sexta-feira, 7 de maio de 2010


Vale abandona negócios no Pará: falta de energia! 

Klauber Cristofen Pires


A Sra. Dilma Roussef, ex-ministra das Minas e Energia, deveria pendurar esta reportagem na parede de sua sala, junto de seus outros "troféus". Segundo a "expert", não teremos apagões, só blecautes, "viu ôôô, querida"?

Retorno, mais uma vez, ao caso da energia elétrica. Não pretendo fazer da usina de Belo Monte um cavalo de batalha. Ela é somente um dado no caldeirão do neo-estatismo. Trago, não obstante, interessantes revelações fornecidas pelo jornal Diário do Pará, que sob o título "Vale suspende Termelétrica em Barcarena" revela: devido à transferência de ativos da Vale para multinacional norueguesa Norsk Hidro, fica suspensa - sem previsão - a construção de uma usina termelétrica que estava orçada em 898 milhões de dólares.

Às vezes fico pasmo com o efeito profético dos artigos que trato. Não que eu seja uma sumidade - de jeito nenhum, sou pouco mais do que um palpiteiro ponderado. Mas é que os fatos são se sucedendo em cascata, como um trem que vejo na estação já apitando para partir... O que me leva, no entanto, a insistir a transformar o meu pensamento em bites é o fato de saber o quanto de ignorância (ou de sonsa esperteza) bem-remunerada prevalece na mídia em geral.
Mas talvez esta não tenha sido a pior notícia. A matéria do jornal paraense acerta em cheio quando obtém de um dos dirigentes, Sr. Ricardo Carvalho, o motivo para o abandono da cadeia mais elaborada da produção do alumínio: "O problema é que nós temos limitação para o crescimento da produção de alumínio primário, já que falta no Brasil energia a preço competitivo".

Ainda segundo o entrevistado:

Prova disso, conforme frisou, é que a produção brasileira de alumínio primário tem se mantido estável nos últimos dez anos, período em que foram fechadas inclusive algumas plantas industriais. "Nós somos grandes exportadores de alumina, mas a produção de alumínio não cresce há uma década". Nem a hidrelétrica de Belo Monte, projetada para o rio Xingu, poderá fornecer energia competitiva para a indústria de alumínio. "A energia elétrica tem um custo muito pesado no Brasil devido a um conjunto de fatores. Entre eles, os impostos, taxas e encargos que oneram as tarifas", finalizou.

E mais:

O titular da Sedect citou ainda o caso da hidrelétrica de Belo Monte, projeto no qual o Governo do Estado pleiteou a destinação de 20% do volume total de energia para os auto-produtores. No leilão, conforme frisou, o percentual ficou reduzido à metade.

Está aí, leitores, o retrato da nossa incompetência e do nosso atraso. A Sra. Dilma Roussef, ex-ministra das Minas e Energia, deveria pendurar esta reportagem na parede de sua sala, junto de seus outros "troféus". Segundo a "expert", não teremos apagões, só blecautes, "viu ôôô, querida"?

Como é que o país com maior potencial hidrelétrico do mundo não consegue produzir um punhado de energia, e como a segunda maior mineradora do mundo, que tem sempre gozado de uma relação privilegiada com o estado, abandona um processo produtivo de alto valor agregado, é algo que só posso comparar com um sujeito que disputa uma corrida sozinho e chega em segundo lugar. Ou melhor, não chega, certo?

Não é a primeira vez que a Vale pica a mula no estado do Pará. A rigor, aqui só tem investido nas plantas suficientes para a extração dos minérios, já que, sem outro jeito, eles estão aqui mesmo. O resto de suas atividades, sejam administrativas, de beneficiamento ou de transporte, tanto quanto possível, ela os transfere a outros estados que melhor valorizem a iniciativa privada. Espantosa é a capacidade deste estado de exportar empregos. Pois, que não reclamem: já expulsaram madeireiros, agricultores, pecuaristas, os produtores de energia e agora estão a expulsar a indústria. Como pescar e caçar já é proibido, vamos viver...de botar a culpa no capitalismo, que tal?

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