segunda-feira, 11 de novembro de 2013

“Espionagem light”

A espionagem do Brasil é diferente. É "boazinha", segundo o ministro da Justiça (Ilustração: emfsafetynetwork.org)
A espionagem do Brasil é diferente. É “boazinha”, segundo o ministro da Justiça (Ilustração: emfsafetynetwork.org)
Que fique bem claro para os amigos leitores, antes de mais nada: acho que todo país minimamente importante deve zelar pelos seus interesses de todas as formas — e isto inclui serviços de informação e de contra-informação.
Espionagem, se quiserem usar o termo.
Sou, portanto, inteiramente favorável a atividades que o governo brasileiro desenvolva nesse sentido, por intermédio da Agência Brasileira de Informações (Abin), desde que obedecidos os ditames da lei.
Para mim, portanto, não constitui escândalo algum o estardalhaço feito pela Folha de S. Paulo com a notícia segundo a qual a Abin xeretou o trabalho — e, eventualmente, a vida — de embaixadores dos Estados Unidos, da Rússia e do Irã.
É evidente que governo algum fica confortável com a revelação pública de que praticou esse tipo de atividade, que nenhum país de algum porte deixa de fazer.
O que chega perto do ridículo são algumas explicações dadas pelo governo lulopetista. O ilustre ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que não tem nada a ver com essas atividades porque elas estão sob o guarda-chuva do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, depois de dizer que o que o Brasil praticou foi contra-espionagem, saiu-se com a seguinte declaração:
– “O que foi feito não houve violação à intimidade e foi feito em território nacional. não vejo nenhum abalo [à imagem do Brasil]“.
Pronto: Cardozo acabou de inventar a “espionagem light”. À maneira da feijoada “light”. Uma espionagem que não viola “a intimidade”. Uma espionagem, portanto, “boazinha”, que não mexe com ninguém.
Em que consistirá espionar alguém dessa forma?
Ficar olhando de longe, de binóculos?
Ficar de plantão esperando o sujeito entrar e sair de seu local de trabalho e anotar num papelzinho?
Conversar com o faxineiro do prédio onde o “espionado” reside?
Cardozo, uma vez mais, perdeu uma magnífica oportunidade de ficar calado.


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