quarta-feira, 23 de junho de 2010

A bofetada silenciosa

Augusto Nunes

Todo inimigo do meu inimigo é meu amigo, Lula ensinou a seus devotos. O rebanho aprendeu mais uma, comprova a histeria das ovelhas patrulheiras nos pastos da internet. A  imprensa é golpista de nascença e a TV Globo insiste em convidar Dilma Rousseff para um debate. São, portanto, inimigas de Lula. O técnico da Seleção declarou guerra aos jornalistas em geral e aos repórteres da Globo em particular. É, portanto, inimigo dos inimigos do chefe. E isso o transforma em amigo de Lula, certo?
Não necessariamente. A campanha pela canonização de Dunga é desautorizada pela foto que documenta o último encontro entre o candidato a santo guerreiro e o maior governante desde a chegada das caravelas. Ao ensaiar o abraço de urso no presidente da Seleção, o presidente da República viu-se compelido a desistir de efusões pela expressão de enfado, pela camisa de mangas curtas, pela mão direita semiacerrada e, sobretudo, pela mão esquerda no bolso. Cumprimente um amigo com a mão esquerda no bolso. A reação do cumprimentado mostrará o que Lula sentiu.
Tanto o autor quanto o alvo da desfeita preferiram desconversar sobre o episódio. Mas a contemplação da foto é suficiente para entender o que houve. Sem usar a voz, o ressentido incurável berrou outro palavrão. Sem usar as mãos, sem fazer ruído, Dunga desferiu a bofetada.


P.S: É isso que chamam de tapa de luva?
       Parabéns Dunga!!!

Um comentário:

  1. A questão é saber se foi um gesto calculado ou ele é muito tosco mesmo!

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