segunda-feira, 11 de maio de 2009

Muita droga, muito sexo e roquenrol

Talvez a imprensa brasileira tenha um único aspecto positivo:

Se a vida pessoal do poderoso de plantão (não importa a máfia de origem) não perturbar demais a vida do país e de seus habitantes, ela é deixada em paz.


Somos latinos, católicos, filosoficamente mais cínicos (e menos hipócritas que os puritanos), e todos sabem que tivemos até papas fratricidas, incestuosos, assassinos, drogados e genocidas.

Que eu lembre, Getúlio recebia visitas das principais vedetes do teatro de revista da época. Dutra conformara-se com o fato de sua cara não atrair ninguém. Juscelino era pé-de-valsa e namorador. Jango era mulherengo desde garotinho, enfim... o resto é sabido. Lula nos deu de presente oito anos de FHC, pois não soube responder à altura as provocações de Collor, que o acusava de ter uma amante em Brasília. Foi muito amadorismo do torneiro mecânico, dono de um avião de R$ 70 milhões e que nos brindou com o direitismo de esquerda.

Esse não meter-se na vida pessoal das pessoas - por preguiça ou caráter - é sem dúvida uma virtude. Em mais de 50 anos de jornalismo, jamais mencionei nada sobre a vida pessoal de quem quer que fosse, pois me interessa o que patifes fazem no poder e não na cama ou no bar. Não era certamente sobre isso que eu pretendia falar.

Mas como tenho que dar uma rechecada no cuore ingrato e fibrilato, decidi dar uma certa ordem literário-jornalística a algumas anotações sobre sexo, segundo Freud a mola que move a humanidade. Confesso que já tive mais interesse no assunto (um interesse até exagerado, diria), quando as mulheres também se interessavam por mim.

Sério, hoje em dia, se uma jovem se assanhar, como disse outro dia, terá de declarar isso com a cara muito séria. Não sou velho assanhado da porta da Colombo e nem de outra porta qualquer. Ando tão gordo e tão feio que sou capaz de mandá-la escrever isso de próprio punho, assinar e depois registrar em cartório.

Já a imprensa americana gosta de guerra, sexo e poder, nessa ordem. Se as coisas estiverem embaralhadas, melhor ainda. Isso, porém, quando o homem do poder dá bandeira, quando faz pipi fora do penico. Coitado do Clinton. Quase mata algumas centenas de milhares de árabes e kusovários da Bósnia para provar que seu eufemismo não era íntimo da metáfora de Mônica Lewinsky.

Entretanto, Nova York teve recentemente um prefeito declaradamente homossexual que - como era discreto e mantinha sua vida particular longe dos olhos do público - nunca foi incomodado pela imprensa. O problema é que, em matéria de sexo, drogas e roquenrol, americano dá muita bandeira. Povinho estranho.

Primeiro mataram os índios, depois os franceses, em seguida os ingleses e, um século depois, mataram-se entre si. Para o trabalho pesado e tiro ao alvo, tinham negros. Como os negros, porém, procriavam (e procriam) com muita rapidez, não deu para matá-los todos. Os que sobraram - os que não se submetem como Condoleeza Rice e Colin Powell - continuam dando problemas.

Problemas periféricos, pois sempre que surge um líder negro forte e capaz de insuflar a revolta, o FBI aparece com algumas centenas de quilos de cocaína, que distribui gratuitamente pelos guetos afro-americanos. E tudo volta ao normal, ou seja, ao anormal.

Como eu ia dizendo, corria solta a Primeira Guerra Mundial e a imprensa não ligou para os encontros amorosos de Woodrow Wilson com a amante Mary Hulbert Peck. Roosevelt, porém, não conseguiu esconder que sua amante e secretária Missy Lehand também vivia na Casa Branca. Mais sofreu sua mulher, Eleanor. Não porque o marido e primo tivesse uma namorada, mas porque a imprensa revelou que ela era amante da secretária, Lorena Hickock, um dragão.

Kennedy, que, em usando saia, só perdoava escocês e padre, também se salvou da imprensa por causa da longa guerra fria. Por incrível que pareça, Reagan era monógamo. Não à toa a ex-mulher, a atriz Jane Wyman, comentou: "Foram os anos mais chatos de minha vida". Nixon teve um único caso, que a mulher, Pat, logo descobriu e jogou água no chope. Johnson passou louco a maior parte do seu mandato, e Ford, se teve uma amante, nem ela se lembra dele hoje em dia.

Na América colonial, Lord Cambury, governador de Nova York, presidia a assembléia vestido de mulher. Quando reclamaram, ele disse:

- Pois se estou aqui representando a rainha da Inglaterra, tenho de representá-la do modo mais fiel possível, seus caipiras.

George Washington casou-se por dinheiro com Martha Dandridge, uma viúva de 28 anos, e manteve um caso com Sally Fairfax por mais de 25. Thomas Jefferson sempre condenou a escravidão, mas teve vários filhos com suas escravas.

O segundo filho de Quincy Adams morreu bêbado num apartamentinho sujo de Nova York, em 1800, e fez questão de jamais ver o pai enquanto ele foi presidente. O mesmo aconteceu com o caçula, Thomas, que também morreu de porre. John Quincy, o mais velho, foi eleito presidente e queria que o filho, George Washington Adams, seguisse as suas pegadas. Mas ele preferiu cheirar ópio e se matou aos 28 anos.

Andrew Jackson, que venceu a campanha para presidente em 1828, já vivia há 37 anos com a mulher, Rachel, quando descobriram que ela ainda era casada com outro. Matou-se sem ver a posse do marido, que não era seu marido.

James Buchanan, eleito em 1850, até os Bushs foi o mais corrupto dos governantes. E o único presidente homossexual assumido que os EUA já tiveram. Teve um caso durante 23 anos com o congressista William Rufus de Vane King, mais conhecido como "Miss Nancy". A noiva verdadeira de Buchanan, Ann C. Coleman, se suicidou.

A mulher de Lincoln gastava mais dinheiro que Jacqueline Kennedy, mas tinha a desculpa de ser louca, e louca morreu num sanatório. O presidente Garfield, eleito em 1890, embora casado com Lucrécia Rudolph, tinha uma amante, a sra. Calhoun. Foi assassinado alguns meses depois da eleição.

O presidente Grover Cleveland, eleito em 1884, casou-se aos 50 com uma jovem de 21 anos. Tinha um filho bastardo mais velho que a esposa. Sobre Wilson já falei e passo direto para Warren Harding. Logo após jurar que seu passado era limpo, telefonou para a amante, Nan Britton, com quem tinha um filho, e mandou-a fazer um cruzeiro. Telefonou para seu velho amigo Jim Phillips, cuja mulher desfrutava há anos, e mandou-o fazer outro cruzeiro, outra rota. Depois começou a campanha vitoriosa ao lado de Florence, sua mulher legítima. Roubou vergonhosamente.

Durante a Segunda Guerra, Eisenhover teve um caso com o chofer. Calma! Era uma motorista, a inglesa Kay Sommersby. Disse que deixaria o posto e voltaria aos EUA para divorciar-se da mulher e casar com a moça, que muitos anos mais tarde escreveria um livro chamado Meu caso de amor com Eisenhover. Mas os superiores de Dwight já tinham outros planos para ele.

O resto é coisa sabida: Edgar Hoover gostava de se vestir de mulher e amou seu assistente, Clay, durante mais de 30 anos. Carter quase perdeu a eleição por causa dos porres do irmão mais moço, Billy. Reagan escondia o único filho homem, Júnior, e sua vida de bailarina.

Como vocês vêem, a imprensa americana, se o poder escorregar em público, não perdoa. A nossa só expõe roupa suja que já tenha sido lavada em público, como a história da moça que, depois de confiscar o dinheiro do povo, foi dançar Besame mucho com o ministro da Justiça.

Fausto Wolff

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