segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

As cidades mais empreendedoras do Brasil


 Entenda quais foram os critérios usados pela Endeavor para escolher as capitais mais propícias para a atividade empreendedora no país

Marcos Hashimoto - 24/11/2014
No último dia 23, foi lançado pela Endeavor o primeiro estudo sobre capitais com melhores condições para a atividade empreendedora no Brasil. A vencedora foi Florianópolis, na média geral dos critérios. Mas vale aqui uma análise mais aprofundada sobre o levantamento feito pela equipe de pesquisa da organização.
Sete pilares embasaram os critérios estabelecidos nas avaliações das cidades. 14 capitais foram selecionadas para fazer parte do estudo, todas com uma proporção de mais de 1% de empresas com alto crescimento (mais de 20% ao ano, por três anos consecutivos). Estas cidades foram: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória.
No primeiro quesito, marco regulatório, que mede o tempo de processos críticos para estabelecer um novo negócio e o custo dos impostos, a vencedora foi Goiânia, que conseguiu reduzir e unificar os processos de abertura de empresas (aproximadamente 30 dias) e por ter taxas de impostos abaixo da média das demais capitais.
A infraestrutura, que considera as condições de transporte e custo de imóveis, de energia elétrica e acesso às redes de comunicação, teve Curitiba como vencedora, com uma das melhores avaliações em termos de mobilidade urbana, segurança e acesso à internet, boa malha rodoviária e um dos menores custos de imóveis dentre as demais cidades avaliadas.
São Paulo apresentou o melhor desempenho em termos de acesso ao mercado, posição conquistada basicamente por ter o 10º maior PIB (Produto Interno Bruto) do mundo. Mas a cidade ficou apenas com a 6ª posição em termos de clientes potenciais, devido ao baixo volume de compras públicas. A conclusão é que, embora o governo compre pouco de empreendedores, o poder de compra de empresas e consumidores é altíssimo.
Como era de se esperar, São Paulo também se destacou no acesso a capital e geração de inovações. Quanto ao acesso a capital, por ser o centro financeiro do país, este resultado não surpreendeu, não só pela concentração de fundos de capital de risco, como pelo volume de operações de crédito realizadas pelos bancos da cidade. Com relação à inovação, o resultado é justificado pela alta concentração de institutos de pesquisa e laboratórios, e pelo volume de investimento em Ciência e Tecnologia na cidade, resultando em um número de patentes mais de quatro vezes maior que o segundo colocado.
O sexto pilar da pesquisa foi a cultura empreendedora presente na cidade, medida por meio de quase 4 mil entrevistas com cidadãos das capitais pesquisadas, que elegeram Manaus pelo grande potencial empreendedor da população e por ter uma imagem positiva sobre a atividade empreendedora.
Por fim, onde Florianópolis venceu? Além de ter tido um bom desempenho na média de todos os quesitos, Florianópolis foi destaque em Capital Humano, ou seja, a qualificação básica e especializada da mão de obra. A cidade conta com mais de 80% da população com, no mínimo, ensino básico, e um terço da população com passagem pelo ensino superior.
Os demais destaques do ranking ficam para São Paulo (2º lugar), Vitória (3º lugar) e Curitiba (4º lugar). Os destaques negativos ficaram com as cidades nordestinas Fortaleza, Recife e Salvador, as três piores colocações no ranking.
Salvador tem o desafio de melhorar a qualidade do seu ensino e agilizar os processos nos tribunais, além de aliviar a carga tributária do Simples estadual. Já Fortaleza precisa melhorar o acesso a fontes de financiamento, a formação de mão de obra qualificada e a estrutura de comunicação e segurança. No caso de Recife, é preciso aumentar o investimento em inovação e educação superior, e diminuir a burocracia e a carga tributária.
De uma forma geral, devemos louvar a iniciativa da Endeavor em contribuir mais uma vez com o desenvolvimento da atividade empreendedora do país - desta vez, com um profundo estudo que deve inspirar gestores públicos a adotar políticas que possam estimular a criação de novos negócios de alto impacto, contribuindo para a geração de empregos e o desenvolvimento econômico das principais capitais do país. Vamos ficar de olho no impacto que estes dados provocarão nas prefeituras através dos estudos comparativos ano a ano que a Endeavor se propõe a fazer.
http://revistapegn.globo.com/Colunistas/Marcos-Hashimoto/noticia/2014/11/cidades-mais-empreendedoras-do-brasil.html


Como as cidades podem ajudar os empreendedores



Quais são os fatores mais importantes para o desenvolvimento do ambiente empreendedor das capitais brasileiras? Em que áreas gestores públicos e organizações de fomento deveriam focar esforços para impulsionar o crescimento de empresas? Como ajudar empreendedores a escolher a cidade com as melhores condições para seu negócio? Essas são algumas das perguntas que o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) pretende responder. Lançado pela Endeavor Brasil , o estudo traz uma verdadeira radiografia sobre o potencial do ambiente empreendedor de 14 capitais brasileiras. O objetivo do estudo é “aprimorar o debate sobre o fomento ao empreendedorismo no Brasil”, afirma Juliano Seabra, diretor geral da Endeavor. O Índice de Cidades Empreendedoras é baseado em metodologias internacionais e analisou mais de 50 indicadores, divididos em sete pilares: ambiente regulatório, acesso a capital, mercado, inovação, infraestrutura, capital humano e cultura empreendedora.
A capital do empreendedorismo
Quem lidera o ICE 2014 é Florianópolis. O segredo está no planejamento. Há 30 anos, a capital catarinense, uma região com poucas empresas até então, provavelmente não imaginaria atingir um resultado tão expressivo. O estudo mostra que os investimentos em educação e inovação, que começaram com a criação da Universidade Federal de Santa Catarina, trazem resultados concretos no longo prazo, partindo da ideia de que as universidades e empresas devem estar o mais conectadas possível. O desafio de Florianópolis é oposto ao da segunda colocada, São Paulo: garantir para as empresas locais um grande mercado consumidor.
O centro econômico do país
A força e o dinamismo da economia da cidade de São Paulo garantem a ela a segunda posição no índice final. A cidade com mais primeiros lugares lidera nos determinantes de mercado, acesso a capital e inovação. Dinheiro não falta na capital paulista: São Paulo têm o 10º maior PIB do mundo, lá estão 60% dos investimentos em capital de risco país e o Estado é o que mais gasta em inovação, 4,5% do orçamento  anual. Por outro lado, garantir educação de alto nível para a população, custos mais acessíveis e boa qualidade de vida são alguns exemplos das áreas críticas da cidade.
A força e o dinamismo da economia da cidade de São Paulo garantem a ela a segunda posição no índice final.
A importância do foco em aspectos chave
Vitória e Curitiba estão, respectivamente, na terceira e quarta posições do ICE 2014. Essas cidades ocupam as primeiras posições em dois dos indicadores com mais peso no estudo – a capital paranaense em infraestrutura e a capixaba, em capital humano. Apesar de não serem grandes destaques em muitos dos indicadores analisados, apresentam resultados sólidos na maioria deles, o que também garante à elas os primeiros lugares no índice final. A distância para Florianópolis e São Paulo está no alto nível alcançado pelas líderes em diversos aspectos.
O Norte-Nordeste conta com a cultura empreendedora
para crescer As regiões norte e nordeste, que apresentam desempenhos inferiores na maioria dos indicadores, tem duas grandes vantagens que podem ajudar empreendedores a crescer: uma cultura muito forte e favorável ao empreendedorismo e um crescimento econômico robusto. Se essas cidades souberem aproveitar esse momento para criar condições melhores para empreender, o reflexo deverá ser visto nos outros indicadores no futuro. 
O diferencial está no planejamento
Todas tem pontos positivos e muitos desafios pela frente. O segredo está no planejamento. No curto prazo, as cidades provavelmente teriam mais facilidade em melhorar a burocracia, corrigir volumes de investimento e garantir resultados mais efetivos no incentivo à inovação. Por outro lado, aspectos de cultura e capital humano são mais difíceis de transformar e precisam de mais tempo para serem trabalhados. Embora seja tentador concentrar esforços em aspectos que apresentem resultados rápidos, um bom planejamento requer uma visão de longo prazo, como mostra Florianópolis.

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