‘Quando Sérgio Buarque de Holanda escreveu e publicou o livro “Raízes do Brasil”, em 1936, aprimeira definição que ele fez no texto da obra, no sentido de justificar a postura da sociedade da época, foi fundamentado e respaldado numa matéria prima muito especial: os reflexos das tradições da colonização portuguesa, preservando as raízes ibéricas, com os ranços de suas origens, é a cultura da personalidade, que traz em seu bojo a frouxidão de laços sociais, com a ausência dos princípios éticos que toldam a personalidade do indivíduo, de uma sociedade e de uma nação.
Quando um indivíduo que é criado e educado no meio social onde a ética e os princípios fundamentais da moral não se tornaram bem claros e bem definidos, é muito provável, em regra geral, e se torna muito provável — com muita probabilidade — com possibilidades óbvias, que este cidadão, mais cedo ou mais tarde, nas próximas esquinas de oportunidades, e sempre que este encontrar o portão vulnerável ou entreaberto, ele irá entrar e mostrar suas unhas, irá se locupletar com recursos financeiros do erário público ou de terceiros, passar a perna em seus companheiros, falsificar documentos, se apropriar de trabalhos de outros profissionais, formar quadrilhas como forma de aferir o vil metal, proveniente do ilícito, do desonesto, do imoral, simplesmente pelo simples ou muito prazer em saciar a sede e a fome de poder, do ter e do ser.
Nesta obra mencionada “Raízes do Brasil” de Sérgio Buarque de Holanda, a presença da ausência da ética e da moral está sempre latente e é uma constante no texto, e, quando o autor se refere à moral, ele escreve com um tom de muita preocupação, não - somente no que tange às raízes e à metodologia pela qual o Brasil foi colonizado pelos portugueses —, com influência significativa dos resquícios dos espanhóis e holandeses, invasores e depois expulsos, mas que tiveram suas contribuições para formaram uma população com uma miscigenação, envolvendo os silvícolas — os filhos da terra —, e africanos, sendo estes últimos importados da mãe África, acorrentados, e transportados em navios negreiros, para trabalharem nas senzalas, nos engenhos e em grandes fazendas, no Brasil Colônia, no período da escravidão, coincidindo com o período da colonização e de formação da base da população atual, que é, hoje, a resultante de um somatório de heranças que construíram o que somos nos dias atuais.
O autor revela, claramente, a preocupação com a nossa civilização, com o tirar proveito em tudo e, finalmente, com os rumos do presente da época e para o futuro das gerações que surgirão, como se pode extrair do texto do autor, com a seguinte íntegra: “A carência dessa moral do trabalho se ajusta bem a uma reduzida capacidade de organização social. Efetivamente o esforço humilde, anônimo e desinteressado é agente poderoso da solidariedade dos interesses e, como tal, estimula a organização racional dos homens e sustenta a coesão entre eles(BUARQUE, Sérgio, 2000).
Os escândalos sobre corrupção são constantes, em todos os níveis das administrações municipal, estadual e federal, de todo o planeta e, com destaque especial no Brasil, se tornando uma constante nos noticiários da mídia eletrônica escrita, falada e televisada — e nos demais meios de comunicação.
Por que esta escalada e aumento crescente no nível de corrupção do País vêm aumentando, do dia para noite no Brasil? Esta pergunta pode ser respondida com outra pergunta, com significado e tradução de afirmação: quais os gestores públicos honestos neste País? Eu conheço vários mas se pode contar nos dedos.
Por outro lado, quando o gestor público é honesto ele tem sempre muita dificuldade em escolher seus assessores diretos e indiretos que tenham históricos de trajetórias de honestidades e de probidade — quando ocuparam cargos de confiança e ocuparam as funções de ordenadores de despesas, num passado próximo, e, mesmo, assim, ainda, ocorrem casos de corrupção, mesmo contrariando a orientação do gestor que o indicara.
Quando o gestor público é corrupto e cara-de-pau e este fez a nomeação de um auxiliar corrupto e este é flagrado com a mão na botija, todos negam, inclusive o gestor, sob a alegação de que não viu nada, e que não conhecia nada de errado, mesmo ocorrendo aos olhos de sua cara e do conhecimento de toda a sociedade.
Quando o gestor público é corrupto, por excelência, este jamais irá nomear um secretário ou outro assessor honesto e probo, pois este tem certeza de que mais cedo ou mais tarde este auxiliar irá acabar por atrapalhar seus projetos de trapaças.
Vejam com muita atenção, prezados leitores e amigos, que situação vexatória para a reputação da classe política do estado de Rondônia, com veiculação na mídia, em nível Nacional e internacional, é esta que estamos acabando de ver no nosso Estado, envolvendo vários deputados estaduais, especialmente os membros da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa –ALE-RO, quando o Presidente da Casa de Leis do Estado está foragido e procurado pela Polícia e o Presidente Interino da ALE-RO, Deputado Estadual Hermínio Coelho anuncia aos quatro cantos da Casa que pretende solicitar a convocação dos Suplentes de Deputados para assumirem as vagas dos Deputados titulares, denunciados pela Polícia Federal como suspeitos de um verdadeiro esquema de corrupção, semelhante àquele famoso anterior de corrupção do mensalão instalado no Congresso Nacional, que envolvera alguns Deputados Federais e Senadores e até o Ministro Chefe da Casa Civil do Governo do então Presidente da República.
Por outro lado, acabo de receber através de e-mail, e, ao mesmo tempo, o desprazer de ler uma publicação na grande mídia Nacional, em veículos de comunicação de massa, a realização de um evento que ocorreu neste último dia 20 de janeiro, na cidade do Rio de Janeiro, na data em que os cariocas comemoravam o dia de São Sebastião, padroeiro do estado do Rio de Janeiro, a seguinte matéria. Vejam a íntegra do texto que veiculou na grande mídia Nacional:
“O Troféu Algemas de Ouro de 2011 “consagrou” o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT), e a deputada Jaqueline Roriz (PMN). Os foliões que compareceram ao tradicional Clube dos Democráticos, na Lapa, para participar do ‘Baile do Pega Ladrão!’, realizado na madrugada desta sexta-feira, 20, no Rio, vaiaram entusiasticamente os vencedores da votação realizada no Facebook, que teve sete mil eleitores. Foram entregues as algemas de ouro, prata e bronze, respectivamente, a Sarney, que teve 59,5% dos votos, a Dirceu, com 18,8%, e à deputada Jaqueline Roriz, com 8,4%, filmada recebendo dinheiro de propina e que foi absolvida pela Câmara dos Deputados no ano passado.”.
Segundo a mesma fonte, “o baile foi animado pelo conjunto vocal Anjos da Lua, de Eduardo Gallotti, que apresentou repertório inspirado na corrupção e na impunidade na política brasileira, como ‘Se gritar pega ladão!’, de Bezerra da Silva; ‘Pecado Capital’, de Paulinho da Viola; ‘Lama’, de Mauro Duarte; ‘Homenagem ao malandro’, de Chico Buarque; ‘Saco de feijão’, de Francisco Santana; e ‘Onde está a honestidade?’, de Noel Rosa.”
Quando um determinado indivíduo é desprovido de ética moral, inexoravelmente, este não tem ética nenhuma no campo profissional e nem nunca terá, e, não tenha dúvida, este elemento tem tudo para ser um grandessíssimo corrupto, em todos os níveis, ou melhor, já o é em toda a sua essência, há muito tempo, porque em suas ações no mundo dos negócios e em todas as suas transações comerciais e estará sempre disposto a passar a perna nos próprios companheiros, em todas às vezes que tiver oportunidade, podendo, até fazer espetinho da própria mãe para vender na feira e aferir ganhos financeiros com estas vendas. Um dia a casa cairá e como cairá. Aguardem!.
Antônio de Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia de Pesca, com Pós-Graduação em Análise Ambiental na Amazônia Brasileira e Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente.