sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Anoitecer


Esbraseia o Ocidente na agonia
O sol… Aves, em bandos destacados,
Por céus de ouro e púrpura raiados,
Fogem… Fecha-se a pálpebra do dia…
Delineiam-se além da serrania
Os vértices de chamas aureolados,
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia.
Um mudo de vapores no ar flutua…
Como uma informe nódoa avulta e cresce
A sombra, à proporção que a luz recua.
A natureza apática esmaece…
Pouco a pouco, entre as árvores, a lua
Surge trêmula, trêmula…. Anoitece.
Raimundo Correia
Pintura: Ivan Fedorovic Choultsé (Rússia, 1874 – França, 1939)

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