terça-feira, 14 de setembro de 2021

A NUDEZ DAS CORTES

Percival Puggina

 

Expostos a sucessivos choques de realidade, os opositores mais ferrenhos do presidente da República estão atarantados. Projetaram sobre ele seus fantasmas pessoais. Para todos os efeitos, o futuro do país resultaria das ações desse terrível personagem no ambiente a ser criado pelo projeto político oposicionista. Ora, quem conta estórias sobre o que vai acontecer na vida real acaba trombando contra o concreto duro dos fatos. É um processo autodestrutivo, que muitos estão descobrindo tarde demais. Os fatos são teimosos.

Mesmo antes da campanha eleitoral de 2018, a mídia militante brasileira cuidou de moldar em seu imaginário criativo um Bolsonaro homofóbico, xenófobo, racista, machista, misantropo.  Essas acusações, não encontrando fundamento em ações do presidente, ou em medidas do governo, foram deixadas de lado para que ele, no imaginário dos romancistas da mídia militante, virasse miliciano e genocida.

Como tampouco por aí os fatos corresponderam à conduta do personagem inventado, a criatividade dos novos autores da história passou a acusar o presidente de ser um rematado e histórico golpista.

Veio o 7 de setembro. Milhões de brasileiros saíram às ruas em todo o país. Não houve um carro arranhado, um vidro quebrado. A ninguém antes, os cidadãos brasileiros concederam tão explícito e pacífico apoio. Que uso fez dele o presidente? O teimoso, turrão, brutamontes inventado pela mídia mostrou sua musculatura política e, no passo seguinte, desmascarando os verdadeiros golpistas, derrubou os historiadores do futuro. 

O descontentamento com que receberam a Carta à Nação mostrou o real interesse de seus adversários. É inevitável, agora, a exposição dos verdadeiros golpistas e a identificação dos construtores do conflito entre os poderes.

Está doendo e visível como fratura exposta a crise da democracia representativa no Brasil. Ela é permanentemente desacreditada pelas tramas, insensibilidade, incompetência e pelo desprezo da cúpula do Congresso Nacional à “incômoda” voz das ruas. Logo após as manifestações do dia 7 de setembro, o presidente do Senado suspendeu as sessões dos dias subsequentes e fechou as portas!

Quem é golpista? Quem estica a corda? Quem desarmoniza os poderes? Qual a instituição de Estado que não cumpre seu papel? Qual a que ultrapassa os limites impostos pela Constituição? Quem quer o insucesso do governo?

Não é o rei que está nu. São as inteiras cortes de Brasília, na hora da verdade.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

https://www.puggina.org/artigo/a-nudez-das-cortes__17466


 

Percival Puggina, "A NUDEZ DAS CORTES"


 

"Obrigado Eric Clapton", por Guilherme Fiuza


Um homem que não é um rato se revolta contra uma tirania quando está diante dela. Mesmo que essa tirania esteja impecavelmente fantasiada de ética humanitária



Quando a humanidade mais precisou lutar pela sua liberdade, os homens sumiram. Ratos de boa aparência passaram a despontar exuberantes por toda parte — cheios de palavras solidárias, empatias e éticas embelezando seus propósitos asquerosos, como é natural em todo verdadeiro rato. De que esgoto vip saíram tantos roedores impecáveis?

De esgoto nenhum. Eles já estavam aí, circulando a céu aberto, e muitos até já mereceram a sua admiração, ou a sua amizade, ou o seu voto, ou o seu respeito. Você jamais imaginou que algum deles botaria polícia para bater em mulher na rua fingindo com isso salvar vidas; ou te fotografaria andando de bicicleta para mostrar aos linchadores sedentos que você é um pecador porque não ficou em casa.

Os ratos já estavam entre nós — e o nosso pecado foi não percebê-los como tal, por trás das suas máscaras de gente.

Eles são muitos. Estão por toda parte. Talvez sejam maioria. E quando você acha que eles já botaram toda a sua escrotidão para fora, eles te surpreendem com uma nova, mais escrota ainda. Foi assim que a humanidade chegou ao estupro vacinal. Esse não tem paralelo na história — não em tempos de paz.

Criaram uma vacina em questão de meses e saíram vacinando. Simples assim. As incertezas sobre eficácia e segurança foram todas resolvidas com propaganda e manchetes de jornal. E censura, claro, como manda o manual do cientista roedor. Seis meses de vacinação, seis meses de agravamento da pandemia. Conclusão: a vacina é ótima e deve ser obrigatória para salvar a humanidade.

Como impor à população substâncias que ainda não estão prontas? Como exigir a inoculação em alguém de algo que ninguém sabe ainda exatamente quanto funciona e que riscos totais representa? Como tornar um experimento obrigatório?

Numa democracia, dentro do Estado de Direito, seria impossível. Não existem experimentos obrigatórios na lei — pelo menos não nas sociedades livres. Foi aí que você se enganou. Ficou contemplando a bela ideia de liberdade democrática e não viu as ratazanas em forma de gente. Para um rato, um princípio humanitário é como um pedaço de carne podre: deve ser triturado e deglutido rapidamente, antes que outro mais dentuço o faça.

Se você está chegando agora a este planeta, sente-se na poltrona do seu disco voador para não cair para trás: crianças e adolescentes, com risco de morte pela nova doença em média inferior a 0,003% (ver John Ioannidis, Stanford), entraram no experimento — com muitos anos de vida pela frente para descobrir o que os supostos imunizantes causarão ao seu organismo, já que dessa vez a “humanidade” preferiu injetar primeiro e estudar depois. Não se sabe se teve sorte ou azar quem não precisou de anos para descobrir os problemas, ou pelo menos os primeiros.

Foi aí que, em meio à barulhenta população de ratos de boa aparência — empapuçados de propaganda e arrotando ciência —, surgiram alguns poucos homens. Um deles se chama Eric Clapton. Após mais de sete décadas prestando elevados serviços à arte, ele veio salvar a dignidade.

Clapton enfrentou dormências, dores agudas e paralisias após tomar a vacina contra a covid-19 — essa que os especialistas te garantem que é segura e vale a pena. Por uma coincidência incrível, este homem é um dos maiores guitarristas da história e a paralisia da vacina atingiu suas mãos. Talvez um desses especialistas dissesse: não se preocupe, você ainda tem a sua voz.

Eric Clapton anunciou que cancelará seus shows em locais proibidos a não vacinados

Mas o tipo de resposta que Clapton ouviu foi um pouco menos polido. Basicamente, o artista que estava simplesmente descrevendo o seu sofrimento físico após se vacinar passou a ser acusado de “politizar” a pandemia. Felizmente já avisamos a você que estamos falando de ratos.

Um homem que não é um rato se revolta contra uma tirania quando está diante dela. Mesmo que essa tirania esteja impecavelmente fantasiada de ética humanitária. Um tirano medonho jogaria este homem na masmorra. Os ratos de boa aparência não têm essa coragem. Eles tentam matar em vida sua vítima roendo-lhe a moral — tentando fazê-lo afundar, sucumbir, desaparecer sob um estigma paralisante como o efeito da imaculada vacina.

Eric Clapton não desapareceu. Cresceu. Se agigantou — como sempre ocorre a um grande homem quando acuado por anões morais.

O novo hit de Clapton — com mais de 1,5 milhão de visualizações em menos de uma semana — se chama This Has Gotta Stop (“Isto tem que parar”). Já foi longe demais. Se quiserem levar minha alma, vocês vão ter que vir e derrubar esta porta — avisa na canção o homem que não quis, como tantos dos seus semelhantes, virar adereço de laboratório.

Eric Clapton anunciou que cancelará seus shows em locais proibidos a não vacinados. Ele sabe que a vacina nem sequer impede o contágio. Ele sabe o que é ética, o que é saúde e o que é fascismo. Saudações a quem tem coragem.

Sigam este homem. Ele está cantando para todos ouvirem, inclusive as ratazanas da censura: me acostumei a ser livre.

Obrigado, Eric Clapton.

Muito obrigado, Eric Clapton.

 Blog do José Tomaz