- O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: — o da imaturidade.
- Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.
- Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo.
Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de "ilustre", de "insigne", de "formidável", qualquer borra-botas.
- A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose.
Os admiradores corrompem.
- O brasileiro não está preparado para ser "o maior do mundo" em coisa nenhuma.
Ser "o maior do mundo" em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância,
implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.
- Há na aeromoça a nostalgia de quem vai morrer cedo.
Reparem como vê as coisas com a doçura de um último olhar.
- Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.
- O homem não nasceu para ser grande. Um mínimo de grandeza já o desumaniza.
Por exemplo: — um ministro. Não é nada, dirão.
Mas o fato de ser ministro já o empalha.
É como se ele tivesse algodão por dentro, e não entranhas vivas.
- Assim como há uma rua Voluntários da Pátria,
podia haver uma outra que se chamasse, inversamente, rua
Traidores da Pátria.
- Está se deteriorando a bondade brasileira.
De quinze em quinze minutos, aumenta o desgaste da nossa delicadeza.
- O boteco é ressoante como uma concha marinha.
Todas as vozes brasileiras passam por ele.
- A mais tola das virtudes é a idade.
Que significa ter quinze, dezessete, dezoito ou vinte anos?
Há pulhas, há imbecis, há santos, há gênios de todas as idades.
- Outro dia ouvi um pai dizer, radiante: — "Eu vi pílulas
anticoncepcionais na bolsa da minha filha de doze anos!".
Estava satisfeito, com o olho rútilo. Veja você que paspalhão!
- Em nosso século, o "grande homem"
pode ser, ao mesmo tempo, uma boa besta.
- O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros.
Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda.
- Toda mulher bonita leva em si, como uma lesão da alma, o ressentimento.
É uma ressentida contra si mesma.
- Acho a velocidade um prazer de cretinos.
Ainda conservo o deleite dos bondes que não chegam nunca.
- Chegou às redações a notícia da minha morte.
E os bons colegas trataram de fazer a notícia.
Se é verdade o que de mim disseram os necrológios,
com a generosa abundância de todos os necrológios,
sou de fato um bom sujeito.
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