sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O negócio é pedalar...,

Não é um moinho de vento, é um gigante que atende pelo nome de ExxonMobil
Hoje vivi um dos episódios pessoais mais recompensadores desde que iniciei minha quixotesca batalha em favor de cidades mais amigas das bicicletas. Encarei não apenas um moinho de vento, mas o maior dos gigantes que um cicloativista pode enfrentar: um gigante que atende pelo nome de ExxonMobil.
A ExxonMobil é nada mais nada menos que a maior companhia de petróleo do mundo, com receita anual de mais de US$ 430 bilhões – o que equivale ao PIB da Argentina e é maior que a economia individual de mais de 160 países do planeta.
Convidado pelos diretores da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), fui à empresa para dar uma palestra para 60 funcionários sobre o uso seguro da bicicleta como meio de transporte. É pouco? Para mudar o mundo, pode até ser. Mas ajudar a criar uma cultura mais sustentável e estimular o uso da bicicleta dentro da maior das Big Oil é algo muito significativo. É mais do que derrotar o gigante. É ensiná-lo a pedalar.
Menos petróleo, mais bicicletas
Bicicleta em uma das sedes da ExxonMobil nos EUA. No Brasil a empresa também começa a pedalarBicicleta em uma das sedes da ExxonMobil nos EUA. No Brasil a empresa também começa a pedalar. (Foto: Reprodução)
A palestra foi voltada aos funcionários do centro de apoio a negócios de Curitiba, unidade que provê serviços centralizados para filiais da empresa ao redor do mundo. Há cerca de dois anos, houve por parte dos funcionários da ExxonMobil uma tentativa de criar condições para estimular o uso da bicicleta. Mas a ideia sofreu forte rejeição da gerência e foi abortada.
Agora ela ressurge diante de uma constatação: a empresa não pode impedir que cada um decida livremente sua forma de se locomover. E, com um número cada vez maior de pessoas indo e vindo de bicicleta, não é mais possível tapar o sol com a peneira.
Por isso, ainda que não estimule institucionalmente, a preocupação com a segurança de seus colaboradores– valor número 1 da empresa – demandou a palestra sobre segurança no uso das bicicletas.
Uma provocação. Sim, o petróleo é importante. Mas fica a provocação para estimular uma reflexão.
Paralemente, os funcionários vêm trabalhando internamente para criar mais condições para quem usa a bike no dia a dia. No próximo mês, será inaugurado um bicicletário — após negociação com o condomínio, quatro vagas de veículos serão eliminadas e passarão a ser destinadas exclusivamente às bicicletas. Também houve um acordo com um hotel vizinho, que vai ceder um vestiário e armário para quem vai ao trabalho pedalando.
Um grupo também organiza pedaladas noturnas às quintas-feiras após o expediente, como forma de atrair novos adeptos ao transporte sustentável.
Segundo os diretores da Cipa, hoje já são dezenas de funcionários que pedalam para o trabalho todos os dias. “Mas a tendência é de que o grupo cresça cada vez mais. O plano é atingir a massa crítica dentro da empresa, para que ela abrace a causa e crie programas institucionais de estímulo ao uso da bicicleta de forma segura”, diz um deles. Pedalando, eles certamente vão chegar lá.

*O valor do cachê da palestra foi doado à campanha de financiamento coletivo do III Fórum Mundial da Bicicleta, evento que será realizado em fevereiro de 2014, em Curitiba. Você também pode ajudar a financiar o Fórum clicando aqui.Gazeta do Povo

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