quarta-feira, 9 de junho de 2021

CARTA AO LEITOR - REVISTA OESTE


O espetáculo do horror da CPI da Covid, o sequestro da bandeira ambiental pela esquerda e as áreas preservadas no interior das propriedades rurais brasileiras.

Tom Jobim constatou que “o Brasil não é para principiantes”. A descoberta é agravada pela suspeita de que nem especialistas em assuntos brasileiros conseguem decifrar o país. Como levar a sério, por exemplo, uma CPI do Senado presidida por Omar Aziz e conduzida pelo relator Renan Calheiros, ambos protagonistas de casos de polícia? Ou qualificar de fracassada uma campanha de vacinação que aplicou quase 70 milhões de doses em menos de três meses? Ou, ainda, acreditar que o principal candidato da oposição é um corrupto condenado duas vezes, uma delas em terceira e última instância? “Só no Brasil”, como resume o título do artigo de J. R. Guzzo.

Também é só no Brasil que qualquer notícia positiva inclui um “mas” que introduz uma ressalva destinada a piorar o fato que realmente importa. “Sob Bolsonaro, crime cai e emprego cresce, mas área social piora”, noticiou um dos três principais jornais no começo de 2020. “PIB cresce 0,4% e surpreende, mas retomada é lenta”, avisou o segundo em agosto. Na semana passada, os “vigaristas da adversativa”, na definição de Augusto Nunes, entraram novamente em ação nas primeiras páginas para impedir que os leitores se animassem com a recuperação econômica. “PIB cresce mais que esperado, mas desemprego ainda resiste”, disse o terceiro.

Não é só no Brasil, contudo, que a bandeira ambiental foi sequestrada pela esquerda, informa a reportagem de capa desta edição, escrita pela jornalista Ana Brambilla. Quem conhece a história do Brasil sabe que esse estandarte sempre foi carregado por conservadores. No livro Filosofia Verde, o escritor inglês Roger Scruton, um dos grandes pensadores de direita, responsabiliza cada habitante do planeta pela preservação da natureza, “desde o recolhimento do lixo até o cuidado com outras espécies”.

Entre as desinformações difundidas por uma esquerda carente de causas relevantes figura a fantasia segundo a qual o agronegócio brasileiro é o grande predador ambiental. A farsa é desmontada no artigo de Evaristo de Miranda, chefe-geral da Embrapa Territorial. Ele prova com argumentos consistentes que o produtor rural é quem mais preserva a natureza. Evaristo lembra que “mais de um quarto do território nacional (26,7%) está dedicado a preservar a vegetação nativa no interior dos imóveis rurais”.

Também não é só no Brasil que feministas se recolhem à mudez — “um silêncio ensurdecedor”, afirma Rodrigo Constantino em seu artigo — quando as vítimas do ataque são “conservadoras” ou “de direita”. Na CPI da Covid, o tratamento a mulheres assim definidas por bandos esquerdistas gerou um espetáculo do horror que serviu de inspiração para a crônica “A médica e o monstro”, de Guilherme Fiuza.

Decididamente o Brasil não é para principiantes. Nem para profissionais.

Boa leitura.

Os Editores.

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