terça-feira, 8 de maio de 2012

Fábulas Fabulosas

Eros uma vez...
Um dia, Aphrodite, posteriormente fonetizada para Afrodite (e traduzida para Vênus), não agüentou mais. Chamou o filhinho, Eros, conhecido também como Cupido, e disse:
- Pombas, qualé? Que é que adianta ser Deusa e linda, se toda hora tenho que entrar em concurso pra ver se ainda sou a maior? Agora é essa tal de Psychê! Vai lá e dá uma flechada nela, meu filho.
Cupido ainda tentou sair pela tangente:
- Por que, mamãe? Chama o Papai, que é o Deus da guerra.
Mas a mãe, venérea como era, apenas mandou que ele xarape a boca e obedecesse.
Eros, assim que avistou Psychê, caquerou-lhe uma flecha nos cornos, mas era tão ruim de pontaria que a flecha acertou-o no próprio coração. Desesperado de amor auto-infligido, Eros mesmo assim esperou a noite ficar bem negra pra possuir Psychê sem ser visto pela mãe, pelo público e – pasmem! – até pela própria atriz convidada, que, contudo, diante da performance dele, exclamou, gratificada:
- Rapaz, sinceramente, nunca vi nada mais erótico!
Porém, as irmãs de Psychê, chamadas Curiosidade, Perfídia e Prospecção, começaram logo a envenenar as relações da irmã com aquele desconhecido, afirmando que devia se tratar pelo menos do Corcunda de Notre-Dame ou do Homem Elefante na versão original. Curiosidade dizia:
- Se ele não se assume, é porque tem medo das grandes claridades. Vai ver, ele é o Eros-Close.
Perfídia ajuntava:
- Uma noite, manda Celacanto em teu lugar. Evita maremoto.
E Prospecção concluía:
- Mata ele. Um pouquinho só. Se é Deus como diz, depois ressusita em forma de butique.
Psychê não resistiu às más influências, e uma noite entrou na câmara escura em que Cupido dormia, levando uma lamparina numa mão e uma adaga na outra: “Vou lhe fazer um teste sexual pré-olímpico e depois enfio esta adaga em seus boIEROS.” Porém, quando a luz bateu em Cupido, e Psychê viu aquele gatão, ficou tão excitada, que... Nesse momento, porém, uma gota de óleo da lamparina caiu no ouvido de Eros, que acordou assustado, saltou de lado e desapareceu para sempre.
Durante dez anos, Psychê procurou em vão o seu amor. Afinal, subiu ao Olimpo pela escadinha dos fundos e implorou a Aphrodite:
- Minha querida sogra, por favor, me dá de volta Cupido, que perdi por ser muito cúpida.
Ao que Aphrodite respondeu:
- Está bem, vou te dar três tarefas. Se cumprir as três, eu te devolvo meu filho. 1ª tarefa) Enfiar o dedo no nariz de outra pessoa com o mesmo prazer com que enfia no seu. 2ª) Transformar 85 torturadores da polícia em outros tantos perfeitos democratas. 3ª) Descer aos infernos e me trazer a caixa preta (também conhecida como Boceta) de Pandora.
Psychê desprezou as duas primeiras propostas, pegou o primeiro buraco de tatu pro inferno e trouxe consigo a tal coisa de Pandora. Mas, no caminho pro Olimpo, não resistiu e resolveu olhar o que tinha na caixa. Imediantamente, de dentro da caixa fugiram todos os males do mundo – a inveja, a preguiça, o colégio eleitoral e o jornalismo brasileiro -, e Psychê desmaiou. Eros se materializou no mesmo momento, mais apaixonado do que nunca, e, olhando na caixa, viu que nem tudo estava perdido. Bem no fundo, escondidinha, lá estava a esperança. Por isso ele se casou com Psychê e tiveram três filhas – Volúpia, Titila e Tara – e três filhos – Aconchego, Deleite e Orgasmo.
MORAL: A PSYCHÊATRIA NÃO RESISTE À CUPIDEZ.
*Millôr

Nenhum comentário:

Postar um comentário