O Senado refrescou Fernando Bezerra porque a perseguição a ele é injusta.
O ministro da Integração Nacional não se afastou um milímetro daquilo que o governo popular espera de seus gestores: não desperdiçar o cargo público para fazer política partidária.
Vejam o caso do ministro da Educação, Fernando Haddad, que atingiu praticamente a perfeição. No momento em que Haddad esvazia as gavetas no ministério para sair candidato a prefeito de São Paulo, estoura o enésimo escândalo do Enem.
O mais novo erro do MEC garfou 880 pontos de um estudante de 17 anos – morador da cidade que o seu algoz quer governar.
A prova de redação da vítima levou nota zero, com a justificativa de que o texto fugiu do tema proposto. A família do aluno só conseguiu o reconhecimento do erro porque foi à Justiça.
A correção de dezenas de provas de redação está sob suspeita. Mas esses alunos não devem se preocupar: basta entrarem com um processo judicial, que o MEC reconhece que fugiu do tema e devolve a nota roubada.
Após três anos consecutivos de pegadinhas do MEC de Fernando Haddad, os candidatos do Enem aprenderam que precisam se preparar melhor. O estudante moderno já sabe que não será ninguém sem um bom advogado.
Nesse meio tempo, o ministro Haddad não fugiu do tema: fez política o tempo todo. Usou o cargo para aparecer na imprensa (com jóias como o natimorto kit gay para a educação infanto-juvenil), fez a campanha presidencial de Dilma Rousseff, tentou se popularizar defendendo livros com erros de português, pavimentou sua candidatura a prefeito.
É um formidável índice de aproveitamento do cargo público com fins privados.
Não é à toa que o ministro Aloísio Mercadante quer herdar sua cadeira no MEC. E tem currículo para isso.
À frente do Ministério de Ciência e tecnologia, Mercadante fez belos comícios na época da tragédia na região serrana do Rio. Era o que bastava, porque acidentes climáticos dessa monta levam anos para se repetir.
Só para implicar com o PT, São Pedro repetiu a dose um ano depois.
Mas o ministro não se omitiu: prometeu aos flagelados em Minas Gerais e no Rio uma “força-tarefa de geólogos”. Alívio geral.
O Brasil precisa entender que esses ministros militantes têm uma agenda cheia demais para ainda terem que bolar programas sérios de infra-estrutura.
O ministro das Cidades, por exemplo, está há meses trabalhando duro para fugir do tema das irregularidades de que é acusado e se segurar no cargo. Não se pode exigir que, além disso, ele ainda faça hora extra com políticas públicas.
Por tudo isso, a perseguição ao ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra é injusta. Ao repassar 90% das suas verbas contra enchentes para Pernambuco, ele obedeceu rigorosamente à doutrina do governo popular.
E ela é muito simples: não importa onde a chuva cai, mas onde o eleitor vota.
Os incomodados que se mudem – ou abram o guarda-chuva.
*Guilherme Fiúza
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