Luiz Felipe Pondé
Obama (quase) já era. O partido Republicano derrotou o partido Democrata nas eleições de 2 de novembro. Para se reeleger, ele deverá vencer a impressão de que governa apenas para alguns "liberais" alienados. Obama é bom de papo, mas ruim de governo.
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Obama |
Interessante ver como esse fato parece estranho para quem tem uma visão deturpada da política americana e, por isso, insiste em identificar os republicanos com o "mal" e os democratas com o "bem". O partido Republicano representa a mais pura mentalidade americana de amor à liberdade. É ai que devemos procurar uma resposta para a virada republicana nestas eleições, coisa impensável em 2008.
Por que ninguém se pergunta: se os republicanos são tão "maus", por que tantas mulheres e negros (supostas vítimas sociais) são republicanos? Por que tantas candidatas republicanas?
Obama é visto como mau presidente de duas formas diferentes. A primeira, por parte de seus eleitores, como um fraco, incapaz de fazer as mudanças prometidas. A segunda, por parte de seus críticos, como a mais cabal prova do que os americanos não querem: um presidente da Suécia na Casa Branca.
Quando Obama foi eleito em 2008, em meio à histeria coletiva do novo messias, escrevi nesta coluna que a histeria passaria e que ele, em breve, revelaria sua condição de farsa. Ele é um presidente elitista, inábil e com uma visão infantil do seu próprio país. Resultado, ele rachou os EUA no meio, produzindo fenômenos como o "Tea Party", movimento que muitos insistem em classificar como um amontoado de ignorantes retardados mentais. Quem pensa assim, está enganado. O "Tea Party" representa um grito histérico de "não se metam em minha vida". A histeria de Obama criou a histeria do "Tea Party".
Para além de temas como sua derrota diante do desemprego, sua demonização do mercado financeiro e a "conta" do seguro saúde, Obama representa o que muitos americanos entendem como "socialismo": obrigar os produtivos a pagar a conta dos preguiçosos. Os EUA são a nação mais poderosa do mundo, e os americanos se perguntam: por que devemos abandonar nossa tradição de que cada um cuida de sua vida para vivermos como os "pobres" europeus?
A ideia de liberdade nos EUA está intimamente associada a uma visão "prática" da liberdade e não a definições abstratas do que seria a liberdade. Abstrações como essas estão mais próximas de autores como Rousseau e Marx e seus delírios políticos, e menos da concretude de autores como Locke ou Tocqueville e a ideia de liberdade como virtude gerada pelo movimento cotidiano das pessoas buscando sua felicidade, sem ninguém "ajudando" ou "atrapalhando".
De início, ser livre para os americanos é arcar com os riscos que a liberdade gera. Coisa de gente grande e não de criança. Para os americanos que disseram "não" ao Obama agora, ele é uma criança com o ego inflado.
Do ponto de vista republicano, a liberdade proposta pelos democratas (principalmente a esquerda do partido, representada por gente como Obama e seu séquito) é semelhante à rebeldia de filhos que exigem sair de casa, mas querem que os pais continuem a pagar suas contas. Para os republicanos, liberdade é algo que se conquista e não algo que se recebe.
Um outro erro comum é associarmos a posição republicana à postura "antiprogresso" ou a favor da pobreza da maioria. Não, para eles, é exatamente o contrário: progresso social (compreendido como uma sociedade na qual mais pessoas vivem em melhores condições) é resultado de menos constrangimento da ação livre das pessoas na busca cotidiana de seus interesses materiais. A pobreza se combate com trabalho árduo e não com ideias sobre como a riqueza é feia.
Para um republicano, ninguém tem o direito de me dizer no que gasto meu dinheiro ou se tenho ou não que ajudar os mais pobres. Ao contrário: é deixando que os não preguiçosos trabalhem em paz que teremos mais condições de ajudar a quem tem azar na vida ou é menos competente no massacre que é a vida cotidiana.
Com estas eleições, os Estados Unidos podem, finalmente, sair do "surto Obama".
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