Adelar Franciscon carregado de milho para o estado de Goiás; viagem a 10 Km por hora
O Vale do Araguaia continua esquecido pelos governantes. Para o setor produtivo é o Vale da Prosperidade, sendo a última fronteira agrícola do país. Para os mais de 200 carreteiros que passam duas vezes por dia pela MT326 é uma rodovia de chão batido conhecida como rodovia do calcário e se caracterizando como Vale dos Esquecidos. Eles têm ainda que fazer a travessia do Rio das Mortes também duas vezes por dia em cima de balsas.
Passa pela rodovia o calcário que é incorporado nas terras de toda a região onde a demanda cresce a cada ano, e também o milho plantado como segunda safra para o mercado consumidor de Goiás, Norte e Nordeste do país.
O desprezo do governo é tanto que a rodovia está pior do que na época da colonização da região. Como nos anos 80/90 os caminhões eram toco e truck e as carretas LS, o tráfego era pequeno e as rodovias permaneciam arrumadas. Até as pontes de concreto foram construídas na MT 020 no Rio 7 de setembro, Culuene e Couto Magalhães e em um córrego próximo a Nova Nazaré. Muitos governos passaram e as pontes de concretos foram esquecidas, agora em pleno ano de 2013 ainda foi construída em um desvio do Rio Água Suja uma ponte de madeira que deixou mais distante o sonho da pavimentação. Se fossem fazer o asfalto neste projeto MT Integrado, iriam construir a ponte de concreto que fica apenas 100% mais cara.
O caminhoneiro gaúcho Adelar Franciscon, 52 anos, residente em Canarana, viajava neste domingo (17.11) carregado de milho para o estado de Goiás e na volta vai carregar calcário em uma das mineradoras do município de Cocalinho para Canarana. “Do entroncamento da MT 326 até o calcário eu gasto 8 horas de viagem para rodar apenas 80 km, sendo que 10 do trevo da MT 240 até Nova Nazaré são pavimentados. Estamos abandonados. A iniciativa privada está trabalhando e produzindo e o poder público não faz a sua parte”.
A reportagem presenciou pedaços de parachoques, lanternas e outros objetos oriundos de veículos que ficaram ao longo das estradas. Ouvimos mais e de uma dezena de caminhoneiros que vivem, e ver o abandono e revoltante: o sofrimento é generalizado. Dois colegas trabalham em caminhões trucados com mais de 20 anos de uso e perguntamos se é viável economicamente porque levam pouco calcário. "Não sabemos fazer outra coisa. Se as estradas fossem boas até que dava para se manter. Do geito que está, o lucro fica em peças. Nós e os nossos caminhões estão se acabando".
Rogério Pereira Almeida, um jovem motorista de 28 anos, falou que para fazer o trajeto do trevo da BR 158 até as usinas de calcário (cerca de 80 km) demora 7 horas, tanto para ir vazio ou voltar carregado. Isso equivale a uma velocidade pouco mais de 10 Km/hora. Rogério tem uma ideia, já que o responsável pela estrada, que é o governo estadual não faz a manutenção: "As prefeituras da região deveriam se mexer e fazer uma 'vaquinha'. Cada uma poderia ceder parte dos seus maquinários e fazer a manutenção por conta própria, juntamente com as transportadoras e produtores ajudando com a parte óleo diesel. Ou entregaria a estrada para a iniciativa privada e cobrasse pedágio pra passar e trafegava em estrada boa." “Uma mola mestre que quebra o prejuízo é grande, e a quantidade de óleo diesel que gasta a mais, além da produtividade baixa para as empresas, faz com que o vencimento dos motoristas ficam prejudicados, porque a maioria de nós ganhamos por comissão”.
Enquanto isso o governador do Estado Silval Barbosa luta contra o tempo para entregar as obras da Copa, para não passar por um vexame internacional. Parte dos recursos para as construções dessas obras de mobilização urbana da capital estão sendo edificadas com recursos oriundos do FETHAB -Fundo Estadual de Transporte e Habitação, que é suor sagrado dos produtores rurais e teve a benevolência e o beneplácito dos deputados estaduais que, através de um projeto de Lei autorizaram o governador a desviar os recursos do imposto que foi criado para ser uma contribuição destinada a financiar o planejamento, a execução, o acompanhamento e avaliação de obras e serviços de transportes e habitação em todo o território mato-grossense.
Vale do Araguaia lugar próspero que continua Esquecido pelo poder público e que a iniciativa privada está transformando em Vale da Prosperidade e das Oportunidades; a Última Fronteira Agrícola Brasileira, quiçá de todo o mundo.
Minha opinião:
Dos governantes os produtores rurais só querem estradas para chegar os insumos e sair a produção. É muito pouco. Ainda lembramos que dentro da propriedade eles se viram e fazem suas estradas para retirar a safra que muitas das vezes são muitos quilômetros. Acho está na hora dos nossos prefeitos e vereadores dos municípios que estão dependendo desta rodovia do calcário se unirem aos produtores e transportadores para pressionar o governo, porque afinal, o ano que vem tem eleição.
A rodovia MT 326 precisa de uma patrulha permanente. Os consertos paliativos não resolvem nada. Não esqueçam, são mais de 400 passadas de carretas por dia naquela estrada.
Reflitam e tenham uma Boa Semana!!!
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