segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Umberto Eco: caçador de histórias perdidas

O escritor italiano lança novo livro no qual mostra como lugares imaginários, a exemplo de Atlântida e Shangri-lá, passaram a povoar a cultura universal e a visão do homem sobre eles através dos tempos

Ana WeissConhecido por best-sellers como “O Nome da Rosa” e por ensaios eruditos do porte do clássico “A Obra Aberta”, o filósofo, escritor e semiólogo italiano Umberto Eco, 81 anos, emerge de mais um de seus mergulhos históricos com um livro que desperta a imaginação já no título. “A História das Terras e Lugares Lendários” (Record), que está sendo lançado no mundo inteiro ao mesmo tempo, segue a estrutura dos três títulos anteriores da coleção que inclui “A História da Beleza”, “A História da Feiúra” e “Vertigem das Listas”. Traz, porém, um desafio a mais à capacidade de abstração do leitor. Os lugares do título, como Paraíso, Shangri-lá ou Eldorado, não são geográficos. Mas também não são lugares apenas imaginários. São locais que não existem de verdade, mas que, nas palavras do autor, poderiam perfeitamente ter existido em algum tempo remoto, e permanecem eternos e verdadeiros graças ao fato de ninguém ter conseguido comprovar nem contestar sua existência o suficiente.
Esse é o exercício proposto pelo filósofo, apoiado em reproduções de obras de arte, mapas ilustrativos de narrativas (passadas em épocas às vezes bastante longínquas entre si), ao descrever locais como Atlântida ou o Interior da Terra, evidenciando a rede de crenças criada a partir delas. Crenças que só se fortalecem com o tempo, alimentando-se até da negação da sua existência. Entre os primeiros lugares imaginários que Eco estuda está o nosso próprio planeta, cujos limites desconhecidos pelos europeus no passado fizeram nascer o mito da Terra Plana. Se não é o mais importante, o italiano é certamente o conhecedor de história medieval que melhor traduziu as entranhas do período escuro para os dias atuais. Assim, na parte inicial do livro ele mostra como a crença do mundo achatado revive cada vez que se apresenta o homem medieval, com sua “visão plana” do universo.
Leiam mais na revista:
 ilustração
do livro “20 Mil Léguas Submarinas”, de Júlio Verne, representando
Atlântida



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