Por que Dilma inventou um salto do PIB que só aconteceu na página do jornal espanhol? Confira as quatro explicações possíveis
No meio da entrevista concedida por Dilma Rousseff à edição brasileira do diário espanhol El País, o jornalista fez uma escala no terreno sempre movediço da economia: a presidente estava preocupada com o raquitismo dos índices de crescimento?, quis saber o jornalista.
Caprichando na pose de quem governa a segunda superpotência do planeta, a entrevistada disse o seguinte:
“Esta semana resolveram reavaliar o PIB. E o PIB do ano passado, que era 0,9%, passou para 1,5%. Nós sabíamos que não era 0,9%, que estava subestimado o PIB. Isso acontece com outros países também. Os Estados Unidos sempre revisam seu PIB. Agora nós neste ano vamos crescer bem mais do que 1,5% – resta saber quanto acima”.
Uma semana depois do palavrório publicado em 26 de novembro, o IBGE revelou o resultado da revisão: em 2012, o crescimento não foi de 0,9%, conforme o cálculo original, mas de 1% ─ exatamente 0,1% acima do índice que levara a presidente a desconfiar, em dilmês arcaico, que “estava subestimado o PIB”.
Que fim levou o salto de 1,5% que só deu as caras na entrevista? Onde a presidente foi buscar a maluquice reproduzida por El Pais? Há quatro explicações possíveis:
1. Dilma mentiu. Nessa hipótese, precisa pedir desculpas ao jornal e aos leitores, prometer regenerar-se e tentar criar juízo.
2. Dilma foi enganada. Se foi assim, precisa pedir desculpas ao jornal e aos leitores, demitir imediatamente o responsável pela tapeação e prometer que, de hoje em diante, vai conferir contas e números apresentados por vigaristas incuráveis.
3. Dilma ouviu o índice certo mas a memória falhou nesse trecho da entrevista. Nesse caso, precisa pedir desculpas aos jornais e aos leitores, prometer que vai anotar num papel cifras especialmente importantes e convocar algum assessor vacinado contra surtos de amnésia para vigiar o que diz em entrevistas mais longas.
4. Dilma decidiu provar que músico e escritor Lobão não exagerou ao afirmar, na entrevista ao Roda Viva, que o Brasil é presidido por alguém “incapaz de tomar sorvete pela testa porque não vai conseguir nem mirar a própria testa”. Se a quarta opção for a correta, oremos.
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