terça-feira, 29 de abril de 2014

Conversa de doido...,

Marco Aurélio reage a Lula: “É um troço doido; é o sagrado direito de espernear”

O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, reagiu à crítica bucéfala que Lula fez ao julgamento do mensalão em entrevista à TV portuguesa RTP. Segundo o ex-presidente, o processo teve “80% de política e 20% de decisão jurídica”. Com a ironia costumeira, considerou o ministro, segundo informa a Folha Online: “Não sei como ele tarifou, como fez essa medição. Qual aparelho permite isso? É um troço de doido”.
Marco Aurélio foi um dos ministros que acabaram achando, na fase dos embargos infringentes, que houve penas excessivas. De forma indireta, lembrou isso em sua fala, mas considerou: “Só espero que esse distanciamento da realidade não se torne admissível pela sociedade. Na dosimetria, pode até se discutir alguma coisa; agora a culpabilidade não. A culpa foi demonstrada pelo estado acusador”.
Para Marco Aurélio, Lula está apenas recorrendo a seu “sagrado direito de espernear”. E lembrou algo que já observei aqui: “No final do julgamento, eram só três ministros não indicados por ele. A nomeação é técnico-política e se demonstrou institucional. Como eu sempre digo: ‘Não se agradece com a toga’”.
Na mosca! Lula apostava que os ministros nomeados por ele fariam as suas vontades. Na sua cabeça perturbada pelas trocas políticas mais indignas, esperava que seus amigos fossem absolvidos em sinal de agradecimento dos que foram por ele indicados. Lula entende de relações de compadrio e de suserania e vassalagem, não de democracia.
Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Traficantes assistiram ao “Esquenta” comendo pipoca?


esquentaAlguém falou umas palavrinhas contra os traficantes no especial do “Esquenta” em homenagem ao dançarino DG, morto na favela Pavão-Pavãozinho, em Copacabana? Contra Pitbull, um dos mais procurados do Rio – e que, segundo fontes da polícia civil, estava no mesmo churrasco do qual o dançarino fugiu pulando de uma laje ao muro de uma creche quando os seguranças do primeiro começaram a atirar contra a PM para “fazer contenção” e possibilitar a fuga do chefe? Algumas palavrinhas contra a pressa em culpar a polícia antes de concluídas as investigações (que,segundo o delegado, apontam que DG estava mesmo próximo e na direção dos traficantes em relação aos policiais)? Algo contra os “bicos” nas mãos dos “amigos”? O contrabando de armas? As más companhias? A ESCOLHA imoral dos bandidos pela criminalidade? Contra “microondas”, “mulas”, “aviões”? Contra o arruinamento das famílias de crianças e adolescentes viciados em drogas? Contra o sustento que os próprios artistas usuários dão ao império do crime? Contra a exploração política do caso por militantes profissionais como Sininho, alguns dos quais a polícia já suspeita de estar orientando a mãe de DG em “media coachings”? Contra a morte do comandante Leidson e dos soldados Alda e Rodrigo Paes Leme, enquanto trabalhavam nas UPPs?
Ou só mostraram o trecho de um curta-metragem em que um policial apontava a arma para o personagem de DG, para que a polícia fosse vaiada pela plateia e se chegasse à conclusão precoce de que a vida imita a arte? Ou ainda se limitaram a ecoar a tese de um “especialista” emluta de classes que afirmou no programa que “Não tem nada mais perigoso no Brasil do que ser negro, jovem e pobre”, usando a velha estratégia esquerdista de mostrar os negros como vítimas predominantes de crimes violentos, sem perguntar se não são também predominantemente ou em grande parte os autores desses crimes?
PMs mortos
Anuário brasileiro de segurança pública (2013)
Alguém lembrou que o respaldo para essas meias verdades veio de outra pesquisa fajuta do famigerado IPEA, que tirou do número maior de vítimas negras a conclusão estapafúrdia sobre crimes raciais sem levar em conta a cor dos assassinos, sendo que, nos EUA, por exemplo, onde a esquerda utiliza a mesma estratégia, simplesmente 93%(!!!) dos negros assassinados foram mortos por outros negros? Alguém lembrou que a taxa de homicídios de policiais é o dobro da relativa à população negra e parda? Que a chance de ser morto sendo policial é 100,83% superior à chance de ser morto sendo negro ou pardo? Que a possibilidade de um policial brasileiro ser vítima por um crime de homicídio é 196,70% superior do que seria com qualquer outra pessoa? Que o risco de ser morto, sendo policial, é quase três vezes superior do que sendo outro não integrante das forças policiais? Que as taxas de PMs mortos em serviço é de 17,8 e FORA DE SERVIÇO(!!!) de 58,7(!!!) por grupo de 100 mil habitantes, sendo que a OMS considera taxas de homicídio acima de 10 por grupo de 100 mil já como sintomas de violência epidêmica? Alguém lembrou que a taxa de homicídios de PM e Policial Civil (em serviço e fora) chega a 72,1(!!!) por 100 mil habitantes, praticamente o triplo da taxa de homicídio nacional (de 24,3)? De quantas entrevistas, participações em programa de TV ou eventos em homenagem aos policiais mortos os especialistas e artistas convidados pelo “Esquenta” já participaram?
A-soldado-Alda,-que-foi-atingida-por-um-tiro-de-fuzil
Soldado Alda, da UPP do Parque Proletário, morta por traficantes. Por esta negra, a esquerda não chorou
(E de quantas por jovens como Victor Hugo Deppman, cujo assassinato por um ”dimenó”, protegido por leis endossadas pelo mesmo PSOL que explora a tragédia de DG, completa um ano neste mês?)
Será que o único minimamente sensato foi o coreógrafo Carlinhos de Jesus quando disse “Eu acredito na instituição policial”, mas “é claro que há elementos que não merecem estar ali”, ainda que ninguém tenha reiterado que até o momento não há provas conclusivas contra supostos “elementos” assim no caso DG?
Não é maravilhoso que, não bastasse a campanha “Eu não mereço ser estuprada” – baseada na pesquisa errada e embusteira do IPEA – ter dissuadido (aham…) milhares de estupradores de cometer seus crimes pelo irresistível apelo de moças seminuas cobertas com plaquinhas na internet, surja não somente outra como “Eu não mereço morrer assassinado”, capaz de levar assassinos às lagrimas e ao divã, mas também a da hashtag “A vida é sagrada” [#avidaesagrada], proposta por Regina Casé ironicamente na mesma emissora cujas novelas fazem propaganda escancarada do aborto?
Captura de Tela 2014-04-27 às 19.39.55(E não era justamente a abortista Leandra Leal, outra “especialista” a palestrar sobre a “sociedade” no programa, aquela que dava uma forcinha aos Black Blocs no vídeo “Grito pela liberdade”, culpando o Estado pela violência dos terroristas nas manifestações, violência esta que depois resultaria na morte do cinegrafista da Band Santiado Andrade, por cuja “vida sagrada” nenhum dos globais do vídeo fez campanha depois, pedindo desculpas à família pelo estímulo ao caos?)
Alguém da família “Esquenta” afinal mencionou o medo que os moradores de bem da favela sentem de abrir a boca para falar mal dos traficantes (ou mesmo para narrar o que sabem deste episódio), enquanto um bando de militantes “especialistas” usam a sua liberdade de expressão para falar em nome deles exclusivamente contra a polícia, fomentando o ódio às instituições que, a despeito dos erros, excessos ou mesmo crimes de alguns de seus integrantes, são as únicas que podem livrá-los daqueles marginais? Ou hashtag ganha de fuzil?
A dor de parentes e amigos de DG é legítima e deve ser respeitada, mas se nada justifica a sua morte como se deu, nada tampouco justifica tanto cinismo, tanta ignorância, tanta ideologia barata em função dela, como se viu no “Esquenta” deste domingo (e em todos os jornais).
Na TV aberta, a voz que se erguia contra o tráfico e lamentava a morte de policiais e o silêncio dessa turma dos “direitos humanos” quando isso acontecia era a de Rachel Sheherazade, a apresentadora censurada em pleno ano eleitoral pelo governo do PT (com testas-de-ferro do PSOL e do PCdoB) sob ameaça de corte de verbas da Caixa Econômica Federal ao SBT. O que resta na TV brasileira é isso: o programa de Regina Casé, a garota-propaganda da Caixa.
Os traficantes que lutam pelo fim das UPPs devem ter assistido a tudo comendo pipoca.
Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil
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Na entrevista a um canal da TV portuguesa, Lula insinua que não sabe quem é José Genoino e conhece José Dirceu só de vista

“O que eu acho é que não houve mensalão”, disse o ex-presidente Lula na entrevista concedida à RTP, publicada neste domingo no site da emissora de televisão portuguesa. “Eu também não vou ficar discutindo a decisão da Suprema Corte”, tratou de desdizer-se na frase seguinte. E mudou de ideia na continuação: “Eu só acho que essa história vai ser recontada para saber o que aconteceu na verdade”.
A hipótese é tentadora para o país que presta. Se a história fosse recontada como se deve, não ficaria sem castigo o chefe supremo do esquema criminoso que produziu o maior escândalo político-policial desde o Descobrimento. Mais: se a verdade prevalecesse, seria restaurada a decisão original do Supremo Tribunal Federal, desfigurada pela nomeação de Teori Zavaschi e Roberto Barroso. Ao tornar majoritária a bancada dos ministros da defesa de culpados, a dupla ajudou a parir a obscenidade segundo a qual  um bando de quadrilheiros é diferente de uma quadrilha.
O camelô de empreiteira não parece preocupado com o destino dos condenados, revelou o melhor dos piores momentos da conversa. Quando a entrevistadora lembrou que estão na cadeia alguns velhos parceiros do entrevistado, Lula admitiu a existência de “companheiros do PT presos”, estacionou numa vírgula e despejou a ressalva abjeta: “Não se trata de gente da minha confiança”.
Nem a turma da cela S13?, decerto perguntaria a jornalista se tivesse mais intimidade com os casos de polícia hospedados na Papuda. Portugueses e brasileiros então descobririam que Lula não sabe direito quem é José Genoino, acha que Delúbio é nome de rio e conhece José Dirceu só de vista.

É hora de comprar?

Depois da alta exorbitante dos últimos anos, preço dos imóveis sobe menos do que a inflação em 2014. Se o momento é ruim para investidores, pode ser favorável para quem sonha com a casa própria

Nos últimos anos, o mercado imobiliário brasileiro cravou uma série impressionante de recordes. Em 2013, os financiamentos para a compra da casa própria somaram R$ 109,2 bilhões, a maior marca da história. Há pelo menos uma década o número de unidades vendidas no País por meio de crédito habitacional cresce acima de dois dígitos. O cenário favorável puxou a construção civil, que viu suas receitas dobrarem desde 2010. Toda essa pujança provocou uma disparada generalizada de preços. No Rio de Janeiro, um apartamento de três dormitórios na zona sul, de frente para o mar, não custa menos de R$ 5 milhões. Há seis anos, o mesmo imóvel podia ser comprado por R$ 1 milhão. Capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre conheceram o mesmo fenômeno – e fizeram a fortuna de construtoras, incorporadoras e instituições financeiras. Por todas essas razões, os mais recentes indicadores do setor surpreendem. Em fevereiro, a venda de imóveis residenciais novos caiu 49,1% na cidade de São Paulo. Somados, os meses de janeiro e fevereiro representaram o pior bimestre desde 2004. Com a demanda em baixa, os preços desaceleraram. Pela primeira vez em muitos anos, em 2014 o valor dos imóveis nas maiores cidades brasileiras subiu menos do que a inflação. Isso, afinal, é uma boa ou má notícia?
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CRISE?
Prédio nos Jardins, em São Paulo, em foto da semana passada:
poucos apartamentos vendidos em 2014
Os especialistas entrevistados por ISTOÉ interpretam a desaceleração de preços como um equilíbrio natural do mercado e negam que um colapso imobiliário esteja prestes a acontecer.“O cenário econômico não apresenta nenhum tipo de bolha”, diz Eduardo Schaeffer, presidente do Zap Imóveis. “É apenas um ajuste do mercado após um período extremamente aquecido”, afirma. “Não dá para ser tão aquecido quanto nos anos anteriores, mas o setor continua crescendo”, garante José Carlos Martins, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Para Emílio Kallas, vice-presidente de Incorporação do Sindicato de Habitação de São Paulo (Secovi-SP), a questão central é a preocupação com o que pode acontecer nos próximos meses. “O empresariado está receoso com a economia e espera para lançar os empreendimentos”, diz. “Mas os resultados de 2014 devem ser muito próximos aos de 2013.”
Mesmo com a desaceleração, os preços ainda estão altos. O último índice FipeZap mostra que a média do metro quadrado mais caro do Brasil está no Rio de Janeiro: R$ 10.468. Na orla da zona sul carioca, o valor pode chegar a R$ 40 mil – mais do que a média de Manhattan, em Nova York, que é de R$ 30 mil, segundo dados da imobiliária Douglas Elliman. No ranking dos preços exorbitantes, Brasília aparece em segundo lugar e São Paulo, em terceiro. Os valores nas nuvens impedem que novos negócios sejam fechados. O administrador de empresas Leandro Avellar quer sair da casa dos pais e se casar, mas os preços assustam. “Se não baixarem no segundo semestre, vamos procurar um local mais afastado ou adiar os planos”, diz. Profissional da área de marketing, Conrado Balbinot e sua mulher, Silvana Mello, que trabalha no setor de recursos humanos, tiveram uma experiência que comprova a instabilidade do mercado. Há um ano se interessaram por um apartamento de 70 metros quadrados no Brooklin, bairro nobre de São Paulo, mas desistiram por causa dos R$ 800 mil cobrados pelo dono. Recentemente, o corretor com quem negociavam os procurou, avisando que o imóvel poderia ser adquirido por R$ 594 mil. Nem assim fecharam negócio. “Vamos esperar até que os preços se adequem à realidade”, diz Balbinot.
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ESPERA
Leandro Avellar (acima) aguarda a queda dos preços para adquirir
um imóvel. Enquanto os valores não baixam, Conrado Balbinot
e Silvana Mello preferem pagar aluguel
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Se os preços estão menos agressivos, é hora de ir às compras? Os especialistas afirmam que, em 2014, não deve ser um bom negócio adquirir imóveis para investimento, mas pode ser o momento ideal para quem procura um lugar para morar. “Hoje é melhor do que no ano que vem e pior do que no ano passado”, afirma Kallas, do Secovi-SP. Claudio Tavares, pesquisador e professor do Núcleo da Real Estate da Poli-USP, sugere que a variação da renda seja levada em conta na decisão de comprar. “Se os imóveis estiverem subindo mais do que a sua renda, é a hora certa de comprar”, afirma Tavares.
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Fotos: Kelsen Fernandes, Gabriel Chiarastelli/Agência Istoé
http://www.istoe.com.br/reportagens/358062_E+HORA+DE+COMPRAR+

domingo, 27 de abril de 2014

Soluções radicais

- Vocês sabem o que é um hipocorístico? - indagou ele. - Eu mesmo não sabia, só fui aprender ontem. Acho que tem mais algumas coisas, mas o hipocorístico de que eu estou falando é quando se chama alguém por um apelido derivado do nome dessa pessoa. Por exemplo, Beto, em vez de Roberto, Chico em vez de Francisco, Pedrinho, em vez de...
- Entendi. Então o seu hipocorístico seria Borginho.
- É a mãe! Me respeite, Borginho não! Borginho não! Deboche não! Como é o nome da senhora sua mãe? Ela...
- Calma, comandante, olha a pressão. Não faça isso, comandante!
Custou um pouco, mas ele pareceu ter-se acalmado e sentou-se de novo em frente a seu chope, alisando a cabeça com o olhar distante. O raro episódio de bom humor, entretanto, tinha ido embora para não mais tornar, o que se manifestaria logo em seguida, quando alguém comentou os prejuízos do comércio, com tantos feriados e feriadões.
- É isso mesmo! - esbravejou ele. - O feriadão é patrimônio do nosso povo! É melhor irmos logo nos acostumando. O nosso ideal, como povo e como indivíduos, é não trabalhar nunca! Esse é o nosso grande ideal! Eu tenho um sobrinho pequeno que, quando eu perguntei o que ele queria ser, disse que, quando crescesse, queria ser aposentado. O ideal é este, nós ainda chegamos lá. Ninguém no trabalho, todo mundo na praia, na internet ou no baile funk!
- Mas, comandante, alguém tem que trabalhar.
- É o que todo mundo pensa, menos o brasileiro. Querer o contrário é dar murro em ponta de faca. A solução para o Brasil só virá quando nenhum brasileiro mais trabalhar.
- Mas isso não seria possível.
- Claro que seria, aqui tudo é possível.
- Mas quem faria o trabalho necessário para a sobrevivência de todos?
- Parece que vocês não moram no Brasil. Chineses! Esse governo vai contratar chineses para fazer o trabalho pela gente. Daqui a pouco um marqueteiro do governo descobre isto e iniciaremos a importação de chineses. Enche isto aqui de chinês, chinês é ótimo para trabalhar sem reclamar, é uma tradição milenar. Vai ser o programa Mais Trabalhadores. O cidadão declara que não quer trabalhar, se cadastra no Ministério do Ócio e recebe tudo o que precisa, em forma de salários e bolsas, além de um personal Chinese.
- E de onde sairia o dinheiro para custear esses salários e bolsas?
- Dos impostos pagos pelos chineses, é claro. Você pensa que o chinês não vai ter desconto na folha?
- Ha-ha, claro que o senhor está brincando, comandante.
- Brincando? Brincando estão eles! Eles é que brincam! E na primeira classe, enquanto o povo vai no bagageiro! Em tudo quanto é canto, você vê uma piadinha deles, eles nem se preocupam em renovar o estoque, como no caso da piadinha do dólar.
- Essa eu acho que não conheço.
- Conhece, sim, é que ninguém mais presta atenção no que eles dizem. O que é acontece, quando o dólar sobe?
Parece que todo mundo saiu da cidade no feriadão, de forma que a rua está quase silenciosa, vazia de carros e mesmo de passantes, o desfile feminino é apenas uma sombra do costumeiro e houve quem temesse falta de quórum no boteco. Seus frequentadores mais fiéis, contudo, consideram meio vulgar esse negócio de viajar no feriadão, em vez de ficar, sensatamente, no boteco de todo fim de semana. E, assim, o meio-dia chegou para encontrar a postos praticamente a freguesia habitual completa, inclusive o comandante Borges, sorridente e afável, exibindo um surpreendente bom humor, depois que a bateria de sua moderníssima bicicleta elétrica pifou. Mas o Inimigo detesta a paz e a harmonia e, com suas maquinações diabólicas, está sempre montando armadilhas para atiçar a discórdia. Assim se deu, lamentavelmente, quando o comandante resolveu colaborar com a tradição de cultura da mesa, partilhando algo que tinha aprendido recentemente.
- Não sei bem, não sou economista.
- Nem precisa ser, é até melhor que não seja. Eu lhe digo o que é que acontece, quando o dólar sobe. Vem um porreta de lá e explica que a notícia é ótima, porque nossas exportações vão vender mais e se escoar melhor. Daí a algum tempo, o dólar desce e o mesmo porreta aparece para dizer que a notícia é excelente, porque facilita a importação de bens de capital pela nossa indústria. Eles querem o quê? Eles querem provar que eu sou burro e otário! Eles querem é me matar, isto é o que eles querem! E eu não posso me defender, porque eles desarmaram todo mundo, só quem pode ter arma é traficante e pivete. É pivete, o nome certo é pivete, não me venha com essa cara de Estatuto da Criança e do Adolescente, criança e adolescente são outra coisa! Qualquer pivete pode aceitar R$ 50 de pagamento para invadir sua casa e matar você e toda a sua família, para depois tudo ficar por isso mesmo!
- Calma, recobre a calma, comandante, olhe a pressão.
- Eu não sossego enquanto eles não criarem o bolsa Miami, para estender a todos os brasileiros a realização do nosso maior objetivo de vida, que é fazer compras em Miami. Viva o Ministério do Ócio, da Preguiça e da Moleza! O futuro é promissor e ainda veremos o Brasil de nossos sonhos, em que nenhum de nós trabalhará - um Brasil finalmente feliz, se bem que com um grande superávit de chineses. Eu só posso clamar por guilhotina, guilhotina!

sábado, 26 de abril de 2014

O Poder de nossas escolhas

Inverno chegando...,

Cantores de rua...,

Samba de Viola

Albert Einstein

"Grandes almas sempre encontraram forte oposição de mentes medí­ocres.""A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original."
"Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta."
*Einstein

Brigitte Bardot

Especial VEJA: Brigitte Bardot – E Búzios criou essa mulher

Publicado na edição impressa de VEJA
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Brigitte Bardot estava arrumando as malas em 31 de março de 1964. Encerrava um dos períodos mais tranquilos de sua trajetória infernal de celebridade assediada e atormentada, vivido na pouco conhecida vila de pescadores chamada Armação de Búzios. Acabava ali também o chamado verão dos inocentes, quando os biquínis já estavam incorporados às areias do Rio e adjacências, as primeiras pranchas de fibra de vidro apareciam no Arpoador e, sob o sol de até 35,8 graus, três mulheres ocupavam a imaginação dos brasileiros: a jovem e comentada primeira-dama Maria Thereza Goulart; a angelical miss Universo Ieda Maria Vargas; e a escandalosamente sensual BB.
Trazida por um namorado com ligações com o Brasil, o playboy Bob Zagury, ela havia desembarcado de um DC-8 da Panair no Galeão, em 7 de janeiro, usando um casaco de gola de pele e com a aura de deusa do sexo que a acompanhava desde E Deus Criou a Mulher. Feito oito anos antes, o filme ainda era comentado em voz baixa quando havia crianças na sala: Brigitte aparecia nua.
Quando ocorreu o golpe, os pais da atriz chegaram a procurar informações na Embaixada do Brasil em Paris. BB continuou embriagada pelo espumejante “mar de champanhe azul” que encontrou aqui: sem entender exatamente o que acontecia, em 4 de abril festejou com amigos no Rio, na boate Top Club, a vitória do novo regime. “Adorei a revolução no Brasil. Não houve morte nem tiros”, foi a declaração colocada no inesquecível biquinho, quando voltou a Paris.
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/o-pais-quer-saber/especial-veja-brigitte-bardot-e-buzios-criou-essa-mulher/

sexta-feira, 25 de abril de 2014

A cada enxadada uma minhoca...,

Conexão Vargas-Padilha-Gleisi-Youssef pode derrubar duas das principais candidaturas do PT

gleisi_hoffmann_46Efeito cascata – Podem ter desmoronado as esperanças do PT de, finalmente, conquistar os governos de São Paulo e do Paraná. Isso porque são consideradas explosivas das mais recentes revelações sobre o escândalo envolvendo o doleiro Alberto Youssef, seu dileto amigo André Vargas, o ex-ministro da Saúde,Alexandre Padilha, e a e ex-ministra da Casa Civil, a senadora petista Gleisi Hoffmann.
Grampos divulgados pela Polícia Federal mostram que Alberto Youssef e André Vargas se comportavam como sócios em um empreendimento – o Labogen – laboratório farmacêutico criado para lesar os cofres públicos com a fabricação de medicamentos superfaturados para o Ministério da Saúde. Alexandre Padilha aparece nos grampos da PF como envolvido, caso não seja um dos chefes do esquema criminoso milionário, que transformaria um laboratório montado com sucatas em cornucópia incansável.
André Vargas ainda permanece como coordenador da campanha de Gleisi Hoffmann ao Palácio Iguaçu, sede do Executivo paranaense, e nessa condição estava encarregado de levantar fundos para a campanha da senadora que desde que deixou a Casa Civil vem atuando no Congresso Nacional como “buldogue” palaciano. Parte desses recursos, de acordo com suspeita da Polícia Federal, poderia vir de uma encomenda de 35 milhões de comprimidos de Citrato de Sildenafila (o princípio ativo do Viagra) que renderia R$ 90 milhões para o esquema do Labogen. Parte desse dinheiro poderia ser destinada a outras campanhas do PT.
As ligações de Gleisi e Padilha são fraternas. Ambos participavam juntos e com frequência de eventos políticos, além de terem se associado, quando estavam ministros, na tentativa de faturar politicamente com o bisonho programa “Mais Médicos”, baseado na “importação” de médicos, principalmente cubanos.
Como ministra, Gleisi participou da recepção de médicos cubanos em Curitiba, enquanto seu então assessor especial, o pedófilo Eduardo Gaievski (preso por estupro de 28 meninas menores de idade em agosto do ano passado), além de comandar as políticas do governo federal para menores, era coordenador do programa “Mais Médicos”.
Enquanto André Vargas resiste à pressão do PT para renunciar ao mandato de deputado federal, como forma de poupar o partido e algumas candidaturas, a Polícia Federal avança nas investigações da Operação Lava-Jato. Mensagens interceptadas pela PF apontam para o envolvimento de Alexandre Padilha com o doleiro Alberto Youssef, preso desde 17 de março em Curitiba, André Vargas e o também deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Resumindo, o PT continuará sangrando na esteira dos vazamentos da Operação Lava-Jato, que como tem afirmado o ucho.info na série especial de reportagens sobre o tema, está no começo e descobriu apenas a ponta de um iceberg de lama.

O PT começou a morrer. Que bom!

O PT ensaiou uma reação quando veio a público a avalanche de malfeitorias óbvias na Petrobras: convocou o coração verde-amarelo da nação. Tudo não passaria de uma conspiração dos defensores da “privataria”, interessados em doar mais essa riqueza nacional ao “sagaz brichote”, para lembrar o poeta baiano Gregório de Matos, no século 17, referindo-se, em tom de censura, aos ingleses e a seu espírito mercantil. Não colou! A campanha não pegou. A acusação soou velha, do tempo em que a ignorância ainda confundia capitalismo com maldade.
Desta vez, parece, os larápios não vão usar o relincho ideológico como biombo. Até porque, e todo mundo sabe disto, ninguém quer nem vai vender a Petrobras. Infelizmente, ela continuará a ser nossa, como a pororoca, o amarelão e o hábito de prosear de cócoras e ver o tempo passar –para lembrar o grande Monteiro Lobato, o pai da campanha “O petróleo é nosso”. A intenção era certamente boa. Ele não tinha como imaginar o tamanho do monstro que nasceria em Botocúndia.
Há nas ruas, nas redes sociais, em todo canto, sinais claros de enfraquecimento da metafísica petista. Percebe-se certo cansaço dessa estridência permanente contra os adversários, tratados como inimigos a serem eliminados. Se, em algum momento, setores da sociedade alheios à militância política profissional chegaram a confundir esse espírito guerreiro com retidão, vai-se percebendo, de maneira inequívoca, que aquilo que se apresentava como uma ética superior era e é apenas uma ferramenta para chegar ao poder e nele se manter.
A íntegra aqui
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/reinaldoazevedo/2014/04/1445129-o-pt-comecou-a-morrer-que-bom.shtml

COPA DO MUNDO

COPA DO MUNDO E TIRO PELA CULATRA: Governo federal organiza evento antiprotesto e local vira área de… protesto!

Enquanto Gilberto Carvalho (em pé) tentava falar em evento antiprotesto, aconteciam os... protestos (Foto:Danilo Verpa/Folhapress)
Enquanto Gilberto Carvalho (em pé) tentava falar em evento antiprotesto, aconteciam os… protestos (Foto:Danilo Verpa/Folhapress)
Tsc, tsc, tsc… Acho que eles estão perdendo a mão. Leiam o que informa Eduardo Costa, na Folha:Um evento organizado pelo governo federal, Diálogos Governo-Sociedade Civil, cujo objetivo era mostrar os benefícios trazidos pela Copa à população e desestimular manifestações, virou palco de protestos de manifestantes. Cerca de trezentas pessoas, representantes de 70 instituições, como sindicatos, movimentos sociais, como os dos sem-teto, entre outras lideranças locais, lotaram hoje um salão na Casa de Portugal, no centro de São Paulo.
Enquanto o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, fazia uma apresentação sobre “o que o Brasil ganhou com a Copa”, uma faixa estendida por manifestantes por trás dele informava: “Não vai ter Copa”. Um grupo que vestia camisetas que traziam a inscrição “O povo de rua é o primeiro eliminado da Copa” ironizava todas as informações divulgadas pelos palestrantes.
(…)

Pena Branca & Xavantinho

*Pena Branca & Xavantinho (nomes artísticos de José Ramiro Sobrinho e Ranulfo Ramiro da Silva), dupla de cantores de música caipira.
Fizeram muito sucesso com a canção "Cio da Terra", de Chico Buarque e Milton Nascimento, com participação especial do próprio Milton Nascimento.
Desde pequenos trabalharam na roça com os pais e mais cinco irmãos. José Ramiro tocava viola. Começaram a cantar em 1962, e, em 1968, mudaram-se para São Paulo para tentar a vida artística.
José Ramiro Sobrinho, o Pena Branca (nascido em Igarapava - SP, 1939 - São Paulo-SP, 2010) e Ranulfo Ramiro da Silva, o Xavantinho (nascido em Uberlândia em 1942).

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Alemanha - Inicio do século 20

Durante uma conferência com vários universitários, um professor da Universidade de Berlim desafiou seus alunos com esta pergunta:
“Deus criou tudo o que existe?"

Um aluno respondeu com grande certeza:
-Sim, Ele criou!

-Deus criou tudo?
Perguntou novamente o professor.

-Sim senhor, respondeu o jovem.

O professor indagou:
-Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal? Pois o mal existe, e partindo do preceito de que nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau?

O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, se regozijava de ter provado mais uma vez que a fé era uma perda de tempo.

Outro estudante levantou a mão e disse:
-Posso fazer uma pergunta, professor?
-Lógico, foi a resposta do professor.

O jovem ficou de pé e perguntou:
-Professor, o frio existe?
-Que pergunta é essa? Lógico que existe, ou por acaso você nunca sentiu frio?

O rapaz respondeu:
-De fato, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objeto é suscetível de estudo quando possui ou transmite energia, o calor é o que faz com que este corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Nós criamos essa definição para descrever como nos sentimos se não temos calor.

-E, existe a escuridão? Continuou o estudante.
O professor respondeu temendo a continuação do estudante: Existe!

O estudante respondeu:
-Novamente comete um erro, senhor, a escuridão também não existe. A escuridão na realidade é a ausência de luz. A luz pode-se estudar, a escuridão não! Até existe o prisma de Nichols para decompor a luz branca nas várias cores de que está composta, com suas diferentes longitudes de ondas. A escuridão não!

Continuou:
-Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina o raio de luz.
Como pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim?! Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz presente.

Finalmente, o jovem perguntou ao professor:
-Senhor, o mal existe?

Certo de que para esta questão o aluno não teria explicação, professor respondeu:
-Claro que sim! Lógico que existe. Como disse desde o começo, vemos estupros, crimes e violência no mundo todo, essas coisas são do mal!

Com um sorriso no rosto o estudante respondeu:
-O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência do bem, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não é como a fé ou como o amor, que existem como existem o calor e a luz. O mal é o resultado da humanidade não ter Deus presente em seus corações. É como acontece com o frio quando não há calor, ou a escuridão quando não há luz.

Por volta dos anos 1900, este jovem foi aplaudido de pé, e o professor apenas balançou a cabeça
permanecendo calado… Imediatamente o diretor dirigiu-se àquele jovem e perguntou qual era seu nome?

E ele respondeu:
ALBERT EINSTEIN, senhor!


quarta-feira, 23 de abril de 2014

Petrobras é campeã mundial — de queda em ações na bolsa

Entre as dez maiores empresas de energia do mundo, estatal é a que teve o pior desempenho na bolsa desde a crise financeira; de lá pra cá, todas cresceram — menos a brasileira

Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro
Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro (Leo Correa)
A conjuntura externa tem sido a desculpa predileta do governo para explicar todos os males que se abatem sobre a economia brasileira. O argumento se aplica desde a alta da inflação até a oscilação do dólar, passando pelo próprio resultado fiscal do Brasil. Os estímulos econômicos que vêm dilacerando as contas públicas brasileiras são resposta à crise internacional, disse o ministro Guido Mantega em inúmeras ocasiões. No caso da Petrobras, não poderia ser diferente. Tanto a presidente Dilma Rousseff quanto a atual chefe da estatal, Graça Foster, alegaram fatores externos como causas da queda do valor de mercado da companhia na bolsa. Até mesmo o ex-presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, arriscou dizer em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que a crise internacional foi a causa dos males da empresa durante sua gestão, digamos, "exemplar".
Contudo, os números mostram que o impacto da crise no desempenho da Petrobras na bolsa não foi tão pernicioso assim — e que as coisas pioraram mesmo com a queda da confiança do mercado em relação à empresa e ao Brasil. Entre as dez maiores companhias de energia do mundo, segundo o ranking mais recente da consultoria IHS, apenas a Petrobras acumula queda de valor de mercado entre 2009, quando o mundo sofria o impacto agudo da crise, e 2014. As demais conseguiram trafegar pelos anos difíceis e se reerguer, como mostra o gráfico. A americana Chevron, por exemplo, saiu da terceira posição no ranking das maiores empresas em dezembro de 2008 para a primeira posição em 2014. Curiosamente, em maio de 2008, antes da eclosão da crise, a Petrobras havia conseguido ultrapassar a Microsoft, o Walmart e a própria Chevron em valor de mercado, tornando-se a terceira maior empresa do continente americano, atrás apenas da Exxon e da General Electric. À época, o valor da estatal estava próximo de 500 bilhões de reais. Hoje, está em 200 bilhões.
Gráfico - Petrobras

Os números são elucidativos porque mostram que, em dezembro de 2008, as maiores empresas de petróleo do mundo haviam passado por uma tormenta sem precedentes devido ao derretimento dos mercados de ações e à falta de liquidez nos Estados Unidos e na Europa. Naqueles tempos, não houve empresa em bolsa que tivesse ficado ilesa. Assim, em 2009, todas as petroleiras estavam na estaca zero — recolhendo os cacos. Ao longo daquele ano, a Petrobras conseguiu acompanhar o curso do setor e mostrou recuperação. Suas ações, que eram negociadas a 24 dólares no último pregão de 2008, terminaram 2009 a 47 dólares. De lá pra cá, porém, a queda foi constante — mesmo em 2010, ano em que a economia brasileira cresceu 7,5% e não sinalizava a desaceleração permanente que estava por vir. Aquele também foi o ano da capitalização bilionária da Petrobras, em que a companhia levantou 120 bilhões de reais no mercado para financiar os investimentos na exploração do pré-sal. Portanto, a queda verificada no período mostrava uma clara insatisfação do mercado com os planos da empresa para os bilhões captados. Porém, quando se olha a trajetória das outras empresas do setor, apenas a Petrobras perdeu valor de mercado no período.
Durante o governo Dilma, a forte atuação da empresa como braço de controle inflacionário terminou de minar qualquer plano otimista que pudesse haver para o futuro. Para se ter ideia, a produção da companhia não saiu do patamar de 2,5 milhões de barris/dia nos últimos anos, enquanto sua dívida disparou, passando de 65 bilhões em 2010 para 223 bilhões em 2014. "A petroleira não se valeu apenas do dinheiro captado com a oferta de ações em 2008, mas também aumentou seu endividamento para conseguir investir”, explica Flavio Conde, economista da Gradual. “Como a Petrobras não aumentou sua produção para acompanhar a demanda, precisou importar a um preço mais alto no mercado internacional, o mercado não gostou e as ações despencaram", diz. 
Gráfico - Petrobras
Na mesma base de comparação, a americana Exxon conseguiu crescer sem explodir sua dívida: em 2010, seu valor de mercado era de 369 bilhões de dólares e o endividamento era de 7 bilhões de dólares; agora, vale 416 bilhões de dólares e seu a dívida avançou para 18 bilhões de dólares. “A resposta para a matemática da Exxon está na lucratividade; empresas têm de ter um lucro compatível com a necessidade de investimentos”, aponta Conde. No caso da Petrobras, a origem da baixa produtividade da empresa está não só na gestão aparelhada, mas também na política de conteúdo nacional, que fez com que a estatal dependesse de uma cadeia de fornecedores locais para conseguir levar adiante seu plano de investimentos. A estratégia deu errado não só porque a execução da política de governo mostrou-se mais difícil do que o esperado, mas também porque os fornecedores não se mostraram dispostos a investir para atender à demanda da empresa.
Resultado da insatisfação do mercado com a condução da estratégia pela gestão petista foi visto recentemente, numa situação pra lá de esdrúxula, quando as ações da empresa passaram a subir mesmo com a perspectiva de uma CPI — fato que assustaria qualquer acionista. A influência do governo na estatal também pesou. Tanto que a queda da aprovação do governo Dilma impactou positivamente a variação das ações da Petrobras. Diante de tantas contradições, o mercado continua com mais perguntas do que respostas sobre o que a estatal se tornou hoje e como as coisas podem ser diferentes no futuro. 

terça-feira, 22 de abril de 2014

Os escritos e desenhos de John Lennon

Em Nova York, venda revela a produção paralela do ex-beatle, que tinha um traço seguro e um fôlego literário bem mais sarcástico do que o exibido nas canções

Ivan Claudio (ivanclaudio@istoe.com.br)
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A possibilidade de uma pessoa seguir outra trajetória que não a percorrida em sua vida é uma hipótese fascinante, especialmente quando 
se toma como exemplo um artista completo como o cantor e compositor John Lennon, morto na encruzilhada de muitos caminhos, aos 40 anos. No dia 5 de junho, vai a leilão, na Sotheby’s de Nova York, um acervo de desenhos, escritos e esboços feitos pelo músico na juventude, no início da beatlemania. Avaliados em US$ 800 mil e guardados durante 50 anos, os 89 lotes (conjunto de objetos, no jargão leiloeiro) revelam um desenhista de mão cheia e um escritor tão ou mais inventivo quanto o autor de “I’Am The Walrus” ou “Lucy in The Sky With Diamonds”. “Suas canções trazem um senso de humor e sofisticação parecidos, mas ele mesmo admitiu que nessas obras desfrutou de uma liberdade que não se permitia como compositor”, disse o curador Gabriel Heaton, da Sotheby’s.
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HUMOR
O desenho inédito "Guitarrista com Quatro Olhos" e a aquarela
"Oh Dear Sheep", feita para ilustrar o poema "Bernice's Sheep":
técnica aprendida no curso de belas artes
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Esse acervo pertence ao editor inglês Tom Maschler, que o recebeu de presente de Lennon nos anos 1960. Dono da importante editora Jonathan Cape e criador do Book Prize, ele foi apresentado à obra paralela do “beatle cabeça” por um amigo – e ficou impressionadíssimo. Foi conhecê-lo durante um show dos Fab Four em Winbledon (espantou-se com a quantidade de ambulâncias de prontidão fora do estádio) e propôs a publicação do material. Pagou 10 mil libras (a banda ganhava 600 libras por show). O conjunto deu origem a dois livros, “In His Own Write” e “A Spaniard in The Works”, e a crítica viu traços de Lewis Carroll no estilo sarcástico. Os desenhos, contudo, foram subestimados. “Espero que essa injustiça seja reparada”, afirma Meschler, no catálogo. De fato, o que surpreende no acervo é a modernidade do traço de Lennon, que criou ilustrações para poemas e contos com a limpidez dos melhores caricaturistas e desenhistas de quadrinhos. Entre as obras mais caras está o manuscrito de nove páginas com o conto “The Singularge Experience of Miss Anne Duffield”, uma paródia de Sherlock Holmes em que o assassino de uma prostituta recebe o nome de Jack the Nipple (Jack, o Mamilo), em referência a Jack the Ripper (Jack, o Estripador).
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IRREVERÊNCIA
Manuscrito do poema "The Fat Budgie" (o periquito gordo), marcado
pelo nonsense: avaliado entre US$ 25 mil e US$ 35 mil
A irreverência é constante nos textos do Lennon iniciante, que cometia erros propositais de ortografia para criar ainda mais estranheza nas histórias. No poema “Alec Speaking”, por exemplo, alinha uma série de versos em aliteração, mas de sentido incompreensível: “Amo amat amass/Amonk, amink, a minibus”. Três dias antes de lançar o livro, ele foi entrevistado por George Harrison na rádio BBC, de Londres. O amigo tirou sarro dizendo que Lennon escrevera um “bewk” (palavra inexistente, com som parecido ao de “book”, livro). Era o ensaio de uma pequena revolução literária que a vida de popstar o impediu de realizar. 
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SURREAL
Desenho sem título usado na capa do single "Free as a Bird", em 1995:
preço entre US$ 12 mil e US$ 15 mil
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Erros de ortografia propositais
O desenho acima, em que um homem conversa com um  ser
híbrido, ilustra o poema “Alec Speaking”. Ele traz versos como
“Amo amat amass/ Amonk, amink, a minibus/ Amarmylaidie
Moon/ Amikky mendip multiplus/ Amighty midgey spoon”,
em que as palavras conhecidas são apenas as finais