sábado, 21 de junho de 2014

FALCÃO PEREGRINO


O falcão peregrino, o mais rápido dos seres vivos, é certamente uma das mais espectaculares e admiradas aves da fauna mundial.
Foram já calculadas velocidades máximas instantâneas da ordem dos 350 km/h, e há quem defenda que em determinadas circunstâncias possa mesmo ultrapassar os 400 km/h

De todos os predadores alados provavelmente nenhum combinará de uma forma tão notável, um tão elevado grau de especialização, uma tão grande beleza e capacidades de voo tão extraordinárias como o falcão peregrino (Falco peregrinus).

Autêntica jóia viva da Natureza, o seu voo picado permite-lhe atingir velocidades inacessíveis a todos os outros seres vivos, e o simples vislumbre da sua característica silhueta recortada contra o azul do céu é suficiente para aterrorizar a maior parte das aves.

Desde tempos imemoriais que as suas faculdades impressionaram o Homem. No antigo Egipto simbolizava o Deus Hórus e, entre os falcoeiros, desde a antiguidade até ao presente, permaneceu sempre como a mais cobiçada das aves, valorizada pelas suas capacidades de caça e formosura ímpar. Na idade média a posse destas aves chegou a ser autorizada apenas aos príncipes e duques da corte, funcionando como um indicador de estatuto social.

O falcão peregrino é uma ave de médio porte, corpo compacto, pescoço curto e cabeça arredondada com grandes olhos negros. A sua cauda é curta, ao contrário das suas asas, longas e ponteagudas, e das patas estreitas e longas. As suas penas das asas são rígidas e as restantes estão bem justas ao corpo, pelo que toda a sua fisionomia se encontra bem adaptada às suas performances de voo.

As suas dimensões variam consideravelmente consoante a subespécie e, para além disso, apresenta também um acentuado dimorfismo sexual, sendo o macho bastante menos corpulento do que fêmea. Na Península Ibérica, o comprimento total andará entre os 40 e os 50 cm e o peso médio de um macho e fêmea adultos rondará os 600 e os 900 gramas, respectivamente.

As suas capacidades únicas permitiram-lhe colonizar os mais diversos tipos de habitat, desde os desertos quentes até à tundra, revelando todavia preferência pelas zonas abertas. São conhecidos territórios de falcão peregrino em muitas zonas costeiras até aos 4000 m nos Himalaias, estando presente em todos os continentes e latitudes, sendo uma espécie cosmopolita o que revela o seu sucesso adaptativo.

Em todo o mundo são reconhecidas mais de 20 subespécies, sendo o Falco peregrinus brookei, a subespécie presente em Portugal. No entanto, durante o Inverno verifica-se uma entrada temporária de falcões oriundos do norte da Europa . Foi este tipo de comportamento migratório, característico de algumas populações, que deu origem ao seu nome de peregrino.

O falcão peregrino é uma espécie ornitófaga, isto é, alimenta-se quase exclusivamente de aves. Mas apesar de ser um especialista, a sua acção predatória pode incidir sobre um número notavelmente alargado de presas. Dentro dos limites do seu território de caça, praticamente nenhuma outra ave se encontra totalmente isenta do risco de vir a figurar na ementa do falcão peregrino.

Estão documentadas capturas de espécies tão pequenas como chapins ou tão grandes como gansos, e mesmo de outras rapinas como corujas, gaviões ou águias-de-asa-redonda. Um estudo realizado na Alemanha nos anos setenta, permitiu a elaboração de uma lista de presas que ascendeu a 210 espécies diferentes de aves. Por tudo isto, no nosso País, provavelmente apenas a abetarda, as cegonhas, grous, flamingos e as maiores rapinas, se poderão dar ao luxo de ignorar a presença do falcão peregrino.

Na maior parte dos casos, as suas presas são aves de pequeno a médio porte e a lista de capturas de um determinado indivíduo é até certo ponto um reflexo da composição da avifauna existente no seu território. Contudo, se tivéssemos de escolher a sua presa de eleição, esta seria certamente o pombo-da-rocha (Columba livia), que frequentemente constitui mais de 50% da dieta do falcão. Este facto dever-se-á não apenas à abundância de pombos, como ao facto destes constituírem uma refeição altamente energética e de dimensões óptimas. Para além disso, o seu voo rápido e rectilíneo, revela-se particularmente vulnerável ao tipo de caça praticado pelo falcão peregrino.

Uma das suas estratégias de caça consiste em subir nas correntes de ar quente (térmicas) a grande altura, por vezes a mais de 1500 m em relação ao nível do solo, deixando-se então cair sobre a presa avistada, num ângulo mais ou menos pronunciado e por vezes em queda livre vertical, com as asas aerodinamicamente coladas ao corpo, e controlando magistralmente a sua velocidade quer abrandando ligeiramente com as asas entreabertas, quer acelerando ainda mais com a ajuda de curtos e rápidos batimentos das asas.

O voo picado do falcão peregrino constitui sem dúvida uma das proezas mais extraordinárias do mundo animal, e quem teve o privilégio de assistir a tal espectáculo nunca o esquecerá.

A determinação da velocidade atingida no seu voo picado, e que o torna recordista absoluto e incontestado do reino animal, tem sido motivo de prolongada discussão entre vários autores. Foram já calculadas velocidades máximas instantâneas da ordem dos 350 km/h, e há quem defenda que em determinadas circunstâncias possa mesmo ultrapassar os 400 km/h, mas diversos autores consideram estes valores exagerados. No entanto, é consensual que na maioria dos seus ataques em picado, a velocidade máxima atingida situar-se-á entre os 200 e os 250 km/h.

A sua técnica de caça assenta sobretudo na velocidade com que desfere o ataque, no entanto, esta varia consideravelmente entre indivíduos, e em função do tipo e comportamento da presa, assim como das condições climatéricas, com especial destaque para o vento. Nem sempre o ataque consiste num voo picado directo sobre a presa, já que muitas vezes realiza um picado ligeiramente atrasado, passando por detrás da ave para vir a capturá-la pouco depois, surgindo por baixo desta e aproveitando o seu ângulo morto de visão.

Frequentemente os falcões agarram as suas presas em voo no final dos seus picados, mas a situação mais clássica e de maior espectacularidade dá-se quando fazendo uso da sua incrível velocidade, abatem as presas simplesmente com o impacto, através de uma pancada dada com as patas recolhidas ou com a ajuda de uma das garras usada como uma lâmina mortal.

Na maior parte dos casos, a presa tomba imediatamente mortalmente ferida, largando um tufo de penas, e é por vezes recolhida antes mesmo de cair no solo.

A violência do impacto é de tal ordem, que muitas das aves deste modo abatidas apresentam geralmente asas partidas, contusões múltiplas, ou cortes profundos e mais ou menos extensos infligidos pelas garras do falcão em pontos vitais. São mesmo conhecidos casos em que a infeliz presa é decapitada em voo, o que diz bem do poder deste excepcional predador, o falcão peregrino.

O falcão peregrino (Falco peregrinus) é uma ave de rapina diurna de médio porte que pode ser encontrada em todos os continentes excepto na Antártida. A espécie prefere habitats em zonas montanhosas ou costeiras, mas pode também ser encontrado em grandes cidades como Nova Iorque. Na América do Sul, ele só surge como espécie migratória, não nidificando aqui. Como ave reprodutora, é substituído na América do Sul por uma espécie similar e um pouco menor, o falcão-de-peito-laranja. A motocicleta Hayabusa, produzida pela Suzuki, foi batizada em sua homenagem.
O que diferencia os falcões das demais aves de rapina é o fato de terem evoluído no sentido de uma especialização no voo em velocidade (em oposição ao voo planado das águias e abutres e ao voo acrobático dos gaviões), facilitado pelas asas pontiagudas e finas, favorecendo a caça em espaços abertos – daí o fato dos falcões não serem aves de ambientes florestais, preferindo montanhas e penhascos, pradarias, estepes e desertos.
http://naturlink.sapo.pt/Natureza-e-Ambiente/Fauna-e-Flora/content/Falcao-Peregrino-o-voo-do-missil?bl=1&viewall=true
http://www.youtube.com/watch?v=eAmKLfz_N40
http://www.youtube.com/watch?v=i0ruWyq6sQo

Nenhum comentário:

Postar um comentário