domingo, 12 de dezembro de 2010

Lula 12 anos

Guilherme Fiúza

Seguindo a nova linha de austeridade do governo, o presidente Lula tomou posse para o seu terceiro mandato de maneira discreta.
Nada de grandes celebrações ou convidados internacionais. Nem um centavo gasto com banquetes. A cerimônia foi simples, no formato mais singelo possível.
Dispensando todos os protocolos, Lula tomou posse no grito. Esperou o momento propício, em que seu velho novo ministro da Fazenda anunciava uma medida para o suposto governo Dilma.
Lula entrou em cena, desmentiu o ministro, passou por cima de Dilma e vestiu a faixa presidencial pela terceira vez.
Guido Mantega, o homem forte da economia brasileira que faz jus ao sobrenome, desmanchou-se imediatamente. Avisara que os cortes orçamentários no próximo governo não poupariam as obras do PAC. Lula interveio: não será cortado “nenhum centavo do PAC”.
O ministro Mantega soltou então uma nota em seu estilo direto e inconfundível: custe o que custar, doa a quem doer, o chefe tem razão.
Foi bom Lula antecipar sua posse para o mês de dezembro. Ele estava há mais de seis meses sem trabalhar, passeando de palanque em palanque, e essa pré-temporada vai lhe fazer bem – a exemplo dos jogadores de futebol, curando a ressaca das férias.
E foi oportuno que o terceiro mandato começasse com uma polêmica abstrata. Oportuno e coerente.
Como se sabe, o PAC é uma criação literária de razoável sucesso. Sob seu condão, até dragagem de lodo virou aceleração do crescimento. O PAC é tudo. Conseqüentemente, não é nada. E um centavo de nada também é nada.
Nada mais apropriado do que um ministro abstrato dando uma declaração contundente sobre um programa abstrato, a mando da Mãe do PAC – a abstração em pessoa – e tudo sendo dissolvido em uma frase por Lula, o concreto.
Agora, anunciando que continuará concreto a partir de janeiro.
Lula 12 anos. Se dá certo com uísque, por que ele também não pode envelhecer sem sair da garrafa?

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