quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Algumas do Blog do Augusto Nunes

Os brasileiros já nem lembravam como era a vida sem ouvir todo dia a voz de Lula


Os dois resultados mais assombrosos das eleições de 2010 foram virtualmente ignorados pela imprensa. Ambos valem manchete. Somados, merecem virar capa de revista.
Pela primeira vez em três anos, o presidente Lula emudeceu por 48 horas. Desde a posse em janeiro de 2003, o fenômeno só foi registrado em duas ocasiões: no inverno de 2005, quando o escândalo do mensalão chegou ao clímax, e em julho de 2007, depois da explosão do avião da TAM na pista do aeroporto de Congonhas.
Pela primeira vez em 10 meses, o Brasil foi poupado do comício de todos os dias. O fenômeno não ocorria desde janeiro, quando o palanqueiro compulsivo passou uma semana na praia.
Milhões de brasileiros já nem lembravam como era a vida sem ouvir a voz de Lula. Acabam de descobrir que quem estraga a festa da vitória no Planalto ouve a música do silêncio. Pior para Dilma Rousseff.

Ethan Edwards: ‘Que Causa justifica uma destruição tão radical do amor-próprio?


O dia promete, amigos. Muitas notícias, muitas análises, muitos registros. Antes de mais nada, confiram o vídeo que está desde ontem na seção História em Imagens. Implode mais um monumento à falsificação da História e restabelece a verdade incontestável: foi Marconi Perillo, então governador de Goiás, quem propôs a Lula, em 2003, a unificação dos programas sociais já existentes no que se tornou o Bolsa Família. Lula só expropriou a ideia. E fingiu ter esquecido a identidade do pai verdadeiro.
Enquanto vou terminando o post sobre o significado da esplêndida votação do senador eleito Aloyzio Nunes Ferreira, confiram e comentem o que diz o nosso grande comentarista Ethan Edwards. Por ter ido direto ao ponto, com o brilho de sempre, o texto foi transferido para este espaço. Vamos a ele:
As vitórias são de Lula. As derrotas pertencem aos que de alguma maneira frustraram os desejos do Chefe. Alguma novidade? Nenhuma. Há décadas o lulopetismo funciona assim.
Domingos Dutra, Manoel da Conceição, Patrus Ananias, Fernando Pimentel, Ciro Gomes, Dilma Rousseff, Aloizio Mercadante… – pais de família, velhos militantes, cidadãos que deveriam merecer alguma consideração pelos serviços prestados à Causa, são tratados pelo Chefe a pontapés e não ousam proferir uma palavra, já nem digo de revolta, mas de descontentamento. Baixam a cerviz, oferecem-na para novos golpes, ansiosos para serem humilhados uma vez mais. Ah, doce privilégio: ser escolhido antes de qualquer outro para ser chicoteado pelo Chefe. E que Chefe!
Que Causa justifica uma destruição tão radical do amor-próprio? Que ideologia exige de um professor universitário, alguém que passou vinte anos ou mais atrás dos livros, prostrar-se aos pés de um analfabeto e oferecer-lhe servidão incondicional?
As relações entre Lula e os políticos petistas deveriam nos ensinar algo. O problema mais grave do lulopetismo não está no modelo político (antidemocrático) que deseja implantar. Está no tipo de cidadão que almeja fabricar. Um país de servos. Um país de sombras. Um país de homens desfibrados cuja alma pertence ao Chefe. E essa é uma ditadura da qual um povo nunca mais se liberta.

Serra tem tudo para derrotar a adversária. Mas antes precisa vencer a teimosia


Até os bebês de colo, os índios isolados e os napoleões-de-hospício sabem que José Serra chegou ao segundo turno não pela campanha que fez, mas apesar dela. O marqueteiro Luiz Gonzales discorda. Acha que o chefe vai enfrentar Dilma Rousseff graças aos mutirões da saúde, às escolas com dois professores e ao salário mínimo de R$ 600. E pretende repetir na segunda etapa da eleição presidencial todos os erros da primeira. Como Serra ainda hesita sobre o caminho a seguir, só na sexta-feira, com a volta do horário eleitoral na TV, o Brasil que presta saberá se vai votar por sentir-se representado ou por exclusão.
Chancelados por 999 a cada mil eleitores oposicionistas, Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, Geraldo Alckmin, os governadores eleitos pelo PSDB ou pelo DEM, os candidatos eleitos e os derrotados ─ quase por unanimidade, os aliados que contam defendem o duelo sem medos, acanhamentos, cautelas, mesuras e afagos. Todos acreditam que é possível ser afirmativo sem escorregar na deselegância. Todos sabem que a altivez não tem parentesco com a arrogância.
A candidatura de Dilma Rousseff foi sangrada pelo espanto provocado por escândalos na sala ao lado, roubalheiras impunes, declarações desastradas, contradições patéticas, discurseiras cínicas e outras incontáveis derrapagens. Alarmados, milhões de brasileiros resolveram examinar melhor a qualidade do produto oferecido por Lula. As causas do desgaste de Dilma não podem ser creditadas aos responsáveis pela campanha de Serra. Ganharam uma farta munição de presente e não souberam usá-la. O candidato tucano subiu alguns pontos, mas a principal beneficiária foi Marina Silva.
Se depender de Gonzales, nada mudará. Ainda no domingo, o PSDB de Minas colocou à disposição da campanha presidencial tanto os aliados vitoriosos quanto a equipe que cuidou do horário eleitoral. O marqueteiro-chefe respondeu no dia seguinte. Por e-mail, avisou que vai estudar a oferta e, assim que puder, comunicar o que será feito. Serra não deu um pio.
Aécio Neves e Itamar Franco já disseram com todas as letras que, se a campanha não abandonar o artificialismo, subordinar-se ao institinto político do candidato, esquecer o teleprompter e procurar afinar-se com a voz das ruas, a derrota terá sido apenas adiada. Até sexta, outros líderes oposicionistas endossarão a advertência. Ou Serra ouve a voz da sensatez ou se curva aos conselhos dos marqueteiros.
Ele tem tudo para derrotar Dilma Rousseff. Mas antes precisará vencer a teimosia.

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