quarta-feira, 16 de maio de 2012

Também quero uma empresa de graça


Leiam o que escreveu o jornalista Carlos Brickmann sobre a compra da Delta pela J&F Participações S/A. 

Por que o caro leitor não pode ser proprietário de uma das maiores empreiteiras do Brasil? Porque não quer: uma empreiteira como a Delta, que embora corra o risco de perder algumas obras é ainda a executora de serviços milionários, com R$ 4 bilhões de faturamento anual, 30 mil empregados e 197 contratos, custa exatamente Zero reais e Zero centavos. Em algarismos, R$ 0,00.
Está no informe publicitário divulgado na quinta pela J&F Participações S/A, dona do frigorífico JBS Friboi: a empresa comunica que assume segunda-feira o controle da Delta Construções, com o direito de substituir quem quiser, inclusive presidente e diretores; a KPMG, multinacional de auditoria e consultoria, fará uma diligência para fixar o valor que a J&F pagará pela Delta. E este valor será pago com os recursos provenientes dos dividendos futuros da própria Delta. “Não haverá necessidade de utilização de recursos próprios ou de terceiros para financiar a operação”, diz o comunicado que anuncia a compra.
Uma empresa enorme, uma das maiores do setor, e não se gasta um centavo para comprá-la. Nada de recursos próprios, nada de recursos de terceiros – nem mesmo do BNDES, sempre pronto a auxiliar com seu dinheiro (ou nosso dinheiro, se o caro leitor assim o preferir) o desenvolvimento dos negócios da J&F.
Não se pode falar em negócio de pai pra filho. Hoje é Dia das Mães ─ e quanta gente quer mamar! Este colunista informa que não tem interesse na Delta: quer comprar, nas mesmas condições, a General Motors.
Será que vendem?
Se o sempre brilhante Carlinhos Brickmann me aceitar como sócio, pago a gentileza com uma ideia que pode garantir não só a compra da General Motors como a perpétua parceria financeira com o BNDES: basta transformar a nova dona da GM numa holding especializada no pronto socorro a  empresas e entidades reduzidas a casos de polícia incômodos para o governo. O sumiço da Delta, por exemplo, foi tramado para salvar bandidos de estimação da morte por afogamento na cachoeira ─ e impedir que inundação alcançasse o Palácio do Planalto. Que tal estender a fórmula a outras pendências perigosas?
O BNDES não negaria dinheiro a operações que resultassem na troca de comando em empresas e entidades como as consultorias de Fernando Pimentel e Antonio Palocci, os empreendimentos da família de Erenice Guerra, as agências de publicidade de Marcos Valério, os rebanhos imaginários de Renan Calheiros, as fazendas de araque de Romero Jucá ou a Fundação José Sarney. O Instituto Lula fica para daqui a alguns meses. O desembarque no noticiário político-policial de qualquer coisa administrada por um Paulo Okamoto é tão previsível quanto a mudança das estações.

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