de caminhoneiros em atividade, é de um valor de 70 centavos por eixo de caminhão a cada quilômetro rodado.  Contudo, o governo descarta abater o preço do diesel e os empresários não aceitam a criação de um frete mínimo. Eles alegam que não é possível fixar o preço, já que o valor de muitos produtos transportados, como a soja, varia ao longo do ano.

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