terça-feira, 27 de dezembro de 2011

“Nowhere Man” – o homem de lugar nenhum


Onde está Pimentel?

Por essa, Papai Noel não esperava. Trouxe de presente para Fernando Pimentel sua permanência no Ministério do Desenvolvimento, mas não consegue entregar o embrulho ao ministro embrulhado.
Pimentel sumiu. Da última vez em que foi procurado em seu gabinete, tinha ido a Genebra para a reunião da OMC. Mas não foi visto na sessão de abertura do evento, nem na reunião dos países emergentes sobre comércio.
Evidentemente, um homem capaz de faturar R$ 2 milhões em dois anos como consultor não iria passear na Suíça com o dinheiro do contribuinte.
Mas que ele estava lá, estava, porque foi visto por jornalistas no aeroporto de Genebra. Ou talvez fosse um sósia, porque falou em inglês com repórteres brasileiros – “no more”, para dizer que não ia mais falar.
Devia mesmo ser um sósia, porque ministro dizendo “nada a declarar” à imprensa não existe mais, desde o fim da ditadura militar. E Pimentel é ministro do governo popular, ex-guerrilheiro da esquerda.
Onde estaria então o verdadeiro Fernando Pimentel? Muitos acham que ele deveria estar no Congresso Nacional, dando as explicações que o país espera. Mas o ministro também não apareceu por lá.
Tentando reconstituir o caminho percorrido por Pimentel, repórteres de “O Globo” foram informados por industriais mineiros, amigos do ministro, de que ele andara fazendo palestras no interior do estado para sobreviver.
(E deve ter sobrevivido, porque o cachê era ótimo).
Mas a pista era falsa. Os repórteres percorreram todas as cidades do tal roteiro – e Pimentel também não havia estado em nenhuma delas.
A preocupação com o seu paradeiro aumentou com as notícias – estarrecedoras – sobre uma política protecionista retrógrada aplicada pelo Ministério do Desenvolvimento.
Ou seja: se o Ministério parou no tempo, e não foi por falta de combustível, o ministro também não deve estar na cabine de comando.
Fernando Pimentel se tornou um autêntico “Nowhere Man” – o homem de lugar nenhum, imaginado por John Lennon.
Mas Papai Noel há de encontrá-lo. Nem que seja no Ministério da Pesca.

A vida privada de Pimentel

Por Guilherme Fiúza
Dilma Rousseff afirmou que “o governo acha estranho que o ministro (Pimentel) preste satisfações ao Congresso da sua vida privada”.
Já é um avanço. Pelo menos, o governo Dilma começou a estranhar alguma coisa. Ninguém aguentava mais esse clima de normalidade.
Realmente, não dá para entender esse interesse do Congresso Nacional pela vida privada de Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-consultor de empresas privadas.
Como os parlamentares de oposição não respeitam a privacidade do ministro, cumpre fazer um esclarecimento: a vida privada de Fernando Pimentel é muito mais abrangente do que imaginam os nobres deputados e senadores.
Para que não pairem mais dúvidas sobre o assunto, e para que cessem de uma vez por todas essas convocações muito estranhas, vamos deixar claro o perímetro da vida privada de Pimentel.
Ao contrário da maioria das pessoas, Fernando Pimentel não é um indivíduo não-governamental. Seu universo particular em expansão alcança zonas do poder público – especialmente em Belo Horizonte e em Brasília.
Foi por isso que em 2009 e 2010, quando estava sem mandato, Pimentel deu um show como consultor econômico – faturando de cara R$ 2 milhões e deixando de queixo caído a concorrência muito mais experiente do que ele.
Os consultores normais, PhDs e especialistas em geral podem ser muito bons, mas são privados demais.
No período em que prestou suas consultorias, Pimentel tinha grande influência na Prefeitura de BH e no partido do presidente da República – que inclusive o escolheu na época para coordenar a campanha sucessória.
O que o Congresso não entende é que a vida pessoal de Pimentel contém sua invejável amizade com Dilma Rousseff (que fez dele um consultor ministeriável). Também estão contidos na sua privacidade seus amigos de fé no governo da capital mineira, e seus irmãos camaradas na iniciativa privada – que adorariam vê-lo governador em 2014, porque o acham um cara legal.
Feita essa demarcação territorial da imensa vida privada de Fernando Pimentel, espera-se que não perturbem mais a presidente Dilma com pedidos de explicação estranhos.
E vamos em frente, porque o Brasil, pelo visto, não estranha mais nada.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O recado dos deuses do futebol

Poderia ter sido qualquer time brasileiro, ou qualquer seleção formada depois de 1982. Mas os deuses dos estádios entenderam que não haveria portador mais credenciado que o Santos para o recado aos habitantes do que foi ─ até perder o rumo e a alma ─ o País do Futebol. Em 90 minutos (mais de 70 com a bola nos pés, o restante do tempo preparando-se para retomá-la), o campeão do Mundial de Clubes fez, a rigor, o que fizeram Pelé e seus parceiros de espetáculo na seleção de 1958, na seleção de 1970 e no Santos dos anos 60. “Pelo que ouvi do meu pai, os brasileiros jogavam assim”, disse depois da goleada o técnico Pep Guardiola. O Barcelona é a versão moderna daquele Santos que transformou numa forma de arte a velha e brasileiríssima pelada.
O que se viu na manhã de domingo, a rigor,  foi uma sublime pelada regida por 11 craques. E os 4 a 0 em Yokohama (que poderiam ter sido 6, 8, 9 a 0) liquidaram muito mais que um adversário sem chances desde o primeiro segundo. Liquidaram os técnicos medrosos, as táticas retranqueiras, a discurseira defensivista,  o cabeça de área, o volante que só desarma, o centroavante de ofício, o chutão do goleiro em direção ao imponderável, o jogo aéreo, o zagueiro que rifa a bola, o carrinho homicida, o atacante que não volta para marcar, os brucutus que trocam golpes de luta-livre na hora do escanteio e outras flores do buquê de cretinices tropicais.
A superioridade de dimensões amazônicas também desmoralizou os cartolas que desprezam as equipes de base para caçar medalhões em fim de carreira, que demitem o técnico depois de cinco derrotas, que desmontam a equipe vencedora depois do título conquistado, que acham que o importante é ganhar, mesmo com um gol de mão aos 47 do segundo tempo. E escancarou os estragos causados pelo sumiço da várzea e seus campos de grama rala por escolinhas que formam jogadores de futebol americano e proíbem a fantasia. Hoje, caso disputasse uma peneira, Garrincha não iria além da primeira ginga: seria expulso a pauladas como as ratazanas grávidas das crônicas de Nelson Rodrigues. E substituído por um volante de contenção.
Depois do que se viu no domingo, o que têm a dizer os devotos do futebol de resultados? Quem ousará recitar que o futebol bonito é incompatível com o sucesso duradouro? Muricy Ramalho vai declamar de novo que quem quer ver espetáculo deve ir ao teatro ou ao circo? Mano Menezes vai continuar murmurando que o Barcelona é de outro planeta? O recado dos deuses do futebol será certamente ignorado por Ricardo Teixeira: se depender do dono da CBF, os calendários assassinos permanecerão intocados e a seleção seguirá desperdiçando o lhe resta de prestígio no papel de cabo eleitoral do chefe. Para Teixeira e seus comparsas, é irrelevante o que se passa nos gramados. Ganhar ou não a Copa é secundário. Eles só pensam em ganhar com a Copa.
Ou os times brasileiros redescobrem o drible, a finta, a tabelinha, a audácia, o improviso, a fome de gol, o prazer de jogar bola, ou vão acabar perseguindo a pontapés títulos sem importância em arenas entregues ao controle de quadrilhas organizadas às quais interessa a vitória a qualquer preço, se possível com a eliminação física dos inimigos. O aparecimento de um Neymar só serve para reafirmar, por contraste, o que se perdeu. O futebol brasileiro tornou-se banal, comum, sem brilho, triste. Cada vez mais parecido com Ricardo Teixeira,  vai ficando com cara de fraude.

Augusto Nunes

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Um juiz, três prontuários e uma capivara


Nos países em que a lei vale para todos, um juiz de Direito e três prontuários só são vistos juntos no tribunal ─ o magistrado no centro da mesa e a trinca no banco dos réus. No Brasil, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, foi ao encontro dos senadores Renan Calheiros, Romero Jucá e Valdir Raupp com a placidez sem remorso de quem vai a uma festa de formatura. Tampouco pareceu incomodá-lo a chegada de um quarto bucaneiro do PMDB: Henrique Eduardo Alves, líder da bancada na Câmara dos Deputados. Nem se permitiu ficar ruborizado com o tema a ser discutido: Jader Barbalho.

Eleito senador pelo Pará em outubro de 2010, Barbalho coleciona delinquências há tanto tempo e com tamanha intensidade que a capivara que carrega conseguiu enredar-se nas malhas da Lei da Ficha Suja, esgarçadas pela passagem de delinquentes de grosso calibre. Mais de um ano depois de devolvido ao Congresso pelas urnas, ainda não havia conseguido instalar-se no novo esconderijo na Casa do Espanto. Nesta quarta-feira, depois da conversa com os candidatos permanentes a uma temporada na cadeia, Peluso desempatou em favor de Barbalho a votação no ST. Por seis togas a cinco, o velho caso de polícia  foi autorizado a voltar ao Senado.
Como demonstra meu amigo Reinaldo Azevedo, o voto de Peluso é perfeitamente justificável do ponto de vista jurídico. Mais um motivo para que se dispensasse dessas cenas de promiscuidade explícita, que decididamente não rimam com a independência dos três Poderes. O presidente do Supremo não pode trocar ideias com gente que só merece ouvir de homens da lei a voz de prisão e, de um juiz, a leitura da sentença condenatória.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Auto-análise de uma sintática


Estou exausto! E foi somente no dia em que criei essa indignação que deixei de ser mim. Ser mim é algo realmente incômodo, mas não para um mim. Mim nada faz, nada sente, mim, geralmente, não é nada além de um mero objeto. É! Um objeto usado para receber as ações que lhe são impostas. Mas eu, que já fui mim, um dia serei promovido a alguém. Eu costumo ser um grande sujeito. Dono de todas as minhas ações, e quando sofro com elas, costumo ser um sujeito paciente. Apenas procuro manter o controle da situação, já fui mim o suficiente, e estou desgastado de nunca guiar o desenvolver de um predicado. Sei que sempre fui muito útil e necessário, eu sempre depende de mim, mas quero um pouco mais de aventura, cansei de ser tônico nesse mundo, quero ser átono! Uma interjeição! Singular! E sempre deixar reticências, para que haja uma eterna expectativa sobre esse sujeito, que pode até ser simples, por muitas vezes oculto, mas jamais indeterminado.

Venho abrir parênteses para dizer, não me entendam como esnobe, que não tenho sinônimos. Desde que me tornei um eu, venho sendo influenciado por muitas pessoas, quando um tal de adjunto adnominal surgiu na minha vida nunca mais fui o mesmo, vivo sendo modificado por esse cara de nome feio. Mas, um certo dia, reparei, que apesar de enfeitar e enriquecer a minha existência, ele não era um alguém essencial, vital. Foi quando encontrei quem me completava, por vezes se mostrava pequeno, e em outras enorme, mas sempre imprescindível. Seu nome? Complemento Nominal, mais um cara de nome feio, mas sem o qual não posso viver, na sua ausência minha oração é incompleta e sinto-me totalmente non-sense. Pois é, eu que sempre fui isolado como um vocativo, me vi eternamente em oração. E nesse momento me uno a todos os advérbios que me rodeiam a fim de fazer desse desabafo uma idéia concreta. E com esses companheiros vou tentar relatar a causa dessa sensação, para lhes mostrar que essa companhia, apesar de todas as concessões que fiz e condições que impus, tem um efeito sobre mim, que não há modos para excluí-lo desse meu tempo, não há preço que pague, nem oposição que me convença, de que essa não é a direção e o modo como sempre quis me sentir. E apesar de ter me mostrado piegas, apenas tinha a finalidade de explicar que o amor é imperativo e se impõe, o amor não usa ninguém como objeto e por isso se diz intransitivo, é completo, pleno, e constrói sozinho seu predicado, como eu sempre quis e nunca fui capaz. Hoje entendo que estou rodeada de quem pode me ajudar e me complementar, e até mesmo o amor, tão auto-suficiente, por vezes necessita que alguém contribua para que possa ser compreendido.
*Beca Moreno

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Coisas do Brasil maravilha..., Uma Rosa da Rosa é uma Rosa da Rosa...,

Não entende "bosta nenhuma"(como diz o Gaúcho) e virou ministra do STF ou como também se diz no Rio Grande..., Gaúcha de "meia-tigela"!
Leiam a matéria e assistam o vídeo:

Celso Arnaldo captura a nova ministra do Supremo durante a sabatina no Senado: Uma Rosa da Rosa é uma Rosa da Rosa

CELSO ARNALDO ARAÚJO
Uma Rosa da Rosa é uma Rosa da Rosa…
─ Política pública de tráfigo de drogas….
Aos 15m49s do vídeo que registra um dos mais constrangedores momentos da história do Senado, a sabatinada Rosa Maria Weber Candiota da Rosa — a juíza trabalhista escolhida pela presidente Dilma para a vaga da ministra Ellen Gracie e que adota o nome de solteira, Rosa Weber, em vez do poético Rosa da Rosa — engole em seco, roda os olhos aflitos pelo papel, tentando decifrar e entender garranchos de seu próprio punho e afinal produz seu entendimento gráfico do que foi ali escrito, nervosamente.
Mas o “tráfigo” de drogas é apenas uma das dificuldades da juíza em julgamento, na Comissão de Constituição e Justiça da casa. Na verdade, toda a resposta da examinada à pergunta do senador Demóstenes Torres sobre a posição do Supremo em relação ao “artigo 44 do projeto de lei 11343”, que trata da progressão da pena para condenados por tráfico de drogas, é típica de quem não tem a mais remota ideia do que está se falando naquele momento – nem do artigo, nem da lei, nem do assunto em si. Em vez de interrogá-la sobre horas extras, FGTS, assédio moral no trabalho, dissídio coletivo, o cruel senador Demóstenes queria saber da indicada ministra do Supremo sua posição sobre tópicos polêmicos e pesados que ocuparam seus futuros colegas nos últimos tempos.
A resposta patética da “candidata” a essa pergunta específica – “sim, eu penso da mesma forma, que há possibilidade, sim, porque na verdade há que examinar as circunstâncias do caso concreto” – poderia ter sido dada por Weslian Roriz, na última campanha ao governo do Distrito Federal. E todas as suas demais respostas aos questionamentos do senador Demóstenes — estupefata, atônita, perplexa com o desfilar exasperante de temas que lhe são integralmente desconhecidos — são próprias de uma juíza paroquial que nunca sequer se deu ao trabalho de assistir a uma sessão do Supremo na TV Justiça.
Por ingenuidade ou falta de traquejo, ela caiu na armadilha do senador – que disparou sucessivas perguntas “difíceis” durante os 13 minutos iniciais deste vídeo, obrigando-a a rabiscar fragmentos de cada uma delas para dar todas as respostas na sequência, arrasando um desempenho que já seria pífio na ordem natural das coisas. Um desastre que, segundo colunistas de Brasília, deixou assustadíssimos pelo menos dois ministros do Supremo. Agora, está sacramentado. Rosa Weber é a nova sumidade do Supremo Tribunal Federal.
Rosa Weber foi escolha pessoal de Dilma, a partir de 15 nomes de escol, todos de mulheres, selecionados ou sugeridos por conselheiros e assessores da República. Para a vaga da ministra Ellen Gracie, que se aposentou em agosto, a presidente que saúda em seus discursos “companheiros homens e companheiras mulheres”, “trabalhadores brasileiros e trabalhadoras brasileiras”, fazia questão de uma juíza. Fazia sentido. E Dilma, depois de encontros pessoais com algumas candidatas e sondagens de bastidor, certamente fixou-se na melhor, na mais preparada: Rosa Weber, mesma idade de Dilma, gaúcha.
Como se conclui sem esforço a partir desta pequena parte da sabatina de seis horas que acabou referendando a nova ministra por 19 votos a 3 na domesticada CCJ, o preparo da Dra. Rosa da Rosa para o substrato jurídico exigido na mais alta corte do país está à altura do da madrinha para ser presidente.
Mas Dilma deve estar vibrando com a goleada e, se ouviu um trecho dessas seis horas, exclamando para quem quiser ouvir:
— Rosinha deu um show naquele idiota do Defóclenes.



quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Liberdade sempre...,



Uma importante instituição internacional, a 
Freedom House classificou o Brasil em seu Mapa da Liberdade de Imprensa de 2011, como apenas “parcialmente livre”, na preocupante 89º posição, entre 196 países.
Nosso país quedou-se atrás de nações outrora pertencentes ao bloco comunista, como Estônia (19º), República Tcheca (24º), Lituânia (35º), Hungria (42º), Eslováquia (43º), Polônia (49º), Eslovênia (53º), e Letônia (56º), países estes classificados todos eles como “livres”.
No Ocidente, o Brasil perde para nações pequenas e/ou pobres como a Jamaica (16º), Costa Rica (28º), Bahamas (30º), Belize (33º), República Dominicana (40º), Suriname (44º), Trinidad e Tobago (45º), Chile (67º) e Guyana (68º), também todos eles classificados como “livres”.
Em sua metodologia, a Freedom House atribui pontos em uma escala de 0 a 100, de modo que quanto menor a pontuação, mais livre é considerado o país pesquisado. O Brasil obteve um total de 44 pontos, dos quais 14 foram atribuídos ao seu sistema legal, 19 ao ambiente político e 11 à conjuntura econômica.
O que há de mais preocupante é a revelação de que a cada ano a liberdade de imprensa no Brasil se deteriora mais um pouco: no ano de 2002, justamente quando a imprensa divulgou de forma eloquente que o Brasil havia experimentado “a maior festa da democracia de todos os tempos”, nosso país havia atingido 32 pontos, o que significa que houve um acréscimo - para pior - de 12 pontos nos últimos 9 anos, exatamente os que incluem os dois mandatos de Luís Inácio Lula da Silva e a corrente gestão de Dilma Rousseff.
Com larga evidência, surgem como principais protagonistas da censura o ativismo judicial mancomunado com políticos ou com os interesses partidários.
relatório anual de 2010 destaca as tentativas de implementação de leis de “controle social” da mídia e de criação de um conselho federal de jornalismo; a censura ao jornal O Estado de São Paulo sobre o escândalo de corrupção envolvendo Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney; também citou o caso do jornal Debate, de Santa Cruz do Rio Pardo, que foi obrigado a pagar o equivalente a trezentos mil dólares a um juiz local por ter denunciado que o mesmo vivia em uma casa paga pelo Município e que mantinha um telefone de uso oficial ilegalmente dentro dela; e outros casos envolvendo ameaças, surras e até mesmo assassinatos de jornalistas ou de seus entes queridos.
Em sua versão de 2011, relata o caso do jornal Diário do Grande ABC, que foi impedido pela justiça local de publicar denúncias de má gestão das escolas públicas de São Bernardo do Campo depois que Luís Marinho, o atual prefeito e ex-ministro do Trabalho do presidente Luís Inácio Lula da Silva, ter reclamado que o jornal estava procurando arranhar a sua reputação. Além disso, o relatório frisa enfaticamente que as decisões judiciais que barravam a publicação de notícias em jornais, revistas, blogs, sites e na TV aumentaram dramaticamente durante as semanas que antecederam a eleição presidencial em outubro de 2010, sendo que houve um total de 21 atos de censura  como resultado de representações impetradas por políticos, impondo multas a vários veículos de comunicação, bem como forçando-os a remover o conteúdo ou impedidos de publicá-los.
Freedom House também tem prestado atenção à importância crescente da internet, pelo que publicou a seguinte nota neste ano de 2011:
A internet representa uma nova fronteira para o público brasileiro, com cerca de 40,65 por cento de acesso pela população em 2010. Embora a internet seja aparentemente um fórum aberto para que todos possam se expressar por si próprios, o poder judiciário tem se tornado progressivamente agressivo em seus esforços de regular o conteúdo.
Considerando somente o Google, este reportou que em 398 diferentes ocasiões nos primeiros seis meses de 2010 as autoridades brasileiras ordenaram que o conteúdo fosse removido dos servidores da companhia. Adicionalmente, uma proposta de lei de criação de marcos regulatórios para a internet está sendo preparada no Congresso. Em sua versão original, previa uma grande restrição da liberdade de expressão na internet, com pesadas cláusulas contra calúnias e difamação contra provedores e sites. Ainda embora muitos dos artigos mais fortes sobre difamação tenham sido removidos após severas críticas, a sua redação final pode ainda conter possibilitar a censura de conteúdo.

Claro está que a instituição se vale de informações formais, de modo que passa oculta a auto-censura promovida pelo aparelhamento político-ideológico de matriz socialista que se faz atualmente hegemônico nos meios de comunicação. Ainda assim, pode-se confiar como respeitáveis as suas avaliações, a revelar que a situação da liberdade de imprensa no Brasil vem seguindo incontestavelmente por um mau caminho.

Deus e as escolas...,


Sabemos que afastar Deus não significa impor a isenção e a imparcialidade, mas abrir espaço para que outros tomem conta das almas. Não há almas vazias.

Não sejamos ingênuos. Uma escola sem Deus não significa uma escola livre. Não significa que ela se torna imparcial. Aliás, a própria imparcialidade é um ideal utópico, uma cortina de fumaça para a imposição dos interesses mais medonhos. O que fica vazio é ocupado; e quem ocupará as escolas?
Na história, por mais que, muitas vezes, Deus fosse um incômodo para os sonhos terrenos, não pôde Ele ser afastado dos discursos, dos ensinos, das referências citadas. Por mais que não quisessem, sabiam que o Ser transcendente era necessário. Ainda que para eles seu Nome fosse apenas um símbolo, sabiam que sua retirada seria a instalação do caos. Tiraram Deus da Igreja, O deixaram em seu trono; depois tentaram matá-lO, mas com balas de festim; Por fim confinaram-nO nos templos, mas não O profanaram.
Vê-se, portanto, que, no fim das contas, Deus sempre esteve presente. Para uns, fiéis, como uma pessoa ativa, para outros, infiéis, ao menos como uma transcendência, e para outros ainda, ditos ateus, ao menos como um símbolo. Isso porque sabiam que toda ordem necessita de um ordenador e toda organização necessita de um organizador. Se era preciso uma moral, de onde ela poderia vir se não do alto? Se leis eram necessárias, e antes delas alguma consciência do certo e do errado, isso não poderia surgir do nada, nem da simples evolução. De alguma maneira sabiam que nada se harmoniza em si mesmo se não houver algo superior que lhe dê essa harmonia.
Por mais que os discursos tentassem diminuir Deus, a prática comprovava sua soberania. E isso forçara os homens, que não eram de todo estúpidos, a deixar Deus em seu devido lugar, mesmo que não exaltassem sua posição. Apenas sabiam que era melhor não retirá-lO de lá. Havia nisso um respeito silencioso, um tanto medroso, mas, de alguma maneira sábio. 
Hoje, porém, o caos se aproxima. O que estão fazendo é, ao proibir as manifestações sobre Deus, instaurar a confusão. Porque o problema não é o ensinamento ou não de uma moral religiosa, mas a possibilidade de haver alguma moral. Não é saber se é justo ou não privilegiar uma fé, mas saber se será possível dar alguma direção espiritual para as pessoas. Ora, retirar Deus das escolas é condená-las ao vitupério, à fraude, à mentira. É impossibilitar a própria ciência e suas leis. É dizer para os alunos: não existe educação, não existem mestres, não há superiores. Vocês são os reis, os deuses, os legisladores. 
"Deus não é de confusão, e sim de paz" (1Co 14.33)Onde Ele não está, resta a desordem.
Tudo isso já começa a ser sentido, mas ainda sutilmente. Não pensem que veremos o caos instalado de vez. Absolutamente, não. Por mais que retirem Deus das escolas, seus efeitos (o de Deus e de seus ensinamentos) permanecerão ainda por um tempo. Apenas depois, quando já esquecerem totalmente sua influência, é que a ordem se desfacelará, e a escola será sem forma e vazia.
Por isso, quando lutamos por manter as referências a Deus, à liberdade da religião e da manifestação religiosa, essa briga é mais do que uma briga por território, e mais do que uma luta moral. O que queremos é manter a ordem nas escolas, nas ruas, no país.
Também sabemos que afastar Deus não significa impor a isenção e a imparcialidade, mas abrir espaço para que outros tomem conta das almas. Não há almas vazias. O que fica vazio, mas adornado, está pronto para que espíritos do mal o possuam (Mt 12.43-45). Tirar Deus das escolas não significa libertá-las, mas entregá-las às mãos malignas.
Não se enganem, porém. Se esses vilipendiadores lutam em favor do caos, não é porque desejem a desordem, mas sim porque a destruição faz parte de sua estratégia para a construção de um mundo segundo a imagem e semelhança deles.

E o que eles são nós conhecemos muito bem.

A VERDADE VISTA DE UM LADO SÓ...,


“A lei que criou a comissão, não se sabe com que intenção, excluiu uma das partes envolvidas nos acontecimentos que implicaram em graves violações de direitos humanos. Por que excluir, inexplicavelmente uma das partes quando são duas as envolvidas nos acontecimentos?"

A polêmica Comissão da Verdade (CV) é questionada na Justiça Federal e tem tudo para ser anulada judicialmente. Em Brasília, um coronel reformado do Exército entrou ontem com um pedido de Ação Popular para anular a Lei que criou a Comissão Nacional da Verdade, sancionada pela Presidenta Dilma Rousseff. Na petição de 27 páginas, o militar prega que a CV “não reconstituirá a verdade que todos desejam, devendo, portanto, ser atacada com veemência e declarada nula de pleno direito”. 
O coronel reformado Pedro Ivo Moézia de Lima, que também é advogado, demonstra que a Lei n.º 12.528 é “inconstitucional, parcial, discriminatória, tendenciosa e lesiva ao Patrimônio Público, entendido como o direito à memória e à verdade histórica, que compõem o Patrimônio Histórico e Cultural do Brasil”. Além disso, demonstra, tecnicamente, como a lei fere vários princípios constitucionais que devem nortear a administração pública. Os clubes militares podem entrar com com ações identicas na Justiça Federal.
O militar indaga na petição: “Por que não tornar públicos todos os acontecimentos que resultaram nas graves violações de direitos humanos, bem com os autores de tais violações? Por que excluir uma das partes, justamente a mais importante, se ela é imprescindível para o esclarecimento da verdade? A Administração Pública tem o dever de incluir todos os envolvidos para que não pairem dúvidas sobre os atos que pratica. Deve ser dada publicidade a tudo, todos os envolvidos devem ser convocados, o povo brasileiro tem o direito de conhecer a verdade”.O coronel justifica por que pede a imediata suspensão de aplicação e anulação da Lei que criou a Comissão: “Além da lesão ao direito de memória e do Patrimônio Histórico Nacional, poderão estar sendo lesados ou ameaçados de lesão, direitos e garantias individuais dos convocados pela CV, sem falar na lesão ao erário publico, com as despesas que serão efetivadas para instalar a CV, cuja lei que a criou, certamente será anulada”.Pedro Ivo Moézia de Lima aponta uma clara injustiça da CV: “A lei que criou a comissão, não se sabe com que intenção, excluiu uma das partes envolvidas nos acontecimentos que implicaram em graves violações de direitos humanos. Por que excluir, inexplicavelmente uma das partes quando são duas as envolvidas nos acontecimentos? Não se exclui a possibilidade de que o fez com intuito de prejudicar alguém deliberadamente, ou com o intuito de favorecer alguém. Portanto, feriu o Princípio da Moralidade, violando mais um principio constitucional, praticando um ato inválido”.O coronel aponta a má intenção e parcialidade da CV: “O art. 1º da lei que criou a CNV decreta que a finalidade da CNV é examinar e esclarecer as graves violações dos direitos humanos praticados no período que vai de 1945 até 1985, a fim de efetivar o direito à memória e á verdade histórica e promover a reconciliação nacional. Está claro o desvio de finalidade. Foram duas as partes envolvidas nos episódios do período acima citado, principalmente de 1966 a 1985, em que teriam acontecido graves violações de direitos humanos. Uma, a legal, os representantes da lei, a outra, a ilegal, os terroristas e subversivos, os fora da lei”.Por isso, o militar indaga: “Como alcançar o direito à memória e à verdade histórica, se apenas uma das partes estará sendo chamada para depor, para dar o seu testemunho? Por que a outra parte não estará sendo chamada, se ela é peça fundamental para o esclarecimento da verdade? Foi ela quem deu origem a tudo, foi a causadora dos problemas que obrigaram o governo a intervir, ativando seus órgãos de segurança interna”.O coronel Pedro Ivo Moézia de Lima denuncia a verdadeira intenção da CV: “Claro está que os meios colocados à disposição da CV, são insuficientes para atingir a finalidade estabelecida para ela. Falta uma parte. Que verdade histórica apurada será essa? Uma verdade pela metade? Essa não é a finalidade estabelecida para a CV. Ora, se não é essa, então podemos admitir que é outra, logo, está havendo um desvio de finalidade. Na realidade, todos percebem que por trás de tudo isso, está o revanchismo, o desejo de vingança dos derrotados. Os fatos apurados hoje pela CV serão apenas o primeiro passo para punir amanhã, todos que caírem nas malhas dessa CV”.

Lupi, o injustiçado


*Guilherme Fiúza

Carlos Lupi caiu. Seja qual for a verdade dos fatos que provocaram sua queda, ele foi injustiçado.
O ministro do Trabalho construiu uma rede de promiscuidade com ONGs companheiras, envolvendo pelo menos 280 milhões de reais em convênios voadores.
Não foi demitido por isso.
Andou em avião arranjado pelo dono de uma dessas ONGs, em missão oficial.
Não foi demitido por isso.
Mentiu descaradamente à presidente da República, dizendo que nunca entrara no tal avião.
Não foi demitido por isso.
Desafiou publicamente a autoridade da presidente, afirmando que só sairia do Ministério abatido à bala.
Não foi demitido por isso.
A bala finalmente acertou-lhe a cabeça, quando a Comissão de Ética Pública da Presidência recomendou expressamente a Dilma Rousseff a sua demissão, pelo conjunto da obra.
Não foi demitido por isso.
A preservação do cargo de Carlos Lupi ao longo de toda a sua temporada de achincalhe aos bons costumes foi garantida, bravamente, por Dilma e Lula – a turma do casco duro.
Todos os envolvidos na investigação da cachoeira de delitos no Trabalho – Ministério Público, imprensa, Polícia Federal, Controladoria-Geral da União, Comissão de Ética Pública – foram desautorizados pela firme decisão da presidente Dilma de prestigiar o delinquente.
Depois de tão brava resistência do governo popular contra a conspiração das elites, um passarinho vai ao ouvido do ministro dizer-lhe que ele não passa de segunda-feira.
Não é justo.
Carlos Lupi deveria botar a boca no trombone, denunciando a incoerência de seus ex-chefes, em contradição com as boas práticas do fisiologismo.
Não é possível que um ministro tão falante vá se calar logo agora. Fale, ex-ministro. O Brasil finalmente quer escutá-lo.

O Brasil nunca foi um país sério. Pode virar piada.

O dia em que Dilma começou a construir o maior aeroporto fantasma do mundo


O terceiro aeroporto de São Paulo começou a tomar forma em 20 de julho de 2007, na entrevista coletiva em que Dilma Rousseff anunciou a descoberta da fórmula para acabar com apagões e desastres aéreos. “Determinamos a construção de um novo aeroporto e a expansão dos já existentes”, acelerou a Mãe do PAC já na largada do falatório, depois de informar que as pistas de Congonhas voltariam a ser reservadas exclusivamente a voos domésticos. Os estudos sobre o novo assombro do Brasil Maravilha seriam concluídos em 90 dias. Mas até o terreno já estava escolhido.
Onde seria construído esse colosso da aviação civil?, excitaram-se os jornalistas. Caprichando na pose de superexecutiva nascida para tornar mais que perfeito o país que Lula registrou no cartório, Dilma avisou que se tratava de segredo de Estado. “Não sabemos onde será e, se soubéssemos, não diríamos”, ensinou. “Jamais iríamos dizer isso para não sermos fontes de especulação imobiliária” (veja o vídeo abaixo). Passados quase quatro anos e meio, Congonhas e Guarulhos estão na ante-sala do colapso. O deslumbramento prometido Dilma é o maior aeroporto fantasma do mundo. Nunca existiu.
Sem saber atirar, Dilma Rousseff virou modelo de guerrilheira. Sem ter sido vereadora, virou secretária municipal. Sem ter sido deputada estadual, virou secretária de Estado. Sem ter sido deputada federal ou senadora, virou ministra. Sem ter inaugurado nada de relevante, virou gerente de país. Sem saber juntar sujeito e predicado, virou oradora de comício. Sem ter tido um só voto na vida, virou candidata à Presidência. Há 11 meses, tenta enfiar-se na fantasia em frangalhos de superadministradora obcecada pela perfeição.
Como fez o padrinho durante oito anos, a afilhada esconde a indecorosa nudez administrativa com farsas forjadas por muita propaganda, muita discurseira e muito cinismo. O Brasil nunca foi um país sério. Pode virar piada.
*Augusto Nunes

“Nóis num gosta duzamericânu”

Lula quase nos mete na roubada do Rafale… Até a França acha o caça caro e inviável. Ou: “Nóis num gosta duzamericânu”

Esta é mesmo do balacobaco. Leiam o que vai na VEJA Online. Volto em seguida: Dassault poderá interromper produção do Rafale A fabricante de aviões Dassault interromperá a produção do jato de combate Rafale, se continuar incapaz de vender as aeronaves no exterior. A afirmação foi feita nesta quarta-feira pelo ministro da Defesa da França, Gerard Longuet. “Se a Dassault não vender nenhum Rafale no exterior, a linha de produção será interrompida”, afirmou Longuet. Essa interrupção ocorreria após a França receber as 180 aeronaves que já encomendou. Segundo o ministro, o trabalho de manutenção da aeronave continuará sendo realizado. O caça Rafale foi alvo de polêmica no Brasil no ano passado. O modelo era o preferido pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em negociação para reequipar a Força Aérea Brasileira (FAB). Lula, na ocasião, ignorou relatório do Comando da Aeronáutica, que avaliou o caça Gripen NG, da empresa sueca Saab, como o melhor para a renovação da frota, além de mais barato. Até agora, porém, o governo brasileiro não tomou uma decisão sobre a compra dos jatos. Devido ao aperto orçamentário, a presidente Dilma Rousseff afirmou por diversas vezes que a compra será postergada, ainda sem prazo. Emirados Árabes Com as negociações congeladas no Brasil, a Dassault apostou suas fichas nos Emirados Árabes - com quem vinha negociando desde 2008. Contudo, essa venda - que já era dada como certa pela companhia - também subiu no telhado. O príncipe da coroa de Abu Dhabi, o Sheikh Mohamed bin Zayed, que também é responsável pelas forças armadas do país, afirmou em novembro que as conversas não avançaram, e que as condições oferecidas pela empresa são “impraticáveis”. Voltei Pois é… É por isso que Nicolas Sarkozy, embora tenha o nariz do Cyrano de Bergerac, não pode ser considerado um romântico. É muito prático, né? O Brasil era a salvação da lavoura — digo, dos Rafales. A Força Aérea da França é o único cliente do avião… francês! O esperto Sarkozy contava com os sonhos de grandeza do Bananão… Não fosse Lula um falastrão, e a compra dos Rafales teria se efetivado na surdina. Nesse caso, a bazófia salvou os cofres públicos. E que se note: se os 200 Rafales franceses não são o bastante para assegurar a continuidade do caça, não seriam os 50 ou 70 aviões brasileiros que o fariam. Estaríamos comprando uma sucata. Longuet disse mais: segundo ele, enquanto houve quase as 200 encomendas do Rafales, os americanos produziram 3 mil aeronaves F/A 18 Super Hornet, que também estava entre as opções consideradas pelo Brasil. Mas sabem cumé… Nóis nun gosta duzamericânu…Nóis é antiimperialista…
Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Felicidade com Poucos Bens

Embora a experiência me tenha ensinado que se descobrem homens felizes em maior proporção nos desertos, nos mosteiros e no sacrifício do que entre os sedentários dos oásis férteis ou das ilhas ditas afortunadas, nem por isso cometi a asneira de concluir que a qualidade do alimento se opusesse à natureza da felicidade. Acontece simplesmente que, onde os bens são em maior número, oferecem-se aos homens mais possibilidades de se enganarem quanto à natureza das suas alegrias: elas, efectivamente, parecem provir das coisas, quando eles as recebem do sentido que essas coisas assumem em tal império ou em tal morada ou em tal propriedade. Para já, pode acontecer que eles, na abastança, se enganem com maior facilidade e façam circular mais vezes riquezas vãs. Como os homens do deserto ou do mosteiro não possuem nada, sabem muito bem donde lhes vêm as alegrias e é-lhes assim mais fácil salvarem a própria fonte do seu fervor.

*Antoine de Saint-Exupéry, in "Cidadela"

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Demitido pelo Brasil que presta...,


O Brasil que presta derrota Dilma e Lupi: mais um corrupto cai fora do governo

Graças à coragem da imprensa independente e à indignação dos brasileiros honestos, o país acaba de livrar-se de Carlos Lupi. É o sexto ministro despejado por corrupção em menos de um ano de governo Dilma Rousseff. Se dependesse da presidente, os seis continuariam no emprego. A faxineira de araque não sabe viver longe do lixo. De novo, fez o que pôde para preservar a sujeira no primeiro escalão. De novo, acabou se rendendo à evidência de que os inquilinos do Planalto podem muito, mas não podem tudo.
Além de Dilma, enlaçada pelo abraço de afogado do parceiro gatuno, foram derrotados o ex-presidente Lula, que instalou um vigarista no Ministério do Trabalho, e todos os comparsas do  fanfarrão fora-da-lei. Perderam os blogueiros estatizados, os velhotes velhacos da imprensa oficial, os  jornalistas precocemente aposentados pela idiotia, os bucaneiros trapalhões de José Dirceu, os milicianos do PT, os parceiros da base alugada e o resto dos sócios do grande clube dos cafajestes.
“Não ajo sob pressão”, disse o general-presidente Ernesto Geisel num episódio em que foi instado pela oposição a fazer o que não desejava. “Eu só ajo sob pressão”, ensinou-lhe o deputado Ulysses Guimarães. Primeiro para não parecer “refém da imprensa”, depois para não parecer subordinada à Comissão de Ética, Dilma tentou percorrer a trilha sonhada por Geisel. Tropeçou na lição de Ulysses. Talvez comece a desconfiar que não tem força para resistir à indignação dos decentes.
A luta contra a corrupção institucionalizada pela Era da Mediocridade será demorada. A roubalheira que assumiu dimensões amazônicas não vai acabar tão cedo. Mas seis ministros fora-da-lei foram expelidos, em pouco mais de seis meses, contra a vontade da presidente. Está cada vez mais difícil manter no cargo um bandido de estimação pilhado soterrado pelo prontuário. Num país em avançada decomposição moral, não é pouca coisa.
Oficialmente, Lupi pediu demissão. Os fatos informam que foi demitido pelo Brasil que presta. Como Antonio Palocci, Alfredo Nascimento, Wagner Rossi, Pedro Novais e Orlando Silva, caiu fora do governo por corrupção. Como os cinco que o precederam no regresso involuntário à planície, tem contas a acertar com a Justiça. Como os outros, tem de devolver o dinheiro que embolsou.