Lupi também já sabe por que os farsantes acham que é sábado o mais cruel dos dias
Há uma semana, VEJA provou que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, ignora os limites impostos pelo Código Penal, por valores morais e por normas éticas. De lá para cá, pendurado no sexto andor da procissão dos corruptos do primeiro escalão a caminho do despejo, o farsante que controla o PDT cuidou de mostrar que ignora também os limites da sensatez, do decoro e do ridículo. A presidente Dilma Rousseff pode escolher as más companhias que quiser. Mas não tem o direito de manter um delinquente num emprego bancado por quem paga imposto.
Até agora, ela fez de conta que nem notou a imundície crescendo no quintal da própria casa. “Que crise?”, fingiu espantar-se a chefe de governo exposta às bravatas e, depois, à canastrice derramada de um personagem de bolerão. (“Que crise?”, repetiu José Dirceu na festinha de aniversário do companheiro bandido Agnelo Queiroz. Nenhuma coincidência). Para justificar a omissão da supergerente de araque, que tenta arrastar mais um cadáver insepulto até a “reforma ministerial” de janeiro, o caixa-preta Gilberto Carvalho vem insistindo na lengalenga: “Não existe nada que envolva pessoalmente o Lupi”.
Existe, souberam na manhã de sábado centenas de milhares de leitores de VEJA ─ e, em seguida, milhões de brasileiros confrontados com as revelações da reportagem que coloca em frangalhos a fantasia mambembe inventada às pressas. O álibi repleto de buracos e fissuras foi implodido. O passeio de avião com o comparsa que alegava nunca ter visto é o Fiat Elba do falastrão fora-da-lei. Está comprovado que Carlos Lupi se enfiou no pântano até o pescoço. Como os colegas de bandalheiras que o precederam no regresso à planície, outro ministro já descobriu por que, para quem tem culpa no cartório, é mesmo sábado o mais cruel dos dias.
*Augusto Nunes
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